lara-one Lara One

As coisas começam a se complicar. O Sindicato resolve se livrar de Scully de uma maneira que não chame a atenção, nem mesmo de Mulder. Como farão isso? Como enganariam Mulder?


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S02#25- TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - PARTE I

INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Madrugada. O quarto de Mulder, iluminado apenas pela luz do abajur. Mulder, de camiseta e cuecas boxer, olha pela janela. Braços cruzados, pensativo. Scully está atirada de bruços, dormindo na cama, debaixo do edredom. Mulder fica olhando pro céu.

MULDER (OFF): - Em noites como essa, onde a paz parece se perpetuar por sobre a cidade fria e escura, me pergunto como o mundo pode ter problemas...

Escuta-se o barulho dos carros, ao longe.

MULDER (OFF): - Entretanto, a experiência diz à raposa, que de tanto levar chumbo, isso pode significar que o caçador está lá fora, à espreita. E esse silêncio e essa paz momentânea me perturbam. Tudo parece tão calmo que chega a ser estranho. O que pode estar acontecendo nesse momento? O que estarão tramando dessa vez, na calada da noite?

A câmera fecha o ângulo na paisagem vista pela janela. Projeção por sobre Washington D.C. (monumentos, praças, prédios governamentais, Capitólio, Casa Branca) terminando fora da cidade, nos trilhos de trem, perto de algumas montanhas. Um trem de carga passa por sobre os trilhos, entrando no foco.

Escuta-se o barulho das rodas passando sobre as emendas dos trilhos.

Surge no foco, um vagão metálico anexo entre dois vagões comuns. Há uma sigla no vagão: USAF (Força Aérea Americana) e um símbolo de radiação.

Corta para o céu. Um OVNI acompanha o trajeto do trem, à distância.

Corta para dentro do vagão.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Há diversos tanques de vidro espalhados por ali, contendo corpos humanos mergulhados num líquido verde. Há várias caixas empilhadas. Câmera de aproximação numa das caixas, onde se lê a etiqueta:

SUBJECT: MAJI - PROJECT GRUDGE/AQUARIUS (TS/MAJIC)

(Proword: GRUDGE) – WASHINGTON, DC

ATTENTION: THIS FILES WAS PREPARED BY MAJI.

MAJI IS SOLELY RESPONSIBLE FOR ITS SUBJECT MATTER.

DOCUMENT CONTROL: ECN 0001

CLASSIFIED BY: MJ1/MAJI

DESCLASSIFY ON: EXEMPT

Câmera de aproximação lenta até um dos tanques. Há um corpo feminino, nu, submerso no líquido verde, revelando ser um clone de Scully.

VINHETA DE ABERTURA: TRUST NO ONE


BLOCO 1:

Pátio de manobras Potomak – 3:14 A.M.

O Canceroso traga seu cigarro, sentado dentro do carro, observando o trem estacionar. Um grupo de soldados armados aproxima-se até o trem. Cercam o vagão, que já está sendo descarrilado dos outros. Tomam posição de defesa. O Canceroso desce do carro. Olha pro céu. O OVNI desapareceu. O Canceroso joga o cigarro fora e caminha até um general.

GENERAL: - Tudo pronto. Transporte será feito em 72 horas até o Pentágono. O Congresso está em reunião, é melhor esperar. Não queremos chamar a atenção, a cidade está tumultuada.

CANCEROSO: - Quero vigilância extrema. Traga mais homens. Ninguém se aproxima daquele vagão sem a senha e o cartão de acesso.

GENERAL: - Sim, senhor.

O Canceroso afasta-se. Entra no carro.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Corta para o carro do Canceroso, passando por uma estrada de terra, ao lado de trilhos de trem. Já bem à distância do pátio de manobras.

Uma luz projeta-se sobre o carro dele.

O Canceroso inclina-se pra frente e olha pelo vidro frontal do carro. Estaciona o carro. Abre a porta e desce. Arruma o sobretudo e caminha em direção aos trilhos. Do outro lado dos trilhos, surge da floresta, três Homens Sem Face, que caminham em direção ao Canceroso. Ele acende um cigarro, nervoso. Tenta manter a calma, mas seu nervosismo é aparente. Os três alienígenas param na frente dele. Um deles, parece ser o Líder, pois fica na frente dos outros dois.

CANCEROSO: - Saiam daqui, ou estão querendo me expor no meio de uma operação?

O Líder dos alienígenas começa a mudar sua fisionomia. Os outros dois também. Os olhos e lábios, descosturam-se. O Líder olha pro Canceroso.

LÍDER REBELDE: - ... Sabia que o encontraria aqui. Seguimos a nave deles. Tem algo pra nós?

CANCEROSO: - Não. Apenas ocultamento de provas.

O Canceroso continua fumando.

LÍDER REBELDE: - Não temos tempo. Alguém suspeita de você no grupo?

CANCEROSO: - Se suspeitassem não estaria aqui falando com você... Preciso de ajuda.

Os três alienígenas trocam olhares. O líder olha pro Canceroso.

LÍDER REBELDE: - O que precisa pra conseguir o que queremos?

CANCEROSO: - Atenções desviadas.

LÍDER REBELDE: - Então algum deles desconfia?

CANCEROSO: - Não é isso. Só posso contar com a ajuda de uma pessoa e esta não pode saber que estará me ajudando. Ou tornará isso mais difícil.

LÍDER REBELDE: - O que quer nos dizer?

CANCEROSO: - Se querem ajuda, precisam me ajudar.

LÍDER REBELDE: - E podemos confiar em você?

CANCEROSO: - (IRRITADO) Não estou aqui porque quero que impeçam a invasão, porque me preocupo com o que vai acontecer com esse maldito planeta! Não estou nem aí pra isso! Nem porque tenho interesse em seus ideais políticos e sua vingança planejada. Vocês já tem o feto, já tem a Cassandra. O que mais querem? Acham que vou arriscar meu pescoço por vocês de novo?

LÍDER REBELDE: - Precisamos dela.

CANCEROSO: - Não, não precisam dela. Ela não serve pra nada. Foi apenas uma experiência. Ela não deu certo.

LÍDER REBELDE: - Ela sabe muito. Pode nos ajudar.

CANCEROSO: - Que garantias terei de que a devolverão se eu a entregar?

LÍDER REBELDE: - Confie em nós.

CANCEROSO: - Nos disseram isso há 50 anos atrás e olha o que eu tenho de fazer agora para impedir que bobagens aconteçam. Eu a entregarei, mas quero-a de volta. Inteira. Não quero que a machuquem. Ela é muito importante pra alguém que é muito importante pra mim.

LÍDER REBELDE: - Nós a entregaremos. Nos diga onde ela está e a levaremos.

CANCEROSO: - Por que não a localizam pelo chip?

LÍDER REBELDE: - Não podemos. Não temos acesso ao código deles.

CANCEROSO: - ... Direi onde ela está. Mas primeiro preciso que façam sua parte.


Apartamento de Mulder – 3:41 A.M.

[Som: Brian Hyland – Sealed with a Kiss]

Mulder continua olhando pela janela. Scully acorda-se. Apóia o cotovelo no travesseiro e a cabeça na mão. Olha pra Mulder, preocupada.

SCULLY: - (SONOLENTA) Mulder, ainda não dormiu?

Mulder vira-se pra Scully, com um sorriso preocupado nos lábios.

MULDER: - Não consigo dormir...

SCULLY: - (MEIGA) Vem aqui, vem...

Mulder aproxima-se da cama e deita ao lado de Scully pedindo carinho com os olhos. Scully o abraça e ele fica ali, abraçado nela, se sentindo protegido.

SCULLY: - O que foi?

MULDER: - Nada... Pressentimentos ruins... Sei lá.

SCULLY: - Você está chateado pelo que estamos enfrentando com o McKenna.

MULDER: - ...

SCULLY: - Esqueça o McKenna, Mulder. Relaxa, está bem?

Os dois encostam a testa e o nariz um no outro. Olham-se nos olhos. Scully dá um sorriso meigo.

SCULLY: - Quero fazer amor com você.

Mulder sorri. Beija os lábios de Scully suavemente.

Scully fecha os olhos envolvendo seus braços no corpo dele, com ternura. Acaricia os cabelos dele, sentindo a respiração, os lábios de Mulder escorregando pelo seu pescoço.

MULDER: - (SUSSURRA) Não faço amor com você, Scully. Amor não se faz, se sente... O que eu faço é te adorar. Te venerar, como se venera uma deusa. Como se teu corpo fosse um templo de adoração... É como se o muito que eu digo, nunca é o bastante pra mostrar o quanto eu sinto... Como se eu existisse porque você existe... Como se eu respirasse por você. Como se ao tocar você, eu agradecesse pela minha vida.

Eles trocam um beijo. Scully entrega-se.


Arquivos X – 4:27 A.M.

[Som: Faith no More – Evidence]

A porta da sala abre-se lentamente. Um homem, vestido de negro, entra na sala escura, segurando uma lanterna. Não se consegue identificar quem seja. Ele aproxima-se do aparelho de vídeo cassete. Retira uma fita do bolso e a coloca dentro do vídeo. Sai apressado da sala.


Apartamento de Mulder – 6:36 A.M.

Mulder acorda-se com o despertador. Senta-se na cama. Scully entra no quarto, comendo uma maçã.

SCULLY: - Café quentinho com torradas?

MULDER: - Suspende o café. Estou sem fome.

SCULLY: - Puxa! Vai fazer essa desfeita?

MULDER: - (SORRI) Só café então. Meus olhos não querem abrir.

Scully senta-se ao lado de Mulder. Beija-o. Olha em seus olhos.

SCULLY: - Amo você... Não é bom ouvir isso assim, cedinho da manhã?

MULDER: - É. Isso dá coragem de sair nesse frio pra ouvir mais besteiras daquele McKenna.

Scully sorri. Mulder a abraça. Os dois olham-se nos olhos.

MULDER: - ... Tenho planos pra hoje à noite.

SCULLY: - Um jantar romântico, com velas e música suave?

MULDER: - (SORRI) Scully, como pode sempre adivinhar o que estou pensando?

SCULLY: - E depois disso tudo, nós fizemos amor e esquecemos dos problemas por algum tempo. Combinado?

Scully o beija, tentando animá-lo.

MULDER: - Scully, o que eu faria sem você? O momento que estou passando... Se não tivesse você aqui, junto comigo, desse jeito, acho que não suportaria.

SCULLY: - Mulder, sempre precisamos puxar um ao outro pra vida.

MULDER: - E quando nós dois cairmos ao mesmo tempo?

SCULLY: - Quando isso acontecer, tenho certeza de que vamos nos ajudar. Sei que quando você fica deprimido costuma ir dormir. Faço isso também. (SORRI) E quando vamos os dois pra cama, dormir é algo difícil...

Mulder sorri. Levanta-se.

MULDER: - Tá legal. Preciso tomar um banho, me fantasiar de agente Mulder e tentar rir. Vou me sentir melhor.

Mulder vai pro banheiro. Scully o acompanha com um olhar de ternura.


Rua 46 Este – Nova Iorque - 8:11 A.M.

O Sindicato está ali reunido. Com exceção do Canceroso e Krycek.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Spender não virá.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Por quê? Ele deveria estar aqui.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Vamos começar sem ele. É melhor assim. A mercadoria chegou com sucesso. O plano seguirá a etapa dois em menos de 72 horas. Provas serão arquivadas no Pentágono. Os clones irão para o Fort Marlene, para seguirmos com a pesquisa. O clone da agente do FBI será enviado para iniciar a fase II da operação.

MAN OF SYNDICATE # 2: - O que me preocupa agora é Mulder.

MAN OF SYNDICATE # 3: - O plano todo já está sendo executado.

O Canceroso entra na sala. Todos olham pra ele. Ficam em silêncio.

CANCEROSO: - Desculpem-me pelo atraso, senhores.

O Canceroso serve um café. Pega a caneca e senta-se numa poltrona. Acende um cigarro.

CANCEROSO: - Então, o que perdi?

MAN OF SYNDICATE # 2: - Estávamos falando de Mulder.

CANCEROSO: - Está tudo sob controle.

MAN OF SYNDICATE # 3: - Precisamos nos livrar de Mulder! Ele está cada vez mais perto!

CANCEROSO: - ...

MAN OF SYNDICATE # 2: - Mulder está aprendendo a jogar. Isso é preocupante. Você nos disse que ele não chegaria tão longe, que não era esperto o suficiente.

CANCEROSO: - E o que vão fazer? Matá-lo?

MAN OF SYNDICATE # 3: - Não seria má ideia.

CANCEROSO: - Querem atrair a atenção? Deixem Mulder pensar que sabe tudo. Deixem Mulder de lado. Ele sempre nos é útil. É como um par de ases na manga. Não vale a pena mata-lo.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Estou há anos tentando entender porque insiste nisso. Às vezes me parece que você o está protegendo.

CANCEROSO: - (SORRI/ DEBOCHADO) Protegendo? Por que protegeria o inimigo? Estou defendendo nossa organização. Mulder é um imbecil, um tolo. Sempre serve aos nossos propósitos.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Até quando?

CANCEROSO: - Até quando eu disser atirem.

MAN OF SYNDICATE # 3: - E isso vai demorar muito?

CANCEROSO: - Senhores, a experiência nos diz que um velho inimigo é muito mais útil do que um novo. Antes o Mulder do que um outro maluco que não conhecemos e nem podemos calcular a reação. Não concordam?

Silêncio. Eles se entreolham.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Ele está certo. Mulder está sob constante vigilância.

MAN OF SYNDICATE # 4: - O plano segue? Vamos usá-lo novamente ou querem desistir?

CANCEROSO: - O plano já está em andamento. Portanto, isso está fora de questão. E nos livraremos dela, como combinamos.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Teríamos poupado muito tempo se você tivesse matado aquele imbecil do Skinner! Não conseguiu convencê-lo a tirá-la do FBI? O argumento não foi o suficiente?

O Canceroso levanta-se.

CANCEROSO: - Está questionando meus métodos?

MAN OF SYNDICATE # 1: - Estou dizendo que seus métodos não funcionaram dessa vez. Mas agora, meus métodos vão funcionar. Não precisamos de diplomacia por aqui. Já devíamos ter feito a troca, como eu sugeri que a fizéssemos. Evitaria muitos problemas, como aquela bomba preparada.

CANCEROSO: - Os terroristas estão levando a culpa.

MAN OF SYNDICATE # 1: - É? E onde está o Skinner? Aquele corpo não era o dele. Era de um dos nossos. O que me faz pensar, como ele sabia que tinha uma bomba no carro pra forjar sua morte e desaparecer?

O Canceroso olha pra todos, ameaçador.

CANCEROSO: - Alguém aqui está vazando informações. Não vou tolerar isso.

MAN OF SYNDICATE # 4: - Talvez seja o russo. Não confio naquele sujeito.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Mas precisamos dele. Sabe que os russos estão tão adiantados quanto nós. E sabe que os russos também detém o conhecimento da operação espacial. Eles sabem o que escondemos lá em cima.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Joguem uma bomba. Acusem o Iraque. Assim pouparão o tempo que estão perdendo, dando armas pra revoltas muçulmanas e guerrinhas religiosas e tolas. Isso não vai despedaçar os vermelhos. Nem a Europa. Vai levar anos até isso acontecer.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Uma bomba? Os japoneses estão na nossa mira. Acha que calarão a boca? É um mundo globalizado.

CANCEROSO: - Então deixe os russos em paz. Deixem tudo como está. A globalização vai fazer sua parte. Sabem que fará. Quem não quiser morrer de fome, terá de comer em nossas mãos neo-liberalistas... Vamos a segunda pauta. Como está Saddam Hussein?

MAN OF SYNDICATE # 1: - Nosso parceiro? Está seguro.

CANCEROSO: - Precisamos falar com ele e com Sharon. Está na hora de atrair as atenções mundiais para suas guerrinhas territoriais. Prometa apoio para a fuga, se necessária. E a situação no Novo México? O incêndio em Los Álamos? Qual a desculpa?

MAN OF SYNDICATE # 3: - Foi devido à queimadas. Agora estão ocupados em proteger o plutônio do laboratório, onde criaram a primeira bomba atômica.

CANCEROSO: - (TRAGA O CIGARRO) Ótimo. Vai afastar as atenções das atuais operações.

MAN OF SYNDICATE # 3: - O projeto executado pela Divisão WX, em Los Alamos, encerrou sua fase de testes. Excalibur está pronta. É capaz de destruir bases alienígenas subterrâneas e qualquer futura base que eles venham a construir. O míssil é capaz de penetrar 1 km de solo denso. Apogeu de menos de 30.000 pés, o impacto não deve exceder margem de desvio de 50 metros do alvo. Podemos carregar nos aviões mais de uma ogiva de 1 megaton...

CANCEROSO: - E os japoneses?

MAN OF SYNDICATE # 2: - ... Estão quietos. Temo que apenas os ingleses criem problemas.

CANCEROSO: - Ameace o Euro e eles ficarão quietos. Simule outra queda em Hong Kong... E a América Latina?

MAN OF SYNDICATE # 4: - Tudo sob controle como sempre. Presidentes certos, no lugar certo, na hora certa.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Temo que o próximo a sentar-se na Casa Branca seja outro democrata.

CANCEROSO: - Arrume outra estagiária. Arrume qualquer coisa. Contanto que afaste as atenções do povo para agirmos. Como está a situação com o Oriente Médio?

MAN OF SYNDICATE # 3: - Sob controle. Alguns problemas religiosos alimentados.

CANCEROSO: - Ótimo. Dê ao povo o que fazer pra ficarem ocupados se matando por Deus. África?

MAN OF SYNDICATE # 2: - Vacina testada. Amplo sucesso, no caso de precisarmos usá-la por aqui. A Nigéria está em guerra.

CANCEROSO: - Dêem mais balas à eles. Deixem que se matem. Quanto mais guerras e mortes, menos gente miserável nesse planeta.

MAN OF SYNDICATE # 3: - E nossos soldados?

CANCEROSO: - Lembrem-se da Operação Vietnã. Muitos morrem por um bom motivo. Quero saber o que está acontecendo com Cuba.

MAN OF SYNDICATE # 4: - Cuba está seguindo os planos. Fidel está quietinho brincando de brigar.

MAN OF SYNDICATE # 2: - (RINDO) O Papa revelou o Terceiro Segredo de Fátima.

Eles riem.

CANCEROSO: - (RINDO) Qual deles?

MAN OF SYNDICATE # 2: - O tiro. Eu disse que ele escolheria essa.

CANCEROSO: - Bem, senhores, então temos que pagar o que devemos. Você ganhou a aposta, a sua sugestão foi aceita... Qualquer besteira sempre convence um bando de crentes cegos...

MAN OF SYNDICATE # 1: - E o que faremos com as ONGs?

CANCEROSO: - Deixem. Estão ocupadas culpando o FMI pela miséria dos países pobres... Ainda não desconfiaram dos medicamentos que estamos testando.

MAN OF SYNDICATE # 3: - ... Quero saber onde está o senhor Skinner. E isto implica no caso da operação falhar.

CANCEROSO: - Acham que é necessário tomar providências contra a agente Scully? Ela mesma assinou sua demissão, quando assinou aquela autópsia falsa do Skinner. Quando Skinner aparecer, poderemos usar a ‘incompetência’ dela contra ela mesma. Não acredito que precisamos eliminá-la. Ela já se eliminou.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Não quero correr o risco de deixar alguma margem para pretextos. Meu plano é o mais limpo. Precisamos afastar aquela mulher do FBI. É de vital importância para nossos planos. Ela está usando a ciência contra nós.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Se temos fitas de vídeo que comprovam a ligação dela com Mulder, porque não usamos isto contra eles?

MAN OF SYNDICATE # 4: - Porque se usarmos isto, Mulder também pode ser expulso.

CANCEROSO: - E a única coisa que o impede de fazer mais besteiras é aquela credencial. Imaginem se virasse um justiceiro sem regras de conduta?

O Canceroso caminha pela sala.

CANCEROSO: - Deixem que ele pense que conseguirá justiça através da lei. Vamos prosseguir com o plano. Iniciem a fase II.

MAN OF SYNDICATE # 3: - Tem certeza de que Mulder nunca descobrirá a verdade?

CANCEROSO: - Preocupem-se com outras coisas. Eu me preocuparei com Mulder. Só quero fazer uma mudança nos planos.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Mudança? Não podemos fazer mais mudanças. Já terminamos a fase I. Acabamos de limpar todas as provas da existência de clones!

CANCEROSO: - Quero um dos nossos na execução da fase II. Não quero Alex Krycek fazendo o serviço. Não confio naquele russo. Sei que precisamos dele, mas quero que fique de fora desta vez.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Concordo. Melhor se o russo não souber disso.

O Canceroso pega o telefone. Disca um número.

CANCEROSO: - Mudança de planos. Você vai executar a fase II. Permissão concedida para início imediato. Elimine o problema Scully.


BLOCO 2:

FBI – Gabinete do diretor assistente McKenna – 9:23 A.M.

Mulder observa McKenna, estudando-o com os olhos. McKenna fala com Scully.

McKENNA: - Entendido?

SCULLY: - Sim, senhor diretor assistente McKenna.

McKENNA: - Espero que mostre seu talento, agente Scully. Ainda não vi nada do que me falaram sobre você.

Mulder está quieto, olhando pra McKenna. McKenna olha pra ele.

McKENNA: - E você, agente Mulder, quero seu relatório sobre todos os casos resolvidos nesse último mês.

MULDER: - (SÉRIO) Quando investigo um caso, sempre entrego um relatório. Acho desperdício de papel e tempo, pegar arquivo por arquivo e colá-los no computador pra imprimir a mesma coisa que já entreguei em separado.

McKENNA: - Pedi sua opinião?

MULDER: - Não.

Scully olha pra Mulder. Fica nervosa. A discussão parece estar começando.

McKENNA: - (AMEAÇADOR) Então só dirija sua palavra a minha pessoa quando esta for solicitada. Não gosto que questione minhas ordens. Já lhe disse isso e não tornarei a repetir. Quero o relatório mensal de seu trabalho, até o final do dia, sobre a minha mesa.

MULDER: - (INDIGNADO) Pra ver se estou trabalhando ou estou apenas fingindo que trabalho?

McKENNA: - Já que tocou no assunto, agente Mulder, quando não tiver nada pra fazer, vou emprestar você pra ajudar o Kersh. Não há tantos Arquivos X assim, pra que tenha serviço o dia todo.

MULDER: - (DEBOCHADO) Também posso tirar o pó da sua escrivaninha ou limpar os banheiros do Bureau.

McKENNA: - Vou aceitar sua ideia.

MULDER: - Ótimo.

McKENNA: - Não tem direitos aqui, agente Mulder.

Mulder levanta-se. Scully pensa em contê-lo, mas concorda com a atitude do parceiro. É muita humilhação.

MULDER: - (HUMILHADO) Vou lhe falar sobre direitos.

McKENNA: - (CORTANTE/ INDIFERENTE) Não quero sua opinião.

MULDER: - (AUMENTA O TOM DA VOZ) Mais vai ouvir minha opinião! Que direito tem de ficar me destratando aqui dentro? Preconceito com a minha pessoa? E você? Não tem tanta coisa pra fazer, porque senão não ficava enchendo o meu saco!

McKENNA: - (GRITA) Está agindo com insubordinação, agente Mulder!

MULDER: - (IRRITADO) Acha que porque cola essa maldita bunda nessa cadeira pode vir questionar o meu trabalho?

McKENNA: - (GRITA) Quer fazer uma visita pessoal ao diretor?

MULDER: - Não se preocupe com isso, McKenna. Eu sei onde fica o elevador.

McKenna levanta-se.

McKENNA: - (GRITA) Ponha-se daqui pra fora, agente Mulder! Não vou suspendê-lo porque tem trabalho pra fazer. E você, agente Scully, vá fazer o seu!

Scully levanta-se.

MULDER: - (ENFURECIDO) Quem te deu direito de gritar com a minha parceira?

SCULLY: - Mulder...

McKENNA: - (GRITA) Agente Mulder, vou chamar a segurança se não sair daqui!

MULDER: - (IRRITADO) Ela está sendo educada com você!

McKENNA: - Saia agora da minha sala!

MULDER: - Quem solicitou esse caso? Por que a está mandando pro Tenessee? Eu e ela somos parceiros, agimos juntos! Eu devo ir com ela.

McKENNA: - Você tem mais coisas pra fazer aqui e na sua ficha não consta que tenha capacitação pra fazer autópsias.

MULDER: - Isso é absurdo! Não gosto disso, McKenna. Está me cheirando mal. Pensa que não estou sabendo que trabalha pro Canceroso?

McKENNA: - Não sei do que está falando. É melhor passar no laboratório e fazer um teste de uso de drogas.

MULDER: - (RINDO) Drogas? Agora eu sou drogado também?

McKenna pega o telefone.

McKENNA: - Senhorita Ryan, quero que preencha um formulário solicitando avaliação psicológica do agente Mulder.

Mulder olha incrédulo pra McKenna.

MULDER: - (AMEAÇADOR) Vai ver o quanto sou louco, McKenna. Grave isso na sua memória.

Scully levanta-se.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Mulder caminha furioso até a porta. Abre a porta. Scully sai. Mulder sai e puxa a porta com força. Scully segura a porta, evitando que bata. Fecha a porta com educação. A secretária fica olhando pra eles. Pega o formulário. Começa a preencher.


Arquivos X – 10:13 A.M.

Mulder, sentado na cadeira, roendo a unha do polegar.

SCULLY: - Mulder, eu sei que é humilhante, mas por favor... Já enfrentamos coisas piores aqui.

MULDER: - Eu só queria saber qual é a do Skinner. Ele me paga!

SCULLY: - Mulder... (SUSPIRA)... Tenho de pegar um avião e ir pro Tenessee.

MULDER: - Ele está nos separando, Scully!

SCULLY: - ...

MULDER: - ... Vai voltar quando?

SCULLY: - O mais rápido possível.

MULDER: - Isso significa quantos dias?

SCULLY: - ...

MULDER: - Tá, Scully. Cancelamos o programa desta noite... Pra variar, a gente sempre fica pra depois. A velha história de primeiro vem o dever, depois a diversão. Eu odiava minha mãe quando me dizia isso. E ela estava certa.

SCULLY: - Ligo pra você quando chegar. Comporte-se, está bem?

MULDER: - Vou tentar ser um bom menino e ficar longe de encrencas.

Scully caminha até a porta. Sinaliza pra ele. Mulder levanta-se. Os dois saem pro corredor. Verificam se não há ninguém por perto. Trocam um beijo longo.

SCULLY: - Cuide-se, tá?

MULDER: - Já tô com saudades.

SCULLY: - E Mulder, por favor: Não vá atrás de mim desta vez! Ele não é o Skinner.

MULDER: - Scully, tome cuidado. Não gosto quando você se afasta... Pode ser uma armadilha.

SCULLY: - Mulder, relaxe. Sei me cuidar, está bem?

MULDER: - ...

SCULLY: - (MEIGA) Tá?

MULDER: - (SUSPIRA) Tá. Mas isso não vai me deixar mais calmo.

Os dois seguram as mãos um do outro. Não conseguem se soltar. Sorriem.

MULDER: - Vai.

SCULLY: - Tô indo.

MULDER: - Não tá não.

SCULLY: - Então me solta.

MULDER: - Não quero.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Scully...

Mulder sente as mãos de Scully deslizando, fugindo das mãos dele. Scully sai, relutando. Mulder fica olhando pra ela, como se implorasse pra não ir. Scully pára, olha pra Mulder, fica indecisa. Mas sabe que é o melhor a fazer. Scully vai embora. Mulder fica perdido, preocupado.


Gabinete do diretor assistente McKenna - 5:59 P.M.

Mulder entra na sala da secretária de McKenna. Ela já está indo pra casa, com a bolsa no ombro. Mulder empurra uma grossa pasta de papéis em suas mãos.

MULDER: - Entregue isso pro seu chefe.

LISA RYAN: - Puxa, agente Mulder, já estou de saída.

MULDER: - (JOGANDO CHARME) Hum, pra quê tanta pressa? Algum encontro? Aposto que ele não vai se cansar de esperar alguns minutos.

Lisa sorri.

MULDER: - Eu não me cansaria.

LISA RYAN: - Agente Mulder, sabe que essas coisas são proibidas aqui dentro...

MULDER: - Sabe que sou o ‘insubordinado’, não sabe?

Mulder joga charme com os olhos. Lisa também fica fazendo charme.

LISA RYAN: - Poderia me dizer por que chamam você de Estranho?

MULDER: - ... Não quer descobrir?

SECRETÁRIA: - Só vou entregar isso porque é você quem está pedindo.

MULDER: - Me faça esse favor e te pago uma bebida. Ou não tenho chances com a sua agenda cheia de compromissos pessoais, senhorita Lisa Ryan?

LISA RYAN: - ... Não sei... Acho perigoso...

MULDER: - Conheço um lugar discreto. É só um drinque, eu não vou me comportar mal. Não sou esse tipo de homem.

LISA RYAN: - Devo acreditar?

MULDER: - Confie em mim. Não sou eu o louco por aqui.

Lisa sorri, toda convencida.

LISA RYAN: - Tá. Me espera no estacionamento.

Lisa entra na sala de McKenna. Mulder muda a fisionomia de conquistador pra sério.


Space Opera Bar – 6:28 P.M.

[Som: Faith no More – Evidence]

Mulder conversa com Lisa, sentados à mesa, bebendo.

MULDER: - (PERPLEXO) Sério? Isso é inacreditável! O que uma mulher como você viu naquele sujeito?

LISA RYAN: - Eu... Eu estava carente, sabe. E ele é tão bonzinho comigo... Me dava presentes caros, me levava pra viajar com ele... Hotéis caros, restaurantes chiques...

MULDER: - (SORRI DEBOCHADO) ... Agora eu sei pra onde vai o desconto do meu salário...

LISA RYAN: - Por favor, Mulder, não fale nada disso pra ninguém.

MULDER: - Claro que não, Lisa. Não vou deixá-la em situação humilhante dentro do Bureau... McKenna... Quem diria que o velho moralista e cheio de regras é um velho pervertido e tarado?

LISA RYAN: - ... Infelizmente a esposa dele está desconfiada... Agora a gente só se encontra na Sexta-feira, depois do trabalho. No meu apartamento.

MULDER: - ... Lisa, não estranhe a minha pergunta, mas... Acha que pode confiar em McKenna?

LISA RYAN: - Como assim?

MULDER: - Nunca o viu com homens estranhos, sérios, bem vestidos? Nunca ninguém assim apareceu pra uma reunião na sala dele, alguém que não fosse do FBI? Alguém do governo?

LISA RYAN: - Não que me lembre.

O celular de Mulder toca. Mulder olha pro celular.

MULDER: - Me desculpe. É um caso que estou investigando. Me dá licença?

LISA RYAN: - Claro.

Mulder levanta-se. Sai pra rua. Atende.

MULDER: - Mulder.

SCULLY (OFF): - Como está se comportando?

MULDER: - Bonitinho. Entreguei meu dever e agora posso assistir TV e comer a sobremesa. Como está aí, Scully? Algum Arquivo X?

Corta pra Scully, na frente do cadáver de um homem, por sobre a mesa de autópsia. Ela ainda está com a máscara no pescoço, olhando pro defunto.

SCULLY: - Acabei de fazer a autópsia no senhor Parker. Foi morto por ingestão de veneno. É um assassinato comum. A esposa é a principal suspeita, parece que havia um seguro de vida muito alto na história... O que está fazendo? Estou ouvindo barulhos de carros...

MULDER (OFF): - Estou na frente de um bar.

SCULLY: - Ah, está bebendo? Nunca faz isso comigo, não é Mulder?

MULDER (OFF): - Scully, estou cheio de novidades pra você... Sobre o nosso amigo McKenna. Tenho meus métodos particulares para descobrir coisas...

SCULLY: - (INCRÉDULA) Ahn?

MULDER (OFF): - Deixa pra lá. Quando vai voltar?

SCULLY: - Amanhã à tarde, chego em Washington no vôo das três... Algum problema?

Corta pra Mulder, na frente do bar.

MULDER: - Por que haveria algum problema?

SCULLY (OFF): - Não está com uma garota, está?

MULDER: - Scully, credo! Como você é ciumenta! E se estivesse? Acha que eu te trairia porque estou na companhia de uma mulher? Não confia em mim?

SCULLY (OFF): - Confio em você. Não confio nelas. As mulheres hoje em dia estão muito mais ‘saidinhas’ do que os homens. Não respeitam mais a propriedade privada das outras.

MULDER: - Tô com saudade. Vou pra casa, dar comidinha pros peixes, deitar no meu sofá e ver TV. Pensando em você.

SCULLY (OFF): - Acredite, Mulder. Vou dar uma incerta no meio da madrugada. Se levar tempo pra atender o telefone, eu corro até aí e pego a safada saindo pela escada de incêndio.

MULDER: - Pode ligar, Scully. Os barulhos estranhos que escutar são dos peixinhos.

SCULLY (OFF): -... (RINDO) Amo você, Mulder.

MULDER: - Amo você, Scully.

Mulder desliga o celular.

Corta pra frente de um prédio. Mulder estaciona o carro. Olha pra Lisa. Ela abre a porta do carro.

MULDER: - Obrigado pela companhia... Me diverti bastante.

LISA RYAN: - Não quer subir?

MULDER: - (SORRI) Não. Acho melhor não criar mais problemas com o chefe. Ele já me odeia o suficiente.

LISA RYAN: - Ele não vem hoje.

MULDER: - Lisa... Acho melhor não irmos tão longe.

LISA RYAN: - Outra hora?

MULDER: - Eu... Eu tenho uma garota.

LISA RYAN: - Uma garota sortuda.

Lisa aproxima os lábios e beija Mulder no rosto.

LISA RYAN: - Você é um homem interessante, Estranho Mulder. Admiro cavalheiros... Podemos sair amanhã novamente? ... Preciso desabafar coisas com um amigo.

Mulder sorri. Lisa desce do carro.


Motel Willians – Knoxville – 11:37 P.M.

[Som: Brian Hyland – Sealed with a Kiss]

Scully sai do banheiro, vestida com um pijama. Desarruma a cama. O celular toca. Scully atende.

MULDER (OFF): - (ABOBALHADO) Estava fazendo seu sono de beleza? Criatura mais encantadora do universo do Estranho Mulder... Pedaço da minha alma que eu achei que tinha perdido... Coisinha mais fofinha do Mulder... Que ‘gut gut’!

SCULLY: - (ERGUENDO AS SOBRANCELHAS) Hum...

Scully senta-se, puxa o edredom sobre si, aconchegando-se na cama.

MULDER (OFF): - Razão da minha existência... Sol da minha galáxia... Meu planeta só gira ao seu redor ...

SCULLY: - O que aprontou dessa vez, Mulder? Por que tenho a nítida imagem de que você parece uma pilha de açúcar se derretendo? (SORRI) Onde está?

MULDER (OFF): - Dando comida pro peixinhos. Pra dizer a verdade, eles nem querem comer. Estão tristes... Abatidos... Pálidos... Ficam olhando pra minha cara e posso ver, quando mexem a boca, que eles estão falando: Scully... Scully... Saudade... Scully...

SCULLY: - (RINDO)

MULDER (OFF): - Tá legal, chega de besteiras. Me entregaram um caso em Dallas. Estão nos separando, Scully. Eu te disse...

SCULLY: - ... Vai pra lá?

MULDER (OFF): - Hoje não. Só saio daqui quando você chegar, pra conferir se está bem.

SCULLY: - (TRISTE) ...

MULDER (OFF): - Vou pra lá só no final de semana. Vou enrolar, enrolar... Daí vamos juntos.

SCULLY: - Mulder, acho que devíamos economizar dinheiro ao invés de gastar com passagens de avião. Estou com minha conta negativa!

MULDER (OFF): - ... Quer dinheiro emprestado?

SCULLY: - (RINDO) Não gosto de depender dos homens.

MULDER (OFF): - Apenas estou fazendo uma oferta. (DEBOCHADO) E olha que judeu não empresta dinheiro nunca. Aproveite que abri a mão.

Corta pra Mulder, na frente do aquário, dando comida pros peixes. Mulder afasta-se, com o telefone, falando com Scully. Senta-se no sofá.

SCULLY (OFF): - Mulder, está gastando interurbano com besteiras.

MULDER: - Falar com você não é besteira.

SCULLY (OFF): - Cínico.

MULDER: - ... Sinto sua falta. Acho que sabe disso, mas não custa nada lhe lembrar.

SCULLY (OFF): - Também sinto sua falta, Mulder.

MULDER: - ... Queria que estivesse aqui, comigo, bebendo um vinho... Nós dois sentados no chão da sala... Então, de repente, sem que você esperasse, eu te deitaria no tapete, daquele meu jeito louco... Beijaria você por inteira, pra te fazer sair dos limites... Te levaria, lentamente, a descobrir reações desconhecidas do seu corpo...

SCULLY (OFF): - ... Hum... Fala mais, fala.

MULDER: - (SORRI) Você apressadinha e falando em diminutivos, desistiria de abrir aquele zíper... Rasgaríamos nossas roupas, como dois loucos desesperados, afinal, já estou bêbado e não me responsabilizo pelas minhas atitudes... Ouvindo seus sussurros no meu ouvido, suas unhas nas minhas costas... Faria amor com você, olhando em seus olhos, apaixonadamente, até o dia amanhecer. Iríamos pro Bureau com os olhos inchados de sono e uma cara indisfarçável de alegria misteriosa...

SCULLY (OFF): - Hum, Mulder... Mas você estaria vestindo aquela sua camiseta cinza colada no corpo?

MULDER: - (RINDO) Acho melhor desligar... Tô precisando de um banho gelado... (SÉRIO) Tome cuidado, Scully. Não gosto quando nos separam.

SCULLY (OFF): - Relaxe. Estou com a arma debaixo do travesseiro... Durma com os anjos, Mulder. Sonhe comigo, com todas essas coisas quentes aí...

MULDER: - (DEBOCHADO) Sonharei, Scully. Mas terei de levar os lençóis pra lavanderia amanhã cedo.

SCULLY (OFF): - (RINDO) Mulder, que menino malvado! ... Boa noite, Mulder... Desliga primeiro, tá?

MULDER: - Não. Desliga você.

SCULLY (OFF): - Desligaremos juntos então. No três. Um, dois... três.

Mulder desliga. Olhar perdido. Sorri.

MULDER: - Amo essa mulher... (SUSPIRA) Dá vontade de fazer besteira, ir pra lá, chegar atrasado no Bureau e até ouvir aquele idiota me encher o saco. Vale a pena, por ela vale!


3:21 A.M.

Scully acorda-se com batidas na porta. Pega a arma. Veste um robe. Abre a porta. Um policial está parado ali. O policial sorri simpático.

GRIFFIN: - Boa noite, agente Scully! Desculpe incomodá-la, mas o Xerife Clayton pediu pelo rádio que eu a levasse até a delegacia do condado de Oak Ridge. Parece que a senhora Parker foi encontrada por lá, tentando fugir.

SCULLY: - Está certo, Griffin. Me dê uns minutos, vou me vestir.


BLOCO 3:

Apartamento de Mulder - 3:37 A.M.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Mulder acorda-se assustado. Senta-se no sofá. Põe as mãos no rosto.

MULDER: - Relaxa, Mulder, relaxa! Ela está bem. Pára com essas coisas!

Mulder deita-se. Não consegue pregar o olho. Levanta-se, vai pro quarto e abre o guarda roupa. Vacila.

MULDER: - Não. Não posso ir atrás dela. Vou complicar as coisas pra nós se fizer isso...

Mulder deita-se na cama. Olhos abertos. Preocupado.


3:41 A.M.

Scully, sentada no banco do carona. O policial dirige por uma estrada sinuosa, na beira de uma montanha. Há vários precipícios.

GRIFFIN: - Eu sempre quis ser policial, sabia? Acho legal ajudar as pessoas.

SCULLY: - Deve ter muito o que fazer por aqui.

GRIFFIN: - Ah, com certeza. Num lugar como esse, com uma rodovia estadual, sempre há confusão de caminhoneiros, andarilhos... Gente que se perde nas montanhas... Bêbados e toda a sorte de coisas.

Griffin inclina a cabeça pra frente e olha pelo vidro frontal do carro.

GRIFFIN: - É, agente Scully. O tempo tá começando a ficar ruim... Com sorte vai voltar pra Washington antes que a neve comece a cair. Essa estrada fica praticamente intransitável quando isso acontece.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Um carro, com faróis altos aproxima-se atrás do carro deles. O policial olha pelo retrovisor.

GRIFFIN: - Que filho da... Me desculpe...

Scully vira o rosto e olha pro carro. Começa a desconfiar. O medo toma conta dela.

GRIFFIN: - Deve estar bêbado. Vou multá-lo.

O policial diminui a marcha. O carro acelera.

GRIFFIN: - Mas o que esse idiota tá tentando fazer?

O carro tenta tirá-los pra fora da estrada. O policial tenta impedir. Scully puxa a arma e tenta acertar no carro, debruçando-se sobre a janela. Scully percebe que é um carro preto, sem placas.

GRIFFIN: - Não estão pra brincadeira!

SCULLY: - (NERVOSA) Tire-nos daqui!

GRIFFIN: - Conhece-os?

SCULLY: - Pelo amor de Deus, vão nos matar!

O carro preto acelera e os empurra pra perto do precipício. O policial consegue sair da enrascada. Pega o rádio.

GRIFFIN: - Aqui é a viatura 23, Griffin falando. Preciso de ajuda.

O rádio está mudo.

GRIFFIN: - Aqui é Griffin, responda central!

Mudo.

Griffin gira o volante, rapidamente, com uma das mãos, tentando evitar a colisão com o carro preto.

GRIFFIN: - Por favor, central, está me ouvindo? Tem um maluco me perseguindo na 31! Estou com uma agente federal!

Mudo.

Griffin desliga o rádio. Segura o volante.

GRIFFIN: - Agente Scully, segure-se firme. A coisa vai ficar feia. Se cairmos daqui de cima, eu não quero nem pensar.

O carro continua os pressionando. O clima fica tenso. O carro preto acelera mais. Empurra a viatura. Scully tenta atirar, mas as balas não acertam.

De repente, uma luz surge brilhando no céu, iluminado a estrada. Griffin olha pela janela e vê a enorme nave que paira no céu, cheia de luzes verdes e vermelhas, aproximando-se por cima do carro.

GRIFFIN: - Mas que diabos...

O carro preto insiste e os força a sair da estrada. Griffin tenta desviar, mas não consegue. A viatura é empurrada desfiladeiro abaixo. A nave emite uma forte luz sobre a viatura.

Corte.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

O carro preto pára no acostamento. Percebe-se o clarão da explosão. A nave desaparece.

Krycek desce do carro ao lado de outro homem. Os dois perplexos, procurando com os olhos, a nave que desapareceu. Os dois caminham até a beira do precipício e olham pra baixo. Krycek olha pro homem.

KRYCEK: - Isso estava nos planos?

HERMANN: - Que eu saiba não... Mas conseguimos. Acho que ela morreu. Fase II terminada.

KRYCEK: - ... (DESCONFIADO)

HERMANN: - Obrigado por insistir em vir comigo pra ajudar. Não sei porque me deram sua missão no último instante.

Krycek puxa a arma. Mira no homem.

KRYCEK: - (DESCONFIADO) Eu desconfio do porquê. E eu não estive aqui. Não vi nada.

Krycek atira no homem. Arrasta o corpo pra dentro do carro.


Apartamento de Mulder – 3:44 A.M.

Mulder levanta-se da cama. Nervoso. Vai até a janela. Olha pra rua. Volta pra cama e pega o celular. Seleciona Scully. Ouve uma gravação.


3: 57 A.M.

A viatura, carbonizada, ainda apresenta labaredas.

Corta para as pedras no chão.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Foco dos pés de um homem, caminhando sobre elas, iluminando o chão com a luz de uma lanterna. Caminha alguns passos.

Percebemos o corpo de Scully, atirado no chão. A cabeça sobre uma pedra. Verte sangue de sua cabeça, cobrindo-lhe boa parte dos cabelos. Também está sangrando pelo nariz e a boca. Está toda arranhada, com a roupa rasgada e estilhaços de explosão pelo corpo.

O homem estende a mão e toma o pulso dela. Solta seu braço. O braço dela cai, amolecido, batendo nos pedregulhos. O foco da câmera sobe, mostrando que é Krycek. Ele respira fundo. Olha pro céu, intrigado. Afaga os cabelos de Scully. Dá as costas e vai embora.


Arquivos X – 9:37 A.M.

Mulder, sentado na cadeira, com os pés sobre a mesa, atirando lápis no teto. Desligado da vida. Batidas na porta. Mulder ajeita-se na cadeira. McKenna entra. Mulder arregala os olhos.

McKENNA: - O que está fazendo, agente Mulder?

MULDER: - (IRRITADO) Ora, o que estou fazendo? Estou trabalhando!

McKenna não vê os lápis pendurados no teto.

McKENNA: - Quero que vá pra Dallas agora.

MULDER: - Estou ocupado.

McKENNA: - Sei que está. Tem uma visita marcada pra daqui à dez minutos com a psicóloga do Bureau. Depois disso, pegue sua mala e vá pra Dallas, se quiser continuar sua carreira como agente do FBI.

MULDER: - Pode me dizer quem requisitou o caso?

McKenna sai da sala. Mulder suspira aliviado. Um dos lápis lhe cai na cabeça.


Apartamento de Mulder – 12:33 P.M.

Mulder, sentado no sofá, olha pro telefone que toca sem parar.

MULDER: - Não vai me pegar nessa, McKenna. Não vou atender.

Mulder liga a TV. Deita-se. Batidas na porta. Mulder levanta-se.

MULDER: - Eu não acredito! Não mandaria alguém até aqui pra verificar se já fui pra Dallas... Não, isso seria chatice demais!

Mulder abre a porta. Scully sorri. Mulder olha pra ela, com surpresa.

MULDER: - (SORRINDO) Já? Não ia chegar no voo das três?

SCULLY: - ... Eu não pude resistir e vim correndo.

Os dois trocam um longo beijo. Scully entra.

SCULLY: - Não foi pra Dallas?

MULDER: - Não. Eu te disse que só iria depois que você chegasse.

Scully aproxima-se dele, fazendo charme e o agarrando.

SCULLY: - Por que precisava me esperar? Tinha de matar a saudade antes? Você não consegue segurar seus hormônios, Mulder?

Scully o puxa pela gravata, até o quarto.

SCULLY: - Vem aqui, vem... Vamos verificar qual é o seu problema, Mulder...

MULDER: - (EMPOLGADO) Uau, Scully... Tudo isso é saudade?

SCULLY: - Muita saudade. Estou queimando por dentro de saudade!

Mulder afrouxa a gravata e começa a tirar a camisa.

MULDER: - Não seja por isso. Vamos ‘apagar’ essa saudade...

Scully começa a despir-se, apressada.

MULDER: - Ah, Scully, só uma coisinha antes.

SCULLY: - (APRESSADA) Sem coisinhas, Mulder.

MULDER: - Scully é sério. Me escuta.

Mulder a segura. Scully continua tirando a roupa.

MULDER: - Pára, espera!

SCULLY: - Não. Hum... Não quero esperar, Mulder...

MULDER: - Scully...

Mulder olha nos olhos dela.

MULDER: - Acho que descobri coisas sobre o McKenna...

SCULLY: - (SENSUAL) Hum, Mulder, descubra tudo sobre ele depois... Vem me descobrir primeiro.

Scully se desvencilha de Mulder e o atira na cama. Mulder fica a observando.

MULDER: - Está a mil hoje, não? O que andou tomando?

Scully fecha as cortinas. Deixa o quarto na penumbra. Vestida apenas de lingerie, ela senta-se sobre Mulder. Começa a beijá-lo e a abrir suas calças. Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Ah, Scully... Não me enlouquece...

SCULLY: - Sabe que meu prazer é enlouquecê-lo.

Mulder a empurra. Sobe em cima dela.

MULDER: - Scully, devia ir viajar mais vezes, sabia? Até vale a pena passar uma noite sozinho. A volta é triunfante.

SCULLY: - Cala a boca, Mulder! Vem, vem fazer coisinhas comigo.

Mulder começa a beijar o pescoço dela.

MULDER: - Então, resolveu o caso em Knoxville?

SCULLY: - Resolvi e não quero falar nisso.

MULDER: - Então, segundo sua visão médica, o que descobriu?

SCULLY: - Hum... Não quero falar sobre isso. Quero o meu assunto preferido...

MULDER: - Pegou o culpado?

SCULLY: - Ele foi preso...

MULDER: - ... Ele? Não era uma mulher?

SCULLY: - ... Era... Ah, deixa isso pra lá, Mulder. Trabalho não é importante. Você é importante...

Mulder afasta-se de Scully. Desconfiado. Sai da cama.

SCULLY: - (ERGUENDO AS SOBRANCELHAS) O que foi?

MULDER: - (INSTIGANDO) Nada. Que bom que conseguiu pegar a senhora... Senhora “Stewart”, não?

SCULLY: - É. Peguei a senhora Stewart.

MULDER: - (DESCONFIADO) Interessante. E qual foi a acusação? Por que ela matou o marido?

SCULLY: - Por causa do amante. Agora cale essa boca e venha aqui.

MULDER: - Tá legal, Scully. Por que está mentindo? O nome dela nem era Stewart, era Parker!

SCULLY: - (CÍNICA) Mentindo? Mulder, não admito que...

MULDER: - (ENCIUMADO) Está tão culpada que nem sabe mais o que diz!

SCULLY: - Culpada? Mulder, do que está falando?

MULDER: - Pode confessar, Scully. Confesse que teve um caso por lá. Fica mais digno da sua pessoa.

SCULLY: - Mulder, não admito que me acuse de coisas que não faria! Sabe que te amo! E estou doidinha pra matar a saudade.

Mulder fica emburrado, desconfiado até as últimas. Scully levanta-se e vai até ele. Começa a beijar seu peito, descendo pelo corpo de Mulder.

SCULLY: - Hum, preciso sentir você, Mulder...

Mulder a empurra. Vai pra sala, emburrado.


Lugar desconhecido – 12:59 P.M.

O Canceroso desliga um monitor de vídeo. Sorri triunfante. Acende um cigarro.

CANCEROSO: - Admito que me alegra, Mulder. Sei o que esperar de você sempre. A rapidez de raciocínio e a percepção dos detalhes mínimos...


1:17 P.M.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Close do chão cheio de pedras. Há um rastro de sangue espalhado, até uma floresta. Scully tenta se arrastar pelo chão sinuoso, mas não consegue. Está sem forças, machucada e sangrando muito. Desmaia.


FBI – Gabinete do diretor assistente McKenna – 3:14 P.M.

Mulder e Scully, estão sentados. McKenna olha pra eles.

McKENNA: - Esse é seu relatório?

SCULLY: - Sim, senhor. Assassinato.

McKENNA: - Por que saiu de lá sem avisar o xerife?

SCULLY: - Acho que devo explicações somente ao senhor.

Mulder olha pra Scully, debochado.

McKENNA: - Bom trabalho, agente Scully. Mas da próxima vez, avise ao xerife quando estiver voltando. Faz parte do bom relacionamento entre a força policial desta nação.

SCULLY: - Sim, senhor diretor assistente McKenna.

McKENNA: - E você, agente Mulder, se vir sua cara por aqui até o final do dia, vou mandá-lo para o Alasca.

Mulder e Scully levantam-se. Saem do gabinete.

A secretária pisca pra Mulder. Mulder pisca pra ela. Pára. Scully vai pro corredor e fica esperando. Mulder aproxima-se da secretária.

MULDER: - (MANHOSO) Podemos transferir pra quando eu voltar?

LISA RYAN: - Tudo bem.

Mulder sorri. Vai para o corredor.

MULDER: - (DEBOCHADO) Scully, se o McKenna tirasse uma radiografia de suas partes baixas, você sairia grudada nelas.

SCULLY: - Precisamos agradar o chefe, não acha?

MULDER: - (SÉRIO) Você foi muito convincente. Tá ficando cínica, aprendendo a mentir, não é mesmo?

SCULLY: - Mulder, precisamos de cinismo se queremos a verdade. Não acha?

MULDER: - ... Não. Mas você me parece gostar disso.

SCULLY: - ...

MULDER: - Não vai perguntar o que falei com a secretária?

SCULLY: - Por que perguntaria?

Scully segue andando. Mulder fica estranhando a atitude dela.


Apartamento de Mulder – 4:33 P.M.

Mulder põe a mala perto da porta. Olha pra Scully, sério.

MULDER: - Preciso ir pra Dallas. Depois a gente conversa. Quero saber o que aconteceu realmente em Knoxville. De repente estou começando a sentir coceiras na cabeça e acho que não é porque troquei o xampu.

Scully o beija, com carinho. Mulder retribui, mas ainda magoado.

MULDER: - Tome cuidado, Scully.

SCULLY: - Tomarei, Mulder.

MULDER: - Eu te amo.

SCULLY: - Idem.

MULDER: - ... (INCRÉDULO) Idem???

SCULLY: - Vá, está atrasado. Saia antes que eu te agrida de novo.

MULDER: - Não faz assim, Scully... Não começa a falar desse jeito... Sabe que isso me deixa doido...

SCULLY: - Será que por 10 minutos de atraso você pode perder o avião?

MULDER: - Scully... Menina má. Não está me propondo uma rapidinha, está?

SCULLY: - Mulder, adoro rapidinhas.

MULDER: - ? Desde quando?

Mulder olha pra Scully, incrédulo. Scully disfarça, mas fica tensa.

MULDER: - Scully, preciso ir. Não posso mais perder tempo.

SCULLY: - Hum... (BEIÇO) ... Vai, seu monstro!

MULDER: - Sabe o que pode acontecer se eu começar a provocar demais o McKenna...

SCULLY: - ...

MULDER: - Sabe que querem tirar você de mim, afastá-la do Bureau, da minha vida... Mas não vão conseguir.

SCULLY: - Não, Mulder. Não vão.

Mulder olha nos olhos dela.

MULDER: - Leia os meus olhos. Sabe o que tenho pra dizer.

SCULLY: - Sei, mas a cama vai ficar ali te esperando.

MULDER: - ????

SCULLY: - Vá, Mulder.

Mulder pega a mala, abre a porta. Sai. Scully fecha a porta. Mulder pára no corredor, com aquele seu olhar desconfiado. Olha pra porta de seu apartamento.


Pistoleiros Solitários – 10:11 P.M.

Frohike serve uma caneca de café. Coloca sobre a mesa, na frente de Mulder. Mulder está com aquela expressão de quem está intrigado.

FROHIKE: - Tem certeza?

MULDER: - Frohike, ela tá estranha. Desde que voltou. Ela tá me traindo!

FROHIKE: - Mulheres agem de forma estranha, Mulder.

MULDER: - Não... Ela tá me traindo, eu posso sentir isso! Ela não costuma ficar me elogiando, ela me joga pra baixo como se eu fosse o pior exemplar da espécie masculina!

FROHIKE: - ...

MULDER: - A impressão que tenho é que aquela não é a Scully. Nem teve ciúmes porque eu falei com a secretária!

FROHIKE: - Ora, Mulder! E quem seria?

MULDER: - Frohike, é ela e não é, entende?

FROHIKE: - Não.

MULDER: - ... Olha só: Quando eu digo que a amo, ela responde que me ama também, não ‘idem’.

FROHIKE: - Vai ver ela quis poupar frases longas.

MULDER: - Tá, mas quando olha nos meus olhos ela sabe o que estou pensando. E hoje ela interpretou meu olhar como sexo!

FROHIKE: - Você é tarado, o que esperava?

MULDER: - Não, ela sabe que eu pensava em amor. Mas hoje não sabia.

FROHIKE: - Fez sexo com ela? Foi diferente?

MULDER: - Isso é relevante?

FROHIKE: - Muito. Se ela está diferente, talvez tenha achado outro cara.

MULDER: - Não fizemos sexo. Me senti traído demais pra fazer isso.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Frohike, não é a Scully.

FROHIKE: - Mulder, eu estou começando a acreditar que você está ficando louco mesmo, sabia?

Mulder caminha até a sala, passa por Byers. Abre a porta.

FROHIKE: - Pra onde vai?

MULDER: - Pra Dallas. Esfriar a cabeça. Acho que estou ficando neurótico demais.

Mulder sai. Frohike balança a cabeça.

FROHIKE: - Esse cara tá ficando mais perturbado.

BYERS: - O que foi?

FROHIKE: - Ah, veio me dizer que a Scully não é a Scully e que ela está traindo ele... Sei lá. Quem entende o Mulder?


BLOCO 4:

Garagem do prédio de Scully – 10:53 P.M.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Scully desce do carro. Caminha até as escadas. Mulder está escondido atrás de um pilar.

MULDER: - Scully, me desculpe, mas tem alguma coisa errada. E eu quero descobrir.

Mulder a segue. Scully entra no elevador, sem percebê-lo. Mulder vai pelas escadas.

Corta pra Scully descendo do elevador. Mulder a espia pela porta que dá acesso às escadas. Scully fica experimentando chave por chave até achar a chave que abre a porta. Mulder fecha os olhos, não querendo acreditar. Scully entra no apartamento. Mulder aproxima-se da porta. Encosta o rosto na porta. Não escuta nada. Mulder afasta-se. Fica nervoso.


9:33 A.M.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Mulder, do outro lado da rua, observa o prédio de Scully, de dentro do carro. Olha pro relógio.

MULDER: - (DESCONFIADO) Ainda não foi trabalhar? A dedicada agente Scully que fica me irritando quando me atraso?

Scully sai do prédio, dirigindo seu carro. Mulder liga o carro. A segue. Percebe que ela pára o carro no acostamento. Mulder passa por ela e estaciona o carro bem mais à frente. Olha pelo retrovisor. Vê Krycek entrar no carro de Scully. Mulder cerra os pulsos.


Motel Willians – Knoxville – Tenessee - 3:14 P.M.

O dono do hotel abre a porta do quarto em que Scully estava. Mulder entra. Revira o lugar, mas não acha nada.

MULDER: - Tem certeza que ela se hospedou aqui?

WILLIANS: - Absoluta. Uma agente federal, ruiva, baixinha... Olhos azuis.

MULDER: - Quando ela saiu? Levou sua mala?

WILLIANS: - Saiu na madrugada. O Griffin veio buscá-la, mas ela saiu sem bagagem alguma. Depois não voltou mais. Teve um cara que pediu a chave do quarto dela. Disse que era seu parceiro no FBI. Me mostrou uma credencial... Não me lembro o nome, mas era engraçado. Até desconfiei que fosse piada.

MULDER: - Fox Mulder?

WILLIANS: - É, era esse o nome. Estranho, não? Ele deve ter levado os pertences dela.

MULDER: - Viu bem esse sujeito? O reconheceria?

WILLIANS: - Não sei... Acho que sim.

MULDER: - Ele usava luvas pretas de couro nas mãos?

WILLIANS: - Bom, com aquele frio que fez ontem, se não usasse era louco.

MULDER: - Era moreno, meio alto...

WILLIANS: - Não tão alto quanto você... Tinha sotaque.

Mulder fecha os olhos. Respira fundo. Olha pra Willians.

MULDER: - Russo?

WILLIANS: - Não sei.

MULDER: - Obrigado.

Mulder sai do quarto. Caminha até a viatura de polícia.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

O xerife está parado ali, fumando um charuto.

MULDER: - Xerife Clayton, sei que vai me dizer que isto é contra todas as leis. Mas não pode dizer que estou aqui. O Bureau não sabe e não entenderia.

XERIFE: - (INTRIGADO) Agente Mulder, se conseguir me explicar o bilhete do meu assistente Rob Griffin pendurado na geladeira de sua casa, dizendo que estava saindo da cidade, desistindo da carreira policial, porque fugiu com uma mulher casada, prometo sigilo absoluto... Eu não vi você por aqui.

Mulder entra na viatura. O xerife joga o charuto fora. Entra na viatura.

MULDER: - O Griffin... Ele tomaria uma atitude dessas?

XERIFE: - O Griffin? Não. Ele era um verdadeiro tira. Nunca deixaria a cidade, a carreira... O Griffin nunca saía com mulheres casadas.

MULDER: - O que ele estaria fazendo com minha parceira?

XERIFE: - Não entendo. Pra dizer a verdade, prendemos a senhora Parker naquela noite. Tentei falar com o Griffin, para pedir que ele notificasse a agente Scully sobre a prisão, mas acho que o rádio da viatura dele estava mudo. Ele não respondeu.

MULDER: - A Scully conhecia o Griffin?

XERIFE: - Sim. O Griffin é quem levava ela pro necrotério, pra delegacia... Ela não se enganaria.

MULDER: - E se alguém se passasse pelo senhor e mandasse o Griffin pegar a Scully, usando-o como bode expiatório?

XERIFE: - Se fosse assim, até entenderia. Mas ele não faria nada contra ela se alguém pedisse. Conheço meus homens, agente Mulder. Sei em quem eu confio ou não.

MULDER: - Sei disso, Xerife.

XERIFE: - Vamos dar uma volta pela cidade. Talvez possamos descobrir alguma coisa. Alguém mais pode tê-los visto.


7:31 P.M.

[Som: Faith no More – Evidence]

Mulder, no mesmo quarto em que Scully ficara na noite anterior, está sentado na cama, recostado na cabeceira.

MULDER: - Nenhuma prova... Nada... Nenhum vestígio... Tem alguma coisa estranha por aqui...

Mulder liga a TV, mas sem prestar atenção.

MULDER: - ... Onde está a peça chave? Quem sabe fizeram alguma lavagem cerebral em você?

Mulder fecha os olhos. Tenta raciocinar.

MULDER: - Tá bom... Digamos que eu seja o Fumacinha. Você estava atrapalhando, como tirá-la do FBI? Se Skinner está morto, fica mais fácil. Coloco-os sob vigilância do McKenna. Certo... Contando com a esperteza do Mulder, ele saberia que Mulder ficaria alerta... Não deixaria nada acontecer com sua parceira... Então mando a Scully pra longe dos olhos dele... Alguém se passa pelo xerife e liga pro Griffin vir buscar a Scully... Mas que droga! Falta alguma coisa aí...

Mulder levanta-se. Anda de um lado para o outro. Pensando como se fosse o Canceroso.

MULDER: - Eu poderia sequestra-los no meio do caminho e matar o Griffin, pegar a Scully... Ou matar a Scully... (PÂNICO) Substituí-la por... um clone.

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Um clone. Assim tiraria a Scully do FBI sem chamar a atenção do FBI nem... do otário aqui.

Mulder fica desesperado. Veste o paletó e o sobretudo e sai, batendo a porta. Pega o celular.

MULDER: - Xerife, é o agente Mulder. Podemos dar mais uma volta pela cidade? Sabe que trajeto Griffin poderia ter feito?


Hospital do Condado de Oak Ridge - 11:44 P.M.

Mulder e o Xerife Clayton entram no hospital. Natália, uma enfermeira, passa por eles, segurando a bolsa e o casaco. Sai pela porta de entrada.

Mulder aproxima-se da recepção. O xerife ao lado dele. A enfermeira do plantão os atende.

MARY: - Olá, Xerife? Perdido por aqui? Veio falar com o xerife Anderson?

XERIFE: - Preciso de um favor. Extra oficial, sabe que estou fora da minha jurisdição.

MARY: - Sim, claro.

XERIFE: - Preciso saber se viu esta mulher.

Mulder entrega uma foto de Scully. Está desatinado. A enfermeira olha pra foto.

MARY: - Não.

XERIFE: - Fique com essa foto. Se encontrá-la por favor me comunique. Ou ligue pro telefone que está atrás da foto.

MARY: - Ela aprontou alguma coisa?

XERIFE: - Não. Está desaparecida e não podemos colocar isso nos jornais.

MARY: - Vou pedir aos paramédicos para ficarem atentos nas emergências.

XERIFE: - Obrigado, Mary. Vou checar o necrotério.

MARY: - Por que acha que ela está aqui? Por que não em Knoxville?

XERIFE: - Tenho testemunhas que viram a viatura do meu assistente vindo pra essa direção.

MARY: - Checou os precipícios?

Mulder fecha os olhos, tenso, nervoso. Parece que vai desabar a qualquer momento.

XERIFE: - Checamos tudo. Não achamos nem o Griffin, nem ela e muito menos a viatura.

MULDER: - (ENGASGANDO-SE COM AS LÁGRIMAS) Esses homens, xerife, costumam ser cuidadosos. Não deixam provas.

O xerife olha pra Mulder. Olha pra Mary.

XERIFE: - Mary, se vir o Griffin...

MARY: - Sei, xerife.

Os dois saem do hospital. Mulder está quase chorando. Eles entram na viatura.


12:28 A.M.

Natália caminha. O vento está gelado e faz os cabelos dela voarem. Flocos de neve caem mais rápido. Ela caminha com os braços cruzados, tentando esquentar o corpo. Olha pro caminho à sua frente.

NATÁLIA: - Ah, Deus... Por que caminhar mais, numa noite como essa, se posso caminhar menos?

Natália olha pra floresta, ao lado.

NATÁLIA: - Sem sombra de dúvida, Natália. Vamos atalhar hoje.

Natália entra na floresta.

NATÁLIA: - Droga, um dia ainda vou acabar sendo assaltada, morta, estuprada e seja lá o que mais! Tenho que economizar e comprar um carro novo!

Natália aperta o passo, ouvindo os galhos se quebrarem a seus pés. O vento assovia por entre as árvores. Ela aperta mais o passo. A neve cai.

NATÁLIA: - Lugar feio durante a noite... Assustador.

Natália vê sua casa, já bem perto. Fica aliviada. Continua caminhando. Escuta um gemido.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Natália pára. Olhos assustados. Natália olha em direção ao cemitério, que fica bem próximo.

NATÁLIA: - Eu não acredito nessas coisas, mas...

Natália ouve o gemido novamente. Inclina a cabeça pra escutar. Percebe que o gemido vem de outra direção.

NATÁLIA: - Olha aqui, se tem algum engraçadinho aí, vai se entender comigo! Vou chamar o xerife!

Silêncio. Natália continua caminhando, já furiosa.

NATÁLIA: - Esses garotos são muito bestas! Já deviam estar dentro de casa, ao invés de ficarem por aí assustando os outros. Seus moleques! Se pegar um de vocês de novo, dessa vez vou entregá-los pra sua mãe!

Natália escuta o gemido, agora mais fraco. Natália começa a procurar, por entre as árvores. Vê um braço, estendido, por detrás de uma moita. Natália fica parada, indecisa, nervosa. Percebe que há sangue pelo lugar, misturando-se a neve que já se acumula no chão.

A enfermeira aproxima-se com receio. Escuta o gemido mais fraco ainda. Natália aproxima-se. Vê Scully, deitada no chão, de olhos fechados, suja, esfarrapada, com a cabeça coberta de sangue. A pele dela está com uma cor roxa, lábios rachados e queimados pelo frio.

NATÁLIA: - Oh, meus Deus!

Natália agacha-se.

NATÁLIA: - Moça, está me ouvindo?

SCULLY: - ... (Geme baixinho)

NATÁLIA: - Moça, não sei quem fez isso, mas precisa de ajuda médica. Sou enfermeira, posso ajudá-la!

Scully não responde.


Hospital do Condado de Oak Ridge - 12:57 A.M.

Os paramédicos levam Scully, em estado de choque, pra dentro da emergência. Natália aproxima-se de Mary.

NATÁLIA: - Nem sabe o que me aconteceu!

MARY: - Nem imagina o que aconteceu por aqui... Bob Lee esfaqueou o namorado de novo. Chamei o xerife Anderson. Acho que agora ela vai ter o que merece.

Mary pega sua bolsa. Os paramédicos saem do hospital.

MARY: - Hora de ir pra casa.

NATÁLIA: - (INCRÉDULA) Casa? Estamos com uma emergência aí e não temos pessoal! Até eu que estou de folga vou ficar pra ajudar.

MARY: - Sinto, querida. Hoje eu quero dormir, pouco me importa se o papa estivesse aqui morrendo.

Natália entra na emergência. O Dr. Caulfield, um loiro alto, jovem, e a enfermeira-chefe Hills, uma senhora gorda de pele negra tentam salvar Scully. Natália lava as mãos. Coloca as luvas.

HILLS: - Está fibrilando...

DR. CAULFIELD: - Ela está em choque... Está congelada! Natália, preciso da sua ajuda.

Natália aproxima-se da mesa. Scully pára de respirar.

HILLS: - Ah, meu Deus, ela está morrendo!

O médico pega o desfibrilador.

DR. CAULFIELD: - Afastem-se!


Delegacia de Knoxville – 1:23 A.M.

Mulder aperta mão do xerife, enquanto segura uma sacola de viagem nos ombros.

MULDER: - Obrigado.

XERIFE: - Não vou descansar, agente Mulder. Tenho o Griffin nessa história também.

MULDER: - Ficaria mais um tempo. Mas tenho de ir pra Dallas ou vão comer minha cabeça em Washington.

XERIFE: - Faremos o seguinte: Venha pra cá no final de semana. Daremos outra busca mais extensa.

MULDER: - E-eu... (EMOCIONADO) Eu não consigo mais...

Mulder senta-se, começa a chorar. O xerife olha pra ele, compadecido. Mulder está desabando de tristeza.

XERIFE: - Agente Mulder, sei que precisa ir pra Dallas. Então vá, faça o que tem que fazer pra não perder seu distintivo. Eu ficarei aqui procurando por eles. Não vou desistir. Se estiverem vivos, não vão sobreviver com a nevasca que se aproxima. Vou organizar um grupo de busca antes que o tempo fique pior. Vá, resolva o que tem pra resolver e volte assim que puder. O manterei informado.

Mulder levanta-se. Seca as lágrimas.

MULDER: - Ligo pra você. Mas por favor, não desista. Eu... Eu não quero acreditar que eles estão mortos.

XERIFE: - Está preocupado com sua mulher, não é? Não está preocupado com sua parceira.

MULDER: - ...

XERIFE: - Também tenho o grande amor da minha vida, agente Mulder. Por ela, moveria aquelas montanhas do lugar.

MULDER: - ...

XERIFE: - Quer uma carona?

MULDER: - Não, vou caminhando. Preciso ficar acordado. Pegarei uma carona na divisa da cidade, até o aeroporto em Chatanooga.

Mulder sai da delegacia, com a sacola de viagem pendurada no ombro. A neve continua caindo. Mulder pega o celular. Liga pro número de Scully.

SCULLY (OFF): - Scully.

MULDER: - ... (TENTANDO CRIAR CORAGEM)

SCULLY (OFF): - Alô? Quem é?

MULDER: - ... Scully, sou eu.

SCULLY (OFF): - Eu quem?

MULDER: - (SUSPIRA) ... O Mulder.

SCULLY (OFF): - Já está em Dallas?

MULDER: - ... (TRISTE) Scully, liguei pra saber se você quer me esperar com aquele mousse que eu adoro.

SCULLY (OFF): - (INSEGURA) Serve outro? Ou é só aquele?

MULDER: - ... (RECEIO) É, você sabe qual é, não sabe?

SCULLY (OFF): - (COM MEDO) Claro que sei, Mulder.

MULDER: - (NÃO QUERENDO ACREDITAR) Pensei que havia esquecido que adoro... Mousse de “chocolate”.

SCULLY (OFF): - (RESPIRA ALIVIADA) Ora, Mulder, como eu iria esquecer que você é doido por mousse de chocolate?

Mulder se engasga em lágrimas, fechando os olhos. Desliga o telefone.

[Som: Brian Hyland – Sealed with a Kiss]

A neve cai mais rápida. As lágrimas de Mulder também. Ele sai caminhando pela calçada, cabisbaixo, abatido. Coloca as mãos no bolso. O vento sopra, fazendo seu sobretudo esvoaçar. Mulder ergue a cabeça e olha pras montanhas ao longe, onde vê as luzes do condado de Oak Ridge. Abaixa a cabeça e continua caminhando.

MULDER (OFF): - (CHORANDO) Como uma criança, eu fiquei perdido. Como um sonho, você se foi. E como um louco, vou continuar a te procurar...

Fade out.

TO BE CONTINUED...

13/05/2000

18 июня 2019 г. 0:34 0 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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