2minpjct 2Min Pjct

Min Yoongi era conhecido por todos daquele colégio: o mais popular, capitão do time de basquete e o maior bad boy de todos. Até que um dia seu reinado quase chega ao fim, quando foi pego pichando os muros da escola e tem que cumprir dias intermináveis de detenção com Park Jimin, o aluno novo do colégio. O que Min Yoongi não sabia era o quanto Jimin tinha a ensinar para si, e nada tinha a ver com as matérias da escola.


Hayran Kurgu Gruplar/Şarkıcılar Sadece 18 yaş üstü için.

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Entering your heart like a dunk

Escrito por: mindokyu

Notas iniciais: Olá, meus amores! Tudo bom com vocês? Espero que sim!

Esse plot foi doado pela linda @minie_swag que praticamente me disse “toma que o filho é teu”! Hehehehe E quem sou eu para dizer não, né mesmo? :3

Adorei muito desenvolvê-lo e eu espero que vocês gostem dessa fanfic tanto quanto eu!

Betagem feita também pela minie_swag/@minie_swag (perfeita demais) e capa feita pela @TMessi /ThalieMessi . Obrigada vocês duas pelo carinho de sempre!

Boa leitura!


~~



Min Yoongi não podia acreditar. Ele definitivamente não podia acreditar no que ouvia naquele exato momento. O diretor Cho estava sentado em sua grande mesa, falando em alto e bom tom palavras que o cérebro de Yoongi não conseguia processar.

— Onde você pensa que vai parar se continuar desse jeito? — questionou o mais velho, gesticulando freneticamente com as mãos, o rosto vermelho de raiva.

— Eu vou parar onde eu quiser parar, não me venha com—

— Exijo respeito, Min Yoongi! — exclamou o diretor, levantando-se enquanto batia com a palma das mãos na madeira escura. — Além de ser pego pichando o muro da escola, ainda vai me faltar com o respeito? Não é o bastante estar aqui?

Claro que Yoongi sabia que estava encrencado, ele só não conseguia entender como tinha sido burro ao ponto de ser pego. Não era a primeira vez que fazia sua arte nos muros de Seul, mas essa foi a primeira vez que tentou pichar o muro da escola. Queria deixar sua marca registrada ali para que todos se lembrassem dele no futuro. Não que fosse difícil, já que quem conhecia Yoongi não o esqueceria tão fácil.

— Desculpe, diretor Cho-nim. Isso não vai se repetir — respondeu, baixando o tom de voz e fazendo uma leve reverência.

Saber admitir o erro para sair de uma encrenca era a maior especialidade de Yoongi, desde pequeno aprontava e conseguia se safar apenas admitindo o erro e fazendo uma carinha de gatinho triste. Era moleza!

O diretor Cho, que não era bobo nem nada, apenas olhava para todo o ato que Yoongi fazia na frente de si, segurando um riso debochado. Se tinha algo — além do dinheiro — que Yoongi tinha, era audácia. Sentou-se novamente, mantendo a postura de autoridade.

— Não acredito em nenhuma palavra que você me disse, Min — confessou o diretor. Em nenhum momento ele baixou o tom para falar com o aluno. O que ele fizera estava deveras errado e, sabendo da popularidade que o garoto tinha, ele não poderia sair impune. Min Yoongi tinha que ser o exemplo para que isso não acontecesse de novo. — Por isso que você está em detenção.

— Detenção? — Os olhos, que eram naturalmente pequenos, se arregalaram em espanto. Ele só podia estar louco! — Eu não posso ficar em detenção!

— Ah, não? — Sorriu fraco. — E pode me dizer o porquê da vossa senhoria não poder ficar algumas horas a mais na escola e ajudar o corpo docente e discente do colégio?

Yoongi ficou quieto, a raiva e a vergonha de estar naquela posição podiam ser vistos em seu rosto flamejante. Vendo que o aluno nada tinha a declarar, o diretor voltou a falar:

— Porque você é o Min Yoongi, o cara mais descolado de todos, o maioral, o mais rico e—

— Não é por isso! — sem educação alguma, cortou a fala do diretor. Algumas lágrimas queriam sair, mas o menino loiro não daria o braço a torcer. — Não é por isso!

— Oh, então eu não vejo problema algum em você aprender algo bom com um erro seu, não é mesmo? — disse Cho, tirando um papel da gaveta, anotando algumas informações importantes e entregando-o para Yoongi. — Não quero que falte nenhum dia, está entendido?

Ao pegar o papel, deparou-se com horários horríveis. Sim, horríveis! Min Yoongi teria que ficar na escola de segunda à sexta, por três horas para ajudar no novo clube de literatura. Se a raiva já o consumia antes, agora ela quase transbordava.

— O quê? — bradou Yoongi, levantando-se da cadeira. — Isso é impossível! Eu vou perder a minha tarde toda aqui nesse inferno!

As mãos nervosas passavam pelo cabelo loiro, deixando-os bagunçados; os olhos não paravam de se mover de um lado ao outro. Ele não iria aceitar isso!

— A não ser que você queria ser expulso do time de basquete.

Era como se o mundo tivesse parado no momento em que ouviu tais palavras do diretor.

— N-não… Você não pode… — gaguejou o menino, o corpo ficando fraco com o susto de ouvir o diretor falar aquilo. Sentou-se novamente, o corpo mole largado na grande cadeira. — N-não…

— Eu posso sim. Ou você esqueceu que sou o diretor do colégio? — falou ríspido. — Ou você vai para a detenção todos os dias, ou pode dar adeus ao seu querido time de basquete.

[...]

A bolsa estava pesada demais para que Yoongi continuasse a carregando por aí, andando de um lado para o outro. Min Yoongi a arrastava pela rua, olhando com tanto pesar que poderia largá-la ali, em qualquer canto. O dinheiro não era lá muito importante, era algo que ele tinha de sobra. Quer dizer, ele não, sua família tinha de sobra. Então, com esse pensamento em mente, largou a bolsa cheia de latinhas de tinta em um lixo próximo.

O dia foi traumático ao nível de ele não se importar com o material que perdera, largando a bolsa em qualquer lugar. Yoongi só queria chegar em casa. Naquele dia resolveu voltar a pé, depois da conversa que teve, precisava espairecer e não chamaria o motorista da família, queria ficar um tempo sozinho.

Apesar do horário, o Sol ainda estava no céu, um dos defeitos do verão, a ver de Yoongi. Ele não gostava dessa época do ano por não ter a noite para si o mais rápido que podia. No verão, o Sol sumia beirando às dez horas da noite.

Chegou à sua casa e deparou-se com a mesma vazia. Nada de novo na vida monótona de Min Yoongi. O menino loiro sabia que seus pais mais passavam o tempo no trabalho do que com ele, era assim que eles faziam o rio de dinheiro que mantinha a família Min no topo das famílias mais ricas da Coreia do Sul.

Yoongi detestava isso. Detestava o dinheiro, detestava estar sozinho, mas não era algo que falava para as pessoas. Já que vivia naquele manicômio que chamava de família, iria usufruir do poder que tinha.

Estava no último ano e todos do colégio o conheciam, ele era famoso por ser o bad boy, aquele que quebrava as regras, aquele que o papai tinha dinheiro para bancar caso se metesse em encrenca. Ninguém batia de frente com ele, pois sabia que ia perder. Seja no soco ou nas palavras. E como pouco se importava com sua fama ou qualquer outra pessoa naquele colégio, ele tacava o terror. Porém, uma única coisa dentre todas as outras ruins que lhe aconteciam no seu dia lhe importava: o time de basquete.

Min Yoongi era o capitão do time de basquete do colégio, um cargo que conseguiu por puro talento, pura competência sua, sem nenhuma interferência do dinheiro de sua família ou qualquer fama fodida que tivesse. Quando estava em quadra, sentia-se vivo, sentia que ali tudo fazia sentido. O basquete era sua vida.

E, enquanto se preparava para dormir, um pensamento nada agradável tomou conta de si: ele teria que sucumbir às regras do diretor, se ele quisesse manter a única coisa que o fazia sorrir intacta.

.x.

A quadra estava vazia naquele horário, o Sol nascendo no horizonte. Min Yoongi tinha dormido pouco e, quando isso acontecia, ele corria para a quadra antes das aulas começarem. Não conseguia mentir para si mesmo, o fato de ter feito merda — e ter sido pego — o tirou a noite de sono. Nunca pensou que isso aconteceria, ainda mais com toda a influência que tinha na escola, mas o diretor Cho não estava para brincadeira.

Batia a bola pesada de basquete no chão da quadra, este sendo o único som ao meio dos pios dos pássaros que moravam nas árvores ao redor do colégio. Arremessava a bola facilmente na tabela, fazendo cesta todas as vezes. Min Yoongi tinha um talento nato para o basquete, era nítido.

— Acordado a essa hora? — Era Namjoon, seu companheiro de time, o pivô da equipe. — Quando vi que tinha alguém na quadra, eu sabia que era você — disse Namjoon, aproximando-se do menino loiro.

— O dia está bonito demais para não jogar, Namjoon-ah — respondeu sem nem tirar o olho da bola, que ainda era arremessada sem erros.

— O Sol ainda está nascendo, hyung — indagou Namjoon, cruzando os braços na frente do corpo. — Aconteceu alguma coisa?

Não era como se Yoongi estivesse se sentindo culpado por algo, ou com vergonha. Ele sempre aprontava, sempre saía por aí fazendo coisas que não era lá muito legais — nada grave, acredite. Mas Namjoon era o exemplo de aluno e, claro, seu melhor amigo. Estava relutante em contar a verdade, mesmo sabendo que não conseguiria escapar dela por muito tempo.

— Não consegui dormir, foi só isso. — Decidiu deixar assim, contando mais ou menos a verdade, escondendo alguns pontos que achava ser desnecessário.

— Você foi pego, não foi, hyung? — Ao ouvir o mais novo, parou o movimento de lançar a bola antes que a mesma saísse de sua mão, deixando escapar um grande suspiro. Concordou com a cabeça, finalmente olhando para Namjoon.

— Sim, eles me pegaram enquanto eu pichava o muro da escola — confessou, olhando para o chão. ‘Tá, talvez Yoongi estivesse com vergonha.

— Hyung! — exclamou Namjoon, olhando-o abismado. — Como assim? E agora? O que aconteceu?

— Calma, calma! — cortou a fala extrapolada de Namjoon, sabia que o outro ficaria preocupado, um dos motivos por não querer falar a verdade. — Eu já conversei com o diretor.

— E aí, o que ele disse?

— Detenção, Namjoon-ah. Estou de detenção — respondeu amargo, um gosto ruim lhe subindo pela boca. — E eu não tenho escapatória a não ser pagar por ela, todos os santos dias da semana.

— Como assim? Hyung, pelo amor de Deus, você não está em encrenca, né? — O olhar de Namjoon seria cômico se Yoongi não estivesse tão desesperado quanto.

— Não, eu… eu só não posso faltar nenhum dia, só isso. — Voltou a jogar a bola, tentando tirar o sentimento de tristeza de si.

— Se, por algum acaso, assim, você faltasse… o que aconteceria? — Namjoon pegou a bola que foi lançada para si, batendo-a no chão e arremessando no aro, errando por alguns milímetros apenas.

— Eu estou fora do time de basquete — respondeu sério, a bola sendo arremessada de volta para si. — E isso, Joon-ah, eu não posso deixar acontecer.


Notícias realmente se espalhavam mais rápido do que fogo, porque, em menos de duas horas, a escola inteira sabia que o capitão da equipe de basquete estava encrencado. Os burburinhos pelo corredor sempre aumentavam uma coisa ou outra, Yoongi não dava ouvidos para isso. Mas, claro, seus colegas — aqueles que ele mantinha apenas por conveniência — não perdoaram.

— Não acredito que você foi pego, Min! — Yuna falava, quer dizer, berrava enquanto comia e ria ao seu lado. Um caos total esse menino. — Você, o todo poderoso Min Yoongi foi pego! Isso é ridículo!

O pátio do colégio estava cheio, o verão deixava todos ainda mais ouriçados, se é que podemos colocar assim. As vozes ao redor do menino loiro só aumentavam ainda mais o seu mau humor. Yoongi passava a mão que estava livre pelo cabelo, enquanto a outra segurava um lanche recém-mordido. Ele estava sem fome, claro.

— Cala a boca, Yuna! Ninguém precisa ouvir essas asneiras na hora de comer. — Seu tom não tinha qualquer resquício de piada. Min Yoongi estava puto.

— O que é, porra? Tá bravo? — retrucou Yuna, limpando a boca suja na manga do casaco do uniforme.

— Eu só quero ter um segundo de paz, infeliz de merda! — Embrulhou o que restou do lanche e levantou-se da mesa. — Vou pra um lugar mais calmo, já que hoje vocês estão impossíveis.

— Ah, ‘qualé, Min! Volta aqui, seu merdinha! — berrou Yuna, realmente achando graça daquilo. Todos da mesa riram junto. Sim, essa era a trupe de manés que Yoongi chamava de colegas.

Saiu andando sem nem olhar para trás, realmente precisava de um lugar mais calmo para relaxar os ânimos. Aquele dia seria o primeiro da detenção, e se não estivesse um pouco menos pistola até o final do dia, as chances eram grandes de dar muita merda.

— Ei, Min Yoongi? — Ouviu seu nome ser chamado, mas não parou para ver quem era. Se mais algum filho de uma puta o parasse no corredor para perguntar se ele tinha sido pego traficando droga — não, ele nunca tinha feito isso, pelo amor de Deus — ele explodiria. Então, o mais seguro a ser feito era sair andando.

— Você é surdo ou o quê? — Dessa vez um tapinha foi desferido em seu ombro. A pessoa teve a audácia de correr até ele para tal ato. Inacreditável.

— Olha, eu estou realmente tendo um dia péssimo e gostaria de não ser atrapalhado de novo, sacas? — respondeu grosseiramente.

O menino parado à sua frente não era alguém que ele já tinha visto em algum lugar. Claro, era aluno da escola, isso era óbvio pelo uniforme, mas nunca tinha o visto antes. Talvez algum nerd da turma de xadrez, ou algum aluno novo. Yoongi nunca saberia, porque Deus o livre fazer aula de xadrez. E, sim, Yoongi estava cem por cento julgando pela aparência.

— Oh, jura? — respondeu cínico, um sorriso crescendo nos lábios carnudos. — Pois eu acho muito bom o senhor melhorar esse seu humorzinho de merda até a hora da detenção.

Ao ouvir a palavra detenção, seus olhos se arregalaram. Era sabido que Yoongi tinha feito alguma coisa de ruim, mas ninguém — além de Namjoon — sabia da merda da caralha da detenção. Então…

— Muito prazer, sou Park Jimin — disse Jimin, estendendo a mão para o outro, o sorriso mais arteiro de todos crescendo em seus lábios. — Seu companheiro de detenção, se é que posso dizer assim.

Por algum motivo muito babaca, Yoongi já detestava Park Jimin.

[...]

A última aula do dia era na quadra, para o alívio de Yoongi. O cabelo loiro estava preso em uma faixa para não cair sobre seu olho, o uniforme do time da escola em seu corpo era largo e Yoongi amava a sensação de estar nele. Como ele amava!

O time estava reunido em volta do treinador Lee, aquele homem pequeno que sabia mais de basquete do que qualquer outra pessoa que Min já conheceu. O campeonato de férias estava próximo e por isso a última aula — durante alguns dias — era com seu time, treinando.

— Muito bem, meninos. Quero que todos ouçam com muita atenção. — A voz do treinador ecoava pelo lugar, já que, por conta do calor exacerbado, os treinos estavam acontecendo na quadra coberta. — O campeonato do meio do ano está chegando e eu quero que vocês deem tudo de si nele. Vocês têm um potencial enorme para chegar à final e eu conto com vocês. — Alguns alunos bateram palmas e gritaram quando ouviram os elogios do treinador, Yoongi conseguiu esboçar até um pequeno sorriso. — Principalmente você, Yoongi.

— Sim, senhor — respondeu prontamente, fazendo uma reverência.

— Eu quero que você seja o capitão que o time precisa, sem distrações. — Os olhos do treinador Lee estavam duros e tensos, o que já era esperado. Com certeza a primeira coisa que o diretor Cho fez foi contar para Lee do ocorrido. — Espero que dê o melhor de si, eu sei que você consegue.

Min Yoongi apenas concordou com a cabeça, uma leve tristeza batendo em seu peito.


— Passa a bola para cá, Min! — Namjoon gritava do outro lado da quadra.

Yoongi batia a bola no chão com o braço direito, enquanto o esquerdo bloqueava o jogador que tentava tirá-la de si, avançando cada vez mais em direção a cesta. A passada de bola para Namjoon foi impecável, sem nenhuma interceptação. A sinergia que o time principal tinha era invejável para outros jogadores, e Yoongi se enchia de orgulho a cada vez que a bola que balançava a cesta em um arremesso perfeito.

Quando estava em quadra, o tempo passava diferente, era como se todos os problemas sumissem e Yoongi conseguia ser ele mesmo, sem pressão de ser o aluno mais conhecido do colégio por todas as coisas ruins que já fizera.

Mas tudo o que era bom acabava rápido. Aquelas quase duas horas de alegria passaram num piscar de olhos. O suor escorria pelo rosto de Yoongi e encharcava suas vestes. Ele amava essa sensação mais do que qualquer coisa no universo.

— O treino hoje foi perfeito, hyung! — Namjoon apareceu ao seu lado juntamente com Hoseok, outro companheiro de time. — Senhor Lee realmente tem razão, nós temos muitas chances de ir para à final.

— Temos mesmo, Joon-ah — concordou Yoongi. Estava muito contente com toda a melhora que o time vinha tendo nos últimos meses, seu trabalho como capitão sendo feito com exímio talento o enchia de orgulho. Pelo menos isso me fazia feliz, era o que ele sempre pensava.

— Vamos conseguir ficar até mais tarde para treinar? — perguntou Hoseok, juntando algumas coisas que estavam espalhadas pela quadra depois do treino. Os três meninos sempre ficavam um tempo depois para ajudar com a arrumação.

— Hoje eu não posso… É que eu… — parou de falar assim que percebeu que teria que confessar para Hoseok. Teria que contar sobre a detenção e que foi pego pichando o muro da escola. A cada vez que esse pensamento passava por si, mais amargurado e vergonhoso ficava.

Não que demonstraria todos esses sentimentos, claro que não.

— Ele não pode hoje, Hobi — cortou Namjoon, chamando atenção de Hoseok, que estava presa no rosto do menino. — O treinador vai querer falar com ele sobre algumas coisas do campeonato. — A inteligência e rapidez de Namjoon eram duas de suas características que Yoongi mais amava.

— Ah, entendi. Então vamos indo, Joon-ah. Preciso passar para pegar algo para comer antes.

— Claro. — Assentiu sorrindo, olhando para Yoongi em seguida. — Nos vemos amanhã, hyung.

[...]

A comida não tinha sabor algum. Yoongi comia por pura necessidade de se manter vivo. Sua feição, porém, se manteve neutra durante todo o dia, por mais raivoso que estivesse por dentro. Assim que terminou de almoçar na cantina do colégio, tratou logo de não perder tempo e ir para a sala da detenção, agradecendo todos os deuses existentes por quase não ter mais alunos naquele horário.

Recebeu todas as informações necessárias por e-mail — não que tivessem muitas —, então já sabia exatamente para onde ir.

A sala onde passaria incontáveis horas era pequena demais para uma sala de detenção. Yoongi tinha seu repertório cheio de filmes americanos e era de lá que tirava toda a ideia do que seria passar dias em detenções sem fim. Então, para seu imaginário fértil, aquela sala era pequena demais.

Nem mesmo minutos se passaram dentro de seus devaneios e a porta se abriu, e dela surgiu Park Jimin, o menino de outrora.

— Pensei que teria fugido, Min Yoongi — disse Jimin, deixando seus livros na mesa do professor, como se ele mandasse ali, mandasse em Yoongi. Tudo naquele nerdzinho filho de uma puta fazia com que Yoongi ardesse de ódio: os óculos, o cabelo preto caindo sobre os olhos, o uniforme da escola arrumadinho sem nenhum risco fora do lugar.

— Não tenho motivos para fugir — respondeu seco, a feição fechada. Yoongi queria logo saber o que teria para fazer, quanto antes começasse, antes terminaria.

— Ah, isso é verdade — concordou Jimin, parando exatamente na frente da carteira que Yoongi ocupava, colocando as mãos no bolso dianteiro da calça. — Medo de perder o lugar de capitão, certo?

— Olha aqui, seu maldito! — Levantou-se rapidamente, fechando a mão direita no colarinho engomadinho de Jimin. — Eu não sei quem você é e nem quero saber. Você não me conhece, então eu teria muito cuidado com o que fala, se eu fosse você.

Os olhos de Jimin arregalaram-se em medo por alguns segundos, fechando a cara em seguida. Colocou sua mão em cima da de Yoongi, forçando-o a soltar suas vestes.

— Você acha que eu quero estar aqui? Que eu quero passar essas três horas com você?

— Se não fosse um pau mandado do diretor da escola, estaria fodendo por aí — zombou Yoongi, largando o colarinho da camisa (agora toda amassada). — Oh, não, espere! Você não fode! Como pude achar que um nerd punheteiro como você transaria com alguém.

Yoongi ria como se tivesse contado a maior piada do universo, como se Jimin fosse ficar acanhado ou corar em vergonha. Ha ha ha, que dó dele.

— Quantos anos você tem? Nove? — Sorriu Jimin, achando graça na reação de Yoongi. Claro que ele não cairia nas jogadinhas ridículas de “bad boy” que ele lançaria pra cima de si. Park Jimin amava estudar, sim, tinha uma ótima relação com todos os professores e diretores, participava de vários projetos extracurriculares. Se isso era motivo para Yoongi “zombar” de si, o problema era todo dele.

— Apenas o fato de você desviar do assunto te faz concordar com o que eu disse — rebateu Yoongi, voltando a sentar-se na carteira, esticando os braços sobre a cabeça.

— Eu já sabia que você era ridículo pelo que os outros falavam — falou Jimin, sério. — Te conhecer só me fez ter a certeza disso.

— Você não me conhece!

— Eu sou novo nessa escola, Min Yoongi, não conheço quase ninguém! — Alterou o tom de voz, beirando ao grito. Jimin era uma pessoa controlada e quieta, na maioria das vezes, mas estar frente a frente com Min Yoongi não estava sendo uma boa experiência. — E o fato de eu já ter ouvido muito sobre você deveria ser um alerta.

Deveria ser um alerta — zombou Yoongi, imitando a voz do outro. — Vamos fazer assim, novato, eu fico aqui na minha e você fica aí na sua. Que tal?


Obviamente não foi bem assim que as coisas aconteceram naquele primeiro dia de detenção. Jimin fez Yoongi limpar todos os instrumentos da sala de música e, por algum motivo, o mais velho duvidava que isso fizesse parte da detenção.

— Estou seguindo apenas o que foi me pedido, Yoongi.

— O quê? Fazer dessas intermináveis três horas um inferno? Se for isso, parabéns, pois você está conseguindo.

Jimin riu debochado, terminando de colocar algumas baquetas no lugar.

— Você se dá muito crédito, não acha? — Assim que terminou, parou na frente do menino sentado. Ele bufava como se tivesse feito a pior coisa do mundo, nem mesmo parecia um atleta. Revirou os olhos quando percebeu que Yoongi o ignorava. — Estou apenas seguindo o que o diretor Cho me pediu.

— Então, estou liberado, posso ir embora? — questionou, rezando para que a resposta fosse sim. Colocou a mochila nas costas, seguindo para a porta. Todos os instrumentos que antes se encontravam no chão e cheios de poeira, agora estavam em seus determinados lugares e limpos.

— Preciso só levar esses livros para a biblioteca, poderia me ajudar? — Apontou para uma pilha de livros que estavam no canto da sala, Jimin certamente não conseguiria levar tudo sozinho ou de uma vez só.

— Está de zoeira com a minha cara, novato? Isso com certeza não está na lista do que o diretor Cho te pediu.

— Talvez não, mas…

— Então, foda-se. Leva tudo isso aí sozinho.

E, sem mais delongas, saiu da sala, sem sentir o menor dos remorsos por Jimin.


Chegar à sua casa e se deparar com o espaço quase vazio — se ignorasse a presença dos funcionários — nem abalava Yoongi mais, ou ele queria acreditar de verdade nisso, entretanto aquilo não era importante no momento. Tudo que ele queria, era apenas tomar um banho quente e dormir rezando para que não tivesse pesadelos com latas de tinta spray, pais ausentes e um Park Jimin com semblante irritadiço barra tristonho quando saiu da sala de música.

E antes que pudesse subir para seu quarto, os empregados lhe ofereceram o jantar e, por mais que Yoongi adorasse os pratos que lhe foi oferecido, ele não aceitou, seu plano inicial era o mesmo, tomar banho e dormir; se sentisse fome, com certeza acordaria e tomaria um leite com biscoito. Ele só precisava relaxar.

[...]

Os pequenos pés balançam de um lado para o outro, esticados na pequena cama — pequena para dois jovens adultos que se encontravam estirados nela —, com uma barra de chocolate passando de uma mão para a outra.

— Você precisava ver, Tae! Eu tive que carregar todos os livros sozinho! — Indignado, Jimin contava como tinha sido o primeiro dia de detenção. Péssimo, claro.

— Ele é realmente alguém detestável, Chim.

— Detestável é pouco, bem que você me avisou.

Park Jimin tinha chegado ao colégio há pouco mais de um mês, conseguiu uma bolsa integral para estudar no melhor colégio de Seul e estava radiante com isso. Sua família vinha de origem humilde, mas sempre priorizou os estudos, e isso fez com que Jimin chegasse onde estava.

Sabia que teria algumas dificuldades quando chegasse ao colégio, todos ali sabiam que ele era bolsista e isso não ajudava em nada. As pessoas realmente se importavam muito com coisas banais demais. Porém, o assunto que mais chegou aos seus ouvidos foi Min Yoongi, o capitão do time de basquete, o bad boy que aprontava todas e se safava por ter pais influentes, o queridinho de todas as meninas e meninos.

Ah, Jimin ouviu muito sobre ele.

Por isso, de nada o espantou quando, naquela mesma semana, o diretor Cho o chamou em sua sala, dando uma tarefa um tanto quanto difícil. Park Jimin era novo ali, bolsista, e gostava de agradar os outros mais do que a si mesmo.

Claro que ele aceitaria acompanhar Min Yoongi na detenção.

— Imagina quando eu contar para ele as outras coisas que o diretor Cho pediu — comentou, escutando uma risada alta e gostosa vindo de seu melhor amigo.

— O surto vem aí, pode esperar.

.x.

Arrumar desculpas esfarrapadas era muito mais difícil do que parecia. Yoongi já não tinha mais ideia do que falar para Hobi e seus outros colegas de time toda vez que eles o convidavam para sair depois da aula. Os boatos já corriam pelos corredores, Yoongi olhava feio para as pessoas sussurrando quando passavam andando ao seu lado, mas não estava sendo o suficiente.

Tudo parecia não estar dando certo em sua vida desde o momento em que foi pego. Quase uma semana tinha se passado e tudo o que Yoongi tinha feito até então era organizar materiais usados na sala de química, pegar livros jogados pela biblioteca e limpar os instrumentos da sala de música.

Depois do primeiro encontro desastroso que tiveram, Jimin não falou muito, apenas mostrava o que Yoongi tinha que fazer e se calava em seguida. Yoongi estava mais do que satisfeito com esse comportamento, preferia mil vezes o silêncio do que ouvir a voz irritante de Park Jimin.

Talvez o novato tenha realmente ficado irritado levando todos os mil livros para a biblioteca naquele dia.

Mais uma sexta-feira chegou, e o que normalmente seria um dia de alegria para o menino loiro, não o animava mais tanto assim, porque, em vez de sair e se divertir com seus amigos, Yoongi se preparava para mais um dia de detenção.

A quadra depois do treino estava vazia, o único som podendo ser escutado era da bola batendo no chão e sendo arremessada na cesta. Yoongi tinha tido um péssimo treino, os passes não estavam saindo, muita coisa estava em sua cabeça e não o deixava pensar como o capitão que era.

Ele já odiava tudo o que estava passando, mas o fato de ter que encarar as horas extras o deixava deveras estressado. Estava tão distraído em seus devaneios que não percebeu alguém se aproximando.

— Pensei que você não apareceria hoje. — Yoongi segurou a bola ao ouvir a voz atrás de si. Quando se virou, viu Jimin parado na beira da quadra, as mãos no bolso da calça do uniforme.

— Ainda não deu o horário de ir para a detenção — respondeu secamente, voltando a arremessar a bola.

Dando alguns passos em direção ao menino loiro, foi rápido o suficiente para pegar a bola antes que a mesma voltasse para Yoongi, tendo assim a atenção que tanto queria.

— Acho que perdeu a noção do tempo, senhor capitão. — Enquanto falava, rodava a bola de basquete na mão. — Está meia hora atrasado.

Yoongi arregalou os olhos em desespero.

— O quê? Co-como assim… Eu… — gaguejou, esperando que Jimin não contasse para o diretor. — Nem percebi como…

— Ei, relaxa! — Riu Jimin, jogando a bola para o outro, que a segurou com maestria. — Hoje a detenção não será em nenhuma sala.

— Não? Então o que vamos fazer?

Jimin movia seu corpo de um lado para o outro na tentativa de não encarar o mais velho. Claro, ele não podia simplesmente ignorar a pergunta do Yoongi, mas ele sabia que, no momento que abrisse a boca para falar sobre o que fariam naquele dia, Yoongi, com toda certeza, ficaria puto.

Por isso, ele aproveitou que o Sol estava forte demais para retirar a peça que já o incomodava desde que correra para chegar até a quadra e usou da desculpa de estar retirando o casaco para evitar o olhar do loiro e, claro, evitar responder de imediato. Entretanto, Jimin não sabia que Yoongi estava admirando — até demais — o seu corpo curvilíneo que se escondia por baixo daquele maldito — na opinião do capitão — casaco.

— Hoje você vai me dar um tour pelo campus.

— Como assim? — perguntou Yoongi, a voz crescendo algumas oitavas.

O Park sabia que essa era a tarefa mais difícil. Desde que o diretor Cho disse que, por ser um aluno novo, Min Yoongi teria que passar alguns dias andando e mostrando cada parte da escola, sabia que seria quase impossível sair dessa sem receber vários sermões de reclamação do outro.

— O diretor Cho colocou isso como parte da detenção, já que eu não conheço muito das redondezas e…

— Eu não acho isso uma boa ideia! — falou Yoongi, recolhendo a bola do chão, juntamente com suas coisas de treino, e saindo da quadra.

Jimin revirou os olhos, juntando toda a paciência que existia em seu pequeno ser, e seguiu Yoongi até o vestiário.

— Não temos escapatória, ele quer um relatório de tudo o que você está fazendo.

Yoongi virou-se abruptamente, quase fazendo com que Jimin trombasse em si.

— Então quer dizer que, além de passar tempo comigo, você ainda escreve sobre tudo o que fazemos?

— Claro, isso se chama relatório, caso não saiba.

Yoongi revirou os olhos, desacreditando do que estava ouvindo.

— Você realmente não tem vida, nerdzinho — zombou o mais novo, guardando todas as tralhas no armário. — Já que vamos ter que dar uma volta, vou tomar um banho rápido.

— Tudo bem, eu te espero aqui—

— Se quiser se juntar a mim, não tem o menor problema — cortou a fala de Jimin, o sorriso crescendo nos lábios.

O Park ficou sem reação, a coloração vermelha tomando conta das suas bochechas. Mas que porra Yoongi estava falando?

— Mas o quê…

Yoongi desatou a rir olhando o estado do menino.

— Não acredito que você caiu nessa! Olha só sua cara! — Ele se curvava de tanto que ria. — Era só o que me faltava.

Jimin não sabia onde enfiar a cara, muito menos de onde saiu tanto senso de humor de Yoongi. Suspirou, sentando-se em um dos bancos do vestiário.

O dia seria longo.


Para a alegria de Yoongi, o campus estava vazio, assim como sua segunda casa, mais conhecida como quadra de basquete. Saber que ninguém estaria por perto para vê-lo andando com Park Jimin o deixava um pouco melhor. Ainda estava bravo por ter que passar horas andando com Jimin, mas, dos males, o menos pior era que realmente ninguém o veria.

— Aqui é a sala de Biologia. — Apontou para a grande porta de vidro, onde continha vários aquários e outros recipientes enormes de água. Não que ele soubesse algo sobre isso.

— Você quer dizer o laboratório de Biologia e Ciência?

— Sim, sim, esse mesmo. — Suspirou fundo, mantendo a paciência. — Não importa o nome, mas sim o que se faz lá dentro.

— E o que se faz lá dentro? — perguntou Jimin, desafiando o menino.

— Não faço a menor ideia, para ser bem sincero. Se eu entrei nessa sala duas vezes foi muito.

Jimin ficou quieto, apenas balançando a cabeça em negação. Não era possível que Yoongi era tão ruim assim, tão chato. Ele tinha que ter alguma coisa de bom escondido debaixo daquela carranca toda.

— Como você passa de ano, é uma incógnita.

— Eu pago bem, sabe como é, né? — disse simplório, como se tivesse acabado de falar que toma água todos os dias. Jimin arregalou os olhos.

— Você paga a escola para que te passem de ano?

— Mais ou menos isso. Meu pai banca vários clubes da escola, enquanto eu consigo me safar. — Adiantou o passo, saindo dos corredores lotados de sala que nunca nem entrou, indo em direção ao ar livre. — Eu só quero me formar e sair desse inferno logo.

— Por que você não gosta da escola? Estudar é…

— Eu realmente não quero falar sobre isso.

Jimin calou-se, percebendo que aquele assunto era um tanto quanto delicado. Yoongi era, sim, uma casca dura e quase não demonstrava emoção, mas Jimin conseguiu ver uma brecha, e nela estava uma marca de tristeza.

— Okay, então… — Pensou no que poderia fazer para o menino não ficar tão bravo. Era legal irritar Yoongi, percebera isso desde o primeiro dia que viu o menino, mas não queria isso naquele momento. — Me mostre seu lugar favorito.

— Você já conhece, estávamos lá mais cedo.

— A quadra?

— Sim. — Sorriu Yoongi. Toda vez que falava sobre basquete, seu dia ficava melhor, algo em si ascendia.

— Podemos andar mais um pouco e depois irmos para lá, que tal? — comentou Jimin, percebendo que ainda faltava mais um prédio inteiro do campus para olharem.

— Tá, podemos — concordou Yoongi, olhando de soslaio para o menino. — Por que está tentando me agradar?

— De onde tirou essa ideia maluca? — Riu Jimin, tentando disfarçar a vergonha que subia por seu rosto. — Vamos, temos que terminar logo isso. Ou você pretende passar o dia todinho comigo? — Piscou para Yoongi.

— Nem pensar.


Por incrível que parecesse, o resto da visita pelo colégio não foi tão ruim. Yoongi mostrava e contava de cada cantinho que sabia da escola, guiava Jimin pelos corredores e, mesmo os não tão conhecidos por si, conseguia fazer algum comentário que acrescentaria. A escola estava vazia e isso deixava tudo mais fácil, principalmente para Yoongi, que não precisava ser durão o tempo todo.

Ao terminarem o passeio, voltaram para a quadra.

— E aqui terminamos nosso tour pela escola, acho que consegui mostrar tudo.

— É realmente muito grande essa escola — comentou Jimin, olhando ao redor, ainda maravilhado com toda a beleza do campus. — A escola de onde eu vim não era nem metade disso.

— Ela era pequena?

— Era, vim de uma escola pública de Busan, não tínhamos muito dinheiro para pagar uma escola tão boa.

Yoongi apenas concordou com a cabeça, pegando uma bola de basquete que estava largada no chão. A distração favorita do menino era jogar basquete e, como não tinha muito o que falar agora que tinha acabado a detenção, assim o fez.

Jimin sentou-se no chão, na grama que beirava a quadra, pegou um lanche que tinha guardado para quando terminasse seus afazeres e pôs-se a comer. Observou como Yoongi se movia com maestria, os passos e arremessos praticamente perfeitos. Min Yoongi tinha um talento nato para o basquete. Assim que terminou de comer, resolveu voltar para casa, não tinha por que ficar ali, na presença do mais velho.

— Bom, eu vou indo. — Levantou-se, tirando a sujeira das vestes do uniforme. — Então… Até amanhã.

Jimin sempre dizia isso para o menino loiro quando ele saía da detenção e sempre recebia um dedo do meio em resposta, mas não dessa vez.

— Até, Jimin — respondeu Yoongi, sorrindo pequeno e voltando para seu basquete.

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Yoongi tinha humores distintos, se é que Jimin podia dizer assim. Um dia estava mais quieto, outros estava mais bravo e falante. Não que isso fosse uma coisa boa. Jimin percebeu que, na maioria das vezes, ele não sorria muito. As raras ocasiões onde ele vira esse acontecimento raro acontecer havia sido na quadra, e nunca era direcionado para si. O que Jimin recebia era apenas um bico emburrado e, no máximo, um virar de olhos.

Hoje Yoongi estava insuportável.

— Eu não aguento mais! — bradou Yoongi, sentado na mesa na pequena sala onde ambos se encontravam. — Eu não aguento mais passar horas e horas aqui todos os dias!

Yoongi não estava choramingando, ele estava puto!

Jimin não estava no melhor dos dias também. Não aguentava mais ouvir a voz de Yoongi. Tinha passado a noite acordado vendo filmes da Marvel com Taehyung, e Jimin com sono ou fome era um desastre prestes a acontecer.

— Cala a boca, por favor — pediu Jimin, com o máximo da educação que conseguia naquele momento.

— Vai tomar no cu, Jimin. Eu estou cansado dessa merda! Todo dia ficar separando papel.

— Você pensou que a detenção era diversão, seu merda? — Jimin bateu as palmas das mãos na mesa, levantando-se. Saiu de trás da mesa do professor, andando até Yoongi e parando na frente do menino de feição fechada.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo?

— Você é um merda, se ainda não percebeu! — Respirou fundo, tentando não perder a calma. — A culpa é inteiramente sua e dessa sua mania de querer aparecer. Foi fazer merda e agora fica enchendo o meu saco.

— Você é que é um merdinha, chupador de bola de professor, nerdzinho do caralho.

— Eu já te disse para calar a boca!

Em um ato completamente sem pensar — acredite, Jimin tinha muito mais compostura do que isso —, pegou a gola do uniforme de Yoongi e puxou com força para si.

— Olha só, o merdinha quer me bater! — zombou Yoongi, levando a mão direita para o braço de Jimin que segurava suas vestes. — Vai fazer o que, nerdzinho? Me bater?

— Eu já disse para calar a porra da boca! — Jimin trincava os dentes de ódio.

— Ah, é? Vem calar, seu merda.

Park Jimin se arrependia de algumas coisas na vida, sendo a maioria delas coisas que não fez e se arrependeu de fazer. Porém, neste caso, ele tinha certeza que se arrependeria tremendamente do que fez.

Puxou ainda mais o colarinho do uniforme do menino loiro para si, colando os lábios nos de Yoongi. Sua mente estava vazia de pensamentos, apenas a raiva tomando conta e um estranho tesão que não era para estar ali, mas milagrosamente apareceu quando percebeu que Yoongi retribuía o beijo. E não foi um beijinho, não mesmo.

Yoongi não tardou a lambiscar os lábios de Jimin, faminto por mais. Desastrosamente empurraram a mesa que estava no meio dos dois, colando os corpos. Jimin passou os braços pela cintura de Yoongi, enquanto Yoongi afundava os dedos nos cabelos de Jimin, deixando-o todo desgrenhado.

O ar se fazia raro, as respirações e línguas e saliva sendo trocadas. Jimin estava tão cego de ódio que não percebeu quando as mãos de Yoongi desceram para sua bunda, apertando-a. Sim, acreditem, Jimin estava com ódio, mas estava ficando duro com o amasso que estavam dando no meio da sala.

Yoongi levou uma das mãos para a parte da frente de Jimin, apalpando a quase ereção que tinha ali. E foi assim que Jimin se afastou, assustado, de olhos arregalados e lábios vermelhos de tanto beijar aquela boquinha gostosa.

Meus Deus, o que tinha acabado de acontecer ali?

— E eu pensando que você era um jovem virgem inocente — debochou Yoongi, lambendo os lábios, saboreando o gosto do beijo que Jimin tinha acabado de dar em si.

— Eu disse que ia te calar, não disse? — rebateu Jimin, tentando não deixar todo o misto de sensação o consumir.

— Disse, mas eu não acreditava que seria tão bom assim. — Passou os dedos pelos lábios, afastando-se um pouco de Jimin. Era impressão dele ou o ar estava escasso naquela sala?

— E quem disse que eu gostei? — Jimin cruzou os braços, ainda sem graça e sem saber muito bem como reagir. Aquela era a primeira vez que iniciava algo com alguém. Só não contava que seria com Yoongi.

— Você está literalmente duro. Eu não preciso falar mais nada.

— Cala a boca!

— Vejo que está ficando sem argumento, nerdzinho.

Yoongi olhou no relógio, vendo que o tempo da detenção já tinha terminado. Colocou os papéis restantes em cima da mesa onde Jimin estava, pegando sua mochila e indo em direção a porta.

— Nos vemos amanhã, então? — Deixou uma piscadinha e um sorriso safado, saindo da sala em seguida.

Park Jimin estava atônito, não entendendo nada de onde havia surgido aquela coragem e vontade de beijar Yoongi. Tentava se convencer que era a raiva do momento — ele estava tão perto de si e só queria que o outro calasse a boca... Esse era o argumento que rondava sua cabeça e se manteria assim até o cair da noite, quando deitou na sua cama, sozinho em seu quarto, e deixou todas as sensações de prazer o invadir pensando apenas em como os lábios de Yoongi e seus toques quentes o deixaram à beira do tesão.

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— Eu pensei que você daria mais trabalho, confesso.

A sala da direção era um lugar conhecido por Yoongi, ele praticamente passava mais tempo lá do que nas salas de aula normais.

Yoongi nada respondeu, apenas continuou de braços cruzados, esperando o que quer que ele tivesse para lhe falar.

— Pedi para que Jimin fizesse um relatório de todos os dias de sua detenção.

— Eu sei disso, ele me contou.

— Quer dizer que vocês estão de amizade? — questionou o diretor, um ar debochado em sua fala. — Não quero que corrompa o Park, ele é um dos melhores alunos que entrou nessa escola no último semestre. Alguém que teremos orgulho de falar que estudou aqui.

— Não somos amigos.

E eles não eram. Ele e Jimin apenas conversavam como pessoas normais, conhecidos. Perceberam que brigar o tempo todo não melhoraria o lado de ninguém, então os últimos dias tinham sido um pouco mais toleráveis do que os primeiros dias. Apenas isso, nada de amizade.

— Mesmo assim, não quero você de graça com Park Jimin.

A parte boa de estar na sala do diretor era o ar condicionado forte que o homem tinha. No verão, era o lugar mais fresquinho, e Yoongi aproveitava disso toda vez que ia lá. E pelo jeito que o diretor Cho se comportava, ainda tinha mais coisas para falar.

— Dito isso, tenho mais uma coisinha para te falar… — fez uma pausa dramática, ficando um pouco mais sério. — O campeonato de basquete está chegando e eu sei que isso significa muito para você.

— Eu estou me esforçando para trazer a taça para o colégio, sim. — Yoongi não diria ao diretor que aquele seria o dia mais importante de sua vida, não mesmo. Não contaria para ele que, no momento, o basquete era a única coisa que importava de verdade na vida de Yoongi.

— Você já aprontou muito nesses anos que esteve aqui, Min Yoongi. — O diretor andava de um lado para o outro do seu lado da mesa, o olhar focado em qualquer outro lugar menos para o aluno sentado. — Não é um aluno, digamos, valioso ou que vá nos trazer benefícios por sua inteligência.

O sangue começou a subir para a cabeça de Yoongi, ele sabia muito bem onde a conversa estava indo. Ele estava farto de toda essa merda.

— A sua expulsão foi conversada diversas vezes, mas nunca tivemos coragem por conta…

— Do meu pai, eu sei muito bem disso.

O menino loiro não escondia a raiva que sentia toda vez que a conversa chegava nesse ponto. Ele sempre fora tratado como se não valesse nada mais do que o dinheiro de seu pai.

— Exato, ele é uma pessoa muito influente, então…

— Tem como desembuchar logo o que você quer que meu pai pague? Eu não tenho o dia todo! — berrou Yoongi, fazendo questão de se levantar, pronto para sair.

— Precisamos que seu pai financie todos os uniformes dos times que participarão dos campeonatos daqui para frente, não apenas os de basquete.

O diretor Cho era tão cara de pau que nem sentia remorso em tratar Yoongi e seu pai apenas como um banco. Ridículo.

— Você tem o telefone dele, não precisava de mim para pedir isso a ele. — A mochila já estava nas costas, a mão na maçaneta. — Se era apenas isso o que queria conversar, estamos terminados.

Os passos de Yoongi eram largos, os nós de seus dedos estavam brancos de tanta força que fazia ao segurar a alça de sua mochila. Ele odiava se sentir fraco, mas, toda vez que esse assunto era trazido à tona, ele se sentia um merda, como se sua existência se baseasse apenas nisso. A vontade de chorar crescia tanto que algumas lágrimas não conseguiram esperar até ele chegar ao lado de fora; a sorte estava ao seu lado ao notar os corredores vazios, todos os alunos já tinham ido embora.

Avistou a quadra ao longe, mas passou direto por ela, até o canteiro do jardim mais próximo, vomitando o lanche que tinha comido de almoço.

Toda aquela conversa deixava Yoongi com um gosto amargo na boca e uma dor imensa em seu coração. Respirou fundo, voltando para a quadra assim que percebeu suas mãos parando de tremer. Sempre depois de um surto de tristeza, vinha a raiva.

E era assim que ele encontraria Jimin hoje e, segundo o e-mail que tinha recebido mais cedo por Jimin, o encontro daquela tarde seria na sala de xadrez.

Ao abrir a grande porta de madeira que guardava a sala, Yoongi percebeu que Jimin já estava lá, guardando seus materiais no armário. Quando o menino loiro conheceu Jimin pela primeira vez, zombou do outro por ser do clube de xadrez e, naquele caso, estava realmente certo. Jimin adorava jogar e, claro, era um dos melhores de sua turma. Passava grande parte do tempo ali com seus colegas. Era como vê-lo em seu habitat natural, assim como Yoongi era com a quadra de basquete.

Ao entrar na sala, Yoongi jogou seu material na primeira cadeira vazia que achou, fazendo um barulho estrondoso, assustando Jimin.

— Mas que porra… — gritou Jimin, assustado. — Tem como fazer menos barulho, por favor?

— Vai se foder!

— Ei! — exclamou Jimin, pronto para arrumar a maior briga de todas com Yoongi, mas parou ao perceber como a feição do outro era uma mistura de ódio puro e tristeza.

— O que a gente tem que fazer hoje? — questionou, parando na frente do menino, cruzando os braços. — Espero que não seja nada demorado, não estou muito bem hoje.

— Aconteceu alguma coisa? — Ignorou completamente a pergunta de Yoongi, mantendo-se sentado na cadeira, olhando-o de baixo para cima.

— Não quero falar sobre isso, muito menos com você — rebateu o mais velho, passando as mãos pelo cabelo, um ato de puro nervosismo.

— Por que está sendo tão grosseiro?

— Não é da sua conta!

Jimin bufou, levantando e parando na frente de Yoongi. A expressão do mais velho era de puro ódio, mas seus olhos deixavam escapar uma tristeza que ele tinha a certeza de que o outro tentava segurar dentro de si a todo custo.

— Hoje temos que organizar todas as planilhas do grupo de xadrez. — Apontou para os dois computadores, um do lado do outro. — Precisamos colocar os resultados das partidas interescolares em ordem.

— Só isso?

— Isso e depois precisamos organizar a sala, como você pode ver, está uma bagunça.

— Ótimo, assim eu sumo daqui logo.

Jimin tentou não se deixar abater pelo jeito que Yoongi falava, mas não conseguia deixar de pensar que todo esse ódio do menino era direcionado a si. Ele nunca tinha feito nada de grave para o outro — além de algumas alfinetadas aqui e ali, mas nada grave —, e, mesmo assim, sentia-se mal quando o mais velho demonstrava tanta pressa em ir embora.

— E-então vamos começar logo.

A tarefa em si não era difícil, mas estava acontecendo alguma coisa no computador de Yoongi. A tela travava, nenhuma tecla funcionava. Parecia que, quando seu dia pegava para ser ruim, era de todos os jeitos mesmo!

— Essa merda está travando toda hora! — bradou, puto da vida, batendo a mão nem tão leve assim várias vezes no notebook.

Jimin arregalou os olhos, segurando a mão do menino instantaneamente.

— Para de socar o computador! ‘Tá doido? — Jimin segurou a mão do menino ao seu lado, incrédulo como Yoongi conseguia ir de zero a cem em segundos. Estava tudo bem até que não estava mais.

— Eu não tenho culpa se essa merda não quer funcionar!

— Claro que tem! Sua energia é tão ruim que ninguém aguenta, nem mesmo o computador! — gritou Jimin, ainda mais alto. Ele era conhecido entre seus amigos por ter uma paciência ótima e quase inabalável. Quase.

— Ah, vai se foder! Não me venha com esse papo ridículo de energia! — Yoongi fechou o notebook com tudo, rezando para que o que ele já tinha feito estivesse salvo.

— Aonde você pensa que vai? — Segurou Yoongi pelo braço, impedindo-o de sair. — E eu juro que, se você quebrar esse computador, eu acabo com você!

Yoongi tinha a respiração agitada, o fôlego o faltando como se tivesse corrido uma maratona. Tentou soltar-se novamente, mas sem sucesso. Jimin mantinha o pulso firme em volta do braço do mais velho.

— Me deixa sair!

— Você não pode agir assim, como se eu fosse qualquer um, e sair andando!

Yoongi tentou mais uma vez, usando a força que ele nem mesmo sabia ter. Jimin não esperava por isso e acabou se desequilibrando, colidindo em Yoongi. Em uma ação automática, o outro braço livre segurou na cintura de Jimin, impedindo-o de cair.

Os dois meninos ficaram em silêncio, olhando um para o outro, sem saber o que fazer. Yoongi nunca pensou que acharia Jimin tão lindo assim de perto, os olhos tendo um brilho peculiar quando assustado. Encantador.

Tal pensamento foi embora tão rápido quanto veio.

— Se você não fosse um virgenzinho, eu poderia fazer coisas inimagináveis.

Yoongi assustou-se com a própria voz e o que essa mesma voz disse! Os olhos arregalaram-se e rapidamente tentou se desvencilhar de Jimin, sem sucesso.

— Como é que é? — perguntou, saindo do transe de quase ter caído. — Você o quê?

O sorriso felino abriu-se no rosto de Jimin. Os braços de Yoongi ainda rodeavam sua cintura.

— Na-nada, eu não disse nada!

Ah, Park Jimin não era bobo, muito menos ingênuo. Não tinha a intenção de fazer nada além de ser o tutor de Min Yoongi naqueles dias intermináveis de detenção. Mas, pensando bem, toda aquela raiva dentro do mais velho poderia ser usada para outros fins.

— Disse, você disse, sim! — Ajeitou a postura, encaixando ainda mais o corpo no do menino. — Eu acho lindo, adorável até, como você julga as pessoas pela aparência.

Yoongi engoliu seco, as mãos geladas apertando ainda mais a cintura macia de Jimin.

— Sabe o que eu acho?

— O q-quê?

— Que você precisa colocar para fora toda essa raiva dentro de você.

Min Yoongi estava acostumado com o Park Jimin que batia de frente consigo, que ficava quieto num canto arrumando a sala; essa versão do menino era novidade. O sorriso era perigoso, feroz e deliciosamente malicioso.

— Além de eu te provar de uma vez por todas que eu não sou nada do que você acha que eu sou, okay?

Antes mesmo de Yoongi conseguir responder, seus lábios foram tomados pelo do outro, seu pescoço sendo envolto por dedos ávidos.

Jimin o beijava com tanta vontade que era impossível não corresponder. Yoongi não seria louco de não corresponder um beijo tão delicioso quanto aquele.

Ambos travavam uma batalha, o beijo era afoito. As mãos percorriam os corpos quentes, as línguas batalhavam por dominância.

Jimin empurrou o mais velho até a mesa maior que ficava no centro da sala. Sim, Park Jimin estava prestes a foder Yoongi na mesa do professor de xadrez.

— Jimin, o que você está fazendo? — perguntou entre um beijo e outro. Yoongi colocou a palma da mão no ombro do mais novo, pedindo silenciosamente para que parasse. — Alguém pode nos ver!

— Está com medo? — Ignorou completamente a pergunta do outro, passando a língua por seus lábios. — Eu pensei que o grande bad boy dessa escola não tivesse medo de nada!

— Mas…

Calou-se mais uma vez com os lábios de Jimin sobre os seus. Não teria como fugir — e nem queria, na verdade —, então resolveu se entregar de vez ao sentimento estranho que começava a crescer dentro de si.


Estavam tão afoitos que não demorou muito para estarem completamente nus, as roupas jogadas de qualquer jeito pelo chão da sala.

Yoongi estava de joelhos, chupando Jimin como se sua vida dependesse daquilo, e ele jurava que, naquele momento, dependia mesmo. Tudo no menino era perfeito: suas coxas redondinhas, cintura fininha, pênis branquinho assim como o resto de seu corpo. Jimin era tudo o que Yoongi sempre sonhou um dia.

Engolia sem dificuldade, tendo feito aquilo diversas vezes, mas nunca gostara tanto de um boquete quanto aquele. A adrenalina de ser pego aumentava o tesão, ele tinha certeza.

— Hmmm, Yoongi-ah! — gemeu Jimin, amassando os fios loiros entre os dedos. — Hyung! — gritou em prazer, puxando a cabeça de Yoongi para que ele parasse.

Yoongi lambeu da base até a cabeça, fixando seu olhar no do menino de cabelos pretos. O suor já se fazia presente pelo corpo de Jimin, deixando-o ainda mais delicioso.

— Hyung? O tesão te deixou mais educado?

Jimin riu anasalado. Como podia um ser fazer piada uma hora dessas?

— Provavelmente o tesão me deixou maluquinho.

— Maluquinho? Por mim? — Yoongi levantou, deixando um selinho rápido nos lábios cheios e rosados de Jimin.

— Pelo amor de cristinho, Yoongi, não me venha com essa! — Desferiu um tapa leve no braço do outro, passando os dois braços pelo pescoço do menino.

O beijo dessa vez foi mais calmo, mesmo que as duas ereções se roçavam, duras, uma na outra. O tesão transbordando os corpos nus.

— Eu quero te foder, muito — confessou Jimin, assim que terminou o beijo.

Jimin virou o corpo de Yoongi com facilidade, fazendo-o debruçar sobre a mesa. Espalmou as mãos nas nádegas pequenas, porém macias, de Yoongi, massageando-as. Mordeu os lábios em tensão, ele estava tendo uma das melhores visões que já admirou na vida: Min Yoongi debruçado e nu todinho para si.

Pegou o lubrificante que sempre tinha em sua carteira, abrindo-o rapidamente e aplicando em seus dedos.

— Vou começar, tá? — Pressionava o dedo indicador levemente na entrada do menino, esperando seu consentimento.

— Por favor… pode começar — sussurrou Yoongi, a cabeça enfiada nos braços, apenas esperando pela dor maravilhosa de ser penetrado.

Não conseguiu segurar o gemido, que ia aumentando a cada estocada que Jimin dava, assim como quando adicionou mais alguns dedos na brincadeira. Sentia o corpo inteiro tremer de tesão. Não conseguiria durar muito tempo se Jimin não se apressasse logo.

— Está… Ahnn, Jimin-ah! — gemeu alto o nome do outro, assim que os dedos habilidosos de Jimin encontraram o amontoado de nervos dentro de si. — Vai logo, senão eu vou… — Outro longo gemido cortou seus pensamentos.

Era o sinal que Jimin estava esperando. Retirou os dedos de dentro de Yoongi, apressando-se para colocar a camisinha. Sim, Jimin andava sempre muito bem preparado.

Segurou seu pênis pela base, começando a colocar lentamente. Os sons que Yoongi soltava a cada centímetro que entrava eram maravilhosos. Jimin nunca tinha ouvido nada igual na vida.

— Posso começar? — Queria ter certeza de que estava tudo bem com o menino debruçado na mesa. Um aceno de cabeça foi o suficiente para fazer Jimin começar a se mover lentamente. As mãos seguravam de cada lado da cintura de Yoongi, apertando a pele macia a cada vez que entrava bem fundo.

Os gemidos sôfregos poderiam ser ouvidos por qualquer um que passasse pelo corredor. A mesa larga, onde Yoongi estava praticamente deitado em cima, fazia um barulho a cada estocada. O vai e vem seria audível para qualquer um.

Mas essa era a última coisa que se passava pela cabeça de ambos.

Jimin se movia cada vez mais rápido, cada vez mais fundo. Aquele calor tão conhecido por si começava a subir por sua pélvis, seus olhos se revirando de tesão.

Yoongi estava no céu, nunca fora fodido tão bem e com tanta maestria. A voz saía rouca de tanto gemer o nome de Jimin.

Assim que percebeu o tom na voz do mais velho mudar, Jimin aumentou a velocidade ainda mais, levando uma de suas mãos para o pênis duro e molhado de Yoongi, movendo sua mão na mesma velocidade que suas estocadas.

— Oh, Ji-jimin-ah! — gemeu Yoongi, mordendo os lábios para abafar um pouco o som. — Eu vou gozar.

— Goza para mim, hyung! Hmmm…

Sentiu todo seu corpo se arrepiar, derramando seu gozo na mão de Jimin, enquanto ainda se movimentava e contraía o corpo. Uma mordida foi dada em sua nuca, enquanto Jimin se desfazia na camisinha que os protegia. O baque do corpo do mais novo caindo por cima do seu o fez soltar um riso esganiçado. Ele era leve, claro, mas seu corpo todo estava dolorido de prazer.

— Meu deus, vai me esmagar, Park Jimin! — disse em tom de brincadeira. Nem se quisesse, ele conseguiria sair dali nos próximos minutos.

— Vai se ferrar, Min Yoongi! Eu não tenho peso o suficiente para te esmagar.

Jimin se retirou de dentro de Yoongi, o mais velho soltando um gemido com o ato. Amarrou a camisinha e colocou em um saquinho, logo depois colocando na mochila.

— Ew, que nojo! — comentou Yoongi, vendo o que o menino acabara de fazer.

— Ah, é? E quem vai explicar para a faxineira da escola que tinha uma camisinha usada na sala de xadrez? — Colocou as mãos na cintura, como se estivesse dando uma bronca em Yoongi. A cena ficava ainda melhor pelo fato incrível de Park Jimin estar nu.

— Você tem um ponto.

— Eu sempre estou certo!

— Não, nem sempre! — Yoongi finalmente conseguiu se levantar, a parte de baixo de seu corpo toda dolorida, o sorriso no rosto mostrando o quanto valeu a pena.

— Acabei de te provar que a minha foda é a melhor que tem. — O sorriso cínico voltou ao rosto de Jimin, mais uma vitória para o menino.

— Detalhes, detalhes!

Yah, Min Yoongi!

E lá estava o sorriso aberto de Min Yoongi, aquele que Jimin nunca pensou que veria ou que algum dia seria direcionado para si.

Quem diria que esse seria o melhor jeito de tirar toda a raiva de Min Yoongi?

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O silêncio pela manhã era ensurdecedor, principalmente na casa dos Min. O lençol macio se enrolava em seu corpo, fazendo Yoongi ficar com ainda mais preguiça de se levantar. Abriu os olhos, focando sua visão ainda turva de sono no teto branco de seu quarto, deixando, assim, um espaço ótimo em sua mente para que as imagens do dia anterior preenchessem sua mente.

Yoongi ainda não acreditava no que tinha feito. Porra, Yoongi não acreditava que tinha transado com Jimin na sala de xadrez! Onde é que ele tava com a cabeça?

— Que merda que eu fiz? — perguntou para si mesmo, passando as mãos pelo cabelo bagunçado. Até mesmo uma simples ação como passar a mão no cabelo trazia memórias vívidas em sua mente. Quem diria que Jimin poderia o deixar assim? — Que porra!

Levantou-se, indo direto para o banho. Teria que ir para o colégio de um jeito ou de outro, não poderia faltar de jeito nenhum por conta das provas que teria no dia. Ou seja, as chances de não encontrar Park pelos corredores era basicamente nula, e, contando com a sorte que tinha na vida, eles se veriam o dia todo. Essa era a vida de Yoongi, basicamente brigando com a falta de sorte.

E, claro, parecia uma piada pronta quando, ao chegar no colégio, a primeira pessoa que seus olhos acharam foi ninguém mais, ninguém menos que Park Jimin. Mesmo que ele não o tivesse visto, já que o menino de cabelos pretos conversava animadamente com seu amigo, Min Yoongi sentiu uma pontadinha estranha em seu coração. Merda, Yoongi não estava acostumado a sentir muita coisa além de raiva ultimamente.

Virou-se rapidamente, saindo da linha de visão do menino que conversava animadamente, indo em direção às salas de aula. Normalmente Min Yoongi matava as primeiras aulas para ficar jogando basquete na quadra, aproveitando o lugar vazio para espairecer, mas, se quisesse competir pelo seu time, ele teria que passar de ano.


As provas não foram fáceis, mas Yoongi conseguiu colar na maioria e tinha a certeza de que passaria na média. Seu pai tinha pedido apenas para passar de ano, não passar com honras, não é mesmo?

Quanto mais perto do campeonato de basquete, mais a voz do diretor ecoava em sua mente, ameaçando-o a não participar. Será que aquele velho não conseguia entender que aquilo era sua vida? Yoongi sabia que não era bom em muitas coisas, mas, para o esporte, ele dava seu sangue, já que era a única coisa que o fazia feliz de verdade.


— Hoje é um dos últimos treinos antes do campeonato. — A voz do treinador ecoava pelo ambiente, os olhos atentos de todos os jogadores em volta de sua prestando atenção em cada palavra que ele dizia. — Espero que deem tudo de si, que joguem tudo o que sabem para trazer esse troféu para casa.

Min Yoongi já conseguia até mesmo sentir o peso do prêmio em suas mãos, os colegas de time o levantando com toda a glória. Ele estava muito próximo de realizar seu maior sonho.

— Eu confio em vocês — disse o treinador, batendo palma e animando ainda mais o grupo à sua frente.


O pivô do time corria para pegar a bola passada para si com maestria por Yoongi, que ditava o ritmo de jogo e como a jogada tinha que ser iniciada. O suor escorria pelo rosto do menino, deixando o cabelo de fios loiros grudados em sua testa. Namjoon estava praticamente no mesmo estado. Os meninos estavam mortos de cansaço, aquele tinha sido o treino mais puxado de todos, o treinador não estava dando a menor trégua.

Entre um apito e outro, Yoongi fez uma pausa para se hidratar, levantando a camiseta do uniforme para secar sua testa, desviando por alguns momentos o olhar da quadra. E lá estava ele, os olhos atentos prestando toda atenção do mundo em Yoongi, assim como no dia anterior.

Jimin estava sentado na arquibancada, bem perto da quadra, mas longe o suficiente para não ver o quão desconcertado Yoongi tinha ficado apenas por vê-lo ali.

Merda!

Não desviou o olhar, nem mesmo quando Jimin abriu um sorriso em sua direção, fazendo um sinal leve com a mão direita, quase como um aceno. Yoongi nada respondeu, apenas largou sua água e voltou para a quadra.

Não era só o treinador Lee que queria ferrar com a cabeça de Yoongi.

.x.

O quarto de Taehyung era o lugar favorito de Jimin. Sentia-se em casa, à vontade e seguro. Seu melhor amigo passava os dedos pelos fios pretos de Jimin enquanto o menino contava tudo o que estava em seu coração.

— Quer dizer que ele não falou com você? — perguntou Taehyung.

— Não, eu… eu vi que estava tendo treino do time de basquete e fui assistir — respondeu Jimin, não tendo como esconder a pequena tristeza que sentia. — Pensei que depois do que a gente passou…

As palavras sumiram aos poucos. Jimin não queria chorar por conta do bad boy da escola, mais conhecido por partir corações por onde quer que passasse.

— Ele é um tremendo idiota, Chim! — afirmou Taehyung, pegando mais um chocolate da caixa de bombom que comia, dando um pedaço para Jimin. — Você não me disse que ele tinha gostado?

— Foi o que pareceu, Tae! Eu juro que não estou inventando! — esbravejou Jimin, comendo o chocolate de uma vez só.

— Ele não seria louco de não gostar de ficar com você! Olha só que pitel que você é!

— Pitel, Tae?

Jimin desatou a rir de Taehyung, que dava tapinhas de leve em seu ombro. Sabia que não havia ninguém melhor naquele mundo para o fazer rir como seu melhor amigo.

— Mas, falando sério, Chim. — Segurou as mãos de seu melhor amigo, acariciando as duas levemente. — Se você ficou chateado, tem que falar com ele. Ele não pode te tratar assim sem mais nem menos.

— Eu sei, Tae, mas… Eu pensei que a gente se daria melhor….

— Depois de você dar para ele, eu sei.

— Tae! — berrou Jimin, incrédulo com o amigo. Seu rosto estava tão vermelho, ele estava com tanta vergonha. — E não foi assim que aconteceu, só pra te avisar!

— Oh! Por essa, eu não esperava!

Taehyung jogava o corpo de um lado para o outro de tanto que ria, ainda mantendo Jimin deitado em seu colo.

Jimin sabia que não podia ficar triste com isso, sabia que não podia esperar muita coisa de Yoongi... Aquele garoto era problema. Repetia para si de forma incansável, mas era impossível não sentir o coração apertar um pouquinho toda vez que era rejeitado.

.x.

O dia mais esperado estava chegando. Yoongi estava contando os dias desesperadamente para o término da detenção. Mais alguns dias na presença de Jimin e pronto.

Porém, dentre todas as tarefas que tinha que fazer, essa provavelmente seria a mais difícil de todas. Limpar o piche que tinha feito no muro da escola. As letras gigantes, escrito AGUST D, estavam ali, gritando para o menino. Jimin estava parado ao seu lado, tinha acabado de chegar com uma lata de tinta branca e um pincel de pintar parede.

— Pelo menos você teve a decência de pintar na parte branca — disse Jimin, largando a lata de tinta aos pés de Yoongi.

Depois daquele dia na quadra, Yoongi trocara poucas palavras com o menino, evitando encontrá-lo a todo custo. Por mais que ele soubesse que não era assim que se tratava alguém que tinha fodido outro dia, o menino loiro não conseguia evitar. Era algo normal, quase intrínseco dentro de si, ignorar tudo e todos quando os sentimentos começavam a aparecer.

— Me dê isso aqui logo. — Puxou o pincel rolo da mão do mais novo, abrindo a lata de tinta para começar o trabalho.

— Por que está agindo assim? — questionou Jimin, cruzando os braços e fechando o semblante.

— Assim como?

— Rude, mais do que o normal, quer dizer.

Yoongi passava a tinta de qualquer jeito na parede, contanto que cobrisse toda a tinta preta de seu codinome, já estava feliz.

— Esse é meu jeitinho especial, pensei que já tinha se acostumado.

Jimin bufou de raiva.

— Não foi bem assim que você me tratou aquele dia — falou Jimin, sentando-se debaixo da grande árvore que tinha no local. — Aliás, se teve uma coisa que você fez, foi não ser rude…

— Para!

— … comigo.

Yoongi estava vermelho, o mais novo conseguia ver até a ponta de suas orelhas tingidas pela cor rubra.

— Eu disse para parar!

— Por quê? Não se lembra de como gritava meu nome para o colégio todo ouvir?

De onde Jimin estava tirando coragem para falar tudo aquilo, ele não sabia. Desde aquele dia, não tinham trocado uma só palavra sobre o ocorrido. Quando se encontravam nas horas que eram obrigados a passarem juntos, apenas focavam no que tinha que ser feito. Mas Jimin estava farto.

— Qual é seu problema? — esbravejou Yoongi, largando o pincel e olhando para Jimin.

— Eu é quem deveria te perguntar isso — respondeu no mesmo tom, levantando-se e parando na frente do menino mais velho. — Qual é a porra do seu problema, hein?

— Você não vai querer saber qual é a porra do meu problema, Jimin.

— Ah, é? Me diz, então, Senhor Perfeito da vida perfeita! — Jimin berrava, estava farto, cansado. Queria só gritar o quanto doía ter que olhar para Yoongi e não poder fazer nada do que queria.

— O quê? — perguntou incrédulo.

— É isso mesmo! Você ignora as pessoas por puro prazer! Desde o primeiro dia que cheguei nessa escola, ouvi coisas horríveis sobre você! — Jimin mal parava para respirar, vomitava todo seu sentimento ali. — Como você ganha tudo o que quer por conta do dinheiro, não se importa com os estudos, não se importa com ninguém! Tem a vida perfeita que todo mundo quer e ainda destrói o coração de qualquer um que ouse ter qualquer tipo de sentimento por você!

— Vida perfeita? — Se não fosse trágico, Yoongi estaria rindo.

— Sim! Você e sua família rica! — A cada palavra proferida, Jimin batia o dedo no peitoral de Yoongi coberto pela camisa do uniforme.

Yoongi segurou o pulso do menino, trazendo-o ainda mais para perto de si.

— Antes de falar merda, principalmente merda que ouviu por aí, deveria pensar mais. — Ao contrário de antes, sua voz era baixa e pesada. — Já que isso tudo que você ouviu é mentira.

— Não…

— Cala a boca e me escuta! — exclamou Yoongi, afrouxando um pouco sua mão em volta do pulso do menino. — Minha família não tem nada de perfeita.

Essa era a parte que mais deixava Yoongi indignado. Qualquer um que vivesse um dia em sua casa veria como essa era a maior mentira de todas.

Jimin estava assustado pela proximidade que estava do mais velho, fazia de tudo para não fixar o olhar nos lábios que, outro dia mesmo, estava devorando.

— Minha vida está longe de ser perfeita e muita das coisas que você escutou dizer por aí é mentira!

— A cada dia que passa, você me prova tudo o que ouvi por aí, Yoongi. Como não acreditar em rumores?

O vento quente de verão soprava fraco, o Sol queimava a pele de ambos meninos e seus olhares duros. Havia muita coisa não dita naquele olhar.

Havia muita coisa não dita no coração de Min Yoongi.

— Eu posso te provar, te explicar… — disse Yoongi sem muita convicção.

Não queria desistir do menino de madeixas pretas que fazia seu coração dar uma leve acelerada. Estava com medo de sentir, mas estava ainda com mais medo de perder Jimin sem antes se explicar.

— Como? Você já está me provando o suficiente de que não se importa.

Yoongi largou a mão que ainda segurava de Jimin, afastando-se um pouco.

Olhou novamente para a parede metade pintada, metade ainda rabiscada com suas tintas. Aquele ato que o trouxe até aquele momento. Um ato impensável que o fez quase perder a vaga de capitão do time. O ato que o trouxe até Jimin.

Ainda dava tempo de remendar algumas coisas?

— Vem comigo para minha casa — disse sem pensar, num impulso. Yoongi não sabia de onde aqueles sentimentos estavam vindo, mas Jimin tinha razão. Como que ele deixaria de acreditar nos rumores se tudo o que Yoongi estava fazendo nos últimos dias era ignorar Jimin? Logo depois do que aconteceu entre os dois?

— Pra sua casa?

— S-sim… Eu te preparo um café da tarde depois de terminar de limpar o muro da escola, pode ser?

Jimin o olhou desconfiado. Observava atentamente as feições rígidas de Yoongi, tentando achar qualquer resquício de maldade ali.

— ‘Tá bem — respondeu, finalmente. — Então, vamos terminar logo essa meleca que você fez, estou com fome.

Yoongi abriu um pequeno sorriso, voltando a pegar o grande pincel de parede.

.x.

A casa de Yoongi era exatamente como Jimin imaginava ser, grande e muito bem mobiliada. A mansão ficava em uma parte bem perto do centro da cidade, em um condomínio fechado, onde a maior parte dos ricos da cidade moravam. Jimin estava boquiaberto com o tamanho, principalmente se comparada com a sua, onde morava com sua mãe e seu pai, em um bairro bem mais afastado.

— Uau, que casa grande! — Jimin não conseguiu segurar a voz, os olhos seguindo as paredes enormes da sala, todos os móveis de muito bom gosto.

— Ela é bem grande mesmo — respondeu Yoongi, retirando os sapatos e os deixando na porta, juntamente com sua mochila. — A primeira coisa que minha omma falou quando viu o tamanho da casa foi como seria difícil de limpar.

Os dois riram baixinho enquanto avançavam pela grande sala. Já era tarde, quase cinco horas; alguns dos empregados já estavam se preparando para irem embora, fazendo uma pequena reverência à Yoongi quando cruzavam seu caminho.

— Seus pais estão em casa? — perguntou Jimin, vendo Yoongi se largar no sofá e fazendo o mesmo, só que com muito mais classe.

— Não, eles estão em uma viagem de negócios. Raramente ficam em casa.

— Hum…

— Pelo menos assim não me enchem o saco. — Riu Yoongi, um riso fraco e sem qualquer resquício de alegria.

Jimin não sabia muito bem o que responder. Os pais de Yoongi tinham uma fama muito grande na cidade, talvez esperasse que o relacionamento com os pais fosse no mínimo agradável.

— Então é aqui que o bad boy da escola mora! — Resolveu mudar de assunto, talvez falar de seus pais não seria uma boa coisa.

— A casa é bem agradável.

— Vem me dizer que não gosta de morar aqui? — perguntou Jimin, dando um leve tapinha amigável na perna de Yoongi.

— Eu gosto, mas ela é tão grande e vazia…

Então, de repente, tudo se encaixou na cabeça de Park Jimin. Pais ausentes, mas que tentam agradar o filho com dinheiro. Yoongi tentava a todo custo mascarar a solidão que sentia sendo essa imagem durona na escola. Jimin assentiu, percebendo o olhar perdido do outro.

— Te trouxe aqui para tomar um café e tentar me desculpar, se é que posso falar assim.

— Não precisa se desculpar. Eu…

— Mas eu quero. Eu quero que me desculpe.

Pela primeira vez desde que entrara na casa do mais velho, ele o olhou nos olhos.

— Tá bem.


O cheirinho do café invadia as narinas de Jimin de uma forma agradável, ele adorava o aroma que sempre o fazia se lembrar de casa. Yoongi estava meio sem jeito, andando de um lado para o outro na cozinha, como se raramente a usasse.

— Espero que esteja bom, quase nunca faço nada por aqui.

A casa estava silenciosa, sendo apenas os dois restantes na mansão.

— O cheiro está ótimo, tenho certeza que vai estar bom.

Ao lado do café, havia alguns bolos, feitos por uma das cozinheiras favoritas de Yoongi, e alguns pães. Yoongi preparava seu café em silêncio, esperando Jimin fazer o mesmo para finalmente começar a falar.

Ele não sabia de onde tinha vindo essa vontade de se explicar para o garoto, se é que podia dizer assim, mas alguma coisa dentro de si havia se incomodado em como fora tratado por Jimin. E Yoongi tinha plena certeza de que a culpa era toda dele.

— Eu te trouxe aqui para me explicar… Quer dizer, contar um pouco de como minha vida não é perfeita. Está longe de ser perfeita, na verdade.

Jimin tomou um gole do café — que estava muito bom, por sinal —, balançando a cabeça para que o outro continuasse a falar.

— Meus pais praticamente não me veem, eles trabalham muito e quase não param em casa. — Yoongi se concentrava completamente em sua caneca, sem ter um pingo de coragem de encarar Jimin. — Eu não quero colocar a culpa de como eu sou inteiramente neles, mas…

— Mas é deles, hyung — cortou Jimin, procurando o olhar do outro com o seu. — Não inteiramente, mas... grande parte é deles. E tá tudo bem.

— Eu não gosto de ser visto como alguém malvado. Porra, eu não sou assim! — Finalmente levantou o olhar, encarando Jimin. — Eu só sou uma pessoa quieta e que gosta de ficar de boa, mas aparentemente, nesse mundo, quando se tem dinheiro isso automaticamente te faz um merda.

— E isso te incomoda?

— Muito.

Ambos ficaram em silêncio, apenas trocando olhares.

— Aquele dia… aquele dia na sala de xadrez — disse Yoongi, sentindo a cor rubra corar seu rosto. — Eu estava puto por conta disso. O diretor me vê como uma carteira aberta e tudo o que a escola precisa de dinheiro ele descaradamente pede para meu pai.

— O quê? — Jimin não podia acreditar no que estava ouvindo.

— Pois é. Ele praticamente me mantém na escola por conta disso. Já disse diversas vezes na minha cara. — Suspirou, um ar de derrota sendo impossível de repreender. — Fica difícil não acreditar que você é um merda quando se repete isso milhares de vezes bem na sua cara.

— Min Yoongi, hyung! Não acredite nisso! — Jimin levantou-se da cadeira, soltando a caneca com o líquido marrom na mesa. — Esse cara tinha que ser preso por agir assim! Isso é errado!

— Relaxa, Jimin-ah. Não tem nada que eu possa fazer, porque, no fundo, eu dou corda para isso. — Terminou de tomar o café, deixando o pão que tinha separado para si intacto. — Eu fui pego fazendo muita merda, mas nunca infringindo uma lei, como pichar.

— Você ficou com medo de… de acontecer algo pior do que a detenção?

— Fiquei. — Respirou fundo. Ter aquela conversa com Jimin estava sendo melhor do que esperava. — Quando o diretor me falou que eu poderia perder o lugar de capitão, eu quase surtei.

— Você ama o basquete, consigo ver isso. — Sorriu, finalizando também seu café e mordiscando o bolo, depois de ter se sentado novamente.

— O basquete é a minha vida, Chim.

Algo quentinho se agitou no peito de Jimin ao ouvir o apelido vindo do outro e, por isso, não notou que as bochechas do mais velho ficaram levemente avermelhadas, afinal, Yoongi não sabia nem como aquela pequena palavra saiu da sua boca e nem de onde havia vindo, apenas tinha saído — e deveria admitir que não se arrependeu, ao notar que Jimin ficou levemente afetado. Com toda certeza, ele usaria o apelido mais vezes.

— Agora que terminou a detenção, poderá se focar em ganhar o campeonato — disse Jimin, tentando disfarçar pobremente como ficara sem jeito. — Você disse alguma coisa de campeonato, não disse?

— Sim, é semana que vem.

— Acha que tem chance de ganhar?

— Com certeza! — Sorriu largo mostrando as gengivas. Jimin nunca admitiria que achava isso lindo no outro.

— Então estarei torcendo por você.

O silêncio mais uma vez se fez presente, muito menos pesado dessa vez.

— Espero que esteja.

Yoongi levantou-se lentamente, andando até chegar onde Jimin ainda se mantinha sentado. Levou as duas mãos até o rosto do menino e, sem pensar muito, o beijou.

Era lento, calmo, banhado a café e bolo. Era tudo o que ambos precisavam naquele momento. A cumplicidade de um beijo logo depois de abrir o coração.

Assim que se separaram, Yoongi disse:

— Eu fiquei com muito medo de perder o cargo, mas, sem sombra de dúvidas, picharia todos os muros se fosse para encontrar você.

Há algumas semanas, seria impossível Jimin acreditar que ouviria tais palavras vindas de Yoongi. Mas no momento era tudo o que mais queria, mais almejava.

Naquela noite, não apenas beijos foram trocados. Palavras e carícias, uma noite de intenso amor e prazer.

Yoongi tinha medo de admitir que era solitário, mas, ao lado de Jimin, percebeu que não precisaria ser sempre assim.

.x.

— Eu quero todo mundo dando o sangue nesse jogo! — berrou o treinador. Os cinco jogadores que estavam em quadra suavam, prestando atenção em tudo o que era dito pelo mais velho.

O final do campeonato entre os colégios havia chegado num piscar de olhos, deixando a escola toda fervorosa. As arquibancadas estavam lotadas pelas duas torcidas, que gritavam pelos jogadores a cada ponto feito. Estava um jogo acirrado e muito bonito de se assistir.

— Ouviram o treinador, precisamos entrar com tudo nesse final — gritou Yoongi, batendo palmas e animando sua equipe.

O jogo estava empatado, apenas alguns segundos faltantes no cronômetro. Qualquer coisa poderia acontecer, e Yoongi faria de tudo para que seu time saísse vitorioso.

— Vamos lá!

Os cinco jogadores voltaram para a quadra, posicionando-se bem ao centro, esperando o juiz apitar a volta da pausa. Yoongi estava mais para trás, esperando ansiosamente, até que ouviu uma voz se destacar dentre todas as que gritavam na arquibancada e imediatamente reconheceu quem era.

Jimin pulava de um lado para o outro ao lado de Taehyung, seu melhor amigo, ambos muito animados. Yoongi sorriu largo e acenou, conseguindo apenas ler os lábios do outro que berrava a pleno pulmões: você consegue.

O apito soou, e o time adversário pegou a bola antes do pivô do time de Yoongi. O ponto da partida estava em jogo e quem fizesse primeiro ganhava, os segundos finais mais emocionantes da vida de Min Yoongi.

Namjoon conseguiu interceptar o passe, lançando para Hoseok. A jogada ensaiada milhões de vezes surgiu na cabeça do capitão, que fez o sinal para seu companheiro de equipe. Se desse certo, seria o fim do jogo e Yoongi levaria a tão sonhada taça.

A linha dos três pontos estava na frente do capitão e seria o arremesso do jogo. Assim que a bola chegou até suas mãos, as palavras gritadas por Jimin ecoaram em sua mente.

Você consegue!

Esticou o braço, impulsionou o corpo e…

Cesta!

Três pontos e a vitória caíram no colo de Yoongi, que sentiu a voz sair rasgando a garganta de tanta felicidade.

Seus companheiros se juntaram assim que o apito indicando o final do jogo soou, todos se amontoando em volta de Yoongi, que gritava e abraçava Namjoon e Hoseok como se sua vida dependesse disso.

Ao levantar o olhar para a arquibancada, viu Jimin e Taehyung se abraçando de felicidade; todos os alunos ao redor gritavam e pulavam, felizes pela vitória.

Os olhos de Yoongi estavam marejados de alegria. A tão sonhada taça veio para o colo de Yoongi, que a levantou no alto, mostrando para todos os alunos daquela escola.

Seus colegas o levantaram, Hoseok e Namjoon o colocaram no ombro para que ele fosse ovacionado. Todos ali sabiam o quanto o menino de cabelos loiros dava pelo time, como ele se esforçava para que todos continuassem lutando e nunca desistissem.

E mais uma vez sua atenção caiu sobre Jimin, que agora estava olhando fixamente para si, as lágrimas rolando livremente pelo rosto de pele branquinha.

Com a mão livre, cutucou o ombro de Namjoon em um pedido mudo para que o colocasse no chão. Passou a taça para os meninos que a beijavam e levantavam com todo orgulho.

Seus pés andaram em direção às arquibancadas, para logo depois começar a correr. Jimin percebeu o que estava acontecendo, encontrando-o na metade do caminho. Assim que chegaram pertinho um do outro, abraçaram-se e, sem nem mesmo se importar se alguém estivesse olhando, beijaram-se.

— Estou tão feliz e orgulhoso de você! — Jimin disse entre beijos. — Hyung é campeão! Eu sabia que conseguiria!

— Muito obrigado, Chim! — Segurou mais uma vez o rosto do menino, beijando mais uma vez os lábios macios que já estava tão apegado. — Ganhar o campeonato foi ótimo, mas eu ainda prefiro beijar você.

— Bobo! — reclamou Jimin, dando um leve tapinha no braço de Yoongi. — E me solta, senão eu vou te colocar em detenção de novo.

— Só se a detenção for na sala de xadrez!

Yah, Min Yoongi!


Afinal, Min Yoongi aguentaria qualquer detenção do mundo se ele tivesse Park Jimin ao seu lado.



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Notas finais: Espero que tenham gostado da história (principalmente do jimin!top cof cof)!!! Vejo vocês em breve! Beijos! <3

29 Eylül 2021 23:51 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
3
Sonraki bölümü okuyun Cena Extra

Yorum yap

İleti!
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Okumaktan zevk alıyor musun?

Hey! Hala var 1 bu hikayede kalan bölümler.
Okumaya devam etmek için lütfen kaydolun veya giriş yapın. Bedava!