O livro dos Sonhos Hikayeyi takip edin

Eu abri meus olhos, confusa por estar ali e ao mesmo tempo acolhida. A sensação é a mesma de quando acordamos. Ao olhar ao meu redor havia flores de todos os tipos e tamanhos, eu cheguei a admirar a beleza de tal lugar que me prendia. Espreguicei-me e me assustei com uma voz familiar ao meu ouvido dizendo:

- Vai dormir até quando mocinha? Temos muito trabalho para fazer até o horário de almoço.

Ao virar meu rosto, encarei uma senhora que eu nunca havia visto na vida, mas sentia que já tinha conhecido ela antes. Ela usava um chapéu de palha com flores e um laço para prende-lo ao pescoço enquanto carregava uma pá de jardinagem e um balde com terra já adubada. A senhora esperava por minha resposta, eu estava perdida ao que dizer, e ela continuou:

-Parece que você andou desenhando de novo.. Levante daí, lave seu rosto e volte para me ajudar. Após dizer isto a senhora desconhecida saiu andando até sumir no meio da estufa, eu olhei para onde eu estava e havia uma mesa branca de jardim com ornamentos seguidos no pé, e acima da mesa continha um caderno pequeno com uns desenhos e um lápis. Mas tem algo de errado, eu não me lembro de ter feito nada disto, muito menos de como cheguei aqui.."Quanto tempo eu dormi?"- Primeira coisa que pensei.

Resolvi me levantar como a senhora havia me ordenado, ela aparentava ter uns 60 anos, como eu não a conhecia?Bom, fui seguindo a um caminho que continha na estufa e o aroma naquele local era mais do que perfeito, além das flores naquele local onde uma chamava mais atenção que outras, eu sentia elas sorrindo para mim...É estranho, mas eu não estou drogada, a sensação era acolhedora demais para estar ali.

Seguindo ao final do caminho havia a porta da estufa que eu resolvi abrir e cada vez mais eu me sentia encantada com aquele lugar. Com a porta aberta dava para se ver um lago ao lado de um jardim com uma fonte de dois cisnes no centro. Eu fechei a porta que já estava atrás de mim e olhei à minha direita que existia uma mansão de tijolos vermelhos, com duas árvores em cada lado da casa e galhos e ramificações de folhas e flores ocupando boa parte da vista da frente da mansão.

Não sei que horas era naquele exato momento mas eu resolvi entrar para descobrir. Ao adentrar a casa eu avistei um quadro de uma família na parede, havendo um casal e dois filhos, notei que a mulher era muito linda com seus cabelos negros e cacheados até o ombro e ao lado dela seu marido sorria vestido em seu terno enquanto abraçava sua mulher e seu filho que parecia mais novo que pela genética, lembrava muito o pai pelo modo de sorrir e ao lado do garoto, estava seu irmão com um bigode no rosto e terno.

"Uau.. queria ser parte de uma genética tão boa assim. Será que a senhorinha do jardim é avó deles? Mas se fosse ela também deveria aparecer no quadro não é mesmo?" logo estava refletindo sobre. Quando olhei por mais um tempo o quadro notei que a família carregava um broche na roupa com o desenho de leão e no canto inferior direito do quadro havia uma placa com o que parecia um sobrenome Howard escrito.

Tudo é muito suspeito neste lugar para mim, e as respostas podem estar aqui mesmo, nesta mansão. Havia um corredor para cada lado da casa, escolhi ir pela esquerda, onde acabei dando de cara com uma sala muito linda e iluminada, contendo um janela que corre do teto ao chão coberta por um cortina branca e fina dando acesso a uma vista do jardim e ao fundo se via o lago. Os sofás são de veludo marrom e o chão coberto com carpete branco, e havia muitas outras coisas como luminárias, as paredes de cores nudes, uma televisão enorme, jarros de planta pelo cantos e quadros com bordas de ornamentos dourados e todos os móveis mantinham esta aparência, dando um charme no ambiente.

Segui pela casa e me surpreendendo sempre com tantas coisas que chamavam minha atenção durante o caminho, até encontrar a cozinha que era feita estilo americana, na sala de jantar estava uma mesa preparada, deve ser o almoço. Repleta de comida desde saladas a muitos tipos de carnes diferentes e continha 6 pratos na mesa. Após um instante escuto barulhos de passos mais próximos de uma porta dupla no local, sem saber o que fazer me escondi abaixo da mesa e notei o pé de alguém calçando uma sapatilha e a borda do vestido azul florido. Quando escutei:

- Resolveu almoçar hoje embaixo da mesa?

- Er..eu não. Respondi assustada.

- Então saia daí. Por que se esconde? Por acaso virou fugitiva? - Disse enquanto eu me levantava, a mesma senhora que estava na estufa a um tempo atrás.

- A senhora faz muitas perguntas para alguém que não sabe nem onde está. Eu respondi com receio de ela me repreender e me assustei após ver ela começar a rir.

- Eu não acredito, parece que você dormiu muito bem na estufa, deve ter até esquecido quem é.

- A senhora pode dizer onde eu estou? Eu realmente não sei...- A senhora apenas se sentou e um dos lugares da mesa e sinalizou com a mão para eu me sentar ao lado dela, e eu concedi a seu pedido. Quando me sentei, segui os passos que ela fazia para comer, praticamente copiando-a.

- Você se esqueceu de tudo mesmo?- A senhorinha me perguntou antes de levar um pouco de comida a boca.

- Pode se dizer que sim, eu apenas acordei na estufa, mas sinto que aquele lugar é muito familiar para mim...

- Então lhe contarei, meu nome é Antonella e seu nome é Ellie Blianch, minha única neta, seus pais são pesquisadores, eles estiveram em uma tragédia durante umas pesquisas de campo e chegaram a falecer no ano passado. - Ela começa a desvendar coisas que eu não esperava... Mas, por que eu não me lembro da minha mãe, eu devia ter memórias incríveis com ela e meu pai.

- Após eles falecerem, toda a fortuna deles também desapareceu e nós não tinhamos para onde ir, assim os amigos do seus pais, a senhorita Alya e o seu marido Justine Howard concederam um lugar para nós na casa desde que cuidemos do jardim e da estufa todos os dias.

Após Antonella dizer isto, algumas coisas pareciam se encaixar, quer dizer então que o casal do quadro são amigos dos meus pais. Eu tenho que conhecê-los para saber mais sobre quem eu sou.

- A mesa está bem cheia... A família desta casa não virá almoçar? -Perguntei.

- Eles não poderão no momento, o casal viajou a trabalho.

- Mas e os dois filhos? -Perguntei com muita pressa.

- Parece que já viu o quadro... Os dois jovens foram dados como desaparecido 3 meses atrás. Mas te digo, não tente se preocupar nem pesquisar sobre essa família, é muito perigoso para nós.

Eu assenti e resolvi terminar de comer, mas na minha cabeça passava muitas coisas sobre essa família misteriosa e meu passado... será que estão conectados? Ao final do almoço, levei meu prato até a pia da cozinha e lavei meus pratos correndo para ajudar minha avó na jardinagem. Passei a tarde toda rindo e trabalhando com ela, após o final da tarde resolvi ir tomar meu banho para tirar aquela sujeira de terra e suor. No meu quarto a cama era mais simples, as paredes continham uma cor nude seguindo o modelo da casa, e um guarda-roupa que ficava no canto direito que me chamou atenção por ter tamanha beleza apesar de sua simplicidade.

Após pegar um vestido de cor rosa claro com bordados- "Isso me parece meio infantil, não dá para fazer uma escolha melhor, os vestidos tem muita semelhança entre eles". Peguei o traje escolhido e me movi em direção ao banheiro, e preparei uma banheira que existia no local. Quando terminei o banho e estava pronta a dormir quando escuto barulhos curtos de pedrinhas batendo na janela, me levantei meio assustada e puxei um pouco da cortina e ao lado de fora não se via nada apenas um campo iluminado, mas.. notei alguém abaixo, não enxergava nada além de sua sombra, me assustei quando a "pessoa" tacou mais uma pedrinha na janela, ele sabia que eu estava ali, a mesma pessoa correu em direção ao campo iluminado.

Resolvi descer por curiosidade, não sei quem é, mas está me chamando onde tudo é suspeito nessa casa. Desci as escadas com um taco de golfe que encontrei no meu quarto, talvez eu gostasse mesmo do esporte. Chegando ao final pensei comigo mesma que me perderia facilmente neste lugar.

- Finalmente encontrei a porta, mas quem era? Tantas dúvidas me dá dor de cabeça. Disse abrindo a porta de entrada que estava trancada com a chave por dentro.

Saí do lado de fora, e ventava muito no momento, resolvi seguir o caminho que a pessoa fez até chegar um labirinto que eu não via da minha janela. Com medo, mas decidi ser corajosa com meu taco de golfe que ninguém me para...até o momento em que este sonho virou pesadelo, senti uma dor muito forte na cabeça e o peso do corpo batendo no chão até a sombra de um par de sapatos pretos aparecer na minha frente e tudo que eu olhava se tornar em sombras e se tornar escuro...

(Continua...)