Dentre as aptidões daquele humilde homem, talvez a mais marcante delas fosse ordenar que seus dedos executassem belíssimas coreografias em cima das teclas de seu piano. Sapateados frenéticos e melodias inebriantes eram as coisas que lhe acalmavam e atribuíam sentido à sua vida, vez que seu coração fora surrupiado do peito ao som de uma violenta sinfonia.
Era, ao mesmo tempo, nostálgico e doloroso este belo vazio no qual sua vida havia se convertido. E havia somente um algoz. Uma mulher, que, portando uma simples faca, cometeu não o pecado mais grave, sob seu ponto de vista, mas privou-lhe da evolução. Tornou-o estanque.
Dizem que você pode fazer as piores coisas do mundo com objetos caseiros, e com ele não foi diferente.
Ela arrancou seu coração e destruiu-o, usando apenas uma faca comum. As lendas dizem que nem ponta ela tinha, enquanto outras falam sobre a extrema ferrugem de sua lâmina.
O ridículo e o cruel andam de mãos dadas com a melodia, sempre presente, que acompanha seu calvário desde o começo. No início era preciso que a música fosse tocada em homenagem a ela, a tragédia, e só desta maneira a energia virtuosa da vida corria por suas veias. Mas, atualmente, a peça deve surgir galopante do fundo do ferimento. Um negro buraco.
Uma música vinda do vazio, mas, triste. Tão triste que nem o seu coração, longe da respiração ofegante e das lágrimas, podia senti-la de tal forma. Destrutiva e sádica, mas, ainda sim, bela.
Bela tristeza.
E o piano segue incessante, enchendo a casa com as mais puras notas da mais sincera tristeza, fruto de um buraco no peito, ferida que sangra sem parar. Em suas veias corria a própria tristeza, seu sangue impuro, e de seu peito jorrava melancolia a cada fisgada de dor. A melancolia se espalhava por cima do piano, quase líquida, e ali se moldava em uma canção sangrenta, tão sorrateira quanto um odor discreto. A casa, jamais silenciosa, agora tinha as escadas, paredes, chão e teto completamente ensanguentados. Difícil era entrar ali e não perceber o sangue no ar.
Você respira e sente a canção em seus pulmões, sufoca, e então percebe a vermelhidão do sangue. Tristeza. Nostalgia. Ouve mais um pouco. Dor. Sofrimento. Então, para de ouvir e sai da casa, aos prantos, sendo seguido somente pelo piano, cuja alma revela-se cansada, nada mais que uma sombra.
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