Hey! Aqui minha história para o desafio crackshipp com meu shipp que veio sabe-se lá de onde, mas está vivíssimo.
Preciso dizer que esse é um universo alternativo de Nada é por Acaso, onde eu cito um passado entre eles e os coloco como amigos. Não é spin off, é uma realidade totalmente diferente usando as características deles que construí lá.
É isto, leve, curta, livre.
Espero que gostem!
Um pouco mais de azul. Azul combina muito com ele. O preto também, é claro. Mas, surpreendentemente, o vermelho o realça. Escolheu colocar o rubro nos olhos, o que ele tem de mais intenso. O resultado foi interessante. Desenhou padrões na íris e a destacou com a cor do sangue. Perfeito. Em contraste com as feições finas, a força do olhar deu um quê a mais. Pousou o pincel, esticou os braços, alongou os dedos, observando a tela. Mais alguns detalhes, luz, sombra, profundidade… Mas ficaria para outra hora. Porque já passava das sete e ele deveria estar chegando. E Utakata não era bobo de ficar preso ao desenho na tela tendo o real ao seu lado para apreciar
Sasuke. Quem diria que seria o moleque antipático a lhe balançar o mundo e fazer sentir, que seria ele a permanecer.
***.
Quando o conheceu ele tinha apenas 15 anos. Pouca idade, mas tanta atitude. Utakata estava cursando o último ano do ensino médio pela segunda vez. E falhando em se manter interessado o suficiente na escola para de fato comparecer às aulas. Acabaria reprovando de novo, mas não era como se ligasse.
Foi em mais um dia matando aula na praça próxima à escola que ele reparou no moreno, que com certeza também estava cabulando. Sabia que estudavam na mesma escola, embora Sasuke fosse bem mais novo e ainda estivesse no último ciclo do ensino fundamental. Só tinha conhecimento de sua existência porque ele era amigo de Suigetsu, irmão de seu amigo Mangetsu, então já tinham estado na mesma roda de conversa uma vez ou outra. Não que Sasuke participasse muito dos assuntos, no fim das contas.
Mas naquele dia olhou para o menino com mais atenção. Isto porque ele tinha um lápis nas mãos e um bloco apoiado na perna. Olhava para frente e depois para a folha e Utakata imaginou que ele estivesse desenhando a paisagem. Discretamente se pôs atrás dele e se surpreendeu. De fato, a paisagem estava ali, mas formando uma feição humana. Um rosto de folhas e flores e caules, sério e todo em cinza, criando uma visão tão bonita quanto angustiante.
Sasuke o flagrou olhando seu trabalho e lhe mandou cair fora e deixar de se intrometer nos assuntos dos outros. A rispidez fez Utakata sorrir, vendo Sasuke se afastar com o rosto sério e o bloco com o belo desenho em mãos. E a partir dali, quase inconscientemente, Utakata passou a observá-lo. Em dado momento resolveu que era melhor terminar a maldita escola de uma vez e passou a frequentar mais. Sempre via Sasuke pelos corredores e no intervalo, não era uma escola - nem uma cidade - muito grande afinal. Ao contrário do que havia imaginado, não viu mais o moreno desenhando. Imaginou que talvez ele só fizesse isso quando não tinha ninguém por perto.
De início, não tinha nenhuma intenção com ele. Puxava um ou outro assunto para incluí-lo nas conversas e, aos poucos, uma amizade começou a surgir. Quando Utakata contou que também gostava de arte, conheceu um lado diferente de Sasuke. Ele parecia sempre sério, antipático, indiferente a tudo e todos. Olhando assim, uma pessoa pensaria que ele era frio. Mas quando falava de arte Sasuke demonstrava emoção. Paixão. E uma vez visto esse seu lado, era impossível desver. Frieza definitivamente não era uma característica de Sasuke Uchiha.
Foi num aniversário de Suigetsu que Utakata teve o primeiro contato com o fogo que ardia em Sasuke. A festa tinha poucas pessoas, muita bebida e quase nenhum juízo. Em um momento Utakata dançava, um baseado numa mão e a outra percorrendo o próprio corpo. Sempre fora alguém expressivo de diversas formas e gostava de viver a vida de maneira leve, transparente e cheia de cores, como uma bolha de sabão. Deixava muito de si na arte, mas também valorizava toda experiência que seu corpo e o contato com diferentes pessoas e sensações pudesse lhe render. Então dançava e deixava fluir o que havia dentro de si, sem se preocupar com quem o observava.
Até se sentir muito observado, daquele modo que causa um formigamento e uma sensação diferente. Mal o sentimento se instaurou em si, sentiu alguém se aproximar por suas costas. Quando se virou, era Sasuke quem lhe segurava a cintura. Se virou e ainda pensou por meio segundo que isso podia ser complicado, que ele era novo demais e podia confundir as coisas. Mas ele tinha o olhar tão firme quanto o toque que os aproximava e Utakata se deixou beijar.
Ainda tinha vontade de rir quando se lembrava do escândalo de Suigetsu, dizendo que era muito esquisito ver os dois se pegando, que pareciam gêmeos ou a mesma pessoa se agarrando. De fato tinham algumas semelhanças. Mesmo tipo físico, cabelos parecidos, - embora os de Utakata fossem um bocado mais claros - feições delicadas. E, com o tempo, quando Sasuke deixou o cabelo crescer, ficaram ainda mais. Era mesmo curioso.
Mas se a aparência era semelhante, as personalidades eram bastante diferentes. Utakata estava sempre interagindo, tinha sempre pessoas ao seu redor. Sasuke era quase recluso, não abria espaço para qualquer um. Mas abriu todo o espaço para Utakata naquela mesma noite, na casa do mais velho. A atitude mostrada ao iniciar o beijo esteve presente também ao unir os corpos, embora fosse Utakata a guiar o mais novo durante todo o ato.
A preocupação de Utakata se mostrou infundada. Sasuke não só respeitava sua maneira de ver as coisas. Ele compreendia. Rótulos. Era isso que incomodava Utakata. Para ele eram como amarras. Jamais gostou que o rotulassem, que rotulassem seu jeito de ser, suas vontades, seus relacionamentos, o que fosse. Seu medo era que Sasuke se apegasse demais a si e quisesse algo que Utakata não estava disposto a dar no momento. Não aconteceu. O mais novo não cobrava nada, não tinha mudado o jeito de lhe tratar, não pedia e nem dava satisfações. Talvez tenha sido justamente toda essa liberdade o que mais fez Utakata se atrair.
Utakata terminou a escola mas os dois mantiveram contato, já que muitas vezes Sasuke matava aula para acompanhar o mais velho, Mangetsu e outros colegas até a praia próxima à cidade. Desde a primeira vez que estiveram juntos até o dia em que Sasuke se mudou, os dois transavam regularmente. Mas não se privavam de estar com outras pessoas e nem chamavam a relação que tinham de nada além de amizade. Não havia sequer prioridade de um para o outro. Mas havia sintonia. Química. Troca.
Nessa época, depois que Sasuke foi embora de volta para sua cidade natal, Utakata se viu com apenas um arrependimento: jamais ter pedido para que ele posasse para si. Por isso a partir do momento em que Sasuke retornou à sua vida, Utakata não perdia uma oportunidade. O reencontro tinha sido por acaso. Utakata, que havia recebido uma bolsa de estudos na Universidade de Oto após o coordenador do curso de Artes Plásticas o ver vendendo sua arte na praia, se deparou com Sasuke como seu calouro. Já fazia uns 2 anos que não o via e ele estava diferente, mas também era o mesmo.
Seu cabelo estava maior, o deixando ainda mais parecido consigo. Ele estava mais alto e mais forte, embora ainda fosse esguio, mas agora não tanto quanto Utakata que permanecia com o corpo delicado, andrógino. Sasuke não. Nele era possível ver os músculos definidos, o ombro mais largo. Ao contrário do mais velho, Sasuke jamais poderia ser confundido com uma mulher.
O jeito estava diferente também. Continuava sério e sem dar trela para qualquer um, mas agora iniciava interações que lhe interessassem. E, claro, não mais escondia sua arte. Utakata podia contar nos dedos de uma mão as vezes em que Sasuke havia deixado que visse algo que tinha criado durante o tempo em que conviveram. Mas na universidade ele mostrava, pedia por conselhos. Tinha chegado mesmo a deixar Utakata o ver no processo de criação, algo bastante íntimo para qualquer artista, imagina para alguém reservado como o Uchiha.
Mas algumas coisas não tinham mudado. E a química entre os dois quando estavam juntos era uma delas. Sasuke pareceu surpreso quando Utakata tomou a atitude de buscar o revival. Mas não negou. E Utakata foi lembrado de como era sempre intenso estar com Sasuke. Ele tinha um jeito próprio de dominar e ser dominado. Falava pouco, mas dizia muito com os gestos, os toques, os olhares.
A amizade colorida retornou parecendo a mesma. Mas não era. Quanto mais ficava com Sasuke, mais Utakata queria ficar. Era algo novo para si. Mas o espírito livre de Utakata nunca foi de ter medo de novidades.
***
Sasuke entrou no quarto, silencioso como sempre, mas Utakata havia sentido sua presença muito antes de o mais novo apoiar o queixo em seu ombro. Contemplou Sasuke observando o quadro quase finalizado.
— Dessa vez meus olhos é que são vermelhos… Até que gostei.
— Combina com você.
Utakata virou o rosto e deixou um selinho nos lábios de Sasuke, que ainda estavam gelados pelo tempo frio que fazia do lado de fora do pequeno quarto de alojamento da universidade.
— Eu não sei como você não cansa de me desenhar. — O Uchiha se afastou, começando a retirar as camadas de roupas, arrumando-as sobre uma cadeira, fazendo questão de ser organizado ainda que o quarto de Utakata fosse quase um caos de telas, tintas, papéis.
— Você não tem ideia, né? Do quanto é expressivo quando se deixa observar. Mas tenho certeza que você consegue perceber que nenhum quadro é igual ao outro, mesmo o modelo sendo o mesmo.
— Isso é porque você é um puto talentoso.
— Pra você é Senhor Puto Talentoso que vai fazer a primeira exposição em breve.
— Ah, e modesto. E que deveria estar se focando em trabalhar nos quadros da exposição e não em me desenhar pela centésima vez.
Sasuke revirou os olhos e Utakata se viu sorrindo novamente. Se levantou de onde estava e envolveu Sasuke num abraço, sendo imediatamente retribuído.
— É o que o faço pra aplacar a saudade…
— Pff… brega, Uta. - Sasuke riu baixo, mas seu olhar denunciava que não tinha desgostado da frase dita pelo outro, ao contrário. — Eu vou tomar um banho.
Enquanto Sasuke estava no pequeno banheiro, Utakata se pôs a pensar. Já era como uma rotina o mais novo passar várias noites por semana em seu quarto ao invés de ir para a república onde morava. De início, pelo sexo casual. Depois, por passarem horas e horas conversando e ficar tarde para ele ir embora. Até chegar ao ponto em que não precisavam de nenhuma desculpa: Sasuke simplesmente avisava que iria para lá ou Utakata o pedia pra ir, simples assim.
Também já fazia muito tempo que Utakata não se encontrava com mais ninguém além de Sasuke. Não porque não pudesse, mas porque não queria. Por muito tempo acreditou que restringir o relacionamento sexual a uma única pessoa era absurdo, antinatural e uma prisão imposta pela sociedade. Mas não era assim que se sentia ao estar, já a meses, exclusivamente com Sasuke. Não sabia se a recíproca era verdadeira, jamais perguntaria ou cobraria, não só porque nunca tinham definido nada, mas também porque realmente não se importava. Estava bem que Sasuke fosse… desde que voltasse.
Os pensamentos foram interrompidos quando Sasuke saiu do banho secando os fios negros, o corpo nu, forte, maravilhoso de se observar… Ainda melhor de tocar. Antes que Sasuke fosse até a pequena cômoda onde tinha deixado algumas mudas de roupas, Utakata se aproximou e colou os corpos, sussurrando em seu ouvido:
— Eu estava mesmo com saudades.
— Hm. Eu também.
Beijos. Toques. Mãos e bocas percorrendo os corpos, com calma e sensualidade. Longe de ser só mais uma transa, Utakata conseguia sentir a conexão. Sasuke se abrigou dentro de si e Utakata deixou o gemido se perder no travesseiro. Quando o mais novo passou a ir mais fundo e colou o peito às suas costas, pôde sentir o coração dele tão acelerado quanto o seu. Quando o ápice chegou, primeiro para Sasuke depois para si, a imagem do quadro que tinha pintado pouco antes lhe preencheu a mente um segundo antes de ela apagar pelas ondas de prazer intenso.
Utakata foi para o próprio banho depois de tudo e quando voltou, Sasuke estava deitado, já vestido com uma camiseta clara e bermudas largas, mexendo no celular. Tinha a testa um pouco franzida na expressão que Utakata sabia que era irritação. Tinha já dois quadros que a retratavam mas pensou que não seria nada mal ter mais um.
— Algum problema?
— Yahiko, querendo me encontrar.
— Ah sim.
Se fosse outra pessoa que pensasse e sentisse da maneira convencional, essa seria a hora em que Utakata teria sentido o frio na barriga característico do ciúme. Como não era, apenas vestiu as próprias roupas e se deitou ao lado de Sasuke, perguntando em tom genuinamente neutro:
— Você vai?
— Não. Eu vim ficar com você.
— E eu adoro isso, mas você sabe que não precisa se prender…
— Não estou me prendendo. Estou escolhendo. Deixa eu falar de outra maneira: eu prefiro estar com você.
Utakata sorriu e sentiu que corava, reação não muito comum, mas que Sasuke passara a conseguir arrancar de si com cada vez mais frequência.
— Eu também. Prefiro estar com você.
Não era uma definição. Não tinha um pedido de namoro, um rótulo ou nome por trás do que estava sendo dito. Era a simples constatação do sentimento que ambos tinham dentro de si. Talvez significasse algo grande, talvez fosse o que todos chamariam de uma confissão de amor. Mas nenhum dos dois precisava definir assim. Utakata se ajeitou na cama e Sasuke se aconchegou em seu abraço, puxando as cobertas sobre seus corpos e começando a falar sobre seu dia.
Utakata não saberia dizer quando tinha acontecido. Mas não precisava mais estar com outras pessoas ou sequer se preocupar em negar os rótulos para se sentir livre. Estar assim com Sasuke era uma forma ainda melhor de liberdade. Livremente juntos. Juntos em sua própria liberdade.
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