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Beatriz Luz


Este relato conta a história de quatro amigos que tiveram a infelicidade de passar pela época do Holocausto, comandado por Adolf Hitler. A autora retrata ao pormenor o que vivenciou, as tristezas como a perda dos pais, os horrores como a morte dos habitantes... Todos os amigos tinham a promessa de nunca se separarem e iriam fazer os impossíveis para nunca a quebrarem, é notório ver o esforço e dedicação, ao longo da história, destes amigos. Houve sim muita dor, muita tristeza, muito medo naqueles momentos, eles sabiam que o seu destino seria, a qualquer altura, a morte! Enfrentaram várias contrariedades postas "à prova" pela vida, mas a promessa vinha sempre ao de cima e eles tentavam sempre ultrapassá-las juntos. Para saberem se a promessa foi cumprida ou não até "ao fim", têm de ler esta história que vos promete adquirir, no final da leitura, um pensamento diferente sobre a vida.


Aksiyon 13 yaşın altındaki çocuklar için değil.

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Fui tudo tão repentino, foi como se um flash de maldade tivesse passado pela vida daquelas povoações. Ainda é tudo tão surreal...

Só quem passou por esta crueldade sabe realmente o que é estar às portas da morte, o sentimento de desespero e tristeza... o que se passou em Auschwitz, foi o caos total!

Sinto-me grata por ter sido umas das 300 sobreviventes do Holocausto, foi uma oportunidade que Deus me proporcionou, mas não consigo ficar indiferente a todas as memórias e aos horrores que eu vi e passei na época.

Podemos dizer que desde 30 de Janeiro de 1933, data em que Adolf Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha, começou o pesadelo! Hitler não tinha nem pretendia ter um pensamento lógico, este simplesmente teria o “demónio” dentro de si o que não lhe permitia ser uma pessoa dotada e respeitada. Podem pensar que Adolf era adorado pelo povo ali presente, mas NÃO. Tínhamos que respeitá-lo independentemente de concordarmos ou não com as suas ideias.

Eu era uma “pobre” criança inocente, sem saber ao certo o que fazer ou que dizer a respeito de tudo o que estaria a acontecer.

Eram efetuadas rusgas pelas ruas, era tudo visto ao pormenor para, à mínima coisa encontrada que não agradasse aos nazis, sermos levados e torturados à frente das outras pessoas, criando assim um clima de terror.

Consigo ter uma breve recordação dos meus pais, estarmos em casa a comer o pouco que teríamos, mas o mais importante era que estávamos em família. Nesta circunstância, era valioso aproveitar cada momento ao lado daqueles que mais gostássemos pois não conseguíamos prever o dia de amanhã. Era tudo tão incerto, podia estar agora viva a brincar e daqui a 5 minutos estar morta, é indescritível.

Isto tudo acontecia só pela diferença que não era respeitada, pelo olhar de lado àqueles que eram inofensivos e leais para com os próximos... realmente eu sei o que é sofrer pela diferença e pela desigualdade, mas eu tinha que seguir em frente sem poder criticar a realidade.

Eu tinha alguns amigos, alguns mais chegados que outros, e uma delas era Anne Frank que ainda hoje é conhecida pelos seus relatos, também vividos no Holocausto... mas não conseguimos ficar todos juntos para sempre como o havíamos prometido.

Todos os dias nós os quatro, eu, Anne, Harmmel e Joana íamos a uma pequena loja onde podíamos trocar algum bem, que pudesse agradar ao Vinni, vendedor, por algum alimento. Conforme o valor do bem que levássemos, teríamos a quantidade respetiva do alimento.

Claramente nós gostávamos sempre de levar uma maior quantidade para casa mas, na maioria das vezes, não era possível devido à época em causa.

Os anos foram passando, sempre com o receio de sermos “escolhidos” mas a verdade, é que até 1 de Setembro de 1939 a nossa vida era, dentro dos possíveis, tranquila.

Mal essa data chegou, a Alemanha decide invadir a Polónia dando então início à 2ª Guerra Mundial.

Recordo-me perfeitamente dos estrondos, dos gritos, do arrombar das casas... uma criança não deveria ser exposta a esta realidade... mas a verdade é que a partir de 1939 a vida não ficou fácil para ninguém.

Começaram a destruir a cidade por completo, acabando por derrubar o tal muro construído por nós, judeus, para nos separar dos de “maior classe”, deixando centenas de judeus ali subterrados a morrer, com fome e sem qualquer acompanhamento de outros.

Os gritos das mães desesperadas ainda permanecem na minha cabeça pois, para uma criança, é bastante traumatizante. Os tiros dados aos judeus em fila, os maus tratos aos incapacitados... horrível!

Todos nós sabíamos o nosso destino caso não partíssemos logo ali, e verdade seja dita que logo na primeira deportação para os campos de concentração em Auschwitz, levaram mais de 65.000 judeus/ciganos para realizarem trabalho escravo.

Felizmente eu, e a minha família, mantivemo-nos unida por mais alguns anos pois encontrámos um sítio para nos esconder. Naqueles momentos de guerra total eu só conseguia pensar no nosso destino e no dos meus amigos. Eram as pessoas mais importantes para mim e eu, por mais que seja difícil, não os queria perder.

Dia 15 de Julho de 1942... sem dúvida foi o pior dia da minha vida! Novamente foi feita uma busca/recolha por parte dos nazis. É quase automático os tiros mal estes cheguem a algum local. Não há uma forma simples de explicar tudo o que aconteceu naquele dia mas a verdade é que eu, infelizmente me separei dos meus pais. Nesse dia foram deportados mais de 100.000 judeus.

Mal nós começámos a ouvir os tiros e as palavras que nos eram dirigidas pelos nazis para sairmos à rua, o meu pai disse-me para fugir dali para o mais longe que conseguisse e para ter cuidado. Eu não parava de chorar, não sabia o meu rumo nem o que ia acontecer mas, se o meu pai me dizia que era o melhor para mim, eu teria que o fazer.

Decidi então partir... com as lágrimas a caírem-me pelo rosto, saí pelas traseiras do esconderijo e esperei, sem ninguém reparar em mim, para ver o que iria acontecer aos meus pais. Foram os 5 minutos mais longos que já vivi, eu esperava e esperava e a cada minuto passado, a minha esperança deles não serem descobertos começava a ficar maior. Infelizmente, pouco tempo depois, o pior aconteceu. Foram encontrados e de imediato levados pelos nazis. Só pedia a Deus um milagre...mas nada do que eu pedi se concretizou. A minha mãe foi automaticamente morta apesar de tanto que implorar para ser salva, já o meu pai...o meu pai...acabou por ser deportado. A partir daí não sei o que lhe aconteceu mas, eu com a maturidade que fui ganhando, entendi que não teria escapado.

Foi um pesadelo tudo aquilo que estava a acontecer, eu nem sabia se devia permanecer ali ou se havia de fugir. Fechei os olhos por uns minutos e...lá bem no fundo conseguia ouvir o meu nome a ser chamado. Olho e vejo os meus amigos. Teriam também fugido e, para não quebrarem a promessa, vieram ao meu encontro.

Chegámos os quatro a um acordo. FUGIR!

Seguimos rua fora, andámos por sítios que nunca havíamos estado, finalmente encontrávamo-nos longe da guerra, num local completamente disperso.

Consigo ter a ideia de um grande mato, com algumas árvores e arbustos e alguns buracos no chão. Não sabia ao certo o motivo desses buracos, mas não tinha curiosidade suficiente para olhar, pois o nosso objetivo era escapar e não descobrir coisas novas.

Ficámos dias e dias sem comer uma refeição digna, a andar por toda aquela extensão de mato...nem sei como conseguimos aguentar.

Água? não havia, e o pouco que comíamos resumia-se a ervas ou aos pequenos frutos ainda ali existentes. Digo isto pois havia locais já queimados, era sinal que as tropas nazis já ali teriam estado anteriormente.

Começámos a ouvir um barulho, ainda vindo de longe que nos parecera um carro de maior porte, pensámos logo que seriam as tropas de Hitler e então escondemo-nos de imediato atrás de um arbusto. Olhámos para todo o lado para ver se estávamos seguros e, de repente, a Joana começa a entrar em pânico. Seria um cadáver de uma criança...provavelmente fez o mesmo que nós também estávamos a fazer.

Aquele barulho começou a ficar mais perto e os nossos corações cada vez batiam mais forte. Rezávamos para que não fossem os nazis e, por sorte, não eram.

Harmmel, como estaria desesperado com fome, saiu do esconderijo e dirigiu-se ao pastor que conduzia uma espécie de camioneta. Nós as três ficámos pasmas com a situação, ainda por cima, pelo letreiro que esta continha “Qualquer judeu encontrado, será deportado”. Ficámos todas em pânico mas o senhor não parecia malicioso e, portanto, decidimos ir até junto dele e de Harmmel.

Explicámos-lhe a situação, o perigo a que estávamos expostos e este compreendeu, ainda nem sei como, decidindo ajudar-nos. Fomos na parte de trás da viatura, escondidos por debaixo da mercadoria que este trazia.

Até ao destino final não houve qualquer complicação, será que era agora que íamos ter a nossa vida de volta?

Chegámos então à casa do pastor, ainda me consigo lembrar das suas palavras... Como a casa se situava numa zona bastante dispersa com difícil acesso, não era, por completo, perigoso para nós, por sermos judeus.

A cada dia que passava tínhamos que continuar a manter a calma, a fé e a ter momentos todos juntos para nunca esquecer.

Todos os dias o nosso “pai” ia à cidade buscar mantimentos e nós os quatro, estando sozinhos em casa tínhamos que ter mais cuidado, mas já nos estávamos a habituar.

A viver naquela casa....já se tinham passado 2 anos, até ao dia em que ninguém esperava o regresso.

À medida que os nazis vinham fazer a recolha, o número de deportados ia sempre aumentando, é incrível o ódio destas pessoas só pela religião e estatuto inferior.

Com o passar dos anos fui crescendo e tendo uma perspectiva diferente das coisas, agora sim, eu e os meus amigos sabíamos ao certo o que acontecera a todos aqueles que os nazis escolhiam para ir para os campos de concentração. Não era somente o trabalho árduo de escravo, mas sim as torturas nas câmaras de gás. Pessoas com um enorme coração a perderem a sua vida só pelo egoísmo de Hitler.

Chegou o dia 15 de Maio de 1944, data onde foi registado um número superior a 440.000 judeus levados para Auschwitz.

Foi nesse dia que nos descobriram!

Eram imensos carros de patrulha, os nazis sempre atentos e, claramente armados...era um cenário de horror. Nunca pensei passar por tudo aquilo.

Descobriram a nossa casa, bateram à porta e para as coisas não ficarem mais feias do que já estavam, o nosso “pai” colaborou e abriu-lhes a porta.

O ar de zangados, de ódio na cara de cada tropa era inexplicável, como era possível uma pessoa se tornar num monstro?

Não sei se seria para dar mais ação ao momento ou se era o habitual, mas pegaram no braço de cada um de nós e levaram-nos lá para fora. Apontaram uma arma ao nosso “pai” mas, por milagre, nada aconteceu. Avisaram-nos de que por agora nos teríamos safado, mas que para a próxima não havia piedade.

Que tenha em memória não houve, em tempos próximos, nenhuma busca de alto calibre por parte dos nazis e/ou Hitler.

A nossa vida continuou depois daquele incidente, as nossas rotinas voltaram ao habitual. O nosso “pai” ia comprar alimentos, nós os quatro brincávamos e depois íamos dormir. Não haveria muito para fazer, somente agradecer por estarmos vivos mais um dia.

Já sabíamos que a qualquer momento a tortura podia voltar e aí já não havia nada a fazer. Foi o que aconteceu a 18 de Janeiro de 1945. Esta data ficará para sempre na minha memória e de Joana.

Esta foi a recolha fatal! Voltaram a ir lá a casa, pegaram em nós os quatro, meteram-nos num carro para Auschwitz e mataram o nosso “pai” pelas suas incapacidades relativas à idade.

Íamos nós a caminho do campo juntamente com outras crianças, quando tivemos uma ideia. Voltar a fugir!

Se víssemos bem a situação seria um bom escape para os problemas, mas iria tudo voltar a acontecer novamente. Assim, não chegámos a fugir...por enquanto.

Durante o caminho eram visíveis os locais pelos quais tinham existido mortes, guerras...mas ao chegar ao campo tudo mudou.

Recordo-me do portão, tinha escrito como letreiro “ Arbeit Macht Frei” que significa “O trabalho liberta”, um grande portão farpado e ainda uma cancela.

As cores daquele campo rondavam as cores escuras, o cinzento predominava, era como se uma nuvem negra se tivesse instalado em todos os edifícios e espaços ali presentes.

Eram imensos os reclusos, notava-se bem a dor e sofrimento que estes suportavam. Como nós não tínhamos idade nem corpo para realizar o trabalho efetuado pelos mais velhos, iríamos fazer trabalhos mais leves.

Tudo era vigiado pelos nazis e só aquele fumo...era muito deprimente. Nós sabíamos a mentira que era dita aos homens e às mulheres para se livrarem destes: o famoso banho! Não, não era nenhum banho com água boa, quentinha, aquele banho que nos sabe mesmo bem, era um banho com gás, sim gás, um gás que ao entrar em contato com a pele queima, e como este era lançado em grandes quantidades acabava por matar um número incalculável de judeus. Eu e os meus amigos tínhamos muito medo, mas tínhamo-nos já mentalizado que esse dia iria chegar.

Passaram-se duros períodos, muita luta, receio, tristeza...não há palavras para descrever.

Quando chegou o momento de irmos tomar banho eu só pensava num novo milagre. Estávamos a caminhar para o local até que eu e a Joana decidimos desviar-nos da rota. Foi tudo tão rápido que não houve tempo de ver se Anne e Harmmel se tinham juntado a nós, não podíamos voltar para trás. Foi uma dor enorme perdermos dois amigos muito especiais, mas naquele campo era a vida ou a morte, não houve o como nem o porquê.

Mais uma vez iríamos ter uma longa jornada, mas por agora estávamos safas.

Ficámos a saber, pouco tempo depois de termos saído do campo, que tinham sido mortas no total 60.000 pessoas. Descobrimos também que a 30 de Abril desse mesmo ano, Adolf Hitler tinha cometido o suicídio e poucos dias depois a Alemanha se tinha rendido aos soviéticos. Finalmente todo este tempo em busca da salvação tinha sido compensado pois agora, haveria paz e uma vida para recomeçar!

Não há uma forma exata de concluir este relato, no entanto, penso que toda a emoção e sofrimento que eu, e muita gente passámos, foi transmitido para vocês leitores.

Dizer, ainda, que Joana faleceu há pouco tempo devido a um problema de saúde, portanto, estou eu aqui, hoje, a contar-vos a história do Holocausto vivido em Auschwitz.

Neste relato, estão algumas das emoções vividas, o sofrimento a angústia, o desespero que foi constante, mas também a alegria da salvação, que não será serenamente vivida, pela memória dos que presenciei a morte e daqueles que nunca mais vi. Conto a minha história, para que a humanidade nunca esqueça, até que ponto pode ir a crueldade humana e o Holocausto, foi talvez a parte mais negra da história do Homem.

Esta é a minha história!

10 Ağustos 2019 20:49 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
1
Son

Yazarla tanışın

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