milation_ camila :)

Porque era assim que Sehun se sentia, carregando dentro de si todos os males do mundo, principalmente os desejos que o consumiam de que Chanyeol não lhe fosse tão indiferente. [ ChanHun | Angst | Sehun!Centric ]


Фанфикшн Группы / Singers 18+.

#exo #chanhun #Exo-SC
Короткий рассказ
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It’s hard for me to say.

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Evito encara-lo de propósito.


Observo seus coturnos negros e gastos à distância, pensando aleatoriamente sobre como eles parecem ecoar pelo assoalho da universidade como se anunciasse a todos sua aproximação conforme avança pelo refeitório. O efeito era instantâneo. As garotas ajeitavam os cabelos, jogando as madeixas sobre os ombros, deixando que os fios – que variavam de cor conforme a proprietária – tivesse um caimento melhor e realçasse suas belezas, tudo isso sob os olhares tortos e repletos de desagrados dos homens, alguns se atrevendo a bufar e revirar os olhos de insatisfação pelo alarde e repercussão que aquele indivíduo do mesmo sexo causava no sexo oposto.


Você, como sempre, indiferente a este último detalhe, limitando-se a abrir seu sorriso alvo e charmoso enquanto seus olhos castanhos vagam despreocupada e desinteressadamente por todos os presentes. Inclusive por mim.


Um sorriso repleto de escárnio entorta meus lábios com sutileza e novamente sinto como se ácido corresse por minhas veias; é inevitável. Sinto-me transparente e a culpa é minha, por aceitar me submeter a esta situação. E mesmo ciente do grande espetáculo silencioso que encenamos para nossa nobre platéia acadêmica todas as manhãs – e ainda que eu tenha todas as minhas falas e trejeitos perfeitamente decorados –, nada se comparar ao seu talento natural para o papel que assumiu desde que nossos caminhos se cruzaram.


Tamborilo os dedos sobre a borda metálica da minha bandeja quase vazia e ouço parcialmente o que meus amigos dizem em meio a sua conversa animada, as vozes se elevando na atmosfera e se misturando a tantos outros discursos eloquentes que preenchem o ambiente amplo, enquanto esboço reações genéricas, imitando as expressões de alguns para forjar um envolvimento inexistente. É. Talvez eu não seja tão mau ator assim... Fingir se tornou meu passatempo favorito e meu tormento, afinal. Eu sou mesmo um merda de um masoquista, penso, volvendo meus olhos discretamente em sua direção.


Você está gargalhando de alguma piada babaca provavelmente entoada por alguns de seus amigos descolados, que assim como você, adoram desfilar por ai usando jeans manchados e rasgados nos joelhos, e regatas que permitem aos olhos de todos cobiçarem os braços torneados à mostra.


Eu sei; você adora ser desejado e ouvir os suspiros e flertes desenfreados das garotas em sua direção, mas o que eu realmente gostaria de saber é porque mesmo assim é a mim que você recorrer quando busca prazer. Sim, aquele prazer que apenas eu pareço ser capaz de lhe proporcionar, mesmo que eu não me sinta especial de forma alguma para você.


Indago-me o que essas "coisinhas bonitinhas que rebolam" pensariam caso soubessem que Park Chanyeol – o bonitão-macho-alfa-sex-simbol-guitarrista-gostoso-da-banda-de-rock-badalada-da-universidade – adora foder a boca do calouro do clube de ciências.


Não sou nem de perto tão popular quanto você. Arranco alguns suspiros vez e outra quando transito pelos corredores da universidade cada vez que troco de sala conforme as disciplinas que compõem os meus horários estudantis. Cheguei a dar alguns amassos e até mesmo transar com muitas delas até que a sua imagem passou impregnar meus pensamentos e fantasias sem autorização. E a culpa é toda minha novamente. Única e exclusivamente minha.


Sei que sou bonito e atraente, apesar do meu jeito quieto e observador, mas essa não foi uma das razões pelas quais você "me escolheu"? Porque eu sei guardar as coisas; desde segredos obscuros até desejos repugnantes. Sou uma verdadeira caixa de pandora humana e sei que isso lhe agrada. Apesar de não sermos sequer amigos ou colegas, ironicamente você confia em mim. Confia a mim sua vida social, sua reputação de pegador másculo, seus gemidos indecentes, seus orgasmos guturais, seu prazer ao me sentir em seu interior, subjugando-o, seja dentro de uma das cabines do banheiro masculino, seja no seu dormitório quando seu colega de quarto não está lá, seja onde for possível e, claro, onde não haja plateia.


Ainda assim, eu quero mais.


Quero que você me cumprimente todas às vezes que nos cruzemos, que nessas ocasiões eu tenha ao menos algum vestígio desse seu sorriso bonito só para mim. Seria pedir demais se você me encarasse nos olhos em outros momentos além daqueles em que estou ajoelhado a sua frente, tendo-o entre meus lábios e, ao mesmo tempo, tão distante do meu alcance?


Talvez eu seja mesmo ganancioso; desejar além daquilo que me foi ofertado, mesmo sabendo dos termos e linhas miúdas desse contrato disfuncional. Eu deveria estar satisfeito, mas não estou. Porque em algum momento no meio dessa relação bizarra que temos, seus toques atravessaram minha pele e acariciaram meu coração. E ele gostou da sensação inédita. Eu ainda gosto.


Meus olhos negros te observam mastigar distraidamente algumas batatas fritas de seu prato, os cotovelos apoiados sobre a mesa que você e outros três amigos ocupam, em seu lugar habitual, no lado oposto da entrada do refeitório.


Analiso seus braços flexionados, ressaltando os músculos definidos e a tatuagem que ostentas no antebraço direito enquanto você continua sorrindo e balbuciando algumas palavras para os demais, embora os olhos estejam fixos na tela de seu celular. Algo dentro de mim se revira e aquece assim que sinto meu próprio aparelho vibrar dentro de um dos bolsos frontais dos meus jeans. Suspiro, desviando o olhar para meus companheiros de mesa, ainda fingindo estar imerso no diálogo estabelecido, mas sorrateiramente guio minha mão esquerda naquela direção.


“Banheiro masculino em vinte minutos?”


Como podem cinco palavras feito essas me fazerem arrepiar dos pés a cabeça? Sei que não são as palavras em si, mas as promessas que cada uma delas esconde.


Não me atrevo a erguer o olhar em sua direção, ainda que a vontade seja imensa de encará-lo e, quem sabe, me deparar com seus olhos cor de chocolate se desfazendo sobre mim, mesmo eu sabendo o quão impossível isso é. Para todos os efeitos, a gente nunca se falou, não é? Posso saber a forma como você gosta que eu acaricie suas nádegas antes de embrenhá-las com meus dedos até a sua entrada, fazendo-o ofegar, mas não faço idéia de quais músicas preenchem seu iPod.


Sei exatamente em que tom e compasso devo gemer baixinho em seu ouvido, mas nunca tive o luxo de ouvir muita coisa além de "mais rápido!", "com força" ou "vai fundo" escaparem de sua boca grande e carnuda em minha direção. E justamente por saber o que me aguarda, ouso me inquietar e me permito até morder o lábio inferior num reflexo de excitação.


Sou mesmo um idiota.


– Vamos, Sehun-a? – ouço Kai me chamar enquanto ajeita os óculos sobre seu nariz reto e assinto com a cabeça, digitando uma resposta rápida em retorno à mensagem.


“Ok”.


Levanto-me e sigo ao lado de meus colegas, mas dessa vez converso brevemente com o jovem moreno com quem mais tenho afinidade naquele círculo de pessoas, e em poucos minutos alcançamos a sala de aula, onde tento ocupar meus pensamentos, ostentando um semblante calmo e impenetrável, tal como uma máscara de cera que sei que derreterá em menos de dez minutos, numa das cabines rabiscadas e apertadas.


Faltando dois minutos para que o prazo que me fora dado se esgote, ergo-me de meu assento e peço licença para me retirar, andando com uma calma que contrasta perfeitamente com os sons retumbantes do órgão em meu peito.


Como se eu tivesse cronometrado, chego ao local no momento exato. Apoio minhas costas em uma das paredes e dobro um dos joelhos, apoiando a sola de um de meus tênis - já meio surrados pelo uso constante - na parede de azulejos creme e encardidos, e enfio as mãos em meus bolsos para disfarçar o quão trêmulas estão.


Ouço seus coturnos ecoarem suavemente pela cautela com a qual você caminha até ali e ergo minha cabeça – até então voltada para o chão – apenas quando o vejo aparecer pela soleira da porta. Nossos olhares se conectam de imediato e me afasto da parede, enquanto você adentra o banheiro e fecha a porta, andando lentamente em minha direção enquanto recuo até uma das cabines mais afastadas; aquela que sempre nos acolhe em momentos como esse.


Não desvio o olhar e vou dando passos cegos para trás, até sentir a parede que encerra o cômodo em minhas costas. Você espalma as mãos aos lados da minha cabeça, me encurralando.


Seus olhos deslizam por meus cabelos escuros bem penteados, meus traços, alcançando a jaqueta de couro que costumo usar sempre que o clima permite, bem como a camiseta estampada quase oculta por baixo dela, até parar em meus jeans azuis, demorando-se um pouco mais no volume localizado entre minhas pernas e vejo-o deslizar a ponta da língua por seus lábios, num movimento hipnótico.


Então, guiando-me para a cabine, damos início ao nosso espetáculo particular, sem camuflagens, sem expressões ensaiadas, sem padrões sociais.


Somos apenas beijos molhados, línguas nervosas, mãos frenéticas, gemidos abafados e respirações ofegantes que se desfazem rapidamente em corpos arqueados, quadris ondulantes, choramingos desconexos, mordidas nos ombros, êxtase puro e quente, se derramando de ambos enquanto estremecemos, sem forças. E, tal como chegamos, ajeitamos nossas roupas, limpamos os vestígios do prazer recente e deixamos o banheiro separadamente; você primeiro e eu um pouco depois.


E, da mesma forma que cheguei ali, armazeno dentro de mim todas as inquietações e vontades abomináveis, encho-me de mais segredos e, no meio daquelas lembranças obscenas de nós dois, incluo também os sentimentos que parecem se entrelaçar em volta de mim, como ervas daninha a me sufocar. Encaro minha imagem no espelho e ignoro a dor impressa em minhas íris, checando minha aparência brevemente antes de voltar a desempenhar meu papel.


Afinal, o show tem que continuar.


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21 ноября 2019 г. 20:40 0 Отчет Добавить Подписаться
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