stwarlight Max

Dominic tem dezessete anos e morreu. Bem, quase. Foi numa noite, numa maldita noite em que estava na hora errada e no local errado. E, bem, inconsequentemente havia mexido com as pessoas erradas também. Tudo era água e frio. Seus ossos congelavam e seu pulmão encharcava-se d'água à medida que se desesperava. Seu estado era deprimente. Prestes a aceitar a morte - ou simplesmente ser levado sem sua autorização - par de braços o rodeiam e, quando percebe, está à salvo. Na costa, respirando: vivo. Com uma tonelada de água no corpo, um trauma recém-adquirido e talvez com princípio de pneumonia: mas ainda sim, vivo. Salvo, mas talvez nem tão sã. Dominic não conseguiu se despedir de seu salvador, pois quando olhou, não estava mais lá. Nem mesmo uma sombra do rapaz. E ele achou estar louco, ou talvez apenas próximo a loucura, mas podia jurar - jurar mesmo - que entre todas aquelas águas e ondas, uma cauda podia ser vista. Não bastasse a pré-loucura, ao bullying iminente e os seus pensamentos nada amigáveis e super-confusos, Dominic tem um novo problema: um novo colega de classe e vizinho, com enigmáticos olhos azuis que se parecem e muito com os de seu salvador. Uma coincidência grande demais quando o garoto, subitamente, demonstra um estranho interesse em si. Dominic definitivamente não fazia ideia de onde sua vida estava mergulhando.


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#lgbt #yaoi #gay #romance #tritões #bullying
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CAPÍTULO 0: Vislumbre do impossível.

Gelado. Estava gelado demais.

Dominic sentia todos os seus ossos se reduzindo a meros grãos de pó. Tudo doía, e doía muito.

Queria, precisava; necessitava se aquecer. Sentia vontade de envolver o próprio corpo num abraço apertado, num desespero por algum contato mais caloroso. Mas era impossível. Completamente impossível.

Estava morrendo. De verdade mesmo.

No mesmo instante, um sentimento profundo de arrependimento pesou em seu peito. Nãodeviatervindoaquinãodeviatervindoaqui... Bem, ele queria estar aqui, de qualquer forma. Mas nunca daquela maneira. Não era para estar se afogando, se afogando entre as ondas.

Ah, que idiota. Por que é que não os ignorou, mesmo?

Ainda podia sentir o aperto firme em seus braços. As risadas ecoavam como um disco quebrado, extremamente irritante, perfurando seus ouvidos na mesma intensidade que a água espetava seus olhos.

Toda aquela merda era tão assustadora. Queria apenas fechar os olhos - mas precisava ficar acordado! Acordado, acordado, era uma das poucas coisas que conseguia pensar.

Se debater havia se tornado tão cansativo quanto respirar. Em pouco tempo, todo seu empenho para se manter na superfície havia ido por água abaixo - foda-se, foda-se e foda-se as más piadas, Dominic pensou, num lampejo de consciência, antes de seu cérebro entrar em estado de alerta quanto a sua não-respiração e o obrigou a soltar todo o resquício de ar em sua boca.

Dominic aspirou tão intensamente, e poderia engasgar e convulsionar fortemente, se não fosse impedido pela quantidade impiedosa de água que invadia seus pulmões. Sentia-se pesado, tão pesado. Manter os olhos abertos era extremamente difícil. Sua garganta doía e ardia como o inferno, e o resto de seu corpo queimava tanto que parecia irônico estar se afogando. Suas mãos estavam fechadas com força, como se tentassem agarrar em algum objeto invisível ou qualquer coisa que o puxasse para fora dali.

Em poucos segundos, estaria morto. Hipóxia, edema pulmonar... bom, provavelmente os dois. O foco é que, enfim, estaria morto - prestes a pisar com o pé direito na porra do céu brilhante.

E Dominic estava tão cheio de ódio. Cansado, exausto, completamente em pânico, mas com tanta raiva. O máximo de sentimentos negativos que a pouca consciência poderia lhe permitir. O rapaz nem percebeu seu corpo sendo rodeado suavemente. Ele apenas encarava a lua pálida sob as ondulações da água. Algumas bolhas saltavam por entre a sua face, mas estava tudo tão doloroso, tão sofrível. Sequer sabia o que estava pensando. Era só uma confusão de coisas negativas e água e ajuda e socorros e frio. Um sentimento dilacerante de rasgar, uma queimação profunda em seus pulmões.

Sabia que devia afundar, e não sabia discernir se era aquilo que estava acontecendo. O mundo variava entre extremamente colorido e completamente preto, um breu assustador que se repetia a cada segundo.

Estava prestes a entregar-se completamente. Prestes a ir. Finalmente. Quase lá.

Dominic tinha certeza que aqueles rapazes ficariam muito felizes com a sua morte inesperada. Ah, sim. Ficariam tão contentes. Afinal, não o jogaram ali à toa. Brincadeira, brincadeira... que tipo de brincadeira era aquela? Idiotas, estúpidos, bastardos, filhos da puta.

Estava tonto e semi-consciente. Sua memória prosseguia a cada piscada demorada - primeiro, a luz pálida da água se aproximava; depois, a lua parecia muito mais próxima, quase como se conseguisse tocá-la. Em seguida, tinha aquela sensação estranha, quase engraçada - se pudesse pensar direito - de algo leve o tocando. E o raspar esquisito por entre suas pernas.

Tudo acontecia muito lentamente. Dominic se sentiu calmo. Exageradamente tranquilo. A falta de oxigênio o fez sentir-se quase em paz. Uma paz estranha. Fios de cabelos se enroscavam em seu rosto, e aquela era a única coisa não tranquila em toda situação, junto com a agitação do mar.

Demorou muito, muito tempo até Dominic notar que os cabelo não eram seus.

A autonomia sobre seu próprio corpo só surgiu ao, subitamente, ser atingido por uma corrente de ar fria. E os ventos contra o seu rosto poderiam doer, mas era um alívio tão grande - aspirou tão forte que se engasgou, e um forte sentimento de náuseas subiu por todo seu estômago. Náuseas, vertigem. Vômito. Havia braço envolta dos seus, cobrindo sua áxilas e o levando para cima.

Não estava afundando. Não estava mesmo.

Cuspiu tanta água quanto possível. Sua respiração era alta e pesada, e algo puxava sua camisa para direção oposta a que encarava - a costa, estava sendo levado de volta à costa! Não sabia quem, ou o quê, lhe puxava. Seus olhos ainda caíam em uma sonolência desconfortável, e quando os abriu novamente, já podia sentir a areia arranhando suas costas.

Foi jogado com uma violência que não parecia proposital. Uma região das sua lombar reagiu em dor intensa, no entanto, Dominic pôde apenas curvar-se com brusquidão, numa busca desesperada por ar. Ainda sentia como se estivesse sendo rasgado de dentro pra fora - tinha medo que, caso se balançasse demais, pudesse sentir a água salgada batendo contra as paredes de seu corpo.

Assombroso. Dominic sentia-se perturbado, sem forças para levantar - embora seu corpo sofresse espasmos involuntários.

Mãos frias pareceram se cansar de seus movimentos. Elas seguraram seus ombros e o obrigaram a encarar o céu. Havia muitas estrelas nele, talvez mais do que o normal, e com certeza porque estava duplicando os astros. Quis tossir intensamente. Quis desmaiar, e talvez quase estivesse.

Seu rosto foi levantado com uma quase suavidade, e o céu foi tampado de repente por um rosto pálido. Mas Dominic não conseguiu ver muito - ele sentiu seu nariz sendo tampado, sentiu a aproximação e o ar gélido que o outro lhe passava. Mas estava longe. Muito longe. Os cabelos escuros tampavam sua visão e a consciência não durou nem meio segundo naquela respiração boca-a-boca.

Quando acordou, empurrou com brusquidão qualquer coisa que estivesse a sua frente e vomitou uma quantidade de água tão absurda que suas gargantas se feriram ainda mais. A visão, obstruída pelo seu salvador, foi finalmente livre. Com grande dificuldade, Dominic conseguiu apoiar seu corpo, seus braços sendo pressionados contra a areia que o fazia escorregar estranhamente. Os grãos furavam sua pele numa dor incômoda. Dominic ainda babava e parecia desgrenhado quando ergueu os olhos para um rapaz tão pálido que fazia sua vista doer. Doer de verdade.

Eles se encararam, em silêncio, e o mar, a respiração e tosses contantes de Dominic eram o único ambiente. Ele nem sabia o que pensar, como raciocinar e de qual ponto de partida deveria começar. O rapaz - seu salvador, salvador de verdade - o encarava de maneira quase assustada; receosa, hesitante. Tinha olhos num azul perolado ridículo. Eram tão intensos quanto a luz estranha que parecia ter a sua pele. E era uma criatura tão bonita, mas tão bonita... que nem parecia real. Ainda mais quando seu olhar descia um pouco - as pernas esbranquiçadas continham manchas estranhas, e pareciam transpirar.

Dominic apenas encarou. Meio acordado, meio desmaiado. Encarou todo aquele corpo estranho e o estranho, pensando no que falar, se devia agradecer ou se apenas devia lamuriar sobre a dor em seu corpo. Nem notou quando fechou os olhos, cansados de forçá-los a manterem-se abertos. Era quase como dormir, mas em sua cabeça tinha um zunido irritante e contante - um fio elétrico atravessando seu cérebro. Não dava para pensar daquela maneira. Ouviu, então, vozes grossas atrás de si, o obrigando a despertar de seja lá onde estivesse indo.

Virou a cabeça lentamente, mirando um velho pescador que morava por ali e seu irmão, um marinheiro qualquer veterano de guerra. Ah, ajuda. Mas ela veio tão tarde, Dominic pensou. Tão fodidamente tarde. Se não fosse por aquele garoto, estaria morto. Tão morto quanto possível.

Sentiu uma queimação em sua garganta e vomitou de novo. Engasgou tão fortemente que pensou que se afogaria assim - daquela maneira. Um afogamento secundário miserável.

Respirou profundamente. O frio ainda fazia seu corpo tremer completamente, sendo difícil fazer qualquer movimento.

As vozes ficaram mais altas, e então Dominic olhou para onde deveria estar seu salvador, querendo dizer algo (qualquer coisa, qualquer agradecimento ou questionamento). Contudo, não tinha absolutamente ninguém. Nem mesmo uma sombra do rapaz. Nada.

Dominic encarou a água. O mundo então girou com agressividade.

Foi mesmo uma ilusão? A água já havia afetado tanto assim seu cérebro? Que grande apneia havia sido. Estava louco, mesmo louco. Ao menos naquele momento, a água havia conseguido mexer em eu cérebro.

Ah!, exclamou, pesadamente, e então encarou o mar revolto novamente enquanto os dois irmãos se aproximavam com uma enxurrada de perguntas e algumas lanternas. Estava frio mesmo. Frio demais. Ah, pensou de novo, num lampejo de informações tão intenso que apenas conseguiu reagir como um peixe fisgado por um anzol.

Dominic apenas esperava não acordar num hospital pela manhã. Principalmente psiquiátricos, porque sabia (ou sentia): a coisa que havia visto... uma cauda. Daquelas bem azuis, escuras, escuras mesmo. Como nos desenhos, como nas histórias encantadas. Foi tão, tão estranho e absurdo e impossível vê-la sumindo entre as ondas que apenas não questionou.

Simplesmente resolveu apagar. Definitivamente por um bom tempo.

3 июля 2019 г. 1:15 0 Отчет Добавить Подписаться
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Продолжение следует… Новая глава Каждую пятницу.

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Max uma pessoinha legal que curte star wars, fanfictions (principalmente) de fantasia e com presença de casais/personagens lgbtq+. eu sou uma boa companhia, juro <3

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