Eu não sabia dizer o que o meu pai cozinhava tanto na panela, depois passava na mesa, deixando esfriar. Era interessante que o liquido quente e marrom escuro tão concentrado como mingau ficava cada vez mais duro a medida que ia esfriando. Meu pai passava a espátula para desgrudar do papel vegetal, a massa ia ficando da forma que meu pai manuseava a espátula a sua vontade. Observei que em outra panela continua uma mistura igualmente concentrada, mas esta era branca e em outra era um marrom mais escuro ainda. Por mais que eu perguntasse o que ele estava fazendo, ele apenas me dizia:
— Estou trabalhando, se quer me ajudar comece a lavar a louça.
Eu não queria lavar a louça, queria saber o que ele estava fazendo. Ele retirou um bolo da geladeira e colocado a mistura marrom mais escura em cima ainda quente cobrindo o bolo por completo e começou a endurecer conforme ia esfriando, depois ele adicionou a raspagem que estava em cima do papel vegetal e enfeirou o bolo com glace. Era incrível suas habilidades com a decoração. Após todo aquele trabalho meu pai colocou o bolo na geladeira e disse:
— Não encoste no bolo, esse é do cliente.
Eu apenas acenei com a cabeça. Depois ele pegou outro bolo e começou a fazer também enfeites e a confeitar com o glace e a massa branca que havia restado na panela colocou o outro bolo na geladeira assim que terminou. Raspou a panela com a colher de pau e enfiou em minha boca. Era doce e muito gostoso, à medida que a massa branca se misturava com minha saliva ela derretia e escorria por meus lábios, fiquei tentado a perguntar se era algum tipo de droga, porque eu queria mais e mais. Ele sorriu para mim e disse:
— Essa é a minha mais nova invenção. Chocolate branco!
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