História participando do Desafio de Natal do Inkspired com base na celebração do festival de Saturnália.
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Julius amava o festival de Saturnália. As ruas de paralelepípedo estavam cheias de pessoas, senhores e escravos andavam lado a lado, os grilhões dos prisioneiros soltos, tratados de igual para igual com seus senhores. Naqueles dias não existiam diferenças, todos estavam convidados para as festividades e o saturnalia et sigillaricia, a troca de presentes, que ocorria nas cerimônias privadas.
Agarrado a mão da mãe, a cabecinha pequena girava de um lado para o outro absorvendo com os olhos curiosos as guirlandas que enfeitavam as casas. Nas janelas a estátua do deus Saturno se apresentava em todos os cantos que olhasse, sua face régia e barbada, carregando a foice e a ampulheta. Contava a lenda que Saturno fora o deus que ensinara a agricultura aos mortais na chamada Era de Ouro, momento no qual os humanos viviam em harmonia, sem segregação por diferenças. Tal prática havia se tornado a fonte principal de subsistência e, em homenagem aos tempos de paz uma vez vividos, todos eram tratados com igualdade durante as festividades.
Em meio aos deliciosos aromas que enchiam o ar da Praça Julius estava feliz. Podia lembrar do calor do sorriso da mãe ao falar do banquete da noite e dos planos de convidar os vizinhos para a troca de presentes. Ainda sentia o gosto doce na boca do pão de mel que ela havia lhe comprado na volta para casa e ouvia o som de sua risada ao se voltar para ela com a boca suja. Podia sentir o perfume emanar dos cabelos negros ao ser pego nos braços para um abraço e um ataque de cócegas do qual ele fugira com ardor, gritando envergonhado que já era grande demais para isso como todas as crianças aos 7 anos acreditavam ser.
Ainda tinha as lembranças frescas na mente, então não entendia o porquê de a mãe não responder mesmo quando a chamava tão desesperadamente. Não entendia o porquê dos olhos dela estarem abertos, mas uma voz em sua cabeça lhe dizia que não estava a vê-lo. E havia o vermelho, a mesma cor que ele tanto amava usar em suas pinturas, tanto vermelho espalhado pelo chão, manchando a bonita túnica dourada da mãe que ele e o pai haviam lhe presenteado, cobrindo suas mãos, enquanto a voz continuava a chamá-la, elevando-se a cada nova tentativa, transformando-se em soluços estrangulados ao continuar sem resposta.
Os olhos saíram do corpo estirado da mãe e passaram a estátua do deus que se encontrava ao centro do lararium, a mesa restante do banquete que era também um altar em homenagem a ele.
— Por favor, por favor, Saturno, salve-a. Salve a minha mater.
Mas a areia da ampulheta continuava a cair e face severa do deus esculpido o olhava com aspereza, a foice em sua mão parecendo mais pronunciada. Um presságio, ele pensou, um presságio de morte. Rezou com mais ardor, aquele era o dia dedicado a Saturno, logo ele devia ter poder o suficiente para salvá-la se Julius assim rezasse. Porém, o que ele não sabia era que o tempo era cruel e levava tudo embora. Como descobriu naquela noite. Ao fim, sua mãe havia partido, morta no dia sagrado que todos deviam ser protegidos, onde a igualdade era garantida.
E, se o deus havia lhe virado as costas, Julius viraria as suas para ele.
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