johnathan-silva-oliveira Johnathan Silva Oliveira

Há um poema exalado sutilmente das coisas acessíveis apenas ao sexto sentido do artista. Ela roça de leve a minha sensibilidade sempre acordada. Um punhado de suspiros exalados e algumas gotas de sangue que verti durante esses 38 anos, pautados entre ironias e lágrimas. Dedico este livro ao meu amigo Cruz e Sousa*, que tornou-se para mim um irmão, no ventre conceptivo da Arte. *in memorian


#66 içinde Şiir #3 içinde hiciv Tüm halka açık.

#pensamentos #textos #rimas #versos #poesy #poetry #poema #poemy #sarcasmo #ironia
6
26.6k GÖRÜNTÜLEME
Tamamlandı
okuma zamanı
AA Paylaş

Canto I




Esperança



Se liberdade depois, terei por viver,

E no mundo de morte gemendo ficar,

Esperarei a vida de gemidos morrer

Pelo riso de vida que o futuro dará.


Falsas amizades



Não me tenhas por frio e mau.

A vida faz-nos ambos iguais.

Se hoje de teu amor não há sinal,

Do meu amanhã tereis jamais.

A justiça é balança imparcial.

Tanto quanto aí, cá também.

Se de ti tenho amizade parcial,

Parte da minha terás além.

Ter-te como amigo pode parecer,

Se aparência é o que tu franqueia.

Minha mão que tu julgas ter,

Do que hoje dás-me terás cheia.


Essências



Luzidia é a obra da mera larva

Ofuscada pela laboriosa teia.

É inverso à nossa alma parva,

Que fora é seda sobre a larva feia.

Os bichos acrescem ao construir,

Curvados sobre o que produzem.

Só homens produzem ao destruir

Exaltando obras que não luzem.

As autênticas luzes são excluídas.

Pois são Deus, flores e estrelas

Ignorados por mentes reduzidas.

Por isso não podem abrangê-las.

Erguem olhos aos azuis imperiais,

Sem baixá-los às verdes raízes.

Discursam em cima de pedestais

Qual máscara sobre as diretrizes.

Como acima de tantos feitos abjetos

Podem florir os artísticos labores?

É que como flor em cima de dejetos

Brota a beleza, subjugando odores.


Imodéstia


Superar os próprios limites

Muitos tem como motriz.

Só não superam um deles:

Ver um palmo além do nariz.




Elegia


Meu ideal exala um canto triste e terno.

Orbitando a primavera desse sonho,

Desabrocha como flor sobre o inverno

Meu luto do mundo, cujo fim exponho.


Porém não sai de mim, mas donde ponho.

Friamente, o vasto som no qual hiberno

Chora pelo riso alheio, que suponho

Maquiar por fora o pouco brio interno.


Tão profundo som abala o orbe inteiro.

Agourando o fim do mundo em melodia.

Vai ter o que não chorou, quem riu primeiro


Vai rir, quem do luto extrai sabedoria.

Ouvirão o próprio funeral no derradeiro

Toque profético da última elegia.





Nuances


Quisera percepções várias

Tão complexas quanto as cores.

Mas vejo noções ordinárias

Superficiais e sem valores.

É sempre alegria ou tristeza;

Certo e errado; oito e oitenta,

É um olho pra cada certeza

A certeza pobre e enfarenta.

Há tantos tons entre mal e bem;

Há mil cores entre dois tons.

É de Deus ver assim também

Mas do homem banalizar os dons.



Baixa-estima

A solidão é um quarto espelhado. Mas não é o quarto em si que alguns temem e evitam.


Paixão


O amor é exercido com a mente;

Paixonite sente-se com o coração.

A eternidade de um lapso é paixão;

Amor são tais lapsos eternamente.


A arte serve para chorar as lágrimas que não cabem no coração, e para rir os sorrisos que não cabem no corpo.


Vesper



Será que é nessas horas desoladas que nosso eu imaterial parece que poderia, e deveria, desgarrar-se dessa matéria claustrofóbica do nosso corpo, matéria que resume a miséria do mundo? São nessas horas silenciosas que a mente quer ir-se embora junta com o sol; com esse astro que, ao partir, explode em cores violáceas cravadas de ouro, deixando a terra muda e ensombrada, num silêncio de criança desamparada pelo pai; nesse alívio de emoções e cismas que saem e esvaziam o coração para se transformarem em pranto, tornando-se cristalizados e dispersos no espaço. Assim quisera eu, evaporar na noite meus pesados sentimentos, para que os mesmos surgissem renovados e livres sobre meu corpo flébil e adormecido.


Pueril


Explode, refulge em mil erupções

Meu dourado coração de criança,

Quando a multicolorida esperança

Tinge a Arte de eternas emoções.


Grandes asas



Ó Sonho Azul, inspiração amada!

Cujo dom de muitas asas me deste.

Perdoa se o vôo dessa arte alada,

Não ergue-se tanto quanto quiseste!


Despeito


Críticas não sobem sequer ao meu joelho.

Se quer tirar o cisco do olho, faça assim:

Ao invés de vir e falar olhando pra mim,

Tape a boca e abra o olho ao espelho.


Hipocrisia


Por que amigo, te enamoras da verdade,

E queres dela um beijo apaixonado?

Quando o gosto amargo da falsidade

Em teu lábio ainda está impregnado?!


Olhar



Já vi o chão tapetado de flores,

E sonhei um micro-céu de estrelas;

Vi aves com muito mais cores,

São tão poucos a reconhecê-las!

Vejo a próspera humanidade

Produzindo suas mil invenções,

Mas nelas não há luz de verdade

Como aquelas sensações.

Sinto sensações nas flores,

Sinto sensações nas aves,

Sinto carícias suaves

Em sua música de amores.

Mas não sinto do homem o coração.

Míope aos detalhes, indiferente;

Não sinto o brilho de sua mente,

Nem colorido na compreensão.

Já vi árvores jovens e antigas,

Hostis, imponentes ou singelas;

Umas eram tristes, outras amigas,

Mas nada pulsa mais que elas.

Já espiei o solo e suas miudezas;

O simples fungo que renova a vida;

Os seres da sinfonia desassistida…

Um rico mundo de infinitas belezas!

Já vi o exemplo dado por Deus,

Que no homem há muito murchou,

Ser ostentado em crentes e ateus,

Cuja voz ao sair da boca calou.

Ouvi a Santa Lei ser proferida

De peitos jovens e dos idosos,

Do palco, do covil e da ermida.

Ecoavam discretos ou vigorosos…

De bocas fartas e de mendigos;

De lábios medíocres e de vultosos.

Vi causas grandes em frágeis mãos,

E muitas palmas a propósitos vãos.

Mas as flores ofuscam-lhes do chão,

E as estrelas do mundinho só meu…

Tão ofuscantes são ao meu coração,

E tantas, que tonto logo se encheu.

Tão sublimes são as cores das aves,

Tão eloquentes as vozes do chão,

Que o som dos murmúrios suaves

Calam a filosofia do homem vão.

Pois ele é um eco preto e branco

Clamando uma vida modorrenta.

Cimentam o coração no flanco,

E na mente a cobiça pavimenta.

Têm originalidade morta e muda.

Meu seio à morte é impassível.

Sua afronta artificial e desnuda

É mera usurpação invisível.

Mas as estrelas, flores e aves,

Suas meras fantasias acrescem,

Sugerem e sussurram suaves

O que os humanos nem parecem.


Dois corações


Entre o senso e a emoção

Vivo em lágrimas desfeito.

Por ter na cabeça um coração

E outro coração no peito.


À natureza


Grita ao meu espírito

Aquela que é muda.

Aos ouvidos eu grito

Daquela que é surda.

Calada, me diz tudo…

E ouvindo-a falar

Devolvo e ainda escuto

O que já deu e vai me dar

À tua doce voz me calei

Quando teu pranto sorvi,

E só pranteando, eu sei,

Pagar-te-hei o que pedi.


Do contra


Pra você eu serei exatamente o que você pensa que eu sou.

Para os 'preto no branco', sou uma pintura impressionista; para os coloridos serei transparente; para as rosas serei sonhadoramente azul; para os que 'se dizem' azul, serei lilás, a fim de mostrar que a natureza de todo homem é equilibrada; para os que se acham branquinhos, serei negro como o riso da ironia; serei branco para os que acham que estão no vermelho; serei 'verde raíz' para os que acham que a riqueza está no alto; serei criança para as crianças, mas não serei adulto para os que se julgam adultos_ o primeiro que quis ser dono do próprio nariz hoje governa o mundo, e eu detesto política; serei culto para os que reconhecem, mas serei ignorante às mentes cujo espaço é limitado, preconceituoso ou estereotipado; serei palhaço aos que são sérios demais; aos burros, serei o cocheiro. Finalmente, para Deus, serei o que muitos também tentam ser_ virtuoso. E para o Diabo serei o que todos são_ imperfeito.


Estereótipos


O falso opõe-se às leis naturais,

Qual opõe-se a vida à morte fria.

Mas nem ela nem o frio são reais,

Qual as aparências da fantasia.


O valor do caráter foi trocado.

O homem tornou-se artificial.

Estereotipou aos gays o veado

E o arco-íris distinto e natural.


Faz o nome mais que a essência,

Desvirtuando gente e animal,

Ao compararem eles na aparência.

Faz o feio ser belo, o bom ser mal.


Melhor equilibrar a firmeza de leão

Com a realeza do cervo a coroar,

Do que viver latindo como cão,

Cujo valor e brio tem que provar.


Triste, ver tudo desequilibrado:

Do metido a santo já me cansei;

De quem tenta ser macho forçado;

E quem por via da moda é gay.


"Hábitos não fazem um monge".

Nem "lobo em pele de ovelha".

Quem sob peles se esconde

Não vira dentro o que assemelha.


Se não existe conteúdo legítimo

E de qualidade para ostentar,

De nada adianta, se no íntimo

A intenção é somente maquiar.


É só disfarce para o teor escasso.

Estereótipo é ilusão, não é lei.

Quem usa disfarce é palhaço.

Mas só a natureza atesta um rei.


Inteireza


Sou aquilo que falo;

Sou aquilo que pinto;

Sou aquilo que penso;

Sou aquilo que sinto.

Amar só um pedaço,

É amar parte de mim.

Sou todo, não sou bagaço,

Pra mendigar-me assim.

Ouça minhas palavras,

E junte às minhas cores;

Atente às minhas ideias

E sinta meus amores…

E plante-os, se tens espaço.

Não posso dar partes de mim.

De nenhuma flor me desfaço,

Pois não sou flor, sou jardim.


Amizade


Ah! Quem me dera

Que os amigos fossem flores.

Ah! Quem me dera

Cultivar esses castos amores.

Ah! Quem me dera

Que todas florissem pra mim

Então as pusesse

Todas em um imenso jardim.

Se esse jardim quisesse,

Todo ele seria sorrisos.

Pois eu talvez pudesse

Ser árvore pra esses amigos.


Alvorecer



Novos tempos hão de vir

Que vão por fim a essa história.

Os dias dourados voltarão,

A aurora há de nova luzir,

Trazendo as eras de glória.

A primavera se unirá ao verão,

O estéril inverno há-de partir.

O 'sempre' reinará na memória.

O eterno será a única estação.


Canção lunar


Quando a brisa sussurra no ar

Em espirais de brumas dispersas

Perceba a forma e o brilho lunar

Flutuando em estrelas imersas.


Pois a lua suave põe-se a cantar

E as estrelas repicam brilhando.

E o som vem descendo devagar,

Com o silêncio descem voando.


As asas tocam as ondas do mar

E as ondas harpejam de luz,

Fazem o ruído das águas cantar,

Cantar as vozes dos mares azuis.


As vozes distantes de além-mar

Que a lua de fantasias embala

Fazem o véu de folhas farfalhar

E no sopé dos montes resvala.


A melodia faz o silêncio agitar

As aves e animais dos campos.

Faz a quietude do lago acordar

E agitam também os pirilampos.


Tais murmúrios que os acariciam

Convidam alguns sonhos a voar.

Sonhos que cansados dormiam

Antes da lua começar a cantar.


A música atiça cantos escuros

Em árvores de segredo milenar.

Os segredos sussurram barulhos

Que fazem o passado lembrar.


No doce som que em todos ecoa

Há luz que nos faz transbordar.

Então a sombra do peito escoa

Pra ficar cheio da canção lunar.


No peito semeia uma Noz

E uma pinha para nos guiar

Guiar à divina e eterna voz

Que docemente nos faz sonhar


A rotina


Nesse fado premente de repetir

O badalo da enfadonha rotina,

O sonho ensurdece com o retinir

Vão e repetitivo da ladainha.


Acumulando pedras até esvair

Do corpo a vida que termina.

E o tempo ainda a prosseguir

Na imortal e ressonante sina.


Renova-te! O novo experimenta!

Livra-te da definhante tormenta!

Para de querer nas mãos o vento!


Teu corpo gasta-se. O tempo não.

Assim, escravos teus anos serão

Mas livre e imortal será o tempo.


Biosfera



Esse globo viajante

Ainda vai sustentar

O azul verdejante

Dessas matas e mar.

Quando em mãos inocentes

As reservas podem durar.

Resistirão persistentes

Até novo tempo chegar.

Se vencesse a ganância

Que faz flor moeda virar,

A flora seria lembrança

Que a arte iria ilustrar.

Mas antes do dinheiro

A vida sempre fez brotar

O rico verde desse viveiro

Que rico e verde há-de ficar.


Liberdade autêntica



Lateja o verso que o tempo disfarça.

Poema composto por palavras vagas

Por idéias cansadas de tanto falar.

Mas pode ser a falta das livres asas

Que impede a poesia de gritar.

É curto o tempo; a liberdade é falsa…

Qual as idéias mudas e cansadas

O sonho preso não quer voar.

Mas além do tempo, verei alçadas

As asas da liberdade em pleno ar.


Rejuvenescimento


Aguarde a velhice tirana

Que fere a imagem no espelho

Verter de si mesma o vermelho

Que da juventude derrama.


Limitações


A borboleta sem asa

Crisálida permanece.

Em cujo casulo inerte

Geme enclausurada.


Infecto


Há gentes que zumbem como moscas

Em torno de mente ainda mais pobre.

Dessas artificiais mentalidades foscas

Que mui longe estão de parecer nobre.


Despretensão


A espada, a lança, a flecha ardente

Do mundo, antes e sempre lacera.

Usam tais armas impiedosamente

Para vencer fome, medo e guerra.


Mas um mal reside secretamente

Que pior ainda sendo, será e era

Uma arma de forma transparente,

Que males como as outras gera.


Negam o valor alheio por ambição?

Ferem com a língua a quem invejais?

Por criticar a outros, obtereis em vão


Apenas aplausos e momentos banais.

Invejando o que vos falta ao coração

Secam o vosso e põem no deles mais.


Herança


Morei em um sítio com meus pais.

Na frente um arvoredo, um rio no final.

Cultivei um jardim no meu quintal,

Com flores cercadas por matagais.


Meu pai decidiu criar galinhas

Que se deliciavam com meus rosais

Minhas plantações não existem mais.

Percebi então que não eram minhas.


A vida, tal qual o meu jardim

Não é feita apenas de flores.

Pois há bichos que roem os labores

Dando a eles um triste fim.


Tentei de novo uma plantação

Que cerquei com mais amores.

Veio um bando de saqueadores

E estragou também a habitação.


Finalmente então compreendi

O que devem ser nossos tesouros,

Que não precise trancas ou ferrolhos

Ou ponha fim na alegria que senti.


Aprendi que algo só é todo nosso

Quando realizado por todo eu,

Construído no que de fato é meu,

Sem depender do que não posso.


Coração e mente não têm termos.

É a luz de Deus em nós plantados.

Quando do jeito certo cultivados

Na certeza de eternamente sermos


Nunca fui feliz com o que é finito,

Passageiro, vão e artificial.

Eu fui concebido para o imortal,

Sempre meu, sempre invicto.


Não quero bem hereditário.

Se passa de mão, não é posse real

Só desejo o que já tenho afinal:

Os bens do meu dom, meu relicário.


Nele cabe meu enorme sentimento,

Sem entradas, meios ou finais.

Pois nasci com sonhos atemporais,

Que não cabem em um só momento.


Cultivo sonhos e pinto histórias,

Onde é meu mundo e também céu.

Neles posso ficar sempre ao léu

E eternizar minhas memórias.


Resumi, pois, minha felicidade

À tinta e um pedaço de papel.

Sou feliz construindo com o pincel

Um lar e um jardim que nada invade.






14 Ocak 2022 18:35 3 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
5
Sonraki bölümü okuyun Canto II

Yorum yap

İleti!
Giovanni Turim Giovanni Turim
São ótimos os poemas, poderiam estar dividiso entre capítulos. A distribuição dos textos, por vezes se torna mais prazeroso de se ler na rotatividade.
March 20, 2022, 20:58
Lipstter Lipstter
Olá? Faço parte da Embaixada brasileira do Inkspired e estou aqui para lhe parabenizar pela verificação da sua história. Para começar, gostaria de falar do seu belo convite: uma capa atraente junto de uma sinopse direta e envolvente. Quanta delicadeza! É perceptível sua dedicação nos mínimos detalhes. Sobre seus poemas, há uma estrutura narrativa que carrega uma roupagem arejada de assuntos do cotidiano, como temáticas de troca, amizade, amor, dor, críticas à ganância, uma conversa interna sobre tudo. Uma viagem progressiva para dentro do eu, e de um universo vasto além do horizonte. Querido autor, obrigado pelas sensações que me causou. Sobre sua ortografia e gramática, não há do que reclamar. Muito bem aplicado! Enfim, gostaria de dizer que adorei, e já quero mais. Não desista de escrever, por favor. Você manda muito bem. Agora fico por aqui. Te desejo muito sucesso, porque você merece!
January 22, 2022, 07:30

  • Johnathan Silva Oliveira Johnathan Silva Oliveira
    Desculpas por ter deixado parecer relapso! Acontece que sou novo no aplicativo. Só agora eu li o seu comentário. Acredito que seja leiguice e destreino meu. Porque eu lembro quando apareceu a notificação do seu comentário. Mas quando eu cliquei para ver, não consegui ler. Sobre suas palavras... Nossa! Fiquei até sem saber expressar a devida gratidão. Peço novamente, mil desculpas! Seus elogios e sua análise muito lapidada são realmente superlativos. Muito obrigado, de coração! March 20, 2022, 21:57
~

Okumaktan zevk alıyor musun?

Hey! Hala var 4 bu hikayede kalan bölümler.
Okumaya devam etmek için lütfen kaydolun veya giriş yapın. Bedava!