Короткий рассказ
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Tudo tem um começo, certo?

O caminho de casa é longo e agitado.
Tínhamos passado em um lugar pra comer alguma coisa antes de partir, mas não consegui enfiar nada no meu estômago, estava ansiosa demais pra tudo isso. Ainda estou.
Meus novos pais moram em outra cidade, não muito distante da outra em que eu vivia, eles me pegaram na hora do almoço, por isso haviam parado pra comer alguma coisa no caminho... Uma sexta feira de um ano qualquer, um dia que será marcado pelo resto de minha vida, acho eu. Ou será que vou esquece-lo daqui a alguns meses?
Bem, detalhes, eu fui adotada. Isso é o importante agora.
Nunca achei que ficaria tão nervosa, mas cá estou eu, roendo as unhas no banco de trás do carro de meus... Meus... Já posso chamá-los de pais?
Meus pensamentos vão e voltam sem se fixarem em algo específico, não sei direito o que fazer...
Nina, a garota mais durona que já conheci, me abraçou de um jeito tão apertado e emotivo quando virei as costas para ir embora, que me fez chorar. Fomos colegas de quarto por um bom tempo, na verdade, acho que desde que pisei naquele orfanato. Vimos muitas meninas saírem para lugares bons, lugares ruins, e nunca recebíamos noticias delas, assim que elas saíam pareciam esquecer de tudo o que passaram conosco. Acho que comigo será igual, não vou me enganar dizendo que mandarei mensagens e cartas para Nina todos os dias, porque sei que irei esquecer alguns dias depois dessa pequena promessa sem sentido. Ela sabe que estou bem, eu sei que ela está bem, nossa amizade não vai mudar, eu só espero que... Eu possa encontra-la de novo um dia desses.
_ Você não está com fome, querida? - Pergunta minha mãe, fazendo eu sair daquela gigantesca onda de pensamentos - Não comeu nada quando paramos....
_ Não, estou bem.
_ Está nervosa não é? - diz meu pai dando risinhos - quer logo conhece-lo, sei sei.
_É.... - digo não muito confiante e me arrumo no banco do carro, eles dão risinhos, como se me entendessem.
Eu não sei o quanto isso está certo ou completamente errado, mas eles me avisaram a poucos dias que eu teria um irmão, que eu tenho um irmão. Quando os contratos já estavam assinados, quando só faltavam me levar e marcar um dia para terminar aquela imensa papelada, só aí eu descobri. Me assustei e fiquei sem reação, eles apenas sorriram para mim. Será que ele não passa muito tempo em casa, já é adulto e casado? Deve ser isso, porque... Para eles não lembrarem de me contar isso, só penso nesse motivo plausível, os outros são ruins e catastróficos.
Em todo o caso, não me importo, já lidei com vários tipos de garotos, meninos e homens, já briguei com eles, lutei com eles, machuquei e fui machucada. Mas isso não vem ao caso agora, seja la como ele for, vai se ver comigo se tentar alguma gracinha.
Acho que meus pais já repararam nisso e com certeza em meu comportamento e temperamento. Bem, antes de ir para essa casa, eu vivia em um orfanato, ele não era ruim, mas não sei compará-lo com outros, então já se vê que não tive a educação de primeira linha que muitos privilegiados "filhos de papai" tiveram. E a maioria das coisas aprendi por conta própria, acho que desde sempre eu soube me virar, se bem que... Esse "desde sempre" começa nos meus dez anos, porque não me lembro o que aconteceu antes disso, e se estende até a idade atual, dezesseis anos.
Acho que eles sabem que não será fácil, mas eu prometi me esforçar pra fazer isso dar certo. Então vamos lá.
Chegamos na cidade.
Sinceramente, não sei porque me escolheram, não faz o menor sentido, na minha cabeça. Não sou fisicamente parecida, nem emocionalmente estável como eles, mas acho que foi aquilo que eles chamam de afeto, ou algo do tipo, eu gostei deles e eles gostaram de mim. Como, eu não sei.
Me olho no reflexo do vidro do carro. Cabelos castanhos, cacheados, não muito volumosos e compridos, olhos escuros, acho que são pretos, nunca parei pra notar isso, só sei que quando ficam na luz minha pupila parece aquelas de gato. Passo a mão em minha cicatriz, começando na testa e deslizando descendo ao olho esquerdo e parando na bochecha, hm... Ela cresceu de novo. Solto um suspiro que faz a franja na frente do olho voar. Lábios grandes, pele morena, orelhas pontudas, me sinto um elfo toda vez que reparo nelas.
Ninguém do orfanato conseguiu identificar direito qual é o meu dom ou a origem dele, porque minhas características físicas não são relacionadas a nenhum tipo de dom específico e, como a demonstração e aparição dele é a partir dos dezesseis anos... É, ficou difícil alguém conseguir dizer algo a respeito. A grande maioria das meninas já sabia seu dom, ou pelo menos o que ele faz, eu fui uma das únicas com essa peculiaridade. Isso é um saco.
Olho para meus pais. O nome dele é Corin, não faço a minima ideia da origem desse nome, tem cabelo preto, com alguns fios de branco, mas aquilo o deixa charmoso, óculos quadrado, pele branca, uma aliança no dedo, olhos... Não lembro agora e não consigo ver, mas são claros. Ela se chama Cristine, cabelo comprido e branco descolorido, não usa óculos, pele branca, a aliança tem uma pedrinha encima e tem olhos cor de mel. Acho ela bonita.
_ Esqueci de perguntar uma coisa - digo
_ O que foi, querida? - Cristine se vira para trás sorrindo
_ Meu... Irmão - digo aquela palavra estranha como se fosse um erro, mas não foi intencional, simplesmente saiu assim - é biológico de vocês?
_ Oh, não! Não podemos ter filhos, Chloe. Ele é adotivo, assim como você - diz Cristine se virando para frente - está tão preocupada assim com ele? Yuri é um amor de pessoa! Não machucaria nem uma mosca!
_ Sei...
_ Ah, não fique assim! - diz Corin - foi ele que nos pediu pra "guardar segredo" sobre ele, a culpa não é toda nossa
_ Corin! - Cristine olha pra ele
_ Ué, o que foi?
_ "Guardar segredo"?! Assim mesmo ela vai se assustar. Chloe, não é nada demais, ele não passa muito tempo em casa mesmo e ele queria que você soubesse dele quando se encontrassem.
_ ... Cris, ele está em casa hoje? - pergunta Corin.
_ Bem, ele costuma vir de quarta feira... - ela começa a pensar
_ Hoje é quinta - digo
_ Sim sim... Então, acho que ele não vai estar... - ela afirma fracamente - mas não se preocupe com isso, querida.
_ Hm - digo encerrando o assunto e olho para o lado de fora do carro, vendo os carros passarem, são poucos. Acho que entramos em um bairro...
_ E... Chegamos! - Cristine levanta as mãos cantarolando
O carro vira para a direita, do lado esquerdo tem um gramado, e entramos numa garagem. Sinto meu coração bater mais rápido, é agora então....
_ Preparada, filha? - Corin olha para mim empolgado.
É, eu também estou:
_ Claro!
Corin abre a porta para mim, eu saio com a mochila mas costas e olho minha nova casa. Uma pontada de sentimentalismo bate, sinto que irei desabar de chorar, mas como eu não sou assim, apenas engulo isso e sorrio, um sorriso verdadeiro de felicidade e emoção. Suspiro fundo
_ Vamos, vamos! Ficar parada na porta não vai adiantar de nada! - Diz Cristine me empurrando para sair da garagem e ficar na frente da casa.
Ouço Corin gritando atrás de mim, depois de fechar o porta malas e pegar a minha mala.
_ Vamos ver se ele está... Yuri!
Ouço algo como um "ooi" ao longe, ele esta em casa então. Penso nas possíveis maneiras de me apresentar de forma correta e sem assustar ninguém.
_ Ah, ele está! - Cristine diz, dando um pulinho, ela desde sempre é agitada assim, desde nosso primeiro encontro, naquele primeiro dia em que eu achei que não daria em nada...
Ela começa a me direcionar para dentro de casa.
Ah sim, a casa.
De frente é um belo retângulo de dois andares com um lindo jardim em sua frente. Não eu não estou sendo irônica, ela é bonita mesmo, eu só não sei descreve-la devidamente. Na parte de cima tem duas janelas, na parte de baixo mais duas janelas e uma porta no centro, do lado esquerdo a garagem do carro. Ela é de um azul claro, quase cinza.
Entro.
A primeira coisa que vejo é a escada que leva para a parte de cima da casa, onde possivelmente tem os quartos, ela faz uma curva a direita então não consigo ver quantos quartos são, ela é bem de frente com a entrada. Do lado direito vejo a sala, bem arejada e clara, cores pastéis, do lado esquerdo a copa com a cozinha e um balcão separando-os, cores mais vivas. O piso e a escada são feitos de madeira, me sinto tão em casa... Suspiro de felicidade.
...
Não me lembro de ter agradecido a eles.
_ Yuri! - chama Cristine - sabe que dia é hoje, filho?
_ Aham, tá - ele diz sem sequer ter ouvido ou entendido o que Cristine perguntou, a voz vinha de cima provavelmente estava em seu quarto com a porta aberta, apenas esperando os pais chegarem para dizer que estava na casa.
_ Ah, lá vai ele com aqueles fones de ouvido - Cristine cruza os braços e olha para Corin
_ Ah, você sabe como ele é, já já ele tira.
Ouço um barulho vindo de cima:
_ Eu sei o que? - ele pergunta tentando entender o que Cristine tinha dito, mas ela não ouve, jã tinha ido para a cozinha preparar alguma coisa e Corin nem se deu o trabalho de responder, está ocupado demais vendo algumas mensagens no celular.
Eu já tinha visitado a casa, então sei como o dia a dia deles funciona e como eles são. A única novidade aqui é esse Yuri.
_ Ela perguntou se você sabe que dia é hoje - digo
_ Quinta - ele grita sem se importar com quem tinha respondido sua pergunta, no caso eu - Ah eu já sei, mãe, eu vim de surpresa e você não fez nada pra eu comer, mas eu já vim almoçado, tranquilo. E desde quando você chega em casa e só me pergunta o dia sem sequer vir aqui e--
Ele para de falar, algo me diz que ele só pegou o calendário agora e resolveu dar um a conferida no dia. Afinal, minha data já tinha sito marcada a tempos pra eu me mudar definitivamente pra cá.
_ Mãe! - ele grita, ouço barulho dele se levantando e começando a correr pra descer as escadas, derrubando tudo pelo caminho - Não vai me dizer que trouxeram a--
Ele desce as escadas parecendo um doido e quando me vê fica completamente sem reação, abre a boca de um jeito esplêndido como se dissesse "nossa que surpresa, o que eu faço agora?"
Eu não saí da porta ainda. Eu sei que eles, desde sempre, disseram a mim que "a casa é sua" e "fique a vontade pra se jogar do sofá" mas ainda não sei o quanto posso abusar dessa hospitalidade, melhor começar aos poucos.
Então também não sei o que fazer, ainda mais porque eu não sei como ele é.
Bem, ele deve saber como sou.
Solto a mochila e me aproximo um pouco dele, olho-o de cima a baixo e viro o rosto. Ele fica ainda mais sem reação
Yuri é... Um garoto, obviamente, de seus... Dezoito? Acho que dezenove anos. Me pergunto se ele tem algum tipo de dom... Está com um casaco e calça de moletom, típica "roupa de ficar em casa", e esse cabelo preto está mais bagunçado do que de costume, muito provavelmente, acho que ele nem se deu o trabalho de olhar no espelho antes de sair de casa... Ou da cama. Será que ele levantou agora e correu pra casas dos pais por motivos aleatórios?
Não sei, mas estou me segurando pra não rir, felizmente sei ficar séria em momentos necessários.
Ele é mais alto que eu e tem olhos azuis, muito claros, ficam ainda mais claros com aquele olhar arregalado.
Depois de alguns segundos, ele consegue respirar normalmente e sair do estado de choque por me ver, mas ainda não consegue dizer muita coisa. Suspiro mostrando que estou entediada. Sério? Vai ficar parado ai me encarando até quando?
Meus pensamentos começam.
Um garoto como irmão... Onde raios isso pode dar certo? Só espero que não tenhamos que dividir o mesmo quarto. Ele parece ser tão... Tímido, bobo. Ah, que grande idiota. Não vou ter paciência com ele, já estou até vendo. Não estou reclamando de ter sido adotada ou algo do tipo mas... É que eu passei por tantas encrencas por causa de homens, não por me apaixonar ou algo do tipo, mas por confiar em caras errados, tomar decisões erradas e acabar se ferrando no final. Aprendi a não confiar muito neles. Então como eles querem que eu simplesmente aceite...
Pensando eu em tudo isso, ele de repente abre um largo sorriso.
Não consigo entender, fico confusa, paro de pensar, olho para ele com a mesma cara que ele tinha feito segundos atrás. Mas que raios ele está pensando?!
_ Aaaah, Chloe! - ele diz tão animado que me sinto contagiada. E num instante, sem ao menos eu ter tempo de questionar ou fazer qualquer outra coisa, ele chega perto de mim e coloca sua mão no meu cabelo, bagunçando-o e fazendo os cachos voarem - Seja bem vinda!
Ele diz animado, eu fico ainda mais sem reação. Ele parece... Feliz por me ver. Cristine olha para nós ao longe e da risinhos, eu olho para Yuri, então é esse o garoto que seria meu irmão... Não, que é meu irmão. Um garoto bobo que só sabe sorri.
Não sei se esboço um sorriso, se simplesmente dou um tapa em sua mão dizendo "não toque em mim" ou continuo com essa cara idiota que estou.
Depois de alguns segundos ele percebe que não irei falar nada, continuo com a mesma cara de idiota, mas ele não desanima, segura em meus ombros e me olha de cima a baixo, depois diz:
_ Ei, Chloe, vamos ser amigos, tudo bem? - ele diz sorrindo, eu não consigo responder e ele também não da tempo - Não sei se de uma hora pra outra você vai aceitar essa de ter um irmão, então pensei em começar devagar. Olha, eu sei exatamente o que você passou até chegar aqui e eu... - ele se enrola um pouco pra falar, está agitado demais - eu quero ser alguém importante pra você! Eu quero... Quero realmente fazer isso dar certo, eu prometo que farei o melhor que puder pra... - ele para e pensa em voz alta - não, acho que não esta certo. Eu devia...
Ele me solta e começa a reformular as frases, está ficando cada vez mais confuso, nunca vi alguém tão animado em me conhecer...
Ele realmente quer fazer isso dar certo, não é? Começo a perceber, ele não parece ser igual aqueles garotos que conheci, parece ser tão respeitoso, responsável e não parece estar mentindo no que está falando, só está nervoso, muito nervoso.
Não sei, ele me tranquilizou, meu coração parou de acelerar, eu me sinto tranquila do lado dele.
Toda a minha pose de durona foi por água a baixo. Ah, quem se importa? É pra isso dar certo não é? Certo. Vou fazer a minha parte.
Até porque, nunca vi alguém realmente querer se importar comigo por simples vontade, sem segundas intenções, sem... Sem nada. Isso é estranho pra mim, a atitude dele. Mas me faz me sentir segura. E como eu sei que vou passar uns bons anos com ele...
Sorrio e me aproximo
_ Aah, desculpa, eu falei alguma coisa... - ele começa mas eu não o deixo terminar e o abraço.
Não sei se é a coisa mais certa a fazer, mas eu quero acalma-lo de alguma maneira, porque nós dois estamos nervosos. Nós dois somos estranhos. Nós dois somos adotados. Nós dois somos... Irmãos
_ É eu entendi, Yuri - digo olhando pra ele - e eu prometo colaborar pra não ser muito chata, pode ser?
Um trato tão idiota como esse faz ele rir e eu conseguir sorrir pra ele.
Talvez nada disso dê certo, talvez eu volte para o orfanato daqui a alguns meses, talvez nunca mais o veja de novo, mas vamos fazer nossa parte, vamos tentar fazer essa família dar certo. Afinal, se Destino me colocou aqui, algum motivo deve ter e eu quero descobrir.
Quero ser irmã desse grande idiota

15 июня 2019 г. 21:47 0 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

kay Chan Apareceu pra mim uma raposa, ela contou sobre um outro universo, semelhante ao nosso, mas com algumas coisas a mais... Ou a menos. Felizmente ela me deixou narrar alguns acontecimentos e outros ela mesma me deu livros que já tinha escrito sobre tudo aquilo. E agora, cá estou eu, publicando certas coisas sobre esse universo, descobrindo-o junto com ela. Obviamente não conheço apenas ela e sua história, mas, sem dar spoilers, vocês conhecerão junto comigo então... Bem vindo a tudo isso!

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