unicornsjungle Caroline Jungles

Entre obras que brincavam com o real e o abstrato, Jungkook se deparara com a mais bela delas. Seu nome era Clematis, e fora incapaz de desviar o olhar da figura masculina desnuda representada na tela, sendo irresistivelmente atraído por seus lindos olhos. Lentamente, enquanto desvendava as metáforas do diário do pintor por trás da obra, Jungkook se vira cada vez mais obcecado por sua musa. "Clematis, um género botânico com mais de 300 espécies na família Renunculaceae, onde a tradição acredita que aqueles nascidos sob esta flor, são o equilíbrio perfeito entre a beleza do coração e da alma..." *Apesar de não achar necessário, gostaria de deixar avisado que Jungkook é uma pessoa trans nesta história. Aviso: essa história contém assuntos delicados como relacionamento tóxico, uso de drogas, cenas explícitas de sexo e linguajar inapropriado, portanto não é recomendado para menores de 18 anos. *Créditos da capa: @triviapam (no twitter)


Hayran Kurgu Gruplar/Şarkıcılar Yalnızca 21 yaş üstü (yetişkinler) için.

#Bts #namkook #kimnamjoon #jeonjungkook #romance #drama #fanfic #trans #jktrans
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Pétalas

Jimin:

vc devia sair um pouco

que tal vir na exposição?

Jungkook:

n tô afim de sair hyung

Jimin:

se não for por vc, pelo menos por mim

finalmente consegui fazer essa exposição

do artista que eu mais amo :(((

Jungkook

ok…

eu vou

Jimin

Yaaaayy!

Vou te esperar

Jungkook

:)

Andando pela calçada, Jungkook colocara as mãos no bolso da calça, observando o fim de tarde. O dia estava bonito, mas apesar do sol, a brisa do outono impedia que a temperatura aumentasse. Ele não se importava muito, apesar de gostar do clima mais quente.

Dobrando a esquina, pegara o celular, vendo mensagens do seu amigo, pedindo pela confirmação da sua presença pela décima vez. Rindo consigo mesmo, decidira não responder, apenas para pentelhá-lo, afinal, dera a resposta para aquela pergunta desde o outro dia, quando fora feito o convite. No fim, apesar de ser levemente irritante, entendia Jimin. Ele era apaixonado pelo tal artista, e quando se é apaixonado por alguma coisa, tudo que se quer falar é sobre ela.

Devolvendo o aparelho ao bolso, encontrara a placa que indicava a galeria chamada Serendipity. Não podia negar que era bonito, ainda mais com o contraste das folhas farfalhando em meio a cidade de concreto. Empurrando a porta, adentrara no ambiente aconchegante, com cores puxando para marrom e verde. Era terroso, como se mesmo em um lugar urbano, pudesse pisar em uma pequena floresta, sendo guiado por quadros através de jornada. Jungkook imediatamente se sentira confortável.

O lugar estava com poucas pessoas, e ao fundo uma música suave tocava em um ritmo gostoso, carregando os visitantes em sua melodia. Respirando fundo, aproximara-se de uma das obras, observando o quadro bonito preso a parede marrom escuro. Mordendo o lábio, tomara algum tempo para tentar entender o que a imagem abstrata queria dizer. Era uma confusão de cores, em meio a troncos de árvores fortes, sólidos, misturando algo realístico, com o abstrato.

Seguindo adiante, passara por outros quadros na mesma pegada, porém ao mesmo tempo diferentes. Aquele pintor, com toda certeza tinha um estilo marcante, que se olhasse para qualquer obra sua, reconheceria sem muitos problemas. Jungkook gostava, era carregado de sentimentos, que em sua interpretação, apesar de sólidos como troncos de árvores, ou a terra, se dissipavam em algo mais fluido, menos palpável. Em determinado momento, se pegara tomado por sensações que há algum tempo não experimentava, silenciosamente se perdendo na solitária viagem entre uma obra e outra.

Até chegar em algo sólido.

Não fazia ideia de quanto tempo estava parado ali, olhando para o quadro, porém não conseguia seguir adiante, muito menos queria. Um fervor e ansiedade cresciam no seu peito, e os olhos grudavam a cada pequena pincelada aparente na tela, subindo pelas curvas do corpo nu, chegando ao rosto que tinha olhos inocentes, porém intensos. Era um homem olhando por cima do ombro, segurando um pano em suas mãos, enquanto timidamente olhava para o artista que o desenhava, mais do que isso, olhava para quem admirava a obra. Era lindo.

A pele tinha um tom âmbar, com nuances de luz e sombra, enquanto o cabelo marrom clarinho se desarrumava perfeitamente. Em suas mãos, o tecido que segurava era azul bebê, e Jungkook se perguntava se era uma camisa, lençol, ou um tecido qualquer que fora usado para atingir seu objetivo dentro da tela. Os olhos escuros tinham um jeito que remexia algo no seu íntimo, e provavelmente tivera um efeito parecido com o autor da obra. Inclinando o rosto para o lado, dera um passinho mais adiante, admirando as curvas belas do homem. O nome escrito em letra cursiva em uma plaquinha de ouro envelhecido contava o nome da tela.

Clematis

— Vejo que chegou a estrela do show.

A voz de Jimin subitamente surgindo ao seu lado, fizera-o sobressaltar, finalmente desviando o olhar do quadro, fitando o amigo.

— Hey… — seus olhos se voltaram rapidamente para Clematis. — Estrela?

— É… era a obra favorita dele.

— É bem diferente de todas as outras.

— Sim, tinha um significado importante pro Taehyung.

— Sabe quem é? — perguntara fitando-o, mas sempre voltando os olhos para o quadro.

— Sim, e não. — Jimin rira fraco, levando as mãos ao bolso do casaco, também observando o quadro. — O que eu sei: provavelmente esse homem foi o amor da vida do Taehyung, mas não tenho um nome a não ser esse: Clematis.

— Nada além disso?

— Nada. Existem passagens nos diários dele onde a todo momento ele menciona o nome. É engraçado que no começo, quando joguei no google, apareceu uma flor. Então por algum tempo, enquanto não fiz toda a curadoria das obras dele, achei que era uma flor que ele tinha um afeto especial. Quando a família dele me enviou as telas, fiquei um tanto quanto chocado ao ver o nome desse em específico.

Clematis. — sussurrara.

— Acho que eles tiveram uma relação bem intensa. — comentara parecendo perdido em pensamentos. — Confesso que invejo quem quer que seja ele.

Jungkook não dissera nada, apenas fitara o perfil do amigo, o deixando continuar.

— Taehyung falava dele com tanta adoração… era como se ele fosse um Deus, um ser inalcançável. — suspirara. — Ao mesmo tempo, é uma das minhas favoritas.

Voltando o olhar para a tela, se pegara curioso para saber quem era Clematis. Onde estaria agora? Sabia que sua imagem estava exposta? Se importaria com aquilo? Qual era o seu nome?

— Se quiser, posso te mostrar alguns dos diários dele. Deixei lá em cima, no meu loft.

— Sim, eu quero. — murmurou fitando-o. — Obrigado, hyung.

Com um suave sorriso, Jimin tocara seu braço antes de se afastar, indo em direção a outros visitantes. Por ora, Jungkook decidira ficar ali, apenas admirando o belo quadro.

“Era mais de nove da manhã, e finalmente as nuvens chuvosas deram lugar ao sol. Clematis estava na janela quando acordei, a luz do sol beijava-o, trazendo sua coloração antes cinza de volta. Me levantei e fui me aproximando de forma mansa, sorrindo com a mais bela imagem que meus olhos poderiam captar. Lhe ofereci um pouco de água, e ele aceitou de bom grado, tomando o líquido, instantaneamente florescendo. O sol finalmente voltou, ele sempre volta mesmo depois das mais longas tempestades…”

— Aqui.

Jungkook erguera o olhar, pegando a garrafa de cerveja que Jimin oferecia. Dera um gole antes de pousá-la na mesinha de centro, voltando a atenção para o diário.

— É bem poético.

— Sim, às vezes fico confuso com as metáforas. — ele respondera sentando em uma das poltronas. — Mas acho que é algo que faz parte do Taehyung. Ele era essa figura abstrata, cheia de camadas.

— “Clematis descansava no meu colo, enquanto minhas mãos acariciavam suas delicadas pétalas. Ele sorria, de olhos fechados, mal dando para perceber o suave machucado.” — recitara uma passagem do texto. — É, bem metafórico mesmo.

— Não disse?

Pouco tempo depois, Jungkook deixara temporariamente o diário de lado, jantando a pizza que Jimin pedira.

— Quando começou a gostar da arte dele?

— Uh… mais ou menos uns quatro anos atrás. Eu tava na faculdade, e um memorial tinha sido preparado para um ex aluno. Como sou curioso, fui fuçar sobre quem se tratava, e descobri que o nome era Kim Taehyung, um pintor bem conhecido no nicho da arte, que tinha morrido fazia alguns dias. Ele tinha se formado em belas artes na mesma universidade que a minha anos atrás, e era bem visto por grande parte dos professores. Alguém tão importante como ele parecia que valia a pena pesquisar e saber mais sobre.

— Com quantos anos ele morreu?

— Vinte e sete, bem jovem.

— Então, você descobriu ele nesse memorial, e começou a querer saber mais?

— Sim, comecei a pesquisar porque simplesmente me senti encantado com as telas dele. Você sabe que a minha área são as esculturas, mas admiro toda forma de arte, e bem, a dele me fez pensar por horas sobre tudo e sobre nada. — fizera uma pausa, tomando um gole do vinho. — Taehyung era alguém tão intrigante, ou pelo menos era o que parecia passar através das telas. Quando dei por mim, tava obcecado, querendo saber mais e mais. Tanto que ele acabou sendo o tema do meu TCC.

Jungkook erguera as sobrancelhas, surpreso com todas as informações. Conhecia Jimin há mais ou menos dois anos, portanto, depois que ele já tinha se formado, e começava a engatinhar com a ideia de abrir uma galeria de arte.

— Foi aí que entrou em contato com a família dele?

— Uhm, comecei a fazer uma pesquisa profunda sobre o homem por trás das obras, e achei que era uma boa iniciar com a família. Ele tinha apenas uma irmã que consegui achar, foi ela quem eu tive que convencer a colocar os quadros na exposição. Além dos diários, mas esses não podem ser expostos. Ela foi gentil em ceder apenas porque eu queria entender melhor quem ele era.

— Posso me achar privilegiado? — perguntara, erguendo uma sobrancelha, exibindo o caderno de capa de couro em sua mão.

Jimin rira alto, meneando a cabeça.

— É, acho que sim. Você é alguém de confiança. — respondera se ajeitando na poltrona. — Além do mais, você parecia quase em transe em frente a aquele quadro, precisei fazer alguma coisa sobre.

Rindo um pouco envergonhado, pegara a cerveja, tomando um generoso gole. No fundo, sabia que o amigo não mentira ao dizer aquilo.


“Cada pedaço de mim sente sua falta. Você não faz ideia de como meu corpo e mente se desconectam com a sua ausência. Se existisse uma forma de conseguir te manter para sempre comigo, eu a faria, sem nem mesmo pestanejar. Meu amor por você cresce, exatamente como uma flor, se alimentando de tudo que existe de bom e de ruim. Na última noite, machuquei suas pétalas de verdade, e pela primeira vez, você me machucou de volta, arranhando meu rosto. Eu não liguei, merecia aquilo, merecia sua resposta, porém, agora você desapareceu, como se suas delicadas pétalas escapassem por entre meus dedos, voando para longe. Meu Clematis… Meu doce Clematis, sinto sua falta, mais do que tudo, sinto sua falta.”


Fechando o diário no seu colo, Jungkook soltara a respiração que prendia sem nem mesmo perceber. Engolindo seco, deixara-o de lado, apoiando os cotovelos nos joelhos, passando as mãos pelo rosto. Fazia uma hora que tinha chegado. Tivera um longo dia de trabalho tirando fotos para um book de casamento, e quando acabara seu expediente, se pegara pensando mais uma vez naquele quadro. Por impulso, enviara uma mensagem para Jimin, pedindo para ir até a galeria. Mesmo não estando aberto ao público, ele lhe dera a senha para destrancar a porta, dizendo que mais tarde estaria lá.

A primeira coisa que fizera ao entrar no lugar vazio e silencioso, fora ir até Clematis, quase como se não o visse, corresse o risco de desaparecer em um piscar de olhos. Para seu alívio, ele ainda estava lá, em sua pose perfeita, e olhos fortes. Sem pressa, tomara um instante para admirá-lo, absorvendo mais uma vez cada detalhe. Não podia negar que Taehyung era de fato, um excelente artista.

Algum tempo depois, se sentindo desconfortável consigo mesmo por estar ali, o encarando por longos minutos, decidira subir para o loft, assaltar a geladeira de Jimin, e talvez ler mais alguns trechos do diário enquanto esperava que o amigo chegasse. Era o que fazia naquele momento, envolto pelas palavras de Taehyung, que narrava um romance intenso, e aparentemente, violento.

A cada página que avançava, sentia-se mais e mais estranho, como um intruso, observando pela janela uma vida que não lhe pertencia, porém incapaz de parar. Passagens da narrativa onde ele contava como era tocar Clematis, como se sentia com seus beijos, com o som da sua voz, e indo até mais no íntimo, falando sobre sexo, entrega, segredos, tudo aquilo deixava Jungkook preso demais a uma vida que não era sua. Ficava mais confuso a cada mergulho mais profundo que dava, e até mesmo se perguntava até que ponto seria capaz de continuar.

De qualquer forma, sua intensa leitura tivera uma pausa quando a porta do loft fora aberta, revelando Jimin com sacolas em mãos, e um sorriso nos lábios.

— Que bom que ainda tá aqui. Trouxe o nosso jantar.

Ajudando a arrumar tudo na pequena ilha da cozinha, Jungkook olhara seu amigo que separava algumas folhas de acelga, cantarolando uma música qualquer.

— Hyung?

— Hm?

— O quanto você leu dos diários dele?

— Tudo. — respondera indo até a geladeira, pegando alguns temperos. — Comecei quando tava montando a galeria, e quando tava na metade do primeiro, me toquei que Clematis era uma pessoa, e não uma flor. Daí recomecei, e foi bem melhor pra entender as coisas.

Jungkook apoiara as mãos na bancada.

— Você disse que invejava ele… mesmo depois de ler tudo?

Jimin parara o que fazia, não fitando-lhe.

— Você chegou nas partes mais violentas, não é?

— Sim.

— Eu não vou sentar aqui, e te dizer que a relação deles era boa, que as metáforas significam outra coisa. Seria estúpido da minha parte fazer isso… mas eu acho que lendo as palavras dele, de como tudo parecia intenso, sei lá. Só queria ter o conhecido, trocado uma palavra com ele.

— Eles não pareciam bons um pro outro. — sussurrara.

— Eu te entendo. Enquanto lia, também me senti desconfortável em vários momentos. Era tóxico, isso ninguém pode negar.

— Acha que depois de tudo, Clematis se sentiria confortável com o quadro exposto?

— Eu não sei. — respondera suspirando, terminando de mexer as folhas na tigela. — Tentei encontrar ele, mas é como se tivesse sumido da face da terra.

Assentindo com a cabeça, Jungkook pegara as tigelas com comida, começando a levá-las até a pequena mesa de jantar.


“Depois de incontáveis horas, você voltou para mim. Foi estranho, principalmente porque parecíamos desconexos, distantes, porém com saudade. Eu estava com saudade, e por isso, com ânsia por sentir sua maciez mais uma vez, tomei o primeiro passo, lhe segurando em minhas mãos com firmeza. Era como uma luta, você de um lado, e eu do outro, nos encontrando no meio do furacão causado por nós mesmos. Eu me lembro do gosto da sua boca, do cheiro das suas pétalas, das suas raízes me arranhando, do seu choro lamentoso, sucumbindo ao seu próprio desejo. Éramos uma bagunça. Você sólido e perfeito, eu abstrato e imperfeito. Conseguiria eu, no auge da minha própria feiura, segurar alguém tão imaculado em minhas mãos severas? Poderia você, em sua tentação surdina, acalmar seus próprios pensamentos criando raízes em mim? Ou mais uma vez flutuaria para longe, deixando para trás apenas seu doce perfume? Eu não tenho as respostas, meu Clematis. Eu não tenho…”


Sentado no chão da galeria, Jungkook tinha as mãos unidas em frente a boca, enquanto os cotovelos se apoiavam nos joelhos. Seus olhos chorosos observavam a tela à sua frente, encontrando um novo significado toda vez que a fitava. Ouvira distante os passos dos pés descalços de Jimin, mas ignorara, apenas continuando onde estava, não se dando nem mesmo ao trabalho de disfarçar o choro. Ele sentara ao seu lado, sem dizer nada, deixando que apenas seus pequenos soluços preenchessem o vazio.

— Como ele morreu? — perguntara após alguns minutos.

— Overdose. — Jimin respondera baixo, quase inaudível. — Foi encontrado pelo porteiro do prédio. Aparentemente o gato dele tava miando demais, e quando ele interfonou, ninguém atendeu.

— Ele… se matou?

— Não, pelo menos foi o que a investigação concluiu. Não tinha um bilhete, ele não falou com ninguém, e o gato ainda tava lá, então… Tae amava muito aquele gato. Se tivesse planejado aquilo, não teria deixado o bichinho preso no apartamento com ele.

Jungkook puxara o ar com força, fechando os olhos por um instante.

— Com quem ele ficou?

— O gato? Acho que a irmã dele colocou pra adoção. Ela disse que era doloroso demais ficar com ele. Além do mais, pelo pouco que eu sei, ela tem alergia.

— Tomara que tenha encontrado um bom lugar pra ele.

— É, tomara. — dissera passando o braço por seus ombros. — Acho melhor a gente voltar lá pra cima.

— É…

Levantando-se, começara a seguir Jimin, olhando uma última vez para trás, antes das luzes se apagarem, e seus pés lhe guiarem escada acima.


“A chuva voltou, porém dessa vez pareceu ter trazido certo alívio ao calor dos sentimentos que compartilhamos. Pela primeira vez, respiramos, voltando ao estado normal, atingindo o equilíbrio da nossa gangorra. Eu me senti melhor, e apesar de saber que as coisas não estavam exatamente bem, sabia que em algum momento, voltaríamos a aquele ponto inicial, onde era apenas eu e você. Em comemoração a nossa pequena vitória, você posou para mim, deixando que lhe pintasse nu, sem suas cascas, expondo-se inteiro somente para mim. Tudo que mais queria saber, era se naquele momento, já sabia que me deixaria. Teria você planejado me dar uma última memória sua antes de partir para longe? Ou apenas em uma epifania, tomara uma decisão impulsiva? Foi quando me fitou atrás da sua tela? Ou depois, quando fizemos amor de um jeito que a muito tempo não fazíamos? Você disse que me amava… chorando em meus braços ao chegar ao orgasmo. Eu deveria ter notado. Tava se despedindo, não tava, Clematis? Permitira que eu lhe tivesse uma última vez, antes de se afastar por completo, me deixando apenas com seu belo quadro como recordação. Eu acordei hoje de manhã, e você não estava mais lá. Queria que soubesse que entendo, não concordo, mas entendo. Eu ainda peço todas as noites para seja lá qual Deus quiser me escutar, pra você voltar. Eu ainda te amo, meu Clematis…”


Fazia alguns minutos que Jungkook encarava a tela do laptop, a foto esperando para ser editada, porém sua cabeça estava incapaz de fazer qualquer coisa naquele momento. Tinha se tornado um hábito quase viver no loft de Jimin desde que mergulhara na vida de Kim Taehyung. Era complexo demais ver todos os acontecimentos através dos olhos dele, e frustrante pelo simples fato de que enquanto seu amigo era obcecado pelo pintor, ele se tornara obcecado pelo homem retratado em uma das suas telas, denominado Clematis.

Grande parte do seu dia, era nele que pensava, e cada vez que cavucava mais nas palavras metafóricas do diário, buscava mais por ele, e menos do autor. Talvez, com muitas ressalvas, entendesse Taehyung mais do que se permitia pensar. Quanto mais avançava, mais queria chegar aos trechos onde o nome Clematis surgiria. Ainda tinha interesse pela mente do homem dono daquela narrativa, mas nada se comparava com sua animação em relação à musa que tanto o inspirou, que apesar de tão presente, ainda tinha um tom misterioso.

— Kookie?

Desgrudara os olhos da tela, fitando Jimin parado ao seu lado.

— Ah, oi… Desculpa, nem te vi aí.

— Eu percebi. — rira fraco. — Eu só vim avisar que vou abrir a galeria. Se quiser mais tarde aparecer por lá, ou sei lá.

— Ah, ok. Vou trabalhar mais um pouco nisso aqui, e talvez desça mais tarde.

— Tá bom.

Fizera um carinho no seu ombro antes de se afastar, vestindo o casaco, indo em direção a porta. Suspirando, Jungkook levara as mãos aos olhos, dando suaves tapinhas nas bochechas em seguida. Era melhor voltar ao trabalho.

O relógio marcava um pouco mais das 7 da noite quando ele terminara a edição das fotos, e decidira descer para ajudar Jimin a fechar a galeria. Ao chegar ao térreo, encontrara-o conversando com algumas pessoas, portanto para não atrapalhar, apenas seguira adiante, vendo o lugar praticamente vazio. Como não podia resistir, decidira ir até sua tela favorita, passando por vários corredores, até chegar a grande estrela. Para sua surpresa, uma pessoa estava parada diante do quadro.

Jungkook se aproximara com cuidado, imaginando que talvez estivesse perdido em pensamentos, assim como ficara da primeira vez que vira a obra. Parando ao seu lado, fora pego completamente de surpresa. O homem tinha lágrimas escorrendo pelas bochechas coradas, e ao se virar, fizera-o perder todo o senso.

Era ele.

— Você… — sussurrara, incapaz de conter seu espanto.

O rapaz afastara os lábios, arregalando os olhos. Parecia atordoado, como se notasse somente agora onde estava. Agarrando a bolsa que cortava o peito, dera alguns passos para trás, se virando e começando a correr.

— Espera!

Antes que pudesse se controlar, Jungkook corria atrás dele pela galeria vazia, nunca perdendo de vista o vestido esvoaçante com flores vermelhas, e a touca cinza que escondia seus cabelos. Mal percebera quando passara por Jimin e as pessoas com quem conversava, ignorando seus chamados.

Pulara um dos bancos, acelerando a corrida, chegando até a porta por onde o homem tinha acabado de passar.

— Espera!

Ele não parava.

— Hey!

Correra, o ultrapassando, e parando logo a sua frente, erguendo as mãos de forma pacífica. Notara que ele se encolhia, olhando para baixo, ainda chorando incontrolavelmente.

— Tá tudo bem… eu… — engolira seco, tentando organizar as ideias para dizer uma frase minimamente coerente. — Eu só quero…

— Não. — ele lhe cortara, apertando com mais força a alça da bolsa.

— Desculpa, eu sei que isso deve ser muita coisa pra digerir de uma vez, mas pode, só… por favor…

Não fora retrucado, na verdade, os olhos arregalados dele pareciam lhe olhar freneticamente, talvez tentando descobrir alguma coisa.

— O que v-você quer?

O que ele queria? A verdade era que não sabia direito a resposta.

— Conversar… só conversar.

— Não. Saí da minha frente, ou eu vou começar a gritar.

— Tudo bem… tudo bem. Eu sinto muito, sinto muito.

Jungkook dera alguns passos para o lado, e rapidamente o homem passara, caminhando apressado, lhe olhando uma última vez por cima do ombro antes de sumir na próxima esquina. O coração batia acelerado contra seu peito, e ao respirar fundo, um aroma adocicado invadira suas narinas, fazendo sua mente girar, de novo e de novo.

Era ele. Era Clematis.

De volta ao loft, sentado no sofá, conseguia sentir os olhos de Jimin em sua direção, mas não fazia nada a não ser encarar o chão. Instantes depois, ele se sentara ao seu lado, suspirando.

— Era ele. — sussurrara por fim, libertando aquilo que estava preso na garganta desde que voltara.

— Isso é… surreal. — ouvira-o dizer. — Eu já tinha perdido toda esperança de que algum dia encontraria ele de verdade.

— Como ele soube?

— Sei lá… talvez tenha pesquisado sobre. Não seria estranho. — murmurara, unindo as mãos. — Acha que ele não gostou de ter o quadro exposto?

— Eu não sei. Ele tava chorando quando me aproximei, e daí entrou em pânico logo em seguida.

Não houvera muito mais o que se dizer depois daquilo. Sabia que muitas coisas deviam estar passando pela mente de Jimin, porém não conseguia se concentrar naquilo agora. Naquela noite, quando chegara ao seu apartamento, se jogara na cama, fitando o teto enquanto ainda sentia um suave aroma doce em suas narinas. Apertando o maxilar, virou no colchão, fechando os olhos, começando a puxar pela memória cada pequeno detalhe do rosto em carne e osso do homem que tanto admirava através da tela.

Em seus sonhos, vira-o incontáveis vezes, nunca conseguindo alcançá-lo, muito menos tocá-lo.


“Eu cometi o erro de te ligar nessa noite, e você cometeu o erro de me atender. Nenhum de nós dois disse nada por um minuto, até que eu desandei a chorar, incapaz de dizer qualquer coisa. Não sei se foi o meu orgulho, ou aquela maldita sensação de angústia. Tudo que sei, é que você pacientemente ficou ali, até o final. Não sei se chorou também, talvez do seu jeito silencioso tenha, ou apenas tenha secado por completo, ficando indiferente a tudo aquilo que um dia significava tudo para você. Algum dia significou alguma coisa? Eu sei que é injusto da minha parte fazer esse tipo de pergunta, afinal, de nós dois, você foi quem mais lutou, até a última gota, mas confesso que minha cabeça vem me pregando peças, colocando pensamentos venenosos em meio as nossas memórias perfeitas. No fim, quando finalmente acalmei um pouco o meu coração, fui capaz de dizer apenas uma coisa: adotei um gato. Isso é bom, você respondeu, e ouvir a sua voz fez com que meu peito apertasse. Eu disse que ia desligar, e você apenas o fez antes de mim, deixando a linha muda. Agora, naquela que era a nossa sala, encaro seu quadro enquanto escrevo isso. É doloroso, Clematis… É muito doloroso…”


Fora certamente surpreendente encontrar uma semana depois o homem parado em frente ao mesmo quadro onde o avistara pela primeira vez. Jungkook tinha acabado de sair do trabalho, e ainda estava com a mochila nas costas quando andara por dentro da pouco movimentada galeria. Mais uma vez, passava das sete da noite, e quase todo mundo tinha ido embora, mas ali ele estava, olhando para seu próprio reflexo, ou talvez, o reflexo do que alguém via nele.

Sem saber o que fazer, e com medo de amedrontá-lo como da última vez, ele girara nos calcanhares, começando a se afastar, não querendo perturbá-lo.

— O seu amigo me deixou ficar por mais um tempinho.

Sobressaltara, arregalando os olhos, e instantaneamente parando onde estava. Lentamente, se virara, notando que ele continuava na mesma posição. Mordera o lábio, retirando a mochila das costas, dando apenas alguns passos adiante, não chegando muito perto. Tomara um instante para analisá-lo, vendo que usava um macacão amarelo, com um cropped azul marinho de mangas longas e gola alta, além da bolsa transversal, a qual parecia ter a mania de se agarrar. Seu corpo era alto e esguio, a pele escura e lustrosa, e naquela noite revelava os cabelos castanhos, arrumados de qualquer jeito.

— Pode levar o tempo que precisar, acho que ele não vai se importar. — respondera baixinho, enfiando as mãos nos bolsos da calça.

Ouvira-o rir baixo, encolhendo os ombros.

— Ele me perguntou se tava incomodado com o quadro exposto.

— E te incomoda?

Ele negara com a cabeça, enquanto deixava um fraco soluço escapar por seus lábios.

— F-foi meu último presente pra ele.

Meneando a cabeça, se voltara para o quadro, e por algum motivo, sentira os olhos marejados.

— Foi um lindo presente.

— Você acha?

Conseguia sentir que era quase como se ele sufocasse com as palavras, ou elas o sufocassem.

— Sim, eu acho.

Virando o rosto, se deparara com a face vermelha e inchada pelo choro. O lindo homem soluçava, fechando os olhos enquanto tentava parecer conter um verdadeiro caos no seu peito. Queria se aproximar mais, abraçá-lo, mas não o fizera.

— D-desculpa… e-eu tenho que ir…

— Tá tudo bem, não precisa se desculpar. — sussurrara e sentira certa agonia ao vê-lo pronto para ir embora. — Posso… Posso saber o seu nome?

Os olhos bonitos lhe fitaram com algo como receio, e talvez curiosidade. Por um momento, parecia que ele não sabia o que responder.

— Tudo bem se… não quiser responder.

— Por que você quer saber?

Mordendo o lábio de forma nervosa, tentara não entrar em pânico.

— Porque essa é a minha tela favorita, e…

— Namjoon,

Jungkook arregalara os olhos, voltando a fitá-lo.

— Uh?

— Meu nome é Namjoon.

— Namjoon. — repetira baixinho, sentindo como soava em sua boca. — É um lindo nome.

— Obrigado.

— Eu me chamo Jungkook.

Vira um sorriso triste surgir em seus lábios.

— Prazer em conhecê-lo, Jungkook.

Com aquilo, observara-o se virar, caminhando para longe. Antes que pudesse conter a si mesmo, dissera alto para que pudesse ouvir.

— Posso te ver de novo?

Namjoon parara de andar, lhe fitando por cima do ombro. A visão era linda demais, ainda que seus olhos estivessem vermelhos e inchados pelo choro.

— Por quê?

Era a segunda vez que ele questionava quando demonstrava querer se aproximar mais dele, e era compreensível. Jungkook não conseguia nem imaginar como aquilo soava estranho. Passando a língua pelo lábio superior, sentira o coração quase saindo pela boca. Por quê? Por que queria vê-lo de novo?

— Eu só… realmente quero te conhecer. — dissera, soltando o ar que prendia sem perceber. — E sei que pode soar bizarro, maluco, mas… — eu não consigo te tirar da minha cabeça. — Pode dizer não, caso se sinta desconfortável, eu entendo.

Alguns instantes se passaram, e os dois ficaram ali, apenas observando um ao outro, até Namjoon abrir a bolsa, revirando-a até encontrar um cartão. O barulho dos seus sapatos soara alto no silêncio da galeria, enquanto aproximava-se, parando logo à sua frente. Jungkook estendera a mão, pegando o cartão verde clarinho, com letras cursivas escrito seu nome, e um telefone.

Ele não dissera mais nada, apenas seguira para a saída, deixando para trás seu doce perfume.


“Eu não conseguia dormir. Minha cabeça girava e girava, nunca parando em um único lugar, em uma constante indesejável de instabilidade e angústia. Por muitas vezes, sonhei com Clematis, ouvindo sua voz e sentindo o calor da sua pele, tudo para acordar no meio da noite, solitário em uma cama vazia. Por isso, decidi voltar com a heroína. É errado escrever que sonhei com você, e logo em seguida dizer que voltei a usar drogas pesadas, principalmente porque não queria transferir qualquer tipo de culpa ou responsabilidade pra você, mas aqui estou eu, sendo o babaca de sempre. Ao menos, você nunca vai ler isso, e nunca mais poderei te podar como sempre fiz. A parte boa, é que estar chapado na maior parte do tempo, me trouxe inspiração. O pincel desliza com facilidade na tela, e por mais que tenha destruído três delas em um ataque de fúria, acredito que o resultado é melhor do que imaginava. Em momentos como este, agradeço por ter ido para longe, Clematis, porque me conheço bem o bastante para saber que abri uma porta incapaz de fechar na primeira vez que arranquei suas pétalas. Era loucura, não era? A gente se machucando por fora e por dentro, eu mais do que você. É tarde demais pra admitir isso? Sim, eu acho que é… Eu ainda te amo, e não existe um dia que não pense em você, que não te deseje aqui comigo. Talvez um dia, eu possa me curar da minha doença, talvez algum dia eu consiga te tocar sem te machucar, talvez um dia, Clematis, um dia…”


Dentro do box, fazia dez minutos que Jungkook estava com a cabeça encostada na fria superfície da parede. Os olhos fechados, enquanto a água escorria por suas costas. Tomando forças para sair da posição, desligara o chuveiro, pegando uma toalha, enrolando-se nela. Passara as mãos pelos cabelos longos descoloridos, indo em direção ao quarto, escolhendo algo confortável para vestir.

Depois do jantar, decidira dormir “cedo”, mesmo que o seu cedo significasse quase uma da manhã. Enquanto arrumava a cama para deitar, se pegou mais uma vez encarando o cartão verde claro que deixara na mesinha de cabeceira. Passara a ponta do dedo pela superfície, sentindo a textura, lendo pela vigésima vez o nome da lojinha de porcelana, e logo abaixo o nome Kim Namjoon. Tinha jogado no google na noite anterior, descobrindo que ficava na região próxima a galeria, e que ele produzia lindos vasos, e louças de porcelana, tudo feito a mão.

Jungkook não sabia porque estava tão relutante em enviar uma mensagem, ou talvez estivesse com medo de parecer desesperado, o que de fato, estava. Se jogando na cama, pegara o celular, adicionando o número na lista de contatos, abrindo o chat de conversa. Era apenas uma mensagem, mas era o suficiente para deixá-lo nervoso.

Digitando rapidamente alguma coisa, apagara várias vezes, se atrapalhando com as próprias palavras e confiança. Em determinado momento, apenas escrevera algo e enviara, afinal, Namjoon tinha dado-lhe o número.

Jungkook:

Hey

Aqui é o Jungkook

Da galeria


Alguns minutos se passaram, e ao pensar no horário, imaginara que provavelmente teria uma resposta apenas quando amanhecesse. Nem todo mundo tinha insônia igual a ele.


Namjoon:

Oi, Jungkook

:)


Inevitavelmente, um sorriso surgira em seus lábios ao ler a resposta.


Jungkook:

Sem sono também?

Namjoon:

É…

Tava trabalhando em algumas coisas

Gosto de trabalhar de noite

Jungkook:

Entendo o sentimento

Sou igual

Namjoon:

ksksksksks

Não é lá muito bom pro meu dia a dia

mas faz parte

Jungkook:

Com toda certeza

kkkkkkk

Posso te perguntar uma coisa?

Namjoon:

Claro

Jungkook:

Tá mesmo confortável com

o quadro na exposição?

Namjoon:

Sim…

Só é doloroso olhar pra ele

Mas eu sei que pra ele significava muito

E pra outras pessoas tbm

Jungkook:

É, faz sentido

Namjoon:

Eu fiquei surpreso quando soube que

era a estrela da exposição

Nunca pensei que fosse ser tão

interessante assim

Jungkook:

Bem…

vc é muito bonito

e acho que é um pouco dificil

desviar o olhar

Namjoon:

Obrigado :)

É por isso que é sua favorita?

Jungkook:

É difícil explicar

Da primeira vez que eu vi

foi como se não existisse mais nada

a minha volta

O olhar, a pose, era como se tudo

me atraísse, me mantivesse ali

Namjoon:

Uma obra de arte pode significar

tantas coisas diferentes pra cada pessoa…

Jungkook:

Sim

É por isso que queria te conhecer

Pq quero saber mais sobre o

homem misterioso por trás daquela

tela

Namjoon:

Vc quer conhecer o Clematis,

ou o Namjoon?

Jungkook:

Eu quero conhecer quem quer

que vc esteja disposto a me apresentar

Namjoon:

:)

Não deixe suas expectativas muito

altas, Jungkook

Eu posso não ser aquilo que vc espera

Jungkook:

Essa vai ser a beleza disso tudo

Eu não espero por nada, Namjoon

Só quero saber quem vc é


Não foi imediatamente que eles se encontraram, na verdade, apesar de existir a possibilidade sempre pairando entre uma conversa ou outra, Jungkook estava com a sua vida bagunçada, cheia de trabalhos para entregar, e infelizmente era incapaz de cancelar tudo, como em um filme de romance. Aquilo seria um romance em primeiro lugar? Não se dera tempo suficiente para pensar naquilo, e talvez ignorasse demais a possibilidade, simplesmente por ter medo do que poderia significar criar certa expectativa. Apenas queria conhecê-lo.

De qualquer forma, não estava incomodado com as conversas repentinas por mensagens que tinham. Era bom, e demonstrava que Namjoon estava interessado em lhe conhecer também. Porém, algo que definitivamente não esperava, era que em uma noite de sábado receberia uma mensagem casual dele, perguntando se queria encontrá-lo.


Namjoon:

Tá livre agora?

Tava aqui pensando

e a gente podia se encontrar

:)

Jungkook:

Claro

hm, a gente pode jantar

ou se preferir ir em um bar

vc escolhe

Namjoon:

Bar parece uma boa…

Tem um lugar que eu sempre vou

Tudo bem pra vc?

Jungkook:

Sim, tá ótimo pra mim

A gente se encontra lá,

ou eu posso te buscar?


Jungkook mordera o lábio encarando a tela, vendo-o digitar o que parecia ser uma mensagem gigante. Riu fraco ao ver a resposta.

Namjoon:

Não sei

:((((

tô coisado

Jungkook:

Se quiser, eu posso te buscar

Namjoon:

Tem certeza?

:((((

Jungkook:

Tenho

não é problema nenhum pra mim

Namjoon:

Ok…

já te mando oendereço


Ao mesmo tempo que estava ansioso, certa calma se espalhava por seu peito enquanto encarava o reflexo no espelho. Se sentia satisfeito com as roupas que escolhera. Um jeans claro, camiseta preta, e camisa xadrez, além é claro, os coturnos. Estava confortável, e ao mesmo tempo se sentindo bonito. Como não sabia direito o que fazer com o cabelo, apenas o deixara desarrumado mesmo, meio ondulado.

Suspirando, ajustara melhor a camiseta, contente com o resultado. Fizera aquilo algumas vezes na sua vida, e sempre tinha uma certa incerteza de como as coisas se desenrolariam, mas daquela vez, ao mesmo tempo que se sentia incerto, tinha a impressão de que tudo ficaria bem. Seria apenas uma noite divertida. Ajustando uma última vez as calças, ouvira o celular vibrando, e vira as mensagens de Namjoon. Sorrindo para a tela, dissera que estava a caminho, indo pegar as chaves do carro. Hesitara ao ver a pequena necessaire que sempre deixava preparada. Debatendo se deveria ou não levá-la consigo, apenas dera de ombros, segurando-a pela alça, deixando o apartamento.


“Eu sinto que esse diário se tornou mais sobre você do que sobre mim, e isso não era um problema, até que as coisas seguiram por um caminho que eu não esperava. Acho que o meu maior erro foi me apoiar em você pra tudo, sempre confortável com as coisas que me dizia, com você me dizendo o que era certo ou errado, aceitando na conformidade que aquilo era viver, era ter seu amor. Não somos bons um pro outro, não é? É a minha hora de te deixar ir… do mesmo jeito que você fez comigo. Esse é o último diário de Clematis, a última vez que dedico uma página inteira a você. Mesmo que não me sinta pronto pra seguir em frente, é o que preciso fazer. Queria desejar que sentisse toda a dor que sinto agora, na verdade, é no que constantemente penso, e me consolo. Meu lado egoísta queria saber que sente ao menos um pouco da minha falta. Espero que sim. Enquanto o amanhã não chega, vou regar a Clematis que comprei no outro dia por impulso, sentado na janela, me permitindo sonhar com você pelos próximos últimos minutos…”


Estacionando em frente ao prédio de apenas 5 andares, Jungkook respirara fundo, abrindo a porta, e se encostando na lateral do carro, pegando o celular. Enviara uma mensagem, dizendo que tinha chegado, e em poucos minutos, avistara Namjoon saindo pelo portão. Usava um vestido azul escuro que tinha a saia solta, além de alcinhas em laço nos seus belos ombros desnudos. Um tênis branco completava o visual simples e bonito, sem muitos acessórios.

Desencostando do carro, sorrira ao vê-lo se aproximar, trazendo consigo o aroma delicioso de sempre.

— Oi… — ele dissera quase tímido.

— Oi. — Jungkook repondera. — Você tá muito bonito.

— Obrigado… — rira fraco. — Levando em consideração que o meu gato pulou na minha cara minutos antes de você mandar a mensagem.

— É sério? — começara a caminhar até o outro lado do carro, abrindo a porta pra que ele entrasse. — Acho que ele não queria ficar sozinho.

— Pinball é atentado mesmo.

Rindo, fechara a porta, voltando para o lado do motorista, assumindo o volante.

— Isso é fofo. — comentara colocando o cinto.

— É, ele é um demoniozinho, mas é fofo demais pro meu próprio bem.

Jungkook ligara o motor.

— Pronto?

— Pronto.

Ao chegarem no lugar da escolha de Namjoon, pegaram uma mesa, logo começando a pedir bebidas e alguns aperitivos. O bar estava levemente cheio, por causa do horário, e tinha música ao vivo, o que empolgava Jungkook, que sempre gostara de ouvir uma boa música no violão. Parando para observar, era e ao mesmo tempo não era o que esperava.

— Você tem os olhinhos bem curiosos.

Fora tirado de seus pensamentos pela voz aveludada. Voltara-se para ele, vendo seu sorriso mostrando covinhas, enquanto brincava com o copo na mesa.

— Uh… é, acho que sim, desculpe.

— Não se desculpe. — dissera balançando a cabeça. — Gostou do que viu?

— Sim, o lugar é legal, gostei bastante. — dissera tomando um gole de soju. Não pretendia beber muito, afinal estava dirigindo. — Você vem sempre aqui?

— Vinha mais antes… agora por causa da vida agitada, acabei tendo pouco tempo pra isso.

— O mesmo pra mim, tenho tido tanta coisa pra fazer que quase não sobra tempo pra me distrair.

— Então, eu sugiro que nós dois aproveitemos a noite.

— Essa é uma ótima ideia.

Algumas bebidas e aperitivos depois, ambos estavam mais relaxados, e Jungkook sentia que a conversa fluía bem, sem momentos estranhos ou constrangedores. Falaram muito pouco sobre a galeria, ou o quadro, até porque ele não queria passar a impressão de que estava ali apenas por causa daquilo. Portanto, evitara ao máximo puxar o assunto para aquele lado, focando em apenas conhecê-lo, saber do que gostava, do que não gostava. Em mais ou menos uma hora de conversa, descobrira que Namjoon se considerava atrapalhado fora do trabalho, não gostava de frutos do mar, e era grande fã de hip-hop.

Quando o assunto terminou, e os dois ficaram se olhando feito dois bobos, ele mordera o lábio, inclinando a cabeça para o lado.

— Quer… dançar?

Namjoon rira, encolhendo os ombros.

— Eu adoraria.

No meio do bar, Jungkook segurava-o pela cintura, ora ou outra girando-o, vendo o sorriso enorme no seu rosto. Namjoon era bom naquilo, e parecia adorar estar ali, dançando livremente em seus braços. Depois que começaram, mal voltaram para a mesa, simplesmente se perdendo no contato íntimo e ao mesmo tempo superficial.

Era quase impossível ignorar o cheiro dele, doce e convidativo, viciante. Quando vez ou outra resvalava suavemente em sua pele exposta, sentindo a maciez, tinha vontade de tocá-lo por inteiro, não apenas com as mãos, mas com os lábios, com todo seu corpo. Adorava como Namjoon parecia entregue, sempre procurando por seu olhar, sempre segurando sua mão, sempre reagindo aos seus toques.

O horário do relógio já marcava mais de meia-noite, e os dois andavam pelas ruas. Tinham deixado o bar e ido em busca de sorvete, porque aparentemente, o Namjoon alto pela bebida tinha desejo de comidas diferentes, e bem, Jungkook era fraco demais para se negar a dar-lhe aquilo. Quando acharam um lugar que vendia o bendito sorvete, quase explodira ao vê-lo dar pulinhos no lugar, animado demais para conter-se.

Agora, caminhava tranquilamente pela calçada, tomando uma casquinha enquanto observava-o saltitando um pouco a sua frente. Era adorável, e ele queria registrar cada pequeno detalhe. Aproximando-se um pouco, segurara sua mão quente, impedindo que se desequilibrasse e caísse. Namjoon rira alto, enfiando um monte de sorvete na boca.

— Cuidado aí, ou vai acabar se machucando.

— Eu acho que tô seguro, você vai me segurar.

Negando com a cabeça, tentara conter o sorriso, obviamente falhando na tarefa. De qualquer forma, não soltara sua mão, não apenas por precaução, mas também porque gostava da sensação.

Fora pego de surpresa ao ser puxado, trombando contra ele, quase resultando nos dois caindo. Rindo, segurara sua cintura como podia, tentando ao mesmo tempo não derramar sorvete no seu belo vestido. Namjoon abraçara seu pescoço, começando a se balançar, e ele apenas seguira, indo devagar para não ter nenhum acidente.

— Eu realmente gosto de dançar… — ouvira-o dizer suavemente. — Um hábito que perdi com o tempo.

— A gente pode sair sempre pra dançar se quiser.

— Mesmo?

Jungkook sorrira, vendo os olhos arregalados e esperançosos lhe encarando. Era óbvio que saíria sempre para dançar com ele, naquele momento, estava disposto a fazer igual aos filmes de romance, e limpar toda sua agenda apenas para levar Namjoon para dançar. Valeria o sacrifício se recebesse como recompensa aquele lindo sorriso.

— É claro. — respondera, ajeitando sua franja com o mindinho. — Será um prazer.

Ali estava, o sorriso mais lindo do mundo. Seu coração falhara uma batida apenas com aquilo.

— Ok.

Voltaram a andar/dançar pela calçada, terminando os sorvetes antes de chegarem ao carro. O caminho de volta fora tranquilo, sem muita conversa, mas não era ruim, na verdade, estavam muito confortáveis com aquilo. Jungkook dirigira sem pressa, e ao chegar no endereço, sentira certa tristeza pela noite ter acabado. Desligando o motor, virara-se para ele, que preguiçosamente tirava o cinto.

— Obrigado mesmo pela noite… Eu me diverti de verdade.

— Não precisa agradecer, eu me diverti muito também.

Namjoon sorrira, e mais uma vez eles se encararam, sem saber direito o que fazer. Seu coração acelerara quando vira-o se aproximando, dando um suave beijo na sua bochecha. Fechando os olhos, Jungkook suspirara, levando a mão ao rosto dele, acariciando com certa intensidade. No momento seguinte, tinha os lábios se uniram, e era como uma explosão por todo seu corpo.

O beijo fora escalando rapidamente, se tornando mais desesperado e afobado. Suas mãos o seguravam pela lateral do rosto, enquanto devorava sua boca, sentindo o gosto do sorvete na sua língua. Era tão bom, que não queria que acabasse nunca. Ainda com os lábios conectados, grunhira ao senti-lo avançar, sentando no seu colo de forma desajeitada, batendo a cabeça no teto.

— Aí!

— Tudo bem? — perguntara preocupado, acariciando sua cabeça.

— Sim…

Namjoon unira os lábios com força, mas instantes depois caíra na gargalhada, assim como Jungkook, que enfiara a mão por baixo dos cabelos da sua nuca, subindo com uma suave massagem.

— Esse sou eu, tentando dar uns pegas no carro…

— Você é muito fofo, e sexy.

Sorrira ao vê-lo fazer um biquinho antes de lhe beijar novamente. Daquela vez, apesar de ainda um pouco afobado, estava mais contido, até Jungkook tocar suas coxas por baixo da saia do vestido. A pele era tão macia, e tudo que queria era apertar, senti-la em suas mãos. Ouvira um gemido baixo como resposta, e conseguira sentir quando ele se encolhera suavemente no seu colo. Começara a beijar seu maxilar, descendo pelo pescoço bonito, passando a língua, sentindo o gosto dele.

Fora quando seus cabelos foram puxados, e Namjoon fitara seus olhos.

— Você quer entrar? — perguntara um tanto quanto ofegante.

Em meio a beijos e risinhos bobos, eles atravessaram a porta do apartamento depois de algumas tentativas falhas de destrancá-la. Jungkook ainda beijava o pescoço dele, que dava risada, se atrapalhando com os sapatos.

Os tenis ficaram pelo caminho, retirados enquanto avançavam pelo apartamento médio, nunca deixando de se beijar, de tocar um ao outro. Um pouco antes de ser empurrado para dentro do que aparentemente era o quarto, tivera a impressão de ver uma bola de pêlo passando pelos pés de Namjoon, antes que fechasse a porta. Provavelmente era seu gato.

— Ele é ciumento?

— Nada. — respondera se virando. — Só curioso.

Rindo, Jungkook sentara na cama, apoiando as mãos no colchão macio, observando-o. Sentira uma fisgada no ventre só de olhá-lo, pressionando uma perna contra a outra momentaneamente, enquanto ele começava a desfazer os lacinhos das alcinhas.

— Tão gostoso…

Lentamente, o tecido deslizara do seu corpo, revelando suas curvas, e o pau coberto pela calcinha. Namjoon caminhara na sua direção, parando logo a sua frente, mordendo o lábio inferior. Levara a mão a sua coxa, ouvindo o arfar contido. Sorrindo de lado, continuara subindo, comendo com os olhos aquelas belas pernas.

Ao chegar ao quadril, brincara com o elástico da calcinha, o puxando suavemente, fazendo se chocar contra sua pele escura. Massageara a lateral, indo para a bunda, enquanto seus olhos cravavam no pau duro dentro do tecido delicado. Aproximara o rosto, passando a língua pela região rígida, descendo para a cabecinha, brincando suavemente, indo e vindo, ouvindo os arfares cada vez mais altos.

Com as duas mãos, apertara sua bunda, começando a sugar a glande do seu pau, sentindo os cabelos serem puxados com delicadeza, quase como um carinho. Namjoon gemia, com a cabeça inclinada para trás, pernas quase cedendo, tão belo que parecia não ser real. Repentinamente, parara de chupá-lo, fazendo os olhos se abrirem com rapidez, lhe encarando. Com o risinho, guiara-o a se virar de costas, o colocando sentado no seu colo, afastando suas pernas, passando as mãos pela parte interna das coxas fartas.

— Precisa que eu te prepare, bebê? — o apelido gentil deslizara por seus lábios de forma natural, enquanto lambia e chupava o lóbulo da sua orelha.

— Uhm…

A resposta fora quase um gemido, e Namjoon esticara o braço, alcançando a gaveta da mesinha de cabeceira, a abrindo. Jungkook esperara pacientemente ele pegar o lubrificante, lhe entregando enquanto afastava ainda mais as pernas. Retirando a calcinha do seu corpo, acariciara-o inteiro, encantado com a forma que estava completamente entregue em seus braços. Passando a mão por suas bolas, sentira-o estremecer choramingando, apoiando os calcanhares na pontinha do colchão.

Lambuzando os dedos com o lubrificante, começara a rodear seu cuzinho, até que lentamente enfiara o primeiro dedo, ouvindo um gemido manhoso como resposta. Não acelerara o processo, gradativamente aumentando a velocidade, e aos poucos enfiando o segundo e terceiro dedo, o levando a quase loucura apenas com a brincadeirinha. Namjoon movia o quadril com força, segurando sua mão para que continuasse ali, proporcionando aquela sensação deliciosa.

Porém, antes que chegasse ao limite, parara de se mover, respirando fundo. Jungkook sorriu, brincando antes de retirar os dedos por completo. No instante seguinte, ele estava se virando, subindo no seu abdômen, começando a lhe beijar daquele mesmo jeito afobado de antes. Namjoon parecia impaciente, querendo arrancar suas roupas de qualquer jeito. Para facilitar o trabalho, se sentara novamente, puxando a camiseta por sua cabeça, finalmente se livrando dela. Jogando-o no colchão, grunhira quando suas mãos brincaram com seus mamilos, e fechara os olhos, começando a abrir as calças, revelando seu packer.

Retirando as calças por completo, e a cueca também, ficara apenas com a cinta presa ao quadril. A desprendera, e alcançando a pequena necessaire que trouxera consigo, enfiara dentro do pau a vértebra, o deixando ereto. Voltando para a cama, notara os olhos de Namjoon lhe fitando com desejo, tocando-lhe assim que estava perto o bastante. Jungkook arfara, fechando os olhos, sentindo as pequenas ondas encostarem no clitóris, trazendo tremores de prazer pelo corpo todo. Ao olhar para baixo, vira-o lhe chupando, e mordendo o lábio, segurara-o pela lateral da cabeça, lentamente começando a foder sua boca.

Sorrira ao ver as pequenas lágrimas se formando no canto dos seus olhos, e então afastara-se, se inclinando para beija-lo com fervor, deitando sobre seu corpo. Pegando o lubrificante, passara uma boa quantidade por todo seu pau, se certificando que estava bem escorregadio antes de se colocar entre as pernas dele, beijando e mordiscando suas lindas coxas, deixando as marcas que tanto desejava. Ouvira um choramingar ansioso, e notara que Namjoon movia o quadril impacientemente.

Sentando nos calcanhares, guiara a cabecinha do pau para dentro do seu cuzinho que abria e fechava, lentamente entrando, vendo-o arquear as costas, revirando os olhos. Beijara sua barriga, subindo para o peito, dando tempo para que se acostumasse. Quando chegara ao rosto dele, observando cada detalhe perfeito do homem que lhe enlouquecera através da tela de um quadro, movera o quadril para trás, sentindo as pernas dele se prenderem em seu entorno, e então entrara com força, ouvindo Namjoon chamar pelo seu nome.

Jungkook estava uma verdadeira bagunça, tocando, mordendo, sentindo cada pedacinho daquele lindo homem com quem tanto sonhava. Era talvez o maior clichê da sua vida, mas sentia que nunca passara por uma sensação tão única na companhia de outra pessoa. Cada vez que movia o quadril, ondas de prazer se espalhavam por seu corpo, lhe impulsionando a ir com mais força, mais fundo. Namjoon lhe beijava o pescoço, mordia, e lambia as cicatrizes no seu peito, e se contorcia tomado pelo fervor daquele momento tão perfeito.

Segurando suas mãos, entrelaçara os dedos, sentando nos calcanhares, continuando a se mover com rapidez, fechando os olhos por um instante, antes de cravá-los nele, naquele que passara horas e horas admirando na galeria do seu amigo. Dando um beijo na sua mão, começara a masturbá-lo, ouvindo seus choramingos aumentarem, enquanto estremecia. Mais uma vez, se debruçando sobre ele, encarou seu lindo rosto, vendo lágrimas surgindo no cantinho dos seus olhos, até que elevara o quadril, apertando as coxas em torno do seu torço, derramando porra na sua mão.

Enfiando o rosto no seu pescoço, Jungkook continuara a fodê-lo, imaginando como apertava seu pau por causa do orgasmo. Gemendo com a pequena fantasia, mordera-lhe com força, e grunhindo, gemendo, quase gritando. A deliciosa sensação do orgasmo se espalhara, descendo por suas pernas, causando violentos tremores, e respiração descompassada. Sentando mais uma vez, inclinara a cabeça para trás, se mexendo mais algumas vezes, sentindo a urgência do seu corpo de se curvar para frente.

— Porra… — conseguira proferir em meio a sua respiração descompasada.

Namjoon estava lhe beijando os ombros, e peito, e tudo que conseguia fazer era lhe dar mais espaço para que fizesse o que achasse melhor. O corpo mole e extasiado pelo talvez mais intenso dos orgasmos que tivera na sua vida. Instantes depois, sentira-o lhe soltar, caindo na cama, largado com os braços estendidos. Jungkook queria gravar aquele momento na sua mente para sempre, uma memória que nunca queria esquecer, seja lá qual rumo as coisas tomassem dali pra frente.

Por hora, desabara em cima dele, abraçando sua cintura, deitando com o ouvido grudado no seu peito, ouvindo sua respiração e coração batendo acelerado. Com os olhos pesados, fora levado ao mundo dos sonhos com o suave carinho nos seus cabelos. Se pudesse, pararia o tempo ali, tendo-o em seus braços para sempre.

Deitado de lado na cama, Jungkook observava Namjoon dormindo calmamente. O lençol cobria-o parcialmente, deixando suas costas à mostra. Mordendo o lábio, sentira certo orgulho ao ver as marquinhas que se espalhavam pela pele âmbar, se concentrando principalmente nas coxas e pescoço. Talvez tivesse certa fixação por aquelas partes dele.

Lentamente, aproximara a mão do seu cabelo, fazendo um suave carinho, ouvindo um barulhinho fofo que fizera enquanto se encolhia. Rindo fraco, seguira com o afago, vendo os olhos se abrirem preguiçosamente, lhe fitando. Nenhum dos dois dissera alguma coisa, não tinha necessidade, até Namjoon pegar sua mão, dando um beijo suave, antes de escondê-la embaixo da sua cabeça.

— Bom dia. — a voz soara grave e um pouco rouca.

— Bom dia. Dormiu bem?

— Como um bebê. Tá acordado há muito tempo?

— Um tempinho… levantei pra fazer xixi, e depois voltei pra cama. — passara os nós dos dedos pelo queixo dele. — Tentei dormir de novo, mas você é lindo demais pra ser ignorado.

Namjoon escondera parcialmente o rosto no travesseiro, rindo fraco, parecendo envergonhado. Era adorável.

— Vou ficar mal acostumado…

— Pode ficar, porque se deixar, eu nunca vou parar de falar isso.

— É muito gentil da sua parte. — murmurara, aproximando-se, sentando no seu abdômen, fazendo carinho no seu peito. — Levando em consideração que você é mais lindo ainda.

Jungkook franzira o nariz, negando com a cabeça, e logo se derretera quando ele lhe dera um beijo de esquimó.

— São seus olhos, bebê.

— Oh, meus olhos são treinados pra encontrar coisas bonitas, sabia?

— É mesmo?

— Uhm, quando eu vejo, puf! Eles encontraram alguma coisa extremamente linda.

Sorrindo feito um bobo, levara a mão a lateral do seu rosto. Namjoon fechara os olhos no mesmo instante, se inclinando como um gatinho, pedindo por mais carinho. Rindo, abraçara-o, unindo seu corpo ao dele, inalando o perfume doce que exalava de sua pele, ficando contente ao sentir a mistura com o seu próprio cheiro. De um jeito um tanto quanto caótico, eles combinavam.


“Hoje visitei minha irmã. Foi bom vê-la, conversar com ela… Fazia algum tempo que a gente não se via, e acho que mais do que nunca, precisava dela. Conversamos sobre tudo, e sobre nada, bebemos soju, e jogamos damas. Eu perdi feio, mas faz parte. Foi divertido, de um jeito que me fez sentir falta dessa parte, de ser feliz. Sei que ela e Clematis são amigos, mas nenhum de nós tocou no nome dele, e foi melhor assim. Inclusive, entreguei a florzinha que comprei há algum tempo atrás para ela… Eu não tava sabendo cuidar direito, a matando lentamente. Sempre achei curiosa a grande ironia que a vida é. Minha irmã sugeriu que eu procurasse ajuda, e sei que ela tá certa, mas pelo menos por enquanto, minha terapia será meus quadros, minha arte. Hoje foi um bom dia, amanhã, não sei se será, mas se tem uma coisa que Clematis me ensinou, foi viver um dia de cada vez, e é assim que sigo em frente. Um dia de cada vez…”


Segurando uma garrafa d’água, Jungkook brincava com Pinball que subira na ilha da cozinha, e nervosamente tentava morder sua mão. O gato enorme de pelo cinza era pentelho, e adorava morder as coisas, e pessoas também. Fazia quase 3 semanas que começara a frequentar a casa de Namjoon, onde preparavam jantares, assistiam netflix, ou saíam com Pinball na mochila especial para transporte, indo em uma praça que ficava perto do apartamento dele.

Não tinham dado um nome para o relacionamento, mas sem dúvida, mais e mais estavam próximos, íntimos. Por isso, quando recebera a mensagem dele na noite anterior, pedindo para estar presente naquele momento, se sentira extremamente feliz. Ele confiava em si o bastante para um momento como aquele, e Jungkook faria o melhor para que fosse o mais tranquilo possível.

Seus olhos deixaram o gato raivoso quando ouvira a porta do quarto se abrindo, por onde Namjoon passara, alisando a saia do vestido florido violeta que usava. Parecia nervoso, olhando para si mesmo, dando passos tímidos à frente.

— Achei… achei que cairia bem um pouco de cor.

— Você tá lindo, Joonie.

— Obrigado, Gukkie.

Pinball pulara da ilha, correndo na sua direção, só para receber o carinho gostoso do dono, além de confortá-lo de alguma forma. Pegando as chaves do carro, Jungkook se aproximara, oferecendo a mão.

— Pronto?

— Uhm.

Parado em frente ao túmulo de Kim Taehyung, observara Namjoon primeiro cumprimentar Jimin, e em seguida uma outra mulher, que era Kim Haekwan, irmã mais velha de Taehyung. Tinha descoberto em algumas conversas com ele que fora através dela que soubera da exposição, e que indiretamente autorizara o uso do quadro, afinal, Haekwan era sua amiga, e não queria que de alguma forma ficasse desconfortável com a situação. Sua única exigência fora não ser envolvido no projeto. Ele queria preservar seu anonimato até mesmo de Jimin, o que era compreensível.

Outro detalhe curioso, era que Pinball, que olhava tudo à sua volta dentro da mochila transparente nas costas de Namjoon, era de fato, o gato que Taehyung adotara um pouco antes de morrer. Jungkook não ficara surpreso com a atitude dele ficar com o bichinho, porque quanto mais o conhecia, mais percebia como seu coração era puro, cheio de afeto, não tendo lugar para raiva, mágoa, ou ódio. Ele pouco falava sobre como decidira adotar o gatinho. Em suas palavras: “Apenas não conseguira soltá-lo quando o viu na casa de Hae.” Talvez tenha se apaixonado ainda mais depois daquilo.

Após uma breve cerimônia de homenagem aos 5 anos da morte de Taehyung, eles deixaram o cemitério, dirigindo pela cidade sem rumo certo. Conseguia sentir uma certa energia em Namjoon, que acariciava Pinball pela abertura da mochila. Sem pensar demais, decidira parar em um parque que ficava ali por perto, onde acreditara que ser um bom lugar para passar o tempo.

Caminhando pelo gramado, observara Namjoon a poucos passos à sua frente. Pinball estava fora da mochila, andando ao seu lado preso pela coleirinha. O vestido violeta voava junto ao vento, enquanto ele começava uma suave corrida. Jungkook tivera o vislumbre do seu rosto que lhe fitava por cima do ombro. Era uma mistura de choro com um sorriso, alívio e felicidade. Quando dera por si, também estava com os olhos marejados, vendo-o estender a mão.

Alcançando-o, segurara-se firme a ele, entrelaçando os dedos, começando a seguir seu ritmo.

Clematis era o nome de uma flor. Era também a flor do dia do aniversário de Namjoon, e significa o equilíbrio perfeito entre a beleza do coração e da alma. Sem dúvida alguma, ele era tudo aquilo e muito mais. Na verdade, era tão encantador que chegava a assustar. Porém, Jungkook decidira viver um dia de cada vez, um minuto de cada vez. Lidaria com seus medos quando eles chegassem, por enquanto, apenas continuaria segurando sua mão. Era tudo o que mais precisava, era tudo o que mais queria…


Fim.

08 Mayıs 2021 21:04 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
1
Son

Yazarla tanışın

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