ageha_sakura Ageha Sakura

TaeHyung sempre foi uma criança peculiar, pois a visão que tinha do mundo era totalmente diferenciada, sempre reparando nos detalhes que todos ignoravam. Tornou-se um artista renomado na sua época, sendo o marco dos anos 80, todavia, o bloqueio criativo que o aflingiu retirou a parte que mais amava em si, os seus olhos artísticos. Em uma viagem de apenas sete dias pelos mares asiáticos, TaeHyung conhece Jeongguk, o assistente do prefeito que acabou tornando-se a musa que tanto buscou, retirando-o da profunda tristeza e trazendo as cores de volta a sua vida, aprofundando os seus olhos artísticos e apresentando-lhe o amor.


Фанфикшн Группы / Singers 13+.

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Único; os olhos que colorem a minha alma

Bom dia / Boa tarde / Boa noite


Sejam todos bem vindos a "Assim que te vi"!


Essa história se passa nos anos 80, vai haver uma breve citação dos anos 60 sobre a infância do Taehyung. Espero que possam desfrutar de uma boa leitura 💕

_____________________


"Se as estrelas tivessem o brilho dos seus olhos, eu passaria noites em claro só admirando o céu."

O ano era 1966, a tarde estava chuvosa, um dos momentos que o pequeno TaeHyung mais amava, pois retratar o clima em seus simples rabiscos era a melhor forma de passar o tempo.


Para o Kim, o mundo era repleto de beleza, algumas mais escondidas do que outras, contudo, para ele era a forma como as pessoas enxergavam o mundo que fazia a diferença.


Por exemplo, se um homem alto e com uma vida movimentada – como seu pai – encontrasse uma pequena formiga na rua, a ignorava por completo. Todavia, ali existia uma obra de arte, pois a forma como o inseto luta pela sobrevivência de sua "família" é admirável.


"A verdadeira beleza está nos olhos de quem a enxerga", tendo esta frase como um fato, TaeHyung enxergava o mundo de uma forma mais diversificada e estranha no ponto de vista das pessoas "normais".


Contendo aquele pensamento tão intenso para uma criança de sua idade, acabou avançando em busca do verdadeiro significado da arte, de ser um artista. Cresceu com isso em mente, recebendo todo o apoio de seus pais e conquistando o mundo em busca de aperfeiçoar seu dom e conhecimento, querendo evoluir física e mentalmente.


Ao longo dos anos viajou por todos os lugares, conhecendo pessoas e mundos completamente diferentes do que vivia, aprendendo a amar a arte como uma irmã legítima, um membro muito importante de sua família.


Tornou-se um artista renomado em sua época, tendo reconhecimento por quase todos os artistas do mundo, tudo isso devido a sua visão peculiar sobre a arte moderna. Em seus quadros sempre abordava a simplicidade e a riqueza em detalhes, utilizando dos recursos visíveis e invisíveis ao olho humano. Seus olhos eram como uma câmera, sempre captando cada pequeno detalhe e transmitindo-o com tanta intensidade, dando uma vida própria a sua arte inovadora e inusitada.


Entretanto, a fama aos poucos foi consumindo toda a sua forma peculiar de ver o mundo, removendo até o último resquício de inspiração que existia dentro de si.


As cores foram desaparecendo ao longo dos anos, a idade aumentando e a vida se tornando ainda mais difícil de ser vivida. TaeHyung havia perdido a sua essência como um artista, tudo foi evaporando com o passar dos anos e agora ele apenas possui um ateliê velho, com quadros cobertos por finos lençóis e um coração completamente vazio. Sua mente estava repleta de incertezas e arrependimentos que o acompanhavam a todo instante.


Necessitava com urgência de uma musa inspiradora, alguém que pudesse reacender a chama do saber em sua vida. Precisava de inspiração, alguma maneira de voltar a ser como antes, a enxergar o mundo colorido e artístico como ele sempre era.


Aonde estavam seus olhos afiados como os de uma águia? Pareciam ter desaparecido por completo. E seu dom para revelar a beleza do mundo em sua simplicidade? Talvez ainda existisse dentro de si, escondido em meio aquela massa de pele e ossos, pois todo artista possui a marca de sua arte gravada em sua alma.


É um artista, de fato, mas era necessário muito mais do que dizer seu título, precisava voltar a ativa, provar com seus quadros que era capaz de mudar a forma como os humanos enxergam o mundo ao seu redor.


Kim TaeHyung tem um dom, algo poderoso e que por mal uso acabou se apagando com o tempo, todavia, tinha a certeza de que ele ainda estava correndo em suas veias, apenas precisava de um empurrãozinho para trazê-lo à tona.


Levantou-se rapidamente, partindo para o banheiro e realizando suas higienes matinais de maneira rápida, pois não poderia perder mais tempo parado enquanto o mundo ao seu redor continuava evoluindo.


Seguiu pelas ruas movimentadas, admirando as estruturas centenárias que existiam ali, sobrevivendo aos climas osciladores e a evolução da sociedade. Lembrava-se de quando era uma criança, onde podia acordar antes do nascer do sol e vir até a praça mais próxima, sempre acompanhado de seu quadro e a maletinha de pincéis e tinta fresca.


Sentava-se no chão, esperando o momento perfeito para expor em uma tela a beleza daquele lugar ao nascer do sol, sempre captando as pessoas e o ambiente em si. Recordava-se com prazer, todas as lembranças eram preciosas para si, a origem do seu sonho como artista e toda a sua trajetória até chegar ali, como num ciclo que estava retrocedendo.


Os passos apressados o levaram em direção ao restaurante de seu primo, Kim SeokJin, um homem adorável e companheiro, sempre humilde e disposto a ajudar a todos. O som do sininho alertando sua entrada era tocante, não tanto quanto as sinfonias de Mozart, porém tinha seu encanto.


A movimentação de pessoas por todos os lugares era impressionante, não tanto quando se tem um gênio da culinária em sua família. Jin é um homem talentoso desde o nascimento. Lembrava-se com clareza dos momentos de sua infância que conviveu ao lado dele, em nenhum instante o vira longe da cozinha, sempre imerso em receitas que aprendeu com as empregadas da casa.


Com ele aprendeu a "sobreviver", podendo se virar sem nenhum problema com as panelas, entretanto, ainda tem preferência pela comida do mais velho, esta que sempre servia de consolo e aconchego para TaeHyung, carregando consigo o gostinho de casa, acolhimento que sentia e prezava.


— Não preciso nem ler sua mente para saber o que está sentindo nesse exato momento. — SeokJin comentou de repente, assustando o Kim mais novo.


— O que posso fazer se a anos estou assim? — Soltou um longo suspiro, tentando recuperar suas forças perdidas — Está difícil seguir adiante sabendo que meu dom está esvaindo-se de mim, fugindo por entre meus dedos.


— Sabe o que acho? Que está precisando de um momento de paz, algo para relaxar a sua mente de verdade e o seu espírito, ele me parece cansado e bastante aflito. — SeokJin era um homem de muito conhecimento, sempre aprendendo a lidar com o físico e o emocional, aconselhando de forma consciente TaeHyung, mas às vezes tudo parecia em vão, suas palavras eram jogadas ao vento devido a teimosia do mais novo.


— E que tipo de relaxamento me recomenda? — Perguntou, brincando com o canudo e o líquido do copo.


— Uma viagem! Tenho certeza que viajar é o melhor remédio para curar a alma de um artista. — Respondeu animado, aproveitando para servir os outros clientes.


TaeHyung estava quieto, pensando se realmente aceitaria a proposta de SeokJin e partiria em uma viagem. Existiam tantos lugares no mundo que poderia conhecer, buscar inspiração mundo a fora não parecia uma ideia ruim, principalmente para um peregrino como ele.


O pequeno som do sino ecoou novamente, indicando a entrada de um dos homens mais respeitáveis da cidade, Kim NamJoon, o prefeito, acompanhado de sua esposa, Kim HyeJin.


Para TaeHyung não era nenhuma surpresa a presença ilustre do homem, pois seu primo era um gênio na cozinha, obviamente sempre seria frequentado por pessoas de diversas classes sociais.


NamJoon o reconheceu de longe, sorrindo largo, fazendo suas covinhas surgirem de imediato. Cochichou algo para HyeJin, em seguida caminhando juntos em direção ao artista.


— É um prazer rever o grande prodígio do nosso país, Kim TaeHyung! — Comentou animado, sua aparência bajuladora tinha algo por trás e o moreno sabia muito bem.


— Digo o mesmo. — Respondeu simplório, sorrindo fechado para ambos — O prefeito e a sua primeira dama.


— Oh, TaeHyung-ssi — levou sua destra em direção aos seus fios escuros, colocando uma pequena mecha atrás da orelha, em um simples ato de constrangimento — sempre tão direto em seus comentários, não houve nenhuma mudança em todos esses anos, pelo visto.


— Realmente. — riu fraco, tentando ser simpático com a mais velha — Lembro-me do período da faculdade, sua gentileza sempre foi acompanhada de sua inteligência, esperta e sagaz. Às vezes calculista, mas nada fora do comum.


— Óbvio que não! — HyeJin exclamou, divertindo-se com a mesma personalidade sincera e ardilosa do Kim mais novo. TaeHyung sempre dizia frases assim, estudando a pessoa com quem conversa por completo, querendo prever seus futuros atos — E a sua personalidade de um detetive continua intacta! Nunca perdeu sua mania de estudar as suas possíveis inspirações.


Jamais. — Respondeu com firmeza, o sorriso ladino pintado em seus lábios cor de pêssego — Faz parte da essência de um artista estudar o meio que vive, pois necessitamos de conhecimento para expressarmos nossa opinião sobre ele.


— Realmente — NamJoon comentou baixo, quase em um sussurro, chamando a atenção dos dois — Soube que entrou em pausa, deve estar aproveitando esse tempo para si, devo imaginar.


— Sim, estou em busca de algo novo para expôr em meus quadros. — Bebericou o restante do conteúdo presente em seu copo, fitando o mais velho com intensidade — Voltarei com mais força do que imagina.


— Estarei ansioso por isso, mas por enquanto gostaria de saber se tem interesse em expor alguns de seus quadros no meu evento. — Propôs, chegando ao verdadeiro ponto de toda aquela conversa cheia de bajulações.


— Onde será o evento? — Perguntou, não aparentando estar muito interessado no assunto.

— Será no meu iate, uma excursão de sete dias para a Ásia, indo pelas margens do oriente. — Respondeu esperançoso, sabia que ter Kim TaeHyung expondo seus quadros durante uma viagem marítima era importante, algo nunca visto antes.


Interessante... — largou o copo vazio sobre o balcão, levantou-se e ficou cara a cara com NamJoon, fitando-o com seus olhos profundos e avaliadores — aceito sua proposta, o valor deve estar no meu nível de artista, tenha isso em mente. Se a quantia não me agradar, considere o trato desfeito. — Sorriu fechado, os olhos acompanhando o gesto em uma falsa demonstração de gentileza.


— Tenho certeza que não irá lhe desagradar. – Afirmou, esticando a destra para selar o acordo momentaneamente.


TaeHyung o fitou dos pés a cabeça, demorando poucos segundos para também erguer sua mão e apertar a do outro com força, selando o pequeno acordo.


— Assim espero. – Acenou em despedida para o casal, saindo por fim do ambiente e voltando ao seu pequeno passeio.


Caminhou a passos calmos, observando toda a mesma movimentação e os prédios novos que estavam surgindo. A humanidade realmente estava evoluindo, cada dia que passava novidades iam surgindo, o avanço da ciência e a população estava crescendo cada vez mais.


Era perceptível como a mudança era incluída a todos, exceto ele. Parecia estar estagnado, preso no tempo em que conseguia pintar sem a menor dificuldade. TaeHyung gostaria de resolver tudo, queria ser o mesmo de antes e não apenas um artista sem inspiração, sem vontade de colorir o mundo como antes.


Havia realmente perdido toda a sua essência, sua razão para continuar criando obras de artes que viajaram o mundo inteiro. Estava vivendo apenas dos pedidos para expôr suas antigas obras, todavia sempre era questionado de uma possível nova arte, pois um artista de verdade não poderia parar de pintar, não deveria parar de utilizar as tintas para expressar na tela a forma como enxergava o mundo.


As nuvens foram juntando-se aos poucos, escurecendo o céu, deixando os pingos de água caírem pouco a pouco, molhando o Kim por inteiro.


TaeHyung pouco se importava, precisava sentir a água lavando seus pensamentos negativos e toda a sua insegurança, o seu medo de não conseguir mais pintar uma única tela.


Ele sempre viveu pela arte, tudo para si funcionava como inspiração para revelar ao mundo uma nova forma de compreender a simplicidade da vida.


Sua arte era filosófica, viva e viciante.


Serviu de ajuda para muitos, alguns acreditavam que eram como milagres em suas vidas, pois algo tão fabuloso parecia surreal demais.


O caminho de volta para casa fora debaixo da densa chuva que afligia toda a cidade, banhando os males e escondendo as lágrimas que os corações carregados de tristeza derramavam.


Sua mente andava distraída, pesada de pensamentos corriqueiros, impedindo-o de ser como era antes de todo aquele sentimento de insuficiência. Em um piscar de olhos estava diante do seu ateliê, a casa onde vivia e se escondia da mídia, mentindo sobre a verdade do seu sumiço repentino.


Aproveitando aquele dia chuvoso ele se escondeu novamente, fugindo em meio aos lençóis de si mesmo e do medo que tinha de nunca mais conseguir pintar. Fugia mais de si do que dos milhares de fãs que aguardavam uma resposta positiva nos meios de comunicação da época.


Ele fugia porque ficar não estava servindo de solução, não o ajudava a consertar os erros do passado e sentir amor pelo que fazia. TaeHyung necessitava de uma inspiração, ou viver continuaria sendo apenas uma tortura para a sua alma de artista.


1986, quatro dias depois


As peças de roupas eram colocadas com delicadeza dentro da mala, todas organizadas e contadas de acordo com o período que passaria durante a viagem.


Não estava muito animado em ter que sair do conforto do seu lar para seguir navegando, todavia, sabia que o melhor era espairecer em momentos como aquele. Necessitava de inspiração e iria conseguir, acreditava um pouquinho nisso por causa de seu quase despercebido sexto sentido.


Toda a bagagem estava completa. Os quadros haviam sido levados no dia anterior, só precisava levar seu equipamento de pintura e tudo estava feito, entretanto, a insegurança ainda residia dentro de TaeHyung, o medo de apenas fracassar como nas outras vezes sempre falava mais alto, pois toda a sua autoconfiança esvaiu de seu corpo depois da vigésima falha consecutiva.


Suspirou, sentindo sua cabeça começar a latejar e um incômodo surgir em sua garganta, causando a sensação rasgante acompanhada do revirar turbulento no estômago. Precisava se acalmar, distrair sua mente de qualquer negatividade, contudo, sempre parecia algo impossível.


A dor era difícil de conter, a decepção aumentando gradativamente e a visão ficando turva. Sentou-se rapidamente na cama, abraçando seu corpo enquanto apertava seus olhos com força, tentando respirar e inspirar devagar até tudo sumir e restar apenas ele, um Kim TaeHyung calmo e capaz de lidar com tudo o que surgisse em seu caminho.


Aos poucos todo aquele sentimento angustiante foi se esvaindo, restando apenas o Kim e suas malas prontas para a viagem. Pegou tudo o que precisava e saiu batendo as portas, lutando contra o incômodo ainda presente em seu peito, para enfim seguir seu caminho em direção ao navio.


A grandiosa embarcação podia ser avistada a alguns metros de distância, regada pelo luxo e os detalhes finos que não passaram despercebidos por seus olhos afiados. Aproximou-se ainda mais, avistando ao longe o casal Kim e um rapaz de aparência jovial, vestido em um simples terno preto e o olhar baixo.


— Bom dia, TaeHyung-ssi. — HyeJin cumprimentou o Kim com a mesma gentileza de sempre, esbanjando seu sorriso e a beleza de seu corpo no vestido que marcava sua cintura e escondia os seios fartos — É um prazer tê-lo em nosso passeio, espero que curta e divirta-se muito.


— Faço das palavras de minha esposa as minhas, senhor Kim. — NamJoon completou, em seguida.


— Acredito que a exposição será um ótimo atrativo aos convidados e, com toda certeza, também irei desfrutar de toda a viagem. — TaeHyung respondeu de forma gentil, mostrando um sorriso pequeno e singelo.


— Jeongguk, meu assistente, irá levá-lo até o seu quarto e em seguida mostrará a sala onde seus quadros estão expostos. — Apontou para o jovem rapaz ao seu lado, o garoto ergueu seu olhar em direção a TaeHyung e, por um breve momento, paralisou diante dele — O que precisar pode chamá-lo que ele irá servi-lo. Divirta-se! — Concluindo todo o seu discurso, despediu-se e junto a HyeJin e saíram do local para receber os demais.


O Jeon havia permanecido em silêncio até a saída do casal, podendo finalmente olhar para o Kim e seguir o protocolo ensaiado, decidido a cumprir suas ordens e servir de apoio ao ícone da arte moderna.


— Então, senhor Kim, podemos seguir o caminho para o seu aposento? — Virou-se rapidamente, esperando pela resposta afirmativa do mais velho.


— Claro. — TaeHyung ainda estava impressionado com a maneira séria que o rapaz agia, todavia acompanhou o Jeon durante todo o caminho que levava em direção ao seu quarto.


Durante o percurso fora guiado por Jeongguk, escutando-o apresentar e explicar sobre todos os cômodos e ajudá-lo a carregar as malas mais pesadas.


A voz de início rígida fora mudando com o tempo, de acordo com a maneira como foram acostumando-se um ao outro, já que teriam de conviver parcialmente juntos durante todo o percurso.


— E aqui está o seu quarto, senhor Kim. — Informou o rapaz ao parar em frente a porta azulada — O jantar será servido às dezenove em ponto, mas antes a festa de boas vindas começará às dezessete, sinta-se à vontade para participar. — Curvou-se para o mais velho, mostrando todo o seu respeito a ele


— Certo. — Acenou em afirmação, observando-o destravar a porta e entrar no recinto — Venha me buscar às dezoito horas e vinte minutos, sem atrasos.


— Como desejar, senhor. — Curvou-se novamente, concordando em silêncio com as exigências do homem.


— Obrigado, agora pode ir. — Colocou a mala sobre a cama e a abriu, começando a retirar as peças de roupas muito bem dobradas — Você tem o restante da tarde livre, acredito que seu chefe está ocupado com os demais preparativos.


— Exatamente. — Confirmou em um tom baixo — Se o senhor precisar de qualquer coisa basta tocar aquele sino, ele está conectado com a região da cozinha, onde sempre estou nas horas livres. Virei de imediato!


— Primeiramente, vamos remover os quesitos de formalidade entre nós. — TaeHyung virou de frente para o rapaz, aproximando-se dele para tentar mostrar sua sinceridade — Quero que me chame apenas de TaeHyung, já na frente dos outros pode utilizar os termos que lhe foram designados. — Sorriu pequeno, mostrando um pouco dos seus dentes certinhos — Vamos conviver a maior parte do tempo juntos, não quero que exista uma barreira entre nós.


As palavras sinceras e o olhar profundo que emanava dos olhos castanhos cor de mel, apenas comprovaram que existia muito mais em Kim TaeHyung do que as pessoas imaginavam. O homem, aparentemente, parecia ter perdido a sua própria essência, todavia ela ainda estava presente no brilho que iluminava seu doce olhar.


— Como desejar, TaeHyung-ssi. — Jeongguk repetiu o ato do mais velho, sorrindo da mesma maneira, mas que permitia que seus dentes salientes ficassem mais a vista, encantando o Kim.


Despediram-se em seguida, aproveitando aquela sensação aquecedora que ainda permaneceu em ambos.


TaeHyung passou o restante do dia organizando o quarto da sua maneira, guardando todas as suas roupas no velho baú, em seguida retirou os utensílios do quarto que não o agradavam, trocando-os por objetos de aparência vibrante e que lembravam a sua maneira artística.


Sempre fora amante das cores, mesmo que por um momento elas ainda estejam em falta na sua vida, mas logo voltariam e com ainda mais intensidade.


[.🎨.]


Eram dezoito horas em ponto.


TaeHyung encontrava-se totalmente vestido para a ocasião, entretanto, ainda existia alguns detalhes que deixavam óbvio seu estilo.


Daqui a exatamente vinte minutos Jeongguk estaria em sua porta, apenas para levá-lo e acompanhá-lo ao lugar onde estava ocorrendo sua exposição. Aguardou o tempo que faltava lendo um de seus livros poéticos favoritos, entretendo-se com as poesias ricas em detalhes e altamente motivadoras.


Quando o relógio marcava dezoito horas e vinte minutos, Jeongguk bateu em sua porta, como se estivesse ali esse tempo todo esperando o momento certo para sinalizar sua presença. Caminhou em direção a porta e a abriu para o rapaz, surpreendendo-se ainda mais com a beleza do Jeon.


Seus fios escuros como a noite estavam partidos ao meio, muito bem penteados. Vestia um terno parcialmente preto, deixando apenas a camisa de dentro na cor cinza para realçar a beleza da gravata borboleta em tom preto vibrante. Os olhos cor de ônix brilhavam intensamente, tão forte quanto a luz das estrelas. Jeongguk era belo até mesmo nos mínimos detalhes.


— Espero não ter atrasado, TaeHyung-ssi. — Disse, estampando em seu rosto um sorriso ladino carregado de uma mistura de nervosismo e divertimento.


— Pelo contrário, mais pontual impossível. — Respondeu no mesmo tom, deixando que um sorriso fechado surgisse nos seus lábios cor de pêssego — Vamos?


— Como desejar, senhor.


TaeHyung trancou a porta e partiu ao lado do rapaz, andando no mesmo ritmo e deixando o silêncio confortável os acompanhar durante todo o percurso.


A noite estava em uma profunda escuridão, quase não era possível ver o brilho das bolas de ar quente a bilhões de quilômetros. As nuvens negras indicam os sinais da chuva que estava por vir, revelando a instabilidade do clima em alto mar.


Chegando no lugar da exposição, TaeHyung apenas observou toda a turbulenta comoção de pessoas, todas animadas para ver de perto os seus quadros. Muitos flashes e luzes iluminavam suas telas, dando ainda mais visibilidade e encanto aos olhos dos demais.


— Chegamos, senhor. Aceita uma bebida? — Perguntou Jeongguk de forma educada.


— Aceito sim, Jeongguk.


— Então peço que aguarde um pouco, irei trazê-la. — Dito isso o Jeon desapareceu em meio a multidão, evaporando como fumaça.


TaeHyung decidiu procurar um lugar tranquilo onde pudesse assistir tudo de longe, sem envolver-se realmente com o lugar.


Para o Kim, a forma como as pessoas enxergavam a arte deveria ser profunda, quase como uma conexão com o quadro ou escultura exposta, em uma conversa silenciosa e pessoal. Ele permite isso aos seus admiradores, todo o clima de concentração sem focar no artista por trás dos quadros.


Alguns minutos haviam se passado, logo Jeongguk apareceu com a bebida em mãos entregando a TaeHyung, sentando-se ao seu lado em seguida.


— Senhor Kim, por qual motivo não está lá, ao lado de suas obras e posando junto a elas? — perguntou Jeongguk, curioso com toda a peculiaridade do mais velho.


Ao ouvir a pergunta do rapaz, TaeHyung riu baixo, achando divertida toda a curiosidade do Jeon.


— Simples, Jeongguk, gosto de permitir que meus seguidores admirem a obra em si e não a pessoa por trás delas. É a melhor forma para permiti-los conversar e interagir de todas as maneiras com elas, em uma conexão profunda e marcante. — Respondeu o Kim, bebericando o líquido devagar, saboreando o gosto adocicado e levemente ardoso da bebida.


— Como podemos conversar com uma obra de arte? — O Jeon perguntou novamente, franzindo a testa de uma maneira engraçada.


— Mentalmente. Você a olha e tenta entender o que o artista quis dizer, desvendando seus mistérios e procurando alguma semelhança consigo ou alguém que conhece. — Respondeu TaeHyung, fixando suas orbes âmbares no garoto de olhos escuros como os de uma ônix — Você conhecer a si mesmo é a melhor forma de entender a arte, além de desvendar um pouco o mundo que muitos pensam ser complexo.


Jeongguk deixou-se prender naquela troca de olhares intensa, absorvendo as palavras poderosas e explicativas de TaeHyung. A arte era realmente um mistério para si, contudo, conhecendo o Kim ele ia descobrir uma vontade imensa de entender mais daquele mundo fascinante.


Queria ler e reler as obras de TaeHyung para compreender a intensidade presente nelas, mas principalmente do homem que as criou.


[.🎨.]


Era o segundo dia de viagem.


TaeHyung foi acordado pela luminosidade dos raios solares que refletiam na janela, iluminando seu rosto delicado e bem delineado. Pela primeira vez em muito tempo estava se sentindo bem ao acordar, uma pontinha de esperança crescendo dentro de si.


Levantou-se em destino ao banheiro, realizando sua higiene diária e, após estar vestido adequadamente, tocou pela primeira vez o sino. Tinha como objetivo conhecer mais sobre o navio, mas para isso precisava estar bem alimentado e ter seu guia a disposição para mostrar-lhe os lugares com mais calma.


O tempo parecia demorar a passar em momentos de espera silenciosa como aquele, contudo, logo o bater da porta se fez presente.


— Pode entrar.


Jeongguk abriu a porta devagar, empurrando o carrinho para dentro e o posicionando próximo do Kim. Levou seus olhos em direção a ele, sentindo um formigamento estranho surgir em seu peito ao observar a imagem privilegiada do homem sendo iluminado pela luz solar, o vento balançando seus fios castanhos.


A expressão distraída coloria o belo rosto de TaeHyung. A aparência sempre impecável como no dia anterior fazia um belo contraste com o seu porte físico, realçando a beleza natural do seu corpo.


A beleza de Kim TaeHyung talvez nunca pudesse ser pintada em um quadro, pois era algo único seu e nenhum artista era digno de realizar tal feito.


Jeongguk-ssi? — A voz rouca chamou por si, buscando a atenção do moreno de outra forma, querendo despertá-lo de seu transe.


S-Senhor Kim... — seu timbre estava vacilante, as bochechas corando por se dar conta de que tinha sido descoberto — D-Desculpe-me, senhor Kim! Não é o que está p-pensando! — Tentou explicar-se de uma forma menos desesperada, todavia não havia dado certo.


Oh... — levou sua destra em direção ao queixo, coçando-o enquanto pensava no que poderia dizer ao Jeon — Bom, eu não estava pensando nada, apenas fiquei preocupado já que não estava me respondendo. Está tudo bem mesmo, Jeongguk-ssi?


— E-Está sim, senhor Kim! – Sorriu de maneira forçada devido ao seu nervosismo.


— Por favor, já disse para não me chamar com tanta formalidade quando estivermos a sós! — Alertou em tom de repreensão, em seguida rindo para amenizar o clima — Sinto-me um velho quando me chama dessa forma.


E, por um breve momento, toda a tensão e o nervosismo desapareceram e a risada libertadora surgiu, tomando o lugar de qualquer frustração devido à situação anterior. TaeHyung era realmente um homem interessante, sempre ajudando-o de alguma forma. Se sentiu em paz ao lado dele.


— TaeHyung-ssi, você é realmente engraçado, não? — Perguntou retoricamente, rindo em demasia.


— Depende do ponto de vista. — Coçou a nuca envergonhado, nunca alguém havia lhe dito com sinceridade que era engraçado, pois em sua maioria as palavras gentis direcionadas a si eram mentirosas.


— Compreendo — sua resposta acabou sendo apenas um sussurro baixo, pois a forma como o Kim parecia lembrar de algo ruim o entristecia — seu café está servido, é melhor alimentar-se logo.


— Tem razão. — Sorriu doce, caminhando em direção ao carrinho e o puxando para perto da cama, sentando-se para comer — Coma comigo, Jeongguk.


— Não precisa se preocupar, já me alimentei. – Explicou, apesar de sentir que não deveria ter dito isso.


Ah... – engoliu em seco, sua expressão alegre mudando da água pro vinho — Desculpe-me, apenas não queria comer sozinho.


Ouvir aquelas palavras saindo da boca de TaeHyung eram a prova concreta, não deveria ter soado daquela forma e recusado o pedido do Kim. Desde o princípio percebeu que ele é um homem solitário, mas a mudança de sua expressão e a voz insegura mexeram consigo. Naquele momento sentiu que precisava ajudá-lo de alguma forma, por isso voltou atrás e optou por seguir a orientação de seu coração.


— Não precisa se desculpar, TaeHyung-ssi! – Assustou o homem de semblante tristonho, sua voz ecoando profundamente em sua alma — Não quero que se desculpe, eu não deveria ter dito aquilo e não é incomodo algum comer com você, pelo contrário, é um prazer. – E pela primeira vez deixou que seu belo sorriso aparecesse, colorindo ainda mais a vida de TaeHyung.


Novamente aquela conexão havia se formado. A troca intensa de olhares transmitia uma cachoeira de sensações e sentimentos desconhecidos. Os sorrisos agora coloriam ambos, dando ainda mais cores aquele clima perfeito.


— Vamos comer? – O sorriso retangular sugeriu estonteante, tocando o Jeon profundamente, que acabou concordando de imediato.


O café da manhã fora desfrutado com muito prazer, os paladares satisfeitos e a proximidade entre ambos crescendo gradativamente. Eles estavam criando confiança um no outro, os laços começando a se formar e envolvê-los naquela teia criada pelo destino.


[.🎨.]


O restante do segundo dia fora regado a risadas. Eles haviam participado de brincadeiras, nos jogos perspicazes de apostas e desfrutaram de um delicioso jantar ao som do violino.


Estavam exaustos, todavia os corações ardentes fortaleceram os corpos que descansavam nas grades do bombordo.


— É a segunda noite e mais uma vez as estrelas não aparecem com intensidade, tudo está nublado e não consigo identificar o horizonte. – disse Jeongguk, observando o oceano e o céu escurecido.


— Parece uma ironia. – Respondeu TaeHyung, apoiando o antebraço na grade e apoiando o rosto na canhota — Talvez o céu esteja dizendo-lhe como me sinto por dentro: vazio e perdido na minha própria escuridão.


Jeongguk o olhou de imediato, surpreso pela declaração aberta do Kim, pois não imaginava que ele se abriria tão facilmente. Seus olhos ameaçaram marejar, seu coração entendendo a dor de TaeHyung mesmo que não a conhecesse de fato. Necessitava fazer algo para ajudar o mais velho, não poderia assistir tudo calado e fingir estar alheio a situação.


— Sabe, TaeHyung – começou, chamando a atenção do mais velho — a vida é como os quadros que pinta, muitas vezes bela e outras vezes densa e escura, contudo, não podemos deixar que a nossa essência apague facilmente, pois a chama da esperança ainda existe mesmo que fragilizada. – Virou-se de frente para ele, vendo-o fazer o mesmo, tentando acompanhar o seu raciocínio — Ela existe dentro de você, a sua essência nunca te abandonou. – Levou o indicador para o peito do homem, tocando-o delicadamente e demonstrando a veracidade de suas palavras.


O olhar do Kim se perdeu nos olhos do Jeon, o brilho intenso e mais incandescente que uma estrela, como se carregasse todo o universo em seu olhar. Os pares ônix encontraram os âmbares, permitindo que a conexão novamente fosse realizada com sucesso.


— Obrigado, Jeonggukie. — Levou sua destra em direção ao indicador do Jeon, segurando-o ali e permitindo que aquela sensação boa permanecesse no ambiente.


Mais um passo tinha sido dado, a proximidade crescendo gradativamente e os corações estavam saltitantes em alegria. Era o início, de fato.


[.🎨.]


Durante o terceiro e o quarto dia eles não puderam se ver, pois Jeongguk tinha que realizar os preparativos para o baile que ocorreria no penúltimo dia de viagem.


Enquanto isso TaeHyung estava perdido em pensamentos, a mente tão confusa quanto os seus sentimentos, tudo girando dentro de um redemoinho que aumentava gradativamente.


Seu olhar se perdia na bela visão do mar sendo iluminado pelos raios solares, todavia, apenas uma imagem surgia em seus pensamentos, para ser mais exato uma pessoa em especial, Jeon Jeongguk.


O Kim estava revivendo tudo o que foi dito pelo rapaz no segundo dia, sentindo o coração tornar-se mais leve com a declaração. Um sorriso espontâneo pintou seus lábios sem que percebesse, aquela sensação nostálgica de quando coloria seus quadros voltando aos poucos junto a bela imagem do Jeon.


Seus olhos se fecharam delicadamente, a brisa acolhedora do mar e o calor do sol o acolhendo em um abraço fraterno. As palavras de Jeongguk ecoando em sua mente, os olhos ônix brilhando intensamente e o sorriso fofo com dentes salientes, que lembravam um coelhinho.


Naquele instante a vontade de pintar o consumiu. Precisava pintar, mas não qualquer coisa ou pessoa como sempre fazia, necessitava pintar Jeongguk por inteiro, cada traço perceptível e escondido que houvesse no rapaz.


Abriu os olhos lentamente, o sorriso retangular largo e verdadeiro, tão brilhante e aquecedor como o sol. Afastou ainda mais as persianas e deixou que o astro rei iluminasse o lugar e servisse como influência para a obra de arte que estava prestes a pintar: sua própria musa.


Buscou pelos quadros novos que havia trazido consigo, posicionando um deles no pedestal, em seguida procurou pela maleta cheia de tintas e pincéis, as colocou em um banco ao lado do quadro e começou a colorir a tela da sua forma.


Pela primeira vez em anos estava expressando novamente sua arte, expondo seus sentimentos que serviram como influência para afastar seus medos e o inspirarem novamente.


Jeongguk poderia não ter a mínima consciência disso, mas estava ajudando TaeHyung a recomeçar, dando-lhe de presente novos olhos para que enxergasse mais uma vez um mundo completamente diferente, algo que libertava sua imaginação e aprofundava a sua arte particular de valorizar as pequenas e grandes coisas da vida, que em sua maioria passam despercebidas por nossos olhos, uma delas é a verdadeira essência do sentimento mais puro e que muitos aparentam terem esquecido, o amor.


Jeongguk era a sua definição de verdadeiro amor.


[.🎨.]


Era o quinto dia, Jeongguk estava ocupado organizando todo o cardápio que seria servido no cruzeiro na noite seguinte. NamJoon havia lhe ordenado que todos os preparativos fossem feitos com precisão, principalmente porque iriam utilizar os quadros de TaeHyung como parte da "decoração" do ambiente, valorizando ainda mais as obras do tão renomado pintor.


Poderia estar totalmente atarefado durante esses três dias, contudo, não deixava de cuidar do Kim como lhe tinha sido solicitado pelo seu chefe. Em silêncio ele mandava entregar as refeições do mais velho em seu quarto, sempre mandando uma flor diferente que conseguia pegar escondido dos ornamentos para o baile.


Confessava mentalmente que sentia falta do homem, de suas palavras sábias e do sorriso sincero que lhe fora mostrado poucas vezes. O calor das mãos de TaeHyung ainda era nítido em sua pele, os seus batimentos acelerados e a troca intensa de olhares não saía da sua cabeça, infelizmente o Kim estava cercando os seus pensamentos e o fazendo refém de algo totalmente novo para si.


Suspirou, parando por um breve instante para descansar seu corpo e a sua mente, esta que sempre o torturava com a bela imagem de TaeHyung.


— Eu preciso tirá-lo da minha cabeça. – Comentou em tom baixo, sendo surpreendido em seguida pela voz melodiosa de Jimin.


— De quem o senhor está falando? – Cutucou o rapaz com os ombros, tentando arrancar alguma resposta clara — Não creio que está de namorico com algum rapaz daqui, como o senhor é rápido em, Jeonggukie-ssi!


O rosto do mais novo começou a ganhar um tom forte de vermelho, as bochechas ardiam e os olhos esbugalhados lhe entregavam com força.


— P-Pare de dizer bobagens, Jimin-ssi! Vim aqui a trabalho, como o senhor bem sabe, não posso me dar ao d-desfrute de algo assim. – Abaixou a cabeça tentando esconder tamanha vergonha que sentia, seu rosto esquentando cada vez mais, parecia que iria explodir a qualquer instante.


— Como se suas palavras vacilantes servissem de álibi. – Balançou a cabeça em negação, cruzando os braços e sorrindo largo para o Jeon — Deixa eu adivinhar quem é o felizardo... – levou a destra ao queixo e começou a pensar, quando chegou na resposta que queria, prosseguiu — Kim TaeHyung!


Jeongguk engoliu em seco, assustado com a forma escandalosa que o Park pronunciou o nome do Kim. Levantou-se com pressa e levou ambas as mãos em direção a boca do mais velho, tampando-a antes que permanecesse dizer algo a mais que pudesse lhe comprometer.


— Está maluco? Não quero que ninguém saiba disso, em especial ele! – Sua expressão era séria, tinha medo de perder a amizade que havia construído com TaeHyung.


Jimin colocou suas mãos por cima das do Jeon, tirando-as dali e liberando sua boca para falar, não poderia deixar que o rapaz continuasse se escondendo daquela forma.


— Jeongguk, você nunca mais se apaixonou depois que terminou com o Yoongi. Sei bem o quão difícil foi para você se afastar por medo do que seus pais diriam naquela época, mas já passaram anos e a vida está te entregando a oportunidade perfeita para recomeçar, não desista sem nem ao menos ter tentado. – Pegou as mãos livres de Jeongguk e as apertou carinhosamente, tentando transmitir ainda mais intensidade junto às suas palavras.


O Jeon havia ficado pensativo, o medo da repreensão e da ilusão o assombrando, pois sabia bem que amar um homem naquela época era algo difícil e sempre vista com maus olhos. Infelizmente eram assim que as coisas funcionavam, todavia Jimin estava certo, ele não poderia desistir sem ao menos ter tentado.


Sorriu fraco por fim, dando alívio ao Park que sorriu largo. Optaram por prosseguir com todo o trabalho com os detalhes finais do baile, deixando para resolver o que realmente importava no dia seguinte.


[.🎨.]


O sexto dia havia finalmente chegado. Faltavam duas horas para o início do baile, e mais uma vez TaeHyung ainda não tinha visto Jeongguk.


O quadro do rapaz estava pronto, depois dele o Kim ainda pintou mais dois que lembravam os momentos em que esteve a sós com o Jeon.


O terno estava jogado sobre a cama larga e macia, a janela permanecia aberta e TaeHyung continuava a fitar a porta com certa esperança em ver o rapaz. Estava com medo de ir a festa, confessava, pois não sabia como ele reagiria ao saber que fora pintado de forma sentimental por outro homem.


O medo da rejeição era o de menos, pois TaeHyung temia a reação do rapaz, a forma como ele poderia tratá-lo e o que pensaria de si, já que não existe algo mais doloroso do que ser odiado pela pessoa que ama.


Jogou-se na cama, ficando por cima do terno sem se importar em amassar todo o seu paletó. Apertou os olhos tentando liberar toda aquela pressão que estava colocando sobre si, lamentando por algo que nem sequer havia acontecido.


Estava prestes a desistir de comparecer a festa, mesmo que HyeJin tenha vindo pessoalmente convidá-lo para o evento, ainda sim se sentia desmotivado e com medo de enfrentar Jeongguk.


Sentia falta do rapaz, de fato, todavia ainda era difícil agir e se aproximar do outro, chamando-o para vir em seu quarto e ver com seus próprios olhos a pintura que TaeHyung havia feito de si.


— Com certeza irá me odiar...


Dito isso, uma leve batida soou em sua porta, assustando-o e fazendo-o temer pelo que tanto esperava. Tinha breve consciência de que poderia ser Jeongguk, mas ao mesmo tempo desejava que fosse outra pessoa, pois não sabia o que dizer ao rapaz depois desses longos três dias.


A batida soou um pouco mais forte e TaeHyung se viu encurralado, buscando por coragem e andando em direção a porta.


— S-Sim? – A voz rouca soou vacilante, temerosa demais.


— T-TaeHyung-ssi. – Jeongguk, que estava do outro lado, chamou por si, a frase saindo gaguejada por escutar a do Kim depois de tanto tempo.


— J-Jeongguk – murmurou baixo, quase não sendo ouvido pelo rapaz.


— Poderia abrir a porta? Gostaria de falar com o senhor. – As mãos apertavam uma a outra, o nervosismo presente em sua voz e nos seus atos.


— C-Claro. — TaeHyung não estava diferente de si, ambos nervosos e inseguros com o que poderia acontecer no momento seguinte, o que deveriam dizer e como agir.


Abriu a porta, liberando a passagem para o mais novo que entrou de mansinho, fitando o rosto do mais velho, fechou a porta atrás de si e encostou na mesma.


— Primeiramente quero me desculpar por esses três dias, como deve saber estava ocupado com os preparativos para o baile de hoje. – Fitou a expressão confusa de TaeHyung com intensidade, torcendo para que ele não ficasse bravo consigo.


— Não tem porque se desculpar, você veio a trabalho e eu somente estava dando trabalho, de toda forma. – Coçou a nuca nervoso, sentindo a força intensa do olhar do Jeon em si.


Não conhecia olhar para o rapaz com clareza, optando por virar de costas, mesmo que soubesse grosseiro para o mais novo. TaeHyung estava vacilante, depois de tanto tempo, podia fitar o belo e delicado rosto de Jeongguk, mas mesmo assim o medo o atingia.


— Existe algo a mais que precisa me contar? – Perguntou incerto, buscando a coragem para voltar a olhar Jeongguk.


— Não- quer dizer, tem sim. – Soltou o ar fracamente, buscando por forças para poder dizer o que sentia, entretanto, não resistiu e decidiu pedir em silêncio para que o mais velho o olhasse, não queria expressar seus sentimentos sem poder ficar as belas orbes âmbares de TaeHyung.


— O que seria? – Incentivou, acatando o pedido silencioso contra a sua vontade, podendo ditar com intensidade as orbes ônix do Jeon, esperando pela sua resposta.


Jeongguk apertou os olhos com força e ao tornar a abri-los, fitou os olhos intensos mais uma vez, um turbilhão de sentimentos lhe atingindo com força, observando-o fazer o mesmo, em uma troca longa de olhares silenciosos e apaixonados.


— Vim aqui para te dizer algo sério, talvez possa me odiar e não queira mais olhar nos meus olhos novamente, mesmo assim preciso dizer. – Engoliu em seco, analisando a expressão temerosa de TaeHyung que se igualava a sua, pois estavam na mesma situação.


— Não importa o que diga jamais odiarei você, pois foi graças a ti que consegui recuperar a minha inspiração. Jamais iria te odiar, Jeongguk-ssi. – A sinceridade de suas palavras foram transmitidas junto a verdade pintada nos olhos cor de mel.


O Jeon estava inseguro, mas ouvir que não iria ser odiado serviu como combustível para dizer com clareza o que precisava falar desde o início.


Gosto de você, TaeHyung. – Os olhos ônix fitaram os âmbares com intensidade, analisando cada expressão do rapaz, para em seguida prosseguir — Eu o amo. Amo os seus lindos olhos cor de mel, as suas pintas, o tom amorenado da sua pele, a sua voz grossa e ao mesmo tempo suave. – Aproximou-se devagar, ainda analisando a expressão de surpresa que ganhava vida no Kim — Sou um completo fã dos seus quadros, da forma como enxerga o mundo e da sua filosofia. O amo por inteiro, dos seus defeitos que pretendo conhecer até as suas qualidades que me surpreendem cada vez mais. Eu somente o amo, mesmo que seja cedo demais para dizer algo assim.


TaeHyung permaneceu em silêncio, a surpresa dominando todo o seu corpo assim como a sensação maravilhosa da felicidade. Saiu de seu transe e abraçou Jeongguk, afundando seu rosto no pescoço alheio e sendo abraçado na mesma intensidade.


Permaneceram na mesma posição por algum tempo, prisioneiros de algo novo e forte o suficiente para deixá-los estáticos. As mãos foram escorregando pelos corpos lentamente, encontrando-se e entrelaçando uma na outra. Os rostos afastaram-se o suficiente para fitarem um ao outro e sorrirem bobos, os corações batendo no mesmo ritmo e o clima gostoso cercando todo aquele quarto.


Eu te amo. Amo cada pintinha existente no teu corpo, amo o seu sorriso que sempre lembra-me um coelhinho. Sou completamente apaixonado pela sua essência, pelas cores vibrantes que emanam de você e vão pintando cada parte do meu corpo. – Fez uma pequena pausa, levando a mão livre em direção ao rosto do rapaz, acariciando os lábios e as bochechas macias — Amo a sua voz doce, tenho certeza que um canto seu é capaz de me seduzir em instantes, assim como você. Não existe nada em ti que eu não possa amar e adorar, você é o meu templo e eu sou um mero servo prestes a te adorar e pintar ao mundo seus encantos e desencantos. Obrigado por me amar, Jeonggukie.


— Obrigado por me amar, TaeHyungie.


Aproximaram os rostos com delicadeza, encostando os narizes e fazendo breves carícias. TaeHyung deslizou o seu nariz pelas bochechas gordinhas, desceu para o pescoço alheio e voltou para selar rapidamente a boquinha rosada do Jeon.


Fitaram-se com delicadeza, aproximaram-se novamente aos poucos e entregaram-se de corpo e alma um ao outro. Os lábios acariciavam um ao outro com precisão, levando o tempo que necessitavam para se conectarem aos poucos.


Afastaram-se novamente e caminharam em direção aos quadros, TaeHyung estava disposto a mostrar ao rapaz o que havia feito e assim fez.


— Você é a minha musa, graças a você consegui voltar a pintar e nada mais especial do que colori-lo por inteiro. – Puxou o lençol e mostrou ao rapaz a bela imagem de si, a natureza o cercando e fazendo parte do Jeon, como se Jeongguk fosse uma só junção do planeta e de suas maravilhas.


O Jeon estava emocionado, as lágrimas acabaram cedendo ao momento e escorreram lentamente. Abraçou TaeHyung com força, afundando o rosto em seu peito e murmurando palavras de agradecimento.


Em toda a sua vida Jeongguk jamais imaginou que seria pintado de uma forma tão bela, retratando algo profundo e subentendido com clareza, pois presente naquele quadro estavam os sentimentos de TaeHyung, a forma como ele o enxergava e como gostaria que os outros fizessem.


— Obrigado por tudo, você é especial demais, não me sinto digno de tanto amor. – Enxugou as lágrimas com a manga da blusa, sentindo em seguida as mãos quentes e firmes do Kim tocarem seu queixo, o erguendo para olhá-lo.


Sabe Jeongguk, não importa quantas vezes eu pare e reflita, você ainda sim será a mais bela musa, a razão da minha vida, a mais brilhante e esplendorosa constelação que esse mundo já viu. — Aproximou-se ainda mais do rapaz, acariciando seu rosto com delicadeza e em seguida depositando um breve selar em sua bochecha, prosseguindo em seguida — Deixe-me desfrutar da sua alma e do seu coração... permita-me embebedar-me dos teus doces lábios e perder-me no brilho dos teus olhos. Apenas liberte-me desta angústia e leve-me ao novo mundo, ao seu mundo, Gukkie...


Sem demora todo o seu clamor foi atendido com sucesso, podendo enfim deixar seus lábios tocarem os do Jeon, seu corpo abraçar e acariciar o outro e sua alma conectar-se numa ligação sem fim com a de Jeongguk. Imortalizando toda aquela paixão ardente, aquele desejo abrasante e irreversível que sentiam um pelo outro.


Naquele pequeno quarto eles profetizaram seu amor, declarando palavras doces um ao outro, deslizando os corpos que entraram em sincronia aos poucos em um vai e vem delicioso, como se no mundo só existisse os dois.


Mais tarde eles puderam se encontrar novamente no baile, onde TaeHyung conseguiu se emocionar ao ver suas obras enfeitando a festa e o sorriso estonteante de Jeongguk o hipnotizando com avidez.


Conseguiram fugir das centenas de pessoas e buscaram por um lugar onde pudessem estar a sós, revivendo as horas atrás que viveram e sentiram na pele o amor que sentem um pelo outro.


TaeHyung estava escorado na escadaria que levava a cabine do navio, abraçado ao Jeon enquanto podiam vislumbrar a beleza das estrelas.


— Sabe TaeHyung, não me arrependo de nada do que disse ou fiz junto a você. – Começou Jeongguk, a visão perdida na imensidão do mar — Foram os dias mais especiais de toda a minha vida, como se tivéssemos vivido anos junto um do outro. Realmente não me arrependo de amar você.


TaeHyung o abraçou com mais força, sorrindo sem que o outro pudesse ver mas sentisse.


Jeongguk, se as estrelas tivessem o brilho dos seus olhos, eu passaria noites em claro só admirando o céu. – Disse de uma vez, fazendo o Jeon sorrir envergonhado, o coração batendo forte contra a caixa torácica e as bochechas ardendo pela vergonha — Você é e sempre será o meu céu particular, mon amour.


— E você sempre será a minha lua e o meu sol, pois não posso viver sem você assim como o céu não é ele sem os astros que representam o dia e a noite, a luz e as trevas. – Virou para o rapaz e o beijou, entregando-se novamente aquele que o fazia feliz e é a razão dos seus dias se tornarem especiais.


A noite fora encerrada com os corpos juntos para aquecerem do frio, aproveitando a bela visão que estavam tendo pela última vez, mas o amor que sentiam iria ser regado para tornar-se ainda mais forte e vencer quaisquer desafios que a vida colocasse em seus caminhos. Pois foi nos braços um do outro que encontraram a felicidade e a inspiração para um mundo melhor, regado pelo mais puro e sincero amor.


*Notas Finais*


Primeiramente eu gostaria de agradecer a @taebymin pela belíssima capa, eu realmente estou apaixonada por cada mínimo detalhe dela, muito obrigada de verdade 💜💖💜💖💜


Também agradeço a @pagodinho que me doou a capa do spirit e graças a ela consegui escrever essa one que foi totalmente inspirada na sua arte 💞💖💞💖


Espero que tenham gostado meus amores 🥺


O amor dos taekook sendo retratado na arte não tem preço!


Twitter: @stephy_lilian

CuriousCat:
https://curiouscat.me/stephy_lilian


Nos encontramos em uma próxima história 💞

7 мая 2020 г. 22:49 0 Отчет Добавить Подписаться
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Ageha Sakura >> why do you still wishing to fly? >> taekook is a cute world sope ; bwoo ; kaisoo ; markson ; hyudawn twitter: @stephy_lilian [Ficwriter]

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