moonie_e Moonie e

Havia um homem em minha janela. Sua existência não é muita novidade, mas considerando que este é o sétimo andar e esse é meu apartamento, não faz muito sentido que ele esteja ali. Tem cerca de um ano desde que me mudei, quando vim visitar o prédio ele já estava lá, então talvez seja melhor chamar o apartamento de “nosso” , mesmo que ele não pague o aluguel. [Original; postada tb no wtt] - Todos os direitos são reservados - - Artista da capa: Mary Hayes (nowhere girl)


Fantastik Kentsel Fantezi 13 yaşın altındaki çocuklar için değil.

#original #completa #fantasia #fantasmas #terror #comédia #sobrenatural
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[Único]

Tem um homem na minha janela.

Sua existência não é muita novidade, mas considerando que este é o sétimo andar e esse é meu apartamento, não faz muito sentido que ele esteja ali.
Tem cerca de um ano desde que me mudei, quando vim visitar o prédio ele já estava lá, então talvez seja melhor chamar o apartamento de “nosso” mesmo que ele não pague o aluguel.

Quando o vi a primeira vez, ignorei completamente sua presença, achei que ele iria embora depois de um tempo, mas estou impressionado que ele ainda não foi.
Sei que ignorar um estranho na janela da sua casa não seja muito comum, mas a questão não é tão simples assim. Ele está morto.
Era um dia bem claro quando vim visitar o apartamento com o corretor de móveis, assim que entramos ele me apresentou todos os cômodos e falou alegre sobre preços, oferecendo também alguns outros lugares na região. Em nenhum momento ele mencionou que havia um homem sentado na janela de vidro que, por ventura, estava fechada.

- Você sabe algo sobre os antigos moradores?

Perguntar não faz mal, dizia minha mãe.

- Bom, o prédio é relativamente novo, tem 6 anos desde que foi construído e, com a região em constante crescimento, quase ninguém quer sair daqui, se não me engano só teve um morador, ele se mudou tem 4 meses, só isso.

- Ah, sim, obrigado. Aqui teve reclamações dos vizinhos? Por causa de barulhos ou algo do tipo?

- As únicas reclamações que eu ouvi são da estrutura das escadas, caso o senhor queira um lugar que tenha elevador, existe um não muito longe.

- Não tem problema não. Vamos falar sobre preços.

- Sem problemas.

O sorriso daquele corretor… Eu deveria ter analisado melhor a situação.

O prédio não segue as normas de segurança, com oito andares e nenhum elevador ou saída de emergência, por isso o preço é bem mais em conta, mas talvez eu devesse pedir um desconto pelo encosto na minha janela.

Nos primeiros meses eu dormia com a porta trancada todos os dias e raramente ficava na sala, as vezes até virando a noite com medo de que ele resolvesse sair dali, mas nada nunca aconteceu. Com o passar do tempo eu comecei a chamar meus amigos para virem em casa com frequência e procurei por um colega de quarto, mas por fim, também não deu em nada.

Agora, um ano depois, ele faz parte da paisagem.

Em algumas situações de pura curiosidade eu mudava algumas coisas de lugar na sala, ou na bancada da cozinha, também já fiz até faxina, apenas para tentar pegar alguns detalhes dele. Em minhas observações ele não parece ser muito mais velho que eu, apesar de que provavelmente ele é. Cabelos pretos, corte genérico, corpo magro e uma tatuagem no braço, além de estar usando roupas sociais com as mangas dobradas e uma gravata meio solta preta. Completamente comum.

Não é como se ele fosse o primeiro fantasma que eu vejo, normalmente fantasmas andam por aí, indo e vindo de lugares que eles gostavam de frequentar ou seguindo pessoas de sua antiga convivência, alguns já apareceram na área da minha antiga casa, mas eles vão embora depois de uns dias, no máximo uma ou duas semanas.
Agora, eu não sei dizer como que aquele cara ainda está lá depois de um ano, talvez até mais.

Minha mãe também podia vê-los, e é por causa dela que eu nunca tive a atitude sensata de tentar falar com ele. Quando eu comecei a perceber que nem todos as pessoas da sala estavam vivas, comecei a chorar, mas minha mãe me acalmou e me explicou o que eram aquelas coisas.

- Não fique com medo, sim? Eles não vão te fazer mal, cada um deles tem que seguir um caminho, e assim como as pessoas que estão vivas, as vezes a gente se encontra com eles, mas eles ficam um tempo e vão embora depois, assim você pode seguir seu caminho e ele o dele. Entende?

- Mas quando as pessoas morrem, elas não vão pro céu?

- Algumas sim, mas cada pessoa tem um destino, um caminho a seguir. Quando algumas pessoas morrem o caminho delas as leva para o céu, mas outras tem que andar por mais tempo antes de chegar lá.

- Mas mãe, isso é injusto!! Eu não quero caminhar mais!

- Se você só olhar para frente, sempre tomando cuidado com onde pisa, você não vai ter que caminhar mais.

- Mas a gente não tem que olhar para os dois lados antes de atravessar a rua?

- Por isso que eu disse para tomar cuidado onde pisa. Depois que você olha para os dois lados e vê que não tem problema nenhum, para que lado você olha?

- Pra frente! Então fantasmas são pessoas que ficam olhando sempre para os lados?

- Exatamente. Para não distraí-los de novo você não pode falar com eles, assim eles chegam mais rápido no céu.

Isso parece coisa de criança agora, mas ainda faz muito sentido pra mim.

Sempre ouvi por aí que fantasmas tem coisas mal resolvidas na terra, então o que minha mãe disse tem fundamento, já que quando queremos terminar algo o mais rápido possível não podemos nos distrair com coisas aleatórias que ouvimos ou vemos.

Lindo, eu sei, mas no presente momento eu estou em um conflito interno.

Eu passei um ano sem abrir a janela que o homem está sentado, mas a questão não é bem essa. Algum desgraçado que veio aqui achou de bom tom deixar resto de comida na beirada, e eu me recusei a limpar para não atrapalhar o pobre coitado, porém agora vem meu dilema.

Tem uma barata na janela.

Não tenho medo de insetos, altura ou fantasmas, mas estou considerando fortemente me mudar de novo.
De qualquer forma, a questão é: eu devo falar com o fantasma ou não? Aquele projeto de demônio está parado no vidro, um pouco a cima da cabeça do homem, que não sabe da sua existência.

Bom, apesar de respeitar os fantasmas eu nunca fui de fato muito sensato na vida.

- SOCORRO TEM UMA BARATA NA JANELA!

O homem, que passou um ano fazendo movimentos mínimos, como coçar o braço ou mexer o pescoço, de repente cai de costas no chão, se agitando e sentando para ver se não havia nada em suas roupas.

- MEU DEUS, ONDE, PRA ONDE FOI?

No segundo seguinte o silêncio se instala, e nós passamos a nos encarar.

- Você consegue me ver?

- Talvez…?

- QUEM EM SÃ CONSCIÊNCIA VÊ UM FANTASMA NO PRÓPRIO APARTAMENTO E NÃO FAZ NADA?

- VOCÊ QUERIA QUE EU FIZESSE O QUE? LIGASSE PARA OS CAÇA FANTASMA? Também não é como se você ocupasse espaço.

O silêncio dessa vez durou um pouco menos, pois o problema era um demônio na sala e não um fantasma.

- Ei, aquela coisa não tá em mim não, né? Se tiver pode tacar veneno a vontade mas por favor mata isso logo.

Eram três da manhã e a única luz acesa na casa era a da cozinha, que tinha o estilo americano. Nós dois acabamos assustando aquele alien contemporâneo com os gritos e agora, sem saber pra onde ele foi, teríamos que ascender as luzes e procurar, mas ninguém estava muito disposto a sair do lugar, imagina se a barata aparece?

- Cara, seria muito bom se ela estivesse em você mas eu não tenho ideia de onde essa coisa foi parar.

- E se ela estiver de baixo de algum móvel?

- Aproveita que você tá sentado aí e procura então, ué.

Novamente nós ficamos nos encarando. Ele não levantou do chão e nem procurou a barata, apenas cruzou as pernas.

- Não, não, imagina se ela aparece?

- Né? Credo. Mas como que a gente vai matar essa coisa?

- Se eu fosse você eu mudaria de casa.

Também sentando no chão, do outro lado do tapete, eu apenas suspirei, já tendo considerado aquela opção.

- Foi a primeira coisa que eu pensei, mas como eu teria que esperar até amanhã de qualquer forma, é mais fácil só ligar para alguém vir dedetizar.

- Tem razão, tem razão. Mas e agora? A gente fica aqui?

- Bom, eu não limpei a janela, então é fácil dela voltar pra onde você estava. Eu não tenho a capacidade de dormir com um bicho desses em casa, e também não quero encontrar ela no meu quarto… aqui é mais seguro.

- Verdade.

- …

- …

- Pera ai, você não consegue dormir com uma barata em casa mas tem mais de um ano que você dorme com um fantasma na janela?

- É uma questão de prioridades. Eu não tenho medo de fantasmas, tenho medo de baratas.

Depois de um breve silêncio, nós dois caímos na risada, já que analisando a situação, nenhum diálogo ou acontecimento recente fazia sentido.

- Ai… você sempre viu fantasmas?

- Sim, desde os sete ou oito anos, por aí. Meio que é por isso que eu te ignorei, mas não foi nada fácil me acostumar com você.

- Eu tinha muito medo de fantasmas quando era vivo, não sei como que você tem nervos pra viver com algo do tipo.

- É que tem uma hora que fantasmas viram parte da paisagem.

- Bom, de fato é mais fácil se acostumar com as coisas que vemos todos os dias.

Ficamos em um silêncio pensativo por um momento. Ele tinha razão, de fato eu só não tenho medo de fantasmas porque os vejo todos os dias, mas quando comecei a vê-los não queria nem mesmo sair do quarto.
Aproveitei o momento para ver com clareza seu rosto e finalmente sanar minha curiosidade. Ele realmente aparentava ter mais ou menos a minha idade, sua roupa estava bem limpa e não parecia ser muito barata, porém seus cabelos bagunçados com corte genérico e uma tatuagem, além do rosto jovem quebravam toda a expectativa de alguém que deveria parecer importante.

- É a primeira vez que eu converso com um fantasma na verdade, eu não sei muito bem como eu deveria agir ou o que deveria falar...

- Bom, desde que me tornei um fantasma, você é a primeira pessoa viva que fala comigo, acho que estamos na mesma. Eu não me importo de você perguntar qualquer coisa que quiser saber, já que vamos ter que esperara amanhecer de qualquer forma, ainda temos tempo.

Acabei rindo. Teríamos muito tempo daqui para frente na verdade.

- Okay, vamos a pergunta que não quer calar, por que você está na minha janela?

- Ótima pergunta, mas infelizmente eu não tenho uma ótima resposta.

- Como assim, você não lembra de como veio parar aqui?

- Bom... - Ele parecia envergonhado, coçando a cabeça. - Saber eu sei, é que não é nada muito incrível como em filmes sobre fantasmas. Quando eu me toquei de que estava morto, decidi sair andando por aí, já que não teria que trabalhar ou ver ninguém. Andei bastante, peguei o trem várias vezes e resolvi ver a paisagem, mas uma hora isso perdeu a graça.

- Bom, se eu fosse um fantasma eu certamente pegaria todos os transportes possíveis só de raiva, com o preço que tá a passagem, credo.

- Exato! eu pensei a mesma coisa, só que fiquei com um pouco de medo de ir muito longe, nem sei se posso fazer isso. De qualquer forma, não conversar com ninguém é bem chato, viajar sozinho não é assim tão legal depois de um tempo. Cerca de dois anos depois eu estava passando por aqui e vi esse prédio.

- Mas que chato, ficar vendo a mesma paisagem todos os dias, por que você nunca saiu?

- Bom, eu estava vivendo nesse apartamento sozinho como se eu fosse o dono dele, mas ai teve uma mulher que se mudou para cá com o marido, depois deles brigarem bastaste os dois foram embora, mas como só o cachorro podia me ver, eu não me sentia só, ele era tão fofo!

Acabei caindo na risada. Como pode alguém ser tão simplista! Esse cara realmente era uma figura. Como ainda estávamos sentados no chão, eu apenas me apoiei no sofá, com ele repetindo meus movimentos, ficando mais confortável para conversar assim.

- Não ria, okay? Eu realmente gosto de cachorros, queria que você tivesse um, mas como você não tem, eu só fiquei na janela vendo a paisagem.

- Ai, tá bom, mas eu ficaria morto de tédio depois de alguns minutos só, imagina um ano inteiro!? Seu corpo não dói de ficar na mesma posição?

- O tempo não passa pra mim do mesmo jeito que passa pra você. É como se você estivesse em coma para sempre. As horas passam como se fossem segundos, isso mal faz diferença.

- Oh, então como sabe que viajou por dois anos?

- Mesmo que para mim tenha sido super rápido, eu não sou surdo ou coisa do tipo, sempre ouvi você falando sobre datas, assim como eu ouvia as outras pessoas falando sobre isso também.

- Será que eu deveria considerar você um stalker?

- Prenda-me se for capaz.

- Engraçadinho você. De qualquer forma, você conhece minha vida melhor que eu mesmo, mas eu não sei nada sobre você, além da paixão por cachorros e a vida fácil.

- Eu já disse que tá tudo bem perguntar qualquer coisa.

- Certo. Qual seu nome?

- E você só foi me perguntar isso agora?

Mostrei o dedo do meio para ele, que acabou rindo alto da minha cara. Eu realmente esqueci de perguntar o nome dele.

- Me chamo Cass. Eu já sei seu nome mas vamos fingir que eu não sei. E o seu?

- Me chamo Elo.

Apertamos as mão e depois caímos na risada, parecíamos dois idiotas conversando, sempre pulando a parte óbvia das coisas e fazendo perguntas sem sentido. A madrugada seguiu dessa forma.
Talvez eu tenha entendido como o tempo passa para ele depois de ficarmos conversando. Mal pisquei e o sol já estava surgindo de trás dos prédios e casas, realmente uma paisagem bonita.

Faz sentido ele ficar sentado na janela, realmente é o melhor lugar da casa.

07 Ağustos 2022 03:41 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
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Son

Yazarla tanışın

Moonie e Todas as minhas ideias e histórias completas estão aqui, nada de especial

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