Asafe estava lá, prostrado em frente àquele quadro emoldurado com detalhes em ouro, enquanto tentava entender o que o tornava uma cópia perfeita. Não era a tinta a óleo que havia secado há alguns bons meses, também não era os traços desleixados, mas feitos com certa precisão que se igualavam ao original; não era a assinatura falsificada, mas que realmente se parecia sem nenhum erro.
O homem que estava há horas em frente àquela imagem não sabia dizer o que o fazia ser tão perfeito. Sabia, contudo, que era uma falsificação muito bem-feita para o seu gosto refinado e minucioso... Aos olhos de qualquer um, aquela obra passaria despercebida, mas não aos dele. Ele era bom demais para poder ser enganado tão facilmente assim.
Não era a primeira vez que Asafe se deparava com um quadro falsificado; vira muitos desde que Danilo o chamou para ajudar em uma onda de casos que vinha acontecendo há longos cinco meses. O detetive particular tinha quase certeza de que todos os casos se tratava de uma única pessoa, e no fundo ele sentia uma admiração por tal autor do crime. Entretanto, de uma coisa ele sabia: nada se mantinha escondido dele por muito tempo. Encontraria aquela pessoa nem que demorasse o tempo que fosse. Sabia ser paciente quando necessário.
Recordava-se de um caso que demorou aproximadamente oito longos meses para resolver. Um enigma muito incomum, diga-se de passagem. O senhor Joaquim havia lhe contratado para que solucionasse o assassinato de sua esposa, Marta. Todos tinham chegado ao veredicto de que ele era o culpado; ciúmes o motivo. Por isso o senhor Joaquim contatou seus serviços. Tentou persuadi-lo querendo que ele acreditasse em sua inocência e o livrasse de ficar por detrás das grades, mas Asafe era esperto, e seu ponto forte consistia em nunca se deixar ser levado pelas emoções. Não eram só as provas. O melhor de tudo foi fazer, depois de muito tempo, o próprio contratando confessar.
Enquanto ele se perdia em pensamentos na frente daquela falsificação, estava atônito para tudo o que acontecia ao seu redor. Um crime que a polícia não conseguia resolver, um assalto que havia ocorrido ali: era a única coisa que eles pensavam, nada além de uma jóia que não chegava nem a custar alguns milhões de reais havia sido levado, a casa estava isolada, mantendo os curiosos do lado de fora e a vítima do lado de dentro, ninguém além do pessoal necessário e do dono, que não havia sentido falta de mais nada.
O detetive se aproximou do homem, que era de baixa estatura e meio rechonchudo. Tinha uma careca brilhosa, as mãos ostentavam anéis de ouro e, em seu pescoço, havia uma corrente de ouro.
— Aquele quadro é verdadeiro? — perguntou sem rodeios ao homem. — Você tem algum certificado comprovando? — investigou.
— Sim, é verdadeiro! Devo ter algo nos documentos da família. É uma herança que me foi passada, primeiro do meu tataravô, depois para meu avô, meu pai e por fim eu. Pretendo manter na família; quem sabe um dia passar para meu filho — respondeu o dono.
— Não. Não vai... é falso — falou Asafe, sem mais delongas.
— Não, isso é impossível...
— Não, não é... — disse enquanto dava a conversa por encerrada, virando as costas para o sujeito gorducho. — Mateus? — chamou pelo policial que pediu sua ajuda.
Mateus era seu amigo de longa data, podia talvez até contar, mas Asafe preferia manter uma relação restrita e somente profissional. Era assim com todos. Sempre preferiu manter distância, para não ser necessário construir elos demais, ligações demais.
Viu-o voltar a atenção para si e então sussurrou:
— O assalto não foi o único crime cometido aqui.
— Não me diga que...
— Sim. O ladrão falsificou o quadro, assim como os outros crimes que temos investigado.
— Droga! Precisamos achar esse cara logo!
— Eu vou. Com certeza vou! — Asafe sussurrou mais para si mesmo do que para Mateus, que já estava em um grupo de policiais, tomando anotações em seu caderninho e provavelmente contando o que o Detetive particular tinha lhe informado.
Já era o quarto caso que eles encontravam. O detetive fora chamado logo após o segundo, por Mateus. Fizera, na época, com que ele o levasse à cena do primeiro e descobrira o quadro que ninguém havia notado. O mesmo método operante se seguiu por diante. Homem ou mulher, podre de rico, tinha seu quadro caro falsificado e, para encobrir o seu maior crime, o sujeito roubava uma joia qualquer, fazendo com que parecesse apenas um assalto. Todas as joias que haviam sido roubadas já haviam sido encontradas no mercado negro. Mas os quadros, esses ainda eram desconhecidos os paradeiros.
No entanto, Asafe não tardaria a encontrar o autor dos crimes, não sossegaria enquanto não conseguisse, viveria para aquilo até que ele fosse pego. Não se importava com o que aconteceria, só queria provar para si mesmo que ninguém era páreo para a sua inteligência. Descobriria o paradeiro das obras de arte e colocaria as mãos no responsável, sem sombra de dúvidas.
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