alarinrin Alarinrin .

Ben Solo é o Líder Supremo. A guerra com a Resistência, que dura há alguns anos, está prestes a chegar ao seu fim. Ben assiste seus inimigos lentamente serem derrotados. A vitória é inevitável. Nem Rey poderá detê-lo... mas ela deve ser vencida para que ele atinja plenamente seus objetivos. Nessa pequena história, vemos a trajetória de Ben a cumprir seu destino e ao conhecimento de quem ele realmente é. Esta é uma pequena história de poucos capítulos, o qual tem objetivo focar mais no psicológico de Ben Solo do que em acontecimentos. Aqui não há referências com os spoilers ou suposições da história do episódio IX.


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Por quase um segundo

"Pássaro negro, cantando na calada da noite

Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar

Durante sua vida toda

Você só estava esperando esse momento para decolar"

(Blackbird - Beatles - primeira estrofe)



Não havia como mais retornar.


As palavras silenciosas batiam em sua têmpora impiedosamente, enquanto retirava sua armadura negra. Sem retorno. Sem volta. Por que ainda esse pensamento...? Há muito tempo o caminho se fechara para ele. Há anos dera-lhe as costas em definitivo, quando o sabre verde de seu tio o tirou de um sono infestado de pesadelos... para apenas para trazê-lo para a realidade que, no fim, superou seus sonhos ruins.


Recordava-se vivamente daquele momento, o zumbido, a energia da lâmina esmeralda, a vibração de seu tio no prolongamento da arma de luz. Por um segundo, aquele onde os sonhos e a realidade se mesclam em um instante lento, fluido, mágico e não há como distingui-los, imaginara que seu mestre viera para salvá-lo da agonia.


E lá se encontrava ele, pronto para matá-lo.


Ele despertou para imergir em seu pior medo. Medo que os que o amavam desistissem de vez dele. Sim... porque, desde o momento no qual a consciência lhe veio, ainda muito criança, percebera nos olhos de sua família a desconfiança, a decepção e o temor por ele. O temor para com ele. O horror nele.


Vader.


A armadura caiu desconjuntada na cadeira perto de cama, como pele descartada da cobra. Parecia um ser vivo, embora aparentemente inanimado. Um ser que ele vestia, distinto e, paradoxalmente, ele mesmo. Sua segunda pele. Seu segundo eu.


Completamente nu agora, o reflexo sombrio das paredes espelhadas revelava aquele mesmo menino que odiava, agora transvestido em um corpanzil musculoso e magoado por constelações de cicatrizes. Cada uma contava exatamente sua história, desde os desastres de sua infância por um corpo já grande para um garoto. Desde as desventuras nas missões com seu tio, à procura de um ser maligno, ainda uma oculta ameaça a tremular na Força, que depois se revelou ser Snoke.


Desde seu primeiro encontro com ela. Desde a luta com ela. Desde a luta que travou com a guarda rubra, com ela. E desde seu último embate com ela.


Passou a gigantesca mão por sua cabeleira escura, exasperado diante da lembrança. Longos anos desde então. Longo tempo sem vê-la pessoalmente, muito embora, ocasionalmente, ela surgia através daquela estranha e inesperada conexão. Não compreendiam aquela ligação, porém aprenderam a controlá-la e os encontros ocorriam de tempos em tempos, ora com sua iniciativa, ora com a dela. Ela, com esperança de resgatá-lo. Ele, com desejo de trazê-lo para si. Haviam parado de se ver, pois nenhum arredava um milímetro de sua posição e o trato foi selado com silêncio.


E saudade.


A água do banho levou todo o suor nervoso colado em seu corpo, porém a sensação de peso, de cansaço, de dor jamais o abandonou. Não o incomodava quando ele mergulhava por completo no ódio de paixões frias de conquista da galáxia, da sua sede de poder ou dos cabelos sedosos de alguma amante. Quanto mais se afundava na raiva e na dor, menos sofria, pois o sofrimento se transmutava em vida e propósito. Oh, sim, Snoke lhe bem ensinara os caminhos sombrios... O ódio o confortava, envolvia seu coração, dava-lhe a paz soturna. No entanto, não conseguia abraçá-lo em sua totalidade por todo o tempo, pois, em algum momento, ele o sufocava com sua grandiosidade e poder, como se não fosse capaz de abarcá-lo em sua completude. E nesse precioso momento, onde o auge da escuridão parecia arrebatá-lo para a derrota, a tentação da luz.


A salvação da luz.


Ela vinha como uma ínfima chama, uma recordação fúlgida que esmorecia suas densas trevas. Uma memória sensorial guardada em seus porões na alma. Um sorriso torto e charmoso, chamando-o para a cumplicidade entre pai e filho. Um olhar castanho amoroso de reprimenda bem-humorada no semblante régio de sua mãe. O toque carinhoso do metal frio da mão de seu mestre em seu ombro após um fracasso. Aquele calor de vida... do dia-a-dia perdido em suas mais escondidas lembranças.


Aquele calor que Snoke jamais, em tempo algum, mesmo nos piores e tenebrosos treinamentos, conseguira arrancar dele. Imperfeito. Deficiente. Patético. A impaciência do Supremo Líder em ter um diamante negro que não brilhava na mais profunda negridão era seu açoite permanente quando Snoke era vivo. Odiava-o. Odiava-o por fazê-lo sofrer, por humilhá-lo. Odiava-o por ele, o Supremo Líder, não ser poderoso o bastante para transformá-lo. Odiava sua família por amá-lo e temê-lo.


Odiava a si mesmo.


E, nem assim, conseguiu se render de corpo e alma ao Lado Negro. E nem suportava as exigências da Luz. Em sombras, ora luminosas, ora mais enegrecidas. Apenas sombras. Ele era uma sombra. Um fantasma vivo sem encontrar seu lugar.


O meio do caminho era seu calvário até aquele presente, onde usurpara o trono e comandava toda a Galáxia. Pensou que a morte de seu pai o engradeceria. Imaginou que o assassinato de Snoke o fortaleceria e, por alguma onda escura, ele automaticamente pudesse finalmente ser o que desejava. Desejou que a passagem de Luke fosse seu aval para as trevas. Considerou que ser o Líder Supremo ratificaria sua sina. Mas, não. O vazio do nada ser aportou em sua alma e lá fez morada.


E havia Rey.


Rey


Jogou a toalha no chão de mármore negro e vestiu a calça comprida e folgada de dormir e uma camiseta, também escura. Com um menear de sua mão, as parcas luzes de seus aposentos diminuíram e as trevas absolutas o envolveram.


De súbito, uma luminosidade suave e etérea resgatou todo o ambiente da escuridão, uma onda de calor luminoso a afastar todo o frio da solidão.


Ben.


Era suave aquela voz. Tão doce... Fora mais doce no início, mas não perdera a ternura primordial, mesmo com a firmeza de um jedi agora a modulá-la. Mesmo com uma profunda tristeza a tonalizar o seu nome.


- Ben.


Ele se enrijeceu. A mão dela pousou mansamente em suas costas e um arrepio tomou todo o corpo dele, seu rosto se contorcendo de dor e de uma ânsia incontrolável. Um suspiro escapou de seus lábios. Ficou satisfeito de ela estar atrás de si, para que sua emoção não se revelasse. Como... como sentia falta dela!


- Isso é inútil. Por que veio? Ainda mente para si mesma sobre mim?


Glacial. Profunda. Aranhada. A voz dele ganhava contornos cortantes, mas não o suficiente para afastá-la.


- Não. Sei muito bem quem você é.


Melancolia. Dor. E aceitação. Ah...! Enfim, ela admitira... Diferente das vezes anteriores, quando procurava demovê-lo de suas pretensões. Quando procurava resgatá-lo para a luz. Satisfeito. Ela amadurecera, enfim. Rey desistira dele... como Luke. Doloroso... imaginava que ela jamais o deixaria para trás. Desejava que ela lutasse por ele até o fim, que fosse derrotada ainda com a crença que poderia redimi-lo. Irritou-se consigo. Patético. Ainda um garoto patético.


- Finalmente podemos ter uma conversa real, então. O que quer?


A mão dela ainda repousava em suas costas. Um tremor, um leve tremor.


- O sangue de suas mãos respinga em todos nós... até além da morte. Todos que você matou gritam. Eles continuam a sofrer. Não conseguem seguir adiante... não conseguiram se libertar da dor que você provocou neles. - respirou fundo - Não vou permitir mais que sofram. Nem eles, nem mais ninguém mais vai sofrer por sua causa.


Até eu? Vai impedir que eu sofra por mim mesmo?


Você vai deixar de sofrer por mim?


- Você tem esse sangue também, Rey. Tornou-se um mito para eles. Deu esperança para todos. e bilhões morreram por seu idealismo e ilusão. Eles são teus mortos também.


- Eles morreram pelo o que valia viver. - contraiu os lábios, tensa - São meus mortos, sim, porque eu compartilho da dor deles


Porque não consegue se libertar da dor que também te dei, minha Rey..


- E de que isso valeu para eles? - suspirou, seus olhos se perdendo na escuridão - Devia saber que não poderia me vencer. Eu não desejei isso.


- Não desejou isso? Como não desejou isso?!


- Impus ordem na galáxia.


- Você devastou a galáxia! Destruiu sistemas inteiros! Tirou vidas por uma estupidez. Por sua estupidez.


- A estupidez foi sua. Te chamei para governarmos juntos. Destruir tudo o que provocou esse caos há séculos e firmar um novo tempo. Mas você se apega a conceitos moralistas jedis!


- Importar-se com os outros é um moralismo?! Não acredito que esqueceu o que é amar o outro.


Esqueci por muito tempo, mas nunca deixei de sentir.


- Chame do que quiser. Seu suposto amor só trouxe a morte para eles. Se fosse da minha maneira, todos esses mortos que te assombram estariam vivos, sob a nossa proteção.


- Proteção contra quem? Contra você mesmo, Ben?


- Proteção contra eles mesmos. Proteção para todos! Para que não se destruam a todos. Muitos devem morrer para que todos vivam.


- Isso é insano. Isso é uma distorção sombria da vida. Não me diga que Snoke e o Imperador pensavam assim!


- Não me compare a eles.


- Você age como eles.


- O único propósito deles era o poder e reinar sobre o caos. O caos alimentava o poder deles. Acredita que queriam ordem absoluta? Que desejavam a paz, mesmo nos moldes deles? Não. Eles sempre desejaram a eterna guerra. Alimentava seu verdadeiro propósito.


A crueldade é um dos prazeres mais antigos dos seres. Você não entenderia. Ainda bem que nunca será capaz de entender.


- Snoke queria a morte de Luke. Queria destruir a esperança de lutar de todos. O que diz não tem sentido.


- Snoke tinha medo de meu tio. Ele nunca admitiria, claro, mas vi o desespero dele. - eu vi... ah, e como ele fez sofrer porque sabia que eu percebera sua franqueza! - Temia que Luke voltasse a ser o Jedi que um dia foi e o derrotasse.

Sua mão esquerda pegou suavemente a dela, que se encontra ainda em seu ombro direito. Ela não se esquivou.


- Eles matavam apenas por prazer e poder. – sussurrou ela lentamente – Você mata para que não haja mais mortes...?


- Exatamente.


- Desculpa sua violência com a intenção de promover um bem. E acredita que age para fazer o melhor para todos... - ela balançou a cabeça, estarrecida.


Monstro.


Isso mesmo. Você descobriu muito cedo o que sou e depois se iludiu. Você sempre soube... e agora não pode mais se enganar.


- Você matou seu pai... por quê, Ben? Por quê?


Não queria responder isso a ela. Não queria responder isso a si mesmo.Nunca quis.Trincou os dentes com tanta força que sentiu a mandíbula estalar.


- Você quis matar Luke. - prosseguiu ela diante de seu silêncio.


Isso era menos difícil... embora nem um pouco menos doloroso. Apenas... diferente. Havia uma razão que abrandava seu sofrimento, muito embora reluzisse como ouro de tolos.


- Ele tentou me matar antes, não se esqueça... Eu não passava de um garoto.


- Ele não queria de verdade. Luke me mostrou... ele temia que todo o horror voltasse... – calou-se.


- ... através de mim. Ele me mataria para que não houvesse mais mortes. Você o defende, mas meu mestre agiu como eu ajo, no fim das contas. Também eu não queria provocar esse horror que você me acusa.


- Ele recuou a tempo. Ele se arrependeu.


- Eu segui adiante. E não me arrependo.


- Esse é seu erro.


Erro, Rey? Como você é ingênua. No fim, é tão parecida com Luke, em suas culpas e arrependimentos. Não siga o caminho dele. Eu te peço. Eu te imploro. Esteja comigo. Mude o futuro que já vi. Não morra.


- Na bondade dele e de todos os jedis antes, na luminosidade deles, a dor continuou e continuará essa devassidão até que nada sobre. Vou evitar que a Galáxia se destrua. Quantas guerras você acredita que podemos suportar até que nos matemos a todos? Você realmente crê que os seres podem viver em paz por si mesmos?


- Não pode roubar a liberdade de escolha deles, Ben. Não pode escravizá-los para que vivam.


- Eis a nossa diferença, jedi. Prefiro uma paz imposta do que a guerra sem fim. Era isso que Vader desejava, antes de Luke tirar dele a lucidez. Vou terminar o que meu avô começou.


Ela apertou a mão dele. Sua energia correu como eletricidade por sua alma e ele quis se desvencilhar, porém Rey o segurou com uma força inacreditável, imobilizando-o por um momento.


- Luke salvou Vader - encostou seu rosto nas costas dele - Posso tirar você dessa loucura, também. Venha comigo. Deixe tudo para trás. Fique comigo. Ben... por favor, Ben... Não tenha medo de mim.


Oh, sim... ele tinha medo dela. Ela era uma ameaça constante... e uma promessa também. Virou-se lentamente, as mãos unidas, a vibração dela em oitavas acima a invadi-lo e aqueles olhos castanhos, salpicados de minúsculos pontos esverdeados a sondá-lo, a chamá-lo luminosamente.


Nunca devia ter te encontrado. Nunca devia ter te...


- Lamento o caminho que escolheu, Rey. Não vou errar como meu avô errou.


- Vai me matar, Ben? – era mais uma afirmação do que uma pergunta.


- Vou.


Sim. Não quero... mas vou.


Rey não desviou o olhar e nem piscou. Ele observava atentamente suas reações, sua mandíbula travar, os olhos se emudecerem, não por medo, mas por decepção e tristeza. Talvez no fundo ela ainda nutrisse uma esperança em trazê-lo de volta, percebia. Esperança. Não, minha Rey. Esperança nos ilude. Enterre de vez suas ilusões. Não quero, nunca quis machucar você. Mas vou. Você me obriga a isso. Eu vou matar você. Vi o futuro. Já sofri com você sem vida em meus braços. Sofro todos os dias a sua morte. Por isso, te evitei. Por isso não quis te encontrar nesse planeta tropical onde você e seus amigos se escondem. Sempre soube onde você estava.


Ela soltou-se dele e ele lamentou internamente. A vibração dela dentro dele se esvaiu como poeira das estrelas, as fagulhas luminosas queimando-se e deixando-o apenas na escuridão fria.


- Minha morte não vai tirar a esperança dos que sobreviverão, Ben.


- E nem quero isso. Um pouco de esperança para mantê-los vivos. Esperança demais é tão ruim quanto desesperança. Veja... Luke deixou você com essa carga. Esperança viva. Esperança que embriaga. Você deu esperança em demasia, como ele inspirava. E mais mortes que seriam necessárias para manter a ordem. Isso vai acabar.


- Temo por você.


- Não tenha medo. Completarei meu destino.


- Se realmente conseguir me matar – engoliu em seco – Se cumprir o que acredita ser seu destino, perceberá que tudo que acredita não passa de uma ilusão. Que todo o mal que provoca não trará o bem que espera. Que viveu por nada. E que vai morrer por nada.


Por um segundo, o silêncio de uma sentença o imobilizou. Por um segundo, a desolação o oprimiu, o vazio a engoli-lo, as palavras densas dela se fixando na eternidade como estrelas pulsantes a cortar toda a absoluta escuridão. Por um segundo, a barreira protetiva que ele mantinha contra todas as atrocidades por ele cometidas se desintegrou e horror penetrou em sua mente, os gritos, a dor, o ódio, a raiva, a vingança, a tristeza de todas as suas vítimas, vivos e mortos. O sofrimento deles o amarrou com uma camisa de dor. Dor. Dor. Dor. Dor para sempre. Dor para toda a eternidade contida naquele segundo. Preso em si mesmo. Preso em uma existência atemporal.


Não. Não. NÃO!


Um ódio antigo seu explodiu como um vulcão e ele soltou um urro, a Força varrendo todas aquelas almas como uma eclosão estelar e derrubando Rey ao chão.


Isso. Isso. Sim... esse ódio. Esse poder! Nunca sentira a Força em tamanha intensidade! Oh... embeveceu-se com aquela energia, com aquela vida sombria, com aquele poder ilimitado. Do nada no qual quase se perdeu, ao tudo que quase o expandiu além de todos os seus sonhos.


A Força.


Do ápice, caiu para a normalidade, todo aquele poder se diluindo em sua potência, mas permanecendo uma dormência que vibrava seu corpo e exultava sua alma. Ainda arfante, baixou seus olhos e viu Rey ainda caída. Ela o encarava sem medo. Como...? Devia ter sentido seu poder! Devia ter finalmente se atinado que ele tinha razão! Devia se juntar a ele agora! Venha, Rey... Fique comigo!


Esticou sua mão para ela, mesmo vendo naqueles olhos a negativa.


E, para sua surpresa, a mão dela se encaixou na sua.


Como...? Ela estava com ele...?! Ela se juntara a ele?!


Abraçou-a. Envolveu-a completamente. Juntou seu corpo ao seu. Como desejara isso durante todos aqueles anos... todos aqueles anos! Nunca a tocara. Nunca sentira sua pele na sua.


Fique comigo, Rey.


Os braços dela contornaram suas costas e sentiu-se puxado ainda mais para ele. Felicidade indescritível!!! Do inferno ele pulou para o paraíso. Ela. Ela estava com ele. Ela estaria com ele... para sempre.


Sempre.


Ele merecia essa felicidade?


O rosto dela, enterrado em seu peito, elevou-se para fitá-lo. Sua expressão era estranha.


- Você viu minha morte em suas mãos.


- Vi. – franziu a testa – Não precisa acontecer. Isso terminou agora.


- Eu também tive uma visão contigo, Ben. Também vi você morrer.


Ele sentiu o sangue congelar em suas veias. Seus enormes braços se afrouxaram envolta dela, mas Rey o trouxe ainda mais para próximo. E quanto mais perto ela ficava, mais para longe de sua vida ela estaria.


- Rey, não.


- Escute-me, por favor.


- Não. De novo, não!

- Preciso deter você e essa loucura.


- Esqueça você o passado! Esqueça e fique comigo!


- Não posso... não posso seguir por esse caminho


- Não me venha com essa ladainha jedi. Esperava mais de você.


Ele quis se afastar, porém ela o segurou. Logo ela, tão pequena em comparação a ele. Havia algo naquele abraço dela que o comoveu e aplacou momentaneamente sua revolta.


- Fique comigo, Ben. Apenas por esse momento.


- Rey...


- Apenas por um momento.


Eles se abraçaram fortemente, o entendimento do que ia acontecer chegando silenciosamente a ele, um peso que estraçalhou seu coração, que o partiu de uma maneira que nunca sentiu. Ele já se acostumara em não tê-la. Ele já aceitara que a mataria. E, por um segundo, toda a sua vida havia mudado, a perspectiva de Rey ao seu lado, a completude, a paz e seu destino cumprido... com felicidade. Com amor.


E agora, estilhaços de alegria sonhada o sangravam.


- Você não me perguntou o que vim fazer, depois de tanto tempo sem te ver. – a voz dela era rouca, mas firme – Vim para acabar com a guerra.


- Como...? Você...


- Venha me encontrar. Só eu e você. Sem seus guardas. Sem meus amigos. Só nós dois. Vamos terminar isso de uma vez por todas. – uma lágrima solitária riscou o rosto bronzeado dela – Sem mais outras mortes. Só a minha... ou a sua. Ou as nossas.


- Você morreu na minha visão.


- Não já estava determinado a fazer isso em algum momento? Já não se decidira a tirar a minha vida?


Sim... mas antes daquilo tudo. Antes... e o antes retornava, implacável. Fechou os olhos e a visão futura de Rey morta em seus braços inundou sua mente, a dor já conhecida e aceita, contrapondo-se com a vida do corpo dela junto ao seu no presente. Uma lassidão o tomou, o inevitável a se impor mais uma vez. Ele adiara o que era para ser por muito tempo.


- Podia ter sido diferente, Rey.


- Podia. Era o que eu queria todo o tempo. Mas não do seu jeito.


- Eu vou te matar. – e a tristeza foi mais forte do que ele.


- E eu vou acabar com sua loucura. De uma forma ou outra.


O corpo de Rey suavizou-se, perdendo consistência, sumindo lentamente, como um sol a se pôr. Os braços dele envolviam agora o vazio e o nada.


A escuridão do quarto. A escuridão de sua vida.


Sentou-se na cama, escondendo seu rosto entre as mãos. Um soluço escapou de seu peito pesado e ele sentiu as lágrimas escorrendo silenciosamente, correndo como pequenos filetes de dor e perdendo-se nas cicatrizes de sua face direita. Lá elas se guardaram, gota por gota, voltando para dentro dele.


Respirou fundo, apertando os lábios e olhou para a sua armadura na cadeira. A sua segunda pele. O seu segundo eu.


Levantou-se de pronto e arrebatou o traje do móvel, vestindo-se com determinação. Que tudo acontecesse logo, então. Rey já estava morta. Só faltava se cumprir o que ele vivenciava todos os momentos, desde que a visão lhe mostrara o futuro.


Aprumou-se, as parcas luzes soturnas novamente a mostrarem quem ele era no reflexo da parede hialina. Levantou a mão e o sabre saltou de seu cinto, ascendendo-se e avermelhando todo o ambiente. Vestido como Kylo Ren, ele se sentia mais confortável. Mais determinado em suas certezas.


Rey não precisava temer por ele. Ele concluiria seu destino e ela seria enterrada no passado, como ele enterrara seu pai, sua mãe e seu tio. Ele completaria o trabalho de seu avô. E nenhum sith ou jedi interferiria na Galáxia. Apenas ele, que não se autodenominava com nenhum mais adjetivo. Apenas ele, um braço da Força a dar o equilíbrio que nenhum cavaleiro luminoso ou sombrio poderia imaginar.


A Galáxia estaria segura com ele.


9 ноября 2019 г. 15:36 0 Отчет Добавить Подписаться
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Alarinrin . Observo, sinto e escrevo realidades dentro da realidade

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