Sangue, álcool e um vazio devastador. Mesmo dormindo, sentiu o rosto se contorcer em uma careta de agonia; sonhava com absurdos abomináveis, sua tortura persistiu até o momento em que abafou um grito seco. Sentou-se na cama, respirou fundo duas vezes e se acalmou. Afastava as imagens da mente; manteria a maldita calma. Mesmo com os olhos fechados, teve certeza de que sua comoção acordara a irmã mais velha: ouviu lençóis amassando, o abajur se acendendo e uma voz cansada, porém sempre tão doce:
— Outro pesadelo? — perguntou Maria entre bocejos. — Tá tudo bem?
— Tudo perfeito. — respondeu ela mesmo sem fazer ideia do que estava acontecendo.
Foco. Precisava focar em qualquer informação necessária para que não caísse em outra crise; podia sentir a sanidade escapando como um cachorrinho assustado. Era Ana Gabriela Lopes Almeida, dezenove anos; estava dormindo até tarde num sábado de fim de mês. Outubro? Outubro. Arqueou as sobrancelhas assim que se deu conta de que estavam no Halloween. Sentiu o estômago roncar com o aroma — finalmente notado — do almoço saindo do fogão e então embrulhar ao pensar na festa daquela noite.
Estava ansiosa para testar suas novas habilidades sociais na festa mais esperada de sua faculdade; porém, encarava como um mau presságio ter sido acordada por um pesadelo tão errado. Um pesadelo tão maldito. A melhor noite de 2020. A frase de efeito utilizada para divulgar a festa pousou em sua cabeça como um tapa violento; se realmente tivesse a melhor noite do ano, pouco importaria se o dia havia começado da pior maneira possível. Era tudo uma questão de equilíbrio, afinal.
Enquanto sua irmã se levantava da cama ao lado para finalmente começar o dia, encarou o relógio na mesa de canto: pouco depois das duas da tarde. A Festa da Meia-Noite era, como se esperava, uma comemoração de Halloween que começaria nas primeiras horas da madrugada. Pela primeira vez desde que começara na universidade — um ano antes daquilo —, havia conseguido convencer Maria a aparecer em uma das festas universitárias. Dois anos mais velha, sua irmã era sua veterana; entretanto, possuía poucos amigos e evitava situações sociais no geral. Combinaram um encontro após a última aula da noite e então se arrumariam juntas para a festa.
Levantou-se da cama em uma injeção rápida de adrenalina; desenhou um sorriso esperançoso no rosto e abriu seu armário amarronzado. Encarou a própria figura no espelho de uma das portas; esfregou os dedos pela pele negra das laterais do rosto e se preocupou com algumas espinhas. Mais um problema para a Ana do futuro resolver. Ajeitou o longo cabelo castanho-escuro e cacheado da melhor maneira possível e encarou suas opções de fantasia para a festa, finalmente precisava escolher o que usar.
Okuduğunuz için teşekkürler!
Ziyaretçilerimize Reklamlar göstererek Inkspired’ı ücretsiz tutabiliriz. Lütfen AdBlocker’ı beyaz listeye ekleyerek veya devre dışı bırakarak bizi destekleyin.
Bunu yaptıktan sonra, Inkspired’i normal şekilde kullanmaya devam etmek için lütfen web sitesini yeniden yükleyin..