Os três amigos de Lara esperavam na fila quilométrica para entrar no Armazém, o lugar mais badalado que tinha na cidade desde sua inauguração há exatos 15 meses. A ideia era simples – e não sem um mínimo de simbolismo, diria Matheus – já que ele conseguira subornar o segurança do lugar na semana anterior para entrar com Lara e outros dois amigos na festa de aniversário de 15 anos dela. Quinze anos, quinze meses... Sacou? É, bem, Matheus nunca foi lá muito profundo, mas Lara nunca exigiu que ele o fosse.
O coração dela perdia o compasso a cada vez que eles chegavam mais próximo da porta de metal: entrada do paraíso na terra segundo o pessoal do colégio. Só podiam entrar lá o total de 255 pessoas, a partir dos 17 anos, então Lara e seus amigos torciam para que o segurança cumprisse a palavra de deixá-los entrar. Quando o homem de 1,90 metro de altura passou por eles na fila, contando o número de pessoas, Lara torceu as mãos e trocou um olhar de tensão com os amigos. Assim que ele tocou em seu ombro, avisando que seria a última a entrar naquela noite, Lara não conseguiu conter um pulo de alegria.
Ao abrir da pesada porta de metal, o som altíssimo da música eletrônica, os gritos de histeria dos jovens inebriados, as luzes psicodélicas e as cores, ah, aquelas cores das tintas que respingavam dos pequenos sprinklers no teto, pintando tudo ao redor de neon, aquilo se desenhou como o mais perfeito cenário para sua noite de aniversário. Lara entrou gritando junto dos amigos, pulando nas costas de Eduardo, que quase caiu rindo com o peso extra. Ela deu graças a deus por seus pais terem deixado ela sair.
Assim que entraram, a golfada eufórica os envolveu como tentáculos e logo Lara e seus amigos estavam no meio da multidão pulando, gritando, gargalhando, abraçando, beijando, enquanto a música dançava nos ouvidos, abafando outros sons, enquanto a tinta pintava os cabelos, as roupas, os corpos de todos.
No palco montado, estava a banda da noite, Sob Feitiços ou algo do tipo, que Lara tentou ver, mas a tinta que escorria na sua testa começou a fazer seus olhos coçarem. Ela limpou os olhos com a blusa, mas isso só fez piorar. Seus lábios também pareciam inchados.
Olhou ao redor e viu Matheus agarrado em alguma coisa. Puxou o braço dele, para ele resmungar algum palavrão enquanto Lara usava sua blusa para se limpar e o impedia de continuar o beijo com uma garota multicolorida, que logo perdeu o interesse, pulando para outro grupo de pessoas.
– O que você tá fazendo? Aquela foi minha melhor chance da noite! – Matheus gritou no ouvido da Lara, enquanto coçava os olhos.
– Meus olhos não param de arder e minha pele – ela gritou de volta por sobre a música. – É essa tinta, acho que é alergia.
Mas Matheus não respondeu, pois enquanto Lara explicava, ele começou a se coçar inteiro, tirando a blusa. Outras pessoas ao redor também se coçavam e tentavam tirar partes das roupas.
A coceira se transformou em ardência. Primeiro incômoda, depois mais forte, e mais forte, até que o corpo de Lara parecia estar em chamas. E os gritos, antes de euforia, se tornaram urros de dor.
Lara não sabia se seus olhos lhe pregavam uma peça ou se aquilo era alguma alergia da tinta, mas ver seu corpo ficar em carne viva não parecia mentira, nem sonho. Ela berrou e tentou segurar em Matheus, mas este de afastou dela engasgando na própria agonia, enquanto a tinta não parava de cair.
As pessoas começaram a correr para a porta, mas estava trancada. A música agora tinha parado. A sinfonia era apenas os gritos e as cores.
No medo de ser pisoteada, Lara correu para perto do palco, chorando de dor, de medo, tentando encontrar Matheus, Eduardo e Leo naquela muvuca. Ela tentou passar as mãos nos olhos, mas pareciam estar em chamas.
– Tsc tsc tsc. Olhe só para você... Veio assim para mim, de bandeja? Que sem graça.
Lara virou para o palco, onde uma das mulheres da banda tirou da cinta uma adaga. Mal sabia Lara que aquela era a noite da colheita das bruxas.
Como um eco das sombras do passado, a Escuridão tece uma teia através do tempo, criando laços entre lugares e personagens que nem sequer sabem das existências uns dos outros até que sua presença tenebrosa se manifeste. *Todas as artes utilizadas nesse universo foram criadas com Artbreeder* ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Como un eco de las sombras del pasado, la Oscuridad teje una red a través del tiempo, creando vínculos entre lugares y personajes que ni siquiera saben de las existencias de los demás hasta que se manifiesta su oscura presencia. *Todo el arte utilizado en este universo fue creado con Artbreeder* Hakkında daha fazlasını okuyun Bordas da Escuridão.
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