sahsoonya sahsoonya

[KaiSoo] [Fluffy] [menção ChanBaek] [One shot] KyungSoo tem uma paixão platônica por um colega de sala, e devido à sua timidez, sente-se incapaz de externar seus sentimentos. Mal sabe ele que Kai está à espreita, apenas esperando o momento certo para lhe fazer uma proposta que promete resolver seu problema de uma vez por todas. Mas, o que começa com um acordo lucrativo para ambas as partes se torna muito mais que isso.


Фанфикшн Группы / Singers 18+.

#exo #kaisoo #yaoi #lemon #slash #sahsoonya #ua
Короткий рассказ
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Just follow the steps

My loving mentor



Já era a segunda vez que o professor chamava sua atenção durante a aula. Mas, KyungSoo simplesmente não conseguia parar de olhar para ele. Seja lá o que ele fizera consigo, tinha o enfeitiçado de tal forma que, mesmo sendo o maior nerd daquela escola, não conseguia se concentrar na aula, na presença de Park ChanYeol. Já faziam exatos 2 anos que o baixinho babava pelo loiro metido à cantor, e nada do maior notá-lo. E olha que ele não era o único à nutrir uma paixonite platônica pelo loiro. Mas, a timidez sem limites de KyungSoo não lhe permitia sequer olhar para o garoto que sentava a quatro carteiras de distância, sem corar ou cometer alguma gafe digna de vídeo no You tube. Por que sim, além de nerd, esquisito e tímido, Do KyungSoo ainda conseguia pagar uns micões perto do cantor, que mal sabia de sua existência, como se é de praxe em amores unilaterais.


- Do KyungSoo! Pode responder a questão 9? - o professor disse, com seus óculos fundo de garrafa bem caídos sobre seu nariz, se abaixando levemente pra que pudesse dirigir seu olhar de ódio ao rapaz, certo de que essa nova estratégia faria o rapaz aprender a não viajar em sua aula.


- S-sim, professor Kim... - Kyung se levantou, constrangido pela exposição a que fora submetido - A resposta é "Yes, she does".


O burburinho se seguiu pela sala, como em toda vez que o espertinho, como era conhecido pelos corredores, se dignava a abrir a boca, afinal, ele parecia ser o único aluno que realmente compreendia algo que o professor de Inglês dizia em meio àquela turma. MinSeok sorriu, internamente feliz de pelo menos ter um aluno que se saía bem naquela matéria, para levantar um pouco seu moral na sala dos professores. Mesmo com raiva da falta de atenção do aluno, MinSeok sempre pedia ao rapaz para responder as perguntas.


- Correto. Espero que preste atenção daqui em diante. Não é por que você tem facilidade com a língua, que deve se descuidar durante as aulas.


KyungSoo assentiu freneticamente.


Ao se sentar novamente, quase derrubou seus cadernos, ao constatar que ChanYeol havia olhado para ele. Suspirou, irritado consigo mesmo por perder completamente o controle, por causa de um simples encontro de olhares.


Aquele era seu último ano naquela escola. Seria demarcado pela escolha da faculdade, de um futuro diferente. Mas, embora estivesse muito satisfeito de apenas observar o objeto de sua admiração de longe, algo dentro de si continuava batendo insistentemente naquela mesma tecla do "E se". Era isso que acabava consigo, afinal, ele bem sabia que ChanYeol era inclinado a gostar de meninos também. Qual era o impedimento? Ele se declararia... O que de pior poderia acontecer?


- Ele te rejeitar? - Baek, seu melhor amigo, lhe dizia no refeitório.


KyungSoo suspirou derrotado.


- É isso que me assusta. Na verdade, até eu tenho pena do Park. Sendo cobiçado por alguém como eu. Que pesadelo.


BaekHyun riu da fala do amigo.


- Ah, por favor Kyung... Pare de se desmerecer assim. Você é muito bonito e eu já disse isso. Veja bem, você tem esses lábios carnudos e beijáveis, além de um rosto lindo, pele macia e essa bunda, que nossa... Merecia um Oscar.


KyungSoo revirou os olhos.


- Você fala isso por que é meu amigo e quer me consolar.


- Deixa de ser besta... Você sabe muito bem que morro de vontade de ter dar uns pegas desde o fundamental, mas você nunca me deu moral.


Ambos riram. Era sempre assim. BaekHyun era um aluno de personalidade forte que dava às a toda sua "efervescência natural", como ele mesmo gostava de intitular, sendo o escritor do jornal da escola. Ele era aquela pessoa legal com quem todo mundo conversa, apesar de não se engraçar com os populares. Era risonho, alegre e irreverente, e não tinha papas na língua. Alfinetava mesmo e se reclamasse, virava manchete, pra todo mundo ver. Todos sabiam quem era Byun BaekHyun. KyungSoo, devido ao seu sempre gritante complexo de inferioridade, não fazia ideia do porquê de seu amigo gostar tanto de si.


Baek chegara certo dia ao seu lado na educação física, ainda no maternal e lhe disse simplesmente:

- Ei, garoto olhudo... Vamos ser amigos.


Na época, talvez por ainda não ter a influência de Baek sobre si, e devido à falta de presença de espírito, ele concordou com tudo que o outro lhe disse e assim se tornaram amigos.


Hoje em dia ainda se perguntava por que o amigo ainda queria estar consigo. Era quieto e mal encarado, além de 0% popular e 110% desengonçado.


- Para de graça... Nunca vou te deixar ter acesso ao meu corpinho... - gracejou.


Baek fez um biquinho contrariado, só para chatear o amigo.


- Assim você me ofende. Mas, você quem sabe... Não faz ideia do que está perdendo, por que eu sei muito bem como fazer... - piscou sedutoramente para o amigo, que pôs o indicador perto da boca aberta, dramatizando um enjoo, por causa da ideia.


- Seu doente... Seria como pegar um irmão.


- Ah, Soo... Esse incesto seria excitante...


Os dois riam e se batiam, até que viram os atletas de basquete passarem, em sua glória, desfilando com a blusa do time, rodeados de meninas em seus flancos.


Baek e Kyung reviraram os olhos ao mesmo tempo, compartilhando com desdém seu profundo aborrecimento com aquela classe de pessoas em especial.


- A gangue da futilidade chegou... - disse Baek, olhando torto para aqueles que teria que entrevistar logo mais, para a sessão de esportes do jornal, devido à vitória no último campeonato entre escolas do estado.


Kyung continuou comendo seu lanche, olhando discretamente para o Park, que comia alegremente enquanto tinha fones de ouvido e fitava o nada. Suspirou pesadamente, até que ouviu de Baek que teria que ir trabalhar e se despediu, vendo Baek ser cumprimentado pelos jogadores, que o tratavam muito bem por saberem que chovia sangue para quem não se comportasse por perto do baixinho.


Tão entretido estava em consumir seu suco de uva, KyungSoo não percebeu que estava sendo observado muito de perto. Só se deu conta de que alguém havia sentado ao seu lado quando Kai estalara os dedos em frente de seu rosto.


- Ei... Terra para o espertinho... - disse ele.


- Jongin! Por Deus... - pôs a mão direita no coração. - Quer me matar de susto, garoto?


O outro apenas riu. Passado o susto, KyungSoo achou estranho que justo o jogador de basquete que estudava na mesma turma que si, estivesse ali sentado ao seu lado na mesa.


- P-por que está aqui...? - questionou, vendo que Kai o observava serenamente. Kyung o olhava de rabo de olho, enquanto ainda sorvia do líquido.


- Estou esperando você terminar pra gente poder bater um papo... - falou, sentando de frente para ele, colocando uma perna pra dentro da mesa e uma pra fora. Kyung continuou a olha-lo meio aturdido, ao que o atleta lhe sorriu.


Tomou todo o suco e disse, incerto:


- Não batemos papo...


Kai riu novamente.


- Como sempre, está certo... Espertinho.


Kyung piscou, com uma expressão parcialmente desconfiada, parcialmente entediada.


- O que quer aqui então?


- Vim lhe fazer uma proposta...


Os olhos já grandes do menor se arregalaram ainda mais, e por um momento ele corou, sem saber bem por que.


- Uau... Ficaram ainda maiores. - Kai se aproximou mais, se divertindo com o embaraço do outro. - Seus olhos.


KyungSoo lhe deu uma olhada assassina. Kai pigarreou, mudando de assunto:


- Enfim, minha proposta é muito lucrativa para você então ouça com muita atenção... Não pude deixar de notar que gosta do Park.


Kyung tentou negar, mas a expressão debochada de Kai não lhe deu aberturas.


- Nem adianta negar... Está tão óbvio. Continuando... Mas, ele não sabe que você existe...


Kyung abaixou a cabeça, deprimido.


- Mas, pense... - continuou o moreno - E se alguém com muita experiência te ajudasse a conquistar esse cara?


Kyung suspirou baixinho, incerto de onde aquela conversa acabaria.


- E quem faria algo assim? E que garantia eu teria de que isso iria funcionar?


Kai sorriu maroto.


- Bem... respondendo sua primeira pergunta... Eu faria. A segunda... Comigo a garantia é de 100%.


Kyung engoliu em seco, antes de prosseguir.


- Mas... Não entendi. Por que você faria isso por mim?


Kai sorriu mais amplamente, tirando os cabelos da franja da frente dos olhos teatralmente. Ele nem parecia aquele brutamontes que vivia infernizando a vida do menor no playground do bairro uns anos atrás.


- Por que eu quero lhe ajudar... E também por que seria uma troca justa.


Kyung arqueou uma sobrancelha. Aquilo tudo estava bom demais pra ser verdade.


- O que quer de mim?


Kai coçou a nuca, visivelmente envergonhado.


- Então, como sabe, eu não manjo muito de Inglês, sabe? Se eu for mal nas próximas provas trimestrais eu posso perder minha posição no time. Seria meu fim...


Kyung pôs a mão no queixo, enfim entendendo onde aquela conversa estava chegando.


- Então quer que eu te ajude a aumentar suas notas?


- E em troca, te ajudo a conquistar o Bon Jovi ali... - apontou para ChanYeol com o queixo. Kyung desviou o olhar, quando viu que o outro lhes fitara brevemente.


Pensou um pouco, enquanto Kai ainda sorria. Ficou um pouco incomodado com os olhares dirigidos a si, já que estava conversando com "o" Kai no refeitório. O moreno, porém, parecia muito alheio a isso, ou talvez não se importasse muito mesmo com o que os outros diriam ao vê-los juntos, pois mal se importou.


- Vamos lá, KyungSoo... Não tenho o dia todo, o que me diz? Temos um acordo?


Kyung tentou não pensar muito racionalmente naquilo. Afinal, o amor não é racional e ele queria muito resolver tudo aquilo antes do fim do ano. Kai era muito popular e já tivera muitos relacionamentos para estar apenas o enganando ao assegurar que ele conseguiria o que quisesse. Não seria tanto esforço assim ajudar um cara daqueles em troca de seu tão sonhado romance com o crush. Mesmo com aquele sentimento de que se arrependeria, estendeu a mão, apertando a de Kai, enquanto dizia:


- Ok. Eu aceito sua proposta.


O sorriso de Kai deixou nítido o seu alívio de saber que tiraria o vermelho de seu boletim. Já KyungSoo, dirigiu seu olhar ao garoto alto mais no fundo do local, com uma chama de esperança nascendo em seu interior.


***


Era estranho estar ali. Principalmente por que esperara cerca de meia hora por Kai do lado de fora da escola, e também por que ele não estava sozinho. KyungSoo caminhava enquanto fitava o amigo de Kai, que sequer olhava para seu lado. Enquanto os seguia em silêncio, ficava imaginando o que os outros estudantes que por ali passavam deviam estar pensando. Certamente achavam que os valentões o estavam levando para algum lugar de forma a praticar alguma maldade. Kyung corou com esse pensamento, pois era o que pensaria se presenciasse tal cena também.


- Ei, por que esse cara 'tá aqui mesmo? - SeHun perguntou do nada, sussurrando para o amigo. Deu uma olhadinha para trás, encontrando o olhar de KyungSoo com o seu e pigarreou, disfarçando seu embaraço.


- Relaxa Hun... Ele e eu temos negócios a tratar.


SeHun deu um cascudo no amigo. O rapaz alvo achou engraçado, porém não esboçou nenhuma reação.


- Você está praticando bullying agora, seu idiota?


Kai revirou os olhos. Na verdade, uns anos atrás, não que KyungSoo achasse que o outro se lembraria, ele costumava pregar umas peças em si. Na época isso não tinha nome, mas hoje em dia podia ser considerado intimidação. Não que o menor ainda se importasse com isso. Fazia algum tempo que Kai havia o deixado em paz e ele agradecia aos deuses por isso.


- Não viaja, SeHun... - o moreno consultou seu celular, depois piscou pra Kyung e prosseguiu: - Somos amiguinhos...


SeHun olhou desconfiado para os dois. Não era surpresa para si que Kai andava observando o menor pra cima e pra baixo, mas o amigo sempre desconversava, alegando que só estava curioso sobre algo. Mesmo que gostasse de negar o fato, Oh SeHun não gostava nem um pouco de presenciar injustiças, e fora assim que começou sua amizade com LuHan, um aluno de intercâmbio que protegeu de uns valentões. Até o momento os dois permaneciam amigos. Talvez por isso estivesse tão surpreso que seu amigo Kai estava tentando se aproximar do espertinho da escola. Será que eles eram mesmo amigos ou Kai estava escondendo algo de si?


Quando a rua em que SeHun se despedia chegou, ele ficou a observar a forma desengonçada com a qual o baixinho caminhava ao lado de seu amigo. Vez ou outra tropeçava nos próprios pés ou se atrapalhava com o que ia falar. Apesar de desconfiado, chegou à conclusão de que Kai não faria nada de mal ao outro... Até por que ele estava de posse de informações que os outros não possuíam.


- Bem... - Kai esfregou ambas as mãos, sorrindo para o nada enquanto via SeHun dobrar a rua com indisfarçável satisfação - Uma das cláusulas do nosso acordo é que ninguém saiba do nosso acordo... Justamente por isso, não contei a SeHun o que íamos fazer juntos.

- E o que vamos fazer juntos? - Do olhou em volta, desconfiado.


- Não vá achando que vai conquistar quem quer desfilando por aí desse jeito... - apontou as roupas do menor.


KyungSoo se avaliou. Ele estava usando a roupa do Colégio... Nada demais. Como poderia estar tão mal, sendo que Kai usava as mesmas roupas e estava sempre arrasando os corações por aí?


- É o uniforme?


- É você, meu amigo. E a partir de agora... Me chame de Mestre.


KyungSoo riu, pela primeira vez demonstrando sua verdadeira personalidade na frente do outro. Kai se assustou.


- Quem você está pensando que é, garoto? Deve ter ficado louco se acha que vou chamá-lo assim...


A expressão ameaçadora, porém divertida de KyungSoo, fez Kai perceber que ele poderia se impor mais quando quisesse. Gostou deste outro lado do rapaz.


- Imagine-se beijando os lábios daquele poste... - disse, dirigindo uma expressão maliciosa ao outro. Kyung corou na hora. - Só eu posso lhe proporcionar isso. Confie em seu Mestre... Vamos lá... Tente.


Kyung estava ainda envergonhado por realmente ter imaginado ele e ChanYeol se beijando. Tentou se conformar com o que o outro dissera, afinal achava difícil, mas se realmente conseguisse uma chance com ChanYeol, faria de tudo por Kai.


- Podemos começar nossas lições, M-mestre.


***


Estavam em uma loja de roupas e os braços de KyungSoo estavam cheios de peças, tanto que quase não conseguia ver nada por cima da pilha de roupas.


- J-jongin... Onde você está? - tateava o ar com os braços, procurando pelo maior, que andava animado, pegando tudo quanto é roupa e colocando-as sobre os braços do pobre rapaz.


- Bem na sua frente, espertinho. Acho que já está bom... Pode ir para o provador.


- Não tenho dinheiro pra comprar tantas roupas... - fez um biquinho.


Kai riu tocando as têmporas e prosseguiu:


- Isso é apenas um detalhe... Agora se manda daqui.


O rapaz entrou no provador, achando estúpido o modo como teria que provar todas aquelas roupas, se irritando depois por Jongin ter colocado a música de "uma linda mulher" pra tocar no celular.


- Acho que já está exagerando... - Kyung reclamou, ouvindo a risada infantil do outro.


KyungSoo não via razão para estar comprando roupas, sendo que ChanYeol só o veria de uniforme. Externou isso a Kai, enquanto se despia, protegido pela cortina preta do provador e ouviu o muxoxo do outro, do lado de fora.


- Quão estúpido acha que sou, Do KyungSoo? Mudar não se trata de mascarar ser quem não é... Se trata de mudar até de postura... E isso vale pra você e todo mundo. Vai que se encontram na rua ou no shopping e você está lá vestido que nem mendigo? Credo.


KyungSoo estalou a língua no céu da boca, irritado.


- Além disso... - prosseguiu como se nada tivesse ouvido - Sei que os dois tem aula do coral juntos, ou seja... Uma ótima oportunidade para impressiona-lo com o que quer que você esconda aí por baixo desses 2 quilos de roupa.


KyungSoo pôs a cabeça pra fora, vendo que Jongin olhava para um manequim distraído e falou:


- Como sabe sobre isso, Jongin?


- Sei fazer meu trabalho, além de que não é de hoje que te observo...


O menor voltou pra dentro do provador confuso. O quão desesperado Kai estava para recuperar suas notas? Era estranho que estivesse perseguindo um baixinho esquisito só para se sair bem em inglês. Mas, se ele não ligava de fazer todo esse esforço, quem seria KyungSoo para reclamar?


- Pronto?


Kyung examinou o próprio reflexo sentindo-se meio ridículo.


- Não sei se gostei... - falou, mordendo o lábio inferior, ao pôr novamente a cabeça pra fora do provador.


Kai levantou impaciente e disse:

- Sai daí... Vamos ver.


O rapaz abriu a cortina sem deixar o local e Kai avaliou o garoto diante de si.


- Como imaginei... - pôs a mão no queixo, avaliando o garoto - Vai ter que ser um número menor...


- Por que? - O rapaz lhe fitou, descontente.


- Bem... Por que calça apertada atrai olhares... E essa aí está muito larga pro meu gosto... Deixa eu mostrar.


Kai entrou no provador, pegando a cintura do menor, que se sobressaltou e enrijeceu no mesmo instante, desconfortável com a proximidade incomum. Kai agarrou o cós da calça e o dobrou atrás do corpo do menor, levantando um pouco a camiseta alheia para que o menor pudesse notar a diferença de uma calça larga para uma apertada. O maior nem pareceu se importar com o fato de que estava tocando o abdômen de outro homem. Apenas segurou a calça daquele jeito, se colocando por trás do menor e deixando bem perceptível a diferença de altura.


- Viu? Fica muito melhor... - disse, com um sorriso natural.


KyungSoo estava muito vermelho. Tudo que queria era dizer ou fazer algo para afastar seu colega de seu corpo, porém, não conseguia se mexer. Sentia suas bochechas e orelhas arderem e quase desfaleceu ao sentir o queixo de Kai apoiado em seu ombro displicentemente. O moreno o fitava pelo espelho com aqueles olhos profundos, enquanto sorria, divertindo-se com o claro embaraço do menor.


- Você tem um corpo lindo... Só precisa valorizar nos lugares certos...


Kyung enfim arrumou forças divinas para se desvencilhar dos braços de Kai, o fitando feio enquanto ele ria baixinho.


- Viu? Tem até um tanquinho legal... Devia mostrar mais...


A camiseta que usava ainda estava levemente levantada, e Soo suspirou ao lembrar-se de Kai dedilhando ali.


- Idiota... Pare de brincar comigo.


- Não estou brincando... Aliás... o passo dois será interagir mais com garotos. Se eu respiro perto de você, já fica apavorado.


- Que? Passo? - disfarçou o que o outro dissera sobre ficar perto de si.


Kai suspirou, descontente com a lerdeza do espertinho, o que para si era muito irônico.

- É... meu amigo lerdo. Precisamos de certa organização na vida, para que as coisas não saiam do controle. Tenho alguns passos e se seguir todos como eu lhe instruir, tenho certeza de que terá sucesso no fim.


KyungSoo assentiu.


- Quantos são?

- Ah... - Kai começou a contar nos dedos, teatralmente. KyungSoo riu. - Em linhas gerais, são apenas três...


KyungSoo gesticulou para que prosseguisse.


- O primeiro é no qual estamos... Aparência... O seguinte é interação e construção de confiança... E o último e mais difícil é a sedução... - disse tudo isso com um sorriso safado nos lábios.


Kyung engoliu em seco.


- No fim destas lições, você vai faturar seu crush... Não tenho dúvidas. - Jongin deu veracidade em suas palavras ao mostrar um joinha para o garoto alvo, que revirou os olhos.


- Não sei se isso vai dar certo... - Kyung olhou para a calça larga, levemente folgada na cintura com um biquinho.


- Confie no Mestre, espertinho. Você é um diamante bruto e irei lapida-lo.


- Certo, certo... Então Mestre, o que fazemos agora?


- Como assim? - disse, chamando a vendedora e pedindo a mesma calça, só que um número menor - O passo um ainda não acabou... Depois de te deixarmos visualmente mais tolerável... - riu da careta que o outro lhe mostrou - Vamos dar um jeito nesse cabelo de coroinha de igreja.


Kyung olhou para si mesmo no espelho, achando que talvez aquele acordo não fosse a melhor decisão que tomara na semana... E nem no mês se querem saber.



***


Era pra estarem estudando, mas era simplesmente impossível com Kai gargalhando daquele jeito.


- O que é tão engraçado? - KyungSoo o fitou emburrado.


- Nada é que quando olho pra você... Sinto que já cumpri minha missão no mundo. Olha... Nem te reconheço.


KyungSoo deu uma breve olhada no espelho pendurado na porta de seu quarto, vendo que no reflexo estava um garoto que nem mais parecia ele. Os cabelos ruivos eram o que mais se destacava em sua nova aparência, raspados nas laterais e jogados para o lado em um topete estiloso. Além disso, as roupas, agora mais despojadas, lhe davam um certo charme. KyungSoo, pela primeira vez na vida... Sentiu-se bonito. Quase sorriu para seu reflexo, mas Jongin se aproximou, ainda sorrindo e disse:


- Eu não sou demais? Olha pra você... É outro cara...


KyungSoo concordou em silêncio, ansioso para saber o que ChanYeol iria achar de si.

- Voltando ao presente contínuo...


Kai revirou os olhos, pegando seu Oxford, que não era bem seu, pois pegara emprestado de SeHun há dois anos e até agora não havia devolvido. Começou a procurar os verbos que KyungSoo havia lhe encarregado de transformar do passado simples para o presente contínuo e suspirou.


- Prefiro te ajudar do que ser ajudado... - fez um biquinho que KyungSoo achou muito fofo.


- Pare de ser preguiçoso e se concentre...


Kai assentiu e voltaram aos estudos.


***


Estavam no shopping e as mãos do menor se agitavam, inquietas.


- Não sei se posso fazer isso - falou, olhando em volta. Kai tomava seu delicioso suco de pêssego, enquanto observava o movimento, sentado na praça de alimentação.


- E por que não? Te ensinei todas as técnicas... Não tem erro.


- Estou envergonhado.


- E daí? Estamos aqui justamente para esse fim. Olha, o passo um foi concluído com sucesso. As pessoas estão te notando na escola e na rua. Mas, de nada adianta ser lindo se alguém interessante se aproxima e você sai correndo.


KyungSoo teve de concordar. Olhou para os vários caras sentados nas mesinhas, escolhendo algum que fosse mais acessível. Respirou fundo, escolhendo seu alvo e chegou perto, perdendo a coragem e voltando para trás, bem em tempo de ver a cara descontente de seu Mestre, lhe xingando em silêncio e gesticulando para que voltasse pra lá imediatamente, mostrando com sinais de mãos que esganaria o rapaz caso ele não fizesse como o combinado.


KyungSoo se aproximou do rapaz e disse, com a expressão mais sedutora que conseguia, aquela mesma que treinara durante horas em seu quarto com Jongin.


- O lugar e-está ocupado? - sorriu para o rapaz, que ao fita-lo de cima a baixo, deu um sorriso.


- Não... Por favor, sente-se.


KyungSoo viu ao longe Kai pulando e dançando animado, comemorando de forma desengonçada por seu aluno estar conseguindo. Ignorou a afobação alheia e olhou para o jovem, que ainda sorria para si.

- Como vai?


- Melhor agora... - O rapaz falou, tocando seu braço de leve. Os olhos arregalados do menor dobraram de tamanho e ele percebeu pela primeira vez o que era ser desejado por outro ser humano. "Interessante" - pensou.


- Muito obrigado... - Kyung disse, levantando-se abruptamente, e deixando o moço lá confuso na mesa, talvez perguntando-se o que fizera de errado.


Correu sorrindo em direção à Kai e lhe deu um tapinha do ombro.


- Você é mesmo muito bom, Mestre!


Kai o olhou boquiaberto, sem saber bem como reagir.


- Sério? Pelo que?


- Agora eu entendi. Sabe, sempre fui muito quieto e tímido e dificilmente me impunha a algo. Mas, isso tudo era apenas baixa autoestima. Agora que sei que posso ser admirado também, serei mais confiante para chegar em ChanYeol e em qualquer pessoa! - seu sorriso estava muito radiante, na opinião de Kai. Um sorriso de coração que o moreno não via desde a época do parquinho. Ele enfim se lembrou de algo. Jongin se lembrou do exato dia em que KyungSoo deixou de sorrir e interagir com as pessoas. Foi no mesmo dia em que aquele menino de quem Kai não gostava nada, JongDae, chegou ao garotinho de pele alva e lhe disse que ele devia parar de falar, pois sua voz era muito grossa e feia.


O garotinho sorridente desaparecera no mesmo instante, dando lugar a um menino quieto e sempre de cabeça baixa, o motivo pelo qual Kai pegava tanto no seu pé na infância. Ele queria tirar algumas reações do pequeno. Mas, nunca conseguira.


Kai enfim pareceu conseguir cumprir a missão que estabelecera para si há muitos anos atrás. Sem perceber, também sorriu, feliz de ver que um pouco do KyungSoo que ele costumava observar na escolinha havia voltado.


- Mas, vai mesmo largar o cara lá a ver navios?


Kyung se lembrou do rapaz e voltou correndo, aplicando todas as cantadas que Kai considerava "fatais" no moço, que incrivelmente, não desistira quando ele fugiu da primeira vez.


Kai viu a cena se repetir mais algumas vezes, com KyungSoo colecionando uma quantia considerável de bilhetinhos com os telefones dos rapazes, parcialmente orgulhoso por estar fazendo parte daquele momento para o menor, mas com um estranho sentimento de possessividade se alastrando por seu corpo, afinal... Desde sempre, ele notara KyungSoo... Mesmo quando era desengonçado e mal quisto. Agora outros olhos se dirigiam para o menor, olhos que não eram capazes de ver nada além da beleza extrema do rapaz. Jongin conhecia o interior do colega de sala, e sentiu seu ciúme velado ser aplacado em partes, pois deu-se conta de que ele e só ele conhecia o outro lado de Kyung... O lado que realmente importava. Esboçou um leve sorriso, enquanto era guiado por KyungSoo para sua casa, afim de estudarem para as provas que ocorreriam nas próximas semanas.



***


Com mais duas semanas de treino, KyungSoo já sentia-se apto para conversar com as pessoas com mais naturalidade. Até mesmo BaekHyun ficara chocado com sua nova aparência, lhe lançando cantadas ensaiadas e perguntando qual o motivo da mudança. O pequeno sempre desconversava e o assunto morria ali. Na verdade, ele passava muito mais tempo com Jongin, e notara uma mudança considerável nas atitudes dele e na forma como recebia de si as instruções para as aulas... O que começara apenas com inglês se estendeu para matérias como história e filosofia e o menor notou, com certo espanto, que Kai era muito mais esforçado e determinado do que parecia.


Da mesma forma, o que começara com lições para conquistar um garoto, acabou em várias tardes saindo juntos, caminhando por aí sem rumo enquanto os dois jovens descobriam mais sobre o outro. A cada dia, KyungSoo tornava-se mais confiante e aberto a conversar e Jongin ficou admirado por sua incrível naturalidade e pureza de pensamentos. Ficou feliz de poder estar por perto dele.


Até mesmo ChanYeol começou a notar a diferença de atitude do rapaz. Estavam no ensaio do Coral e todos podiam notar que KyungSoo estava muito mais solto, acompanhando Baek num solo e mostrando como sua voz era suave e gostosa de se ouvir. Todos estavam muito surpresos.


- E aí, KyungSoo... - ChanYeol chegou, com seu violão nas mãos, logo que Baek saiu.

KyungSoo estava muito nervoso, porém não deixou transparecer. Ao contrário das outras raras vezes em que o maior lhe dirigira a palavra, ele não se sentia mais tão eufórico sobre isso. Só fitou o rapaz, sorrindo discretamente por poder enfim encara-lo de cabeça erguida.


- Olá, ChanYeol.


- Você esteve ótimo hoje... Não fazia ideia de que cantava assim.


O menor soltou uma risadinha.

- Pois é... Nem eu.


- Deve ser a influência do seu amigo, não?


Só de pensar no moreno, KyungSoo sentia vontade de rir. Não passava dois minutos na presença dele sem que caísse na gargalhada.


- É... Ele me ajuda muito...


- Pois é... Baek é muito talentoso. - falou o loiro, coçando a nuca enquanto observava Baek, conversando alegremente com seu amigo LuHan.


- Sim... Ele é ótimo - Kyung se sentiu sem graça por ter pensado primeiro em Kai. É claro que Baek era muito bom pra si. Uma pessoa brilhante em vários aspectos, mas no fundo o Do sabia que sua mudança e recém adquirida confiança eram mérito de Kai. Por isso era muito grato.


- Vocês parecem muito amigos mesmo... - pigarreou - Então, eu estive pensando... Talvez a gente pudesse sair um dia desses, sabe. Seria legal nos conhecermos melhor.


Kyung estava surpreso pelo maior o convidar assim tão sem cerimônia para um encontro. Ficou feliz de ter conseguido chamar a atenção do maior, contudo, não conseguia se animar totalmente para o tal encontro.


- Claro.


ChanYeol sorriu, notavelmente animado.


- Então que tal nos encontrarmos no restaurante do Lay?


KyungSoo concordou com a cabeça.


- Eu adoraria.


- Ótimo... Não se esqueça... No sábado à noite - e combinaram o horário em que se encontrariam.


KyungSoo sorriu enquanto ele se afastava, vendo ao longe, Kai deitado sobre as pernas de SeHun. Tentou sinalizar que havia conseguido, mas o moreno parecia submerso numa conversa animada. E foi nesse momento que o menor lembrou-se. Corria pela escola um boato de que o moreno e SeHun eram namorados não assumidos. Aquela cena ao longe só parecia confirmar as suspeitas de todos.


- Não sei o que esse SeHun tem de tão legal assim... Parece mais uma porta do que uma pessoa... - resmungou emburrado, para si mesmo.


Não sabia por que aquilo o irritava, afinal... A vida pessoal do colega nada tinha a ver consigo, não é mesmo?


Saiu dali batendo o pé, decidido a contar ao maior sobre sua conquista mais tarde.


Quando Kai soube que Kyung conseguira, tudo que fez foi esbanjar um sorriso meio murcho. Não sabia por que não estava se sentindo feliz por Kyung, afinal, ele conseguira o que ele queria... Por que isso o aborrecia tanto?


Tentou se convencer de que apenas não queria perde-lo como amigo, que se ambos quisessem, certamente poderiam manter aquela amizade intacta. Porém, realmente não lhe agradava a ideia de ver seu aluno por perto daquele poste loiro.
E quem disse que ele notaria o quão brilhantes eram os olhos no garoto, muito menos quão lindo era seu sorriso de coração, ou o quão apaixonadamente ele cantava após os ensaios de coral, só quando todos já tinham ido embora? ChanYeol mal o notara antes... Não havia garantia de que realmente o faria feliz.


O moreno não queria que ferissem o coração do menor novamente. Ele parecia tão mais feliz assim. E o que Jongin mais desejava era preservar aquele sorriso puro.


Havia ido muito bem nas provas, e prometeu a si mesmo que não seria mais tão desatento em relação à seu próprio aprendizado. Tudo graças à KyungSoo. Ele finalmente sentia que poderia ser melhor. Mas, por algum motivo... Aquilo não parecia ser o bastante.


***


KyungSoo se olhou pela última vez no espelho. Sorriu para si mesmo, ansioso por mostrar a Jongin o quão arrumado estava. Chegara com sucesso na etapa da sedução, não tão disposto quanto gostaria, a fazer ChanYeol finalmente se apaixonar por si mesmo.


Tudo era muito estranho. Quando treinara com Kai para o encontro, ele estava tão nervoso... Quando se esbarravam, soltavam uma risada nervosa. Kai o fazia rir, mas aconteceu, mais de uma vez na verdade, de eles caírem em um silêncio absoluto, apenas fitando ininterruptamente o rosto alheio, com aquele sorriso bobo de quem não precisa necessariamente conversar pra curtir a companhia do outro. O silêncio estava bom desde que estivessem juntos.


E naquele momento, fitando seu reflexo atraente no espelho, Kyung até tentou, porém não conseguiu se fazer sentir como quando treinou aquilo com Kai. Ele tinha um pressentimento sobre isso, mas não poderia ser, poderia? ChanYeol foi sua paixão não correspondida por tanto tempo... Fez tantos esforços para conseguir conquista-lo. Por que Jongin tinha que envolver todos os seus pensamentos assim?


Sacudiu a cabeça, tentando se livrar de tais pensamentos torturantes, se convencendo de que estava apenas ansioso demais, sabendo que esta era a maior mentira que já dissera.


Chegou ao restaurante notando que ChanYeol estava lá, muito bonito e arrumado, o que o fez esboçar um sorriso meio desanimado. Se cumprimentaram e pediram uma pizza, num primeiro momento consumindo-a num silêncio desconfortável. KyungSoo não entendia por que todo aquele silêncio se ChanYeol mesmo o tinha convidado... Se ele não falasse nada, como lançaria suas cantadas? Kai não o preparara para isso.


Um tanto quanto irritado e entediado, KyungSoo decidiu iniciar o assunto:


- E então, ChanYeol... O que queria falar comigo?


ChanYeol engasgou com sua fatia e bebeu um pouco de refrigerante, cortando um pouco ao tornar:


- C-como assim?


Kyung sorriu incrédulo.


- Bem... Você me convidou pra vir aqui não? Suponho que queira conversar sobre algo.


ChanYeol desviou o olhar, assumindo uma expressão mais divertida, corando mais ao dizer:


- E-eu achei que estávamos esperando pelo BaekHyun.


O queixo de Kyung caiu, enquanto ele enfim se dava conta de que tipo de situação era aquela. ChanYeol nunca quis sair consigo. Ele estava apenas o usando pra chegar em Baek. Começou a respirar com dificuldade, aos poucos cada vez mais irritado com a constatação de que havia sido feito de idiota... De novo.


- Achou, é? - arqueou uma sobrancelha, decidido pela primeira vez na vida a agredir alguém fisicamente - Ele não vem... Não o convidei.


ChanYeol o fitou confuso.


- Por que não?


- Você não especificou o número de pessoas pra esse encontro... - Kyung o fitou com uma feição desdenhosa - Deveria ter explicado melhor... - disse erguendo-se da cadeira, e apanhando suas coisas.


- Você já vai? - ChanYeol também levantou, mas deteve-se ao ver a mão de KyungSoo levantada, num sinal de alerta para que parasse.


- Sim. E você paga, pelo estresse que passei aqui.


ChanYeol o olhou temeroso. Nunca imaginou que o rapaz quietinho seria tão irritado. Para ele, seria fácil virar amigo dele e assim se aproximar de BaekHyun de forma mais natural. Obviamente havia se enganado.


- Ah... E se quiser se aproximar do Baek... Faça isso por si mesmo. Tenho mais o que fazer da vida.


Dito isso, saiu dali o mais rápido que pôde. Ligou algumas vezes pra Kai, mas o moreno não respondeu suas ligações. Algumas lágrimas ameaçavam descer por seus olhos vez ou outra enquanto ele caminhava a passos curtos pela rua, mas não permitiu que elas caíssem. Se decidiu a não chorar por tudo aquilo. Uma parte de si estava profundamente irritada por ChanYeol tratá-lo como apenas uma ferramenta para atingir um fim, mas outra parte, a que estava ansiosa por ver certo alguém e rir com ele sobre a situação, tentava convencer-se de que aquilo não era nada e que Kai daria um jeito em tudo.


De alguma forma esquisita e irracional, o menor passou a confiar no jogador de basquete, e sempre que passava por uma situação na qual se sentisse injustiçado ou passasse por muito estresse, seus pensamentos o levavam instintivamente a Kai e todas as coisas que ele lhe ensinara sobre adaptar a si mesmo e seguir em frente. Talvez fosse essa razão da indiferença de Kyung para com o que ocorrera no restaurante. Tudo o que conseguia pensar é que tinha de dizer aquilo a Kai, e que não terminara sua deliciosa pizza, um tremendo desperdício em sua opinião.


***


Se despediu de SeHun e seguiu pra casa. Tinham jogado uma partida de basquete com seu amigo Kris e o moreno ansiava por um banho. Fazia tempos que não se esforçava assim para uma simples partida. E no fundo Kai sabia o porquê de tanta energia empregada em algo que era pra ser um hobby para si. O encontro de KyungSoo com o poste loiro era naquela noite e Jongin não conseguiu ficar em casa imaginando tantas situações que poderiam ter acontecido. Estava certo de que a uma hora daquelas o menor estava rindo e conversando com ChanYeol, dirigindo aquele seu sorriso lindo a ele, ou pior... Tendo aqueles lábios de coração beijados por outro. Mas, desde quando Kai considerava ChanYeol o outro?


Isso implicaria dizer que ele era alguém para Kyung além de um amigo, na melhor das situações. E isso não era lá uma verdade, até por que ele era o garotinho irritante que vivia perturbando a paz do menor. O que ele queria, afinal? Kyung amava aquele Bon Jovi de quinta há anos, enquanto ele... Era apenas um atleta burro com dificuldades com verbo "to be". Nada bom sairia desse sentimento não correspondido que ele trazia no peito. Agora que parava pra pensar mais friamente, Kai sempre tivera um interesse incomum no garoto, mas jamais havia se dado conta do que isso realmente significava.


Entrou de baixo do chuveiro, tentando afastar de sua mente todos os momentos em que deu a KyungSoo as ferramentas necessárias para conquistar alguém que não fosse a si mesmo e continuou dizendo para si mesmo que tudo aquilo iria passar e que não iria doer muito ver seu Soo com outro cara.


Ao sair do banheiro secando os cabelos castanhos, pegou o celular a muito esquecido e foi checar suas notificações do kakao. E nossa, haviam pelo menos dez ligações perdidas de KyungSoo.


- Oh meu Deus... - disse ele, tentando retornar tais ligações. Mas, ele sequer conseguiu, pois o celular do rapaz alvo só caía na caixa postal.


Resolveu deixar seus escrúpulos de lado e saiu correndo, com os cabelos ainda úmidos, decidido a encontrar o pequeno, nem que tivesse que revirar a cidade do avesso.


A noite estava um pouco fria, mas iluminada. A lua clareou seu caminho enquanto corria em direção à casa de seu aluno. No peito um coração apertado pela dúvida e preocupação. O que será que havia acontecido com seu amigo? Kai não conseguia deixar de imaginar das duas uma: ele estava tão eufórico que precisava lhe contar o que houve... Ou que ChanYeol tinha feito alguma coisa para magoa-lo. E embora ele devesse alegrar-se se de alguma forma ChanYeol e Kyung não tivessem dado certo, só a ideia de vê-lo magoado como na infância o desesperava. Preferia vê-lo feliz nos braços de outro do que ter que presenciar sua dor.


Não precisou correr muito, quando perto do playground que costumavam brincar na infância, avistou a figura pequena, sentada em um dos balanços e se balançando lentamente. Correu até ele, numa afobação que não conseguia conter.


- KyungSoo! Eu vim o mais rápido que pude... Você está bem?


Kyung levantou o olhar para Jongin e o maior assustou-se. Ele imaginara que o menor estaria ou muito feliz ou muito triste, mas nada o preparara para aquela feição serena do menor.


- Senta aqui do meu lado, Jongin... - disse simplesmente.


Meio confuso, Kai atendeu ao pedido do menor, sentando no balanço azul que havia ao lado.


- Desculpe pelas ligações... Eu estava no basquete e-


- O ChanYeol não me queria... - o menor o cortou abruptamente, olhando com um discreto sorriso para a brilhante lua no céu estrelado.


Um silêncio desconfortável se instalou no espaço entre os dois, enquanto aos poucos a respiração de Kai ia voltando ao normal. Kai olhou para o menor, mas ele não lhe fitou de volta. Só fazia sorrir para a lua.


- C-como sabe?


- Ele só estava me usando para se aproximar do Baek. - o menor enfim lhe fitou. Kai não sabia o que dizer, mas suas emoções agitavam-se dentro de si, tanto que ele mal podia contê-las.


Ficou irritado pela atitude de ChanYeol. Como ele ousava desdenhar do amor de Soo para com ele? Como ele fora capaz de rejeitar os sentimentos tão puros do menor? Era mesmo um idiota.


- Aquele... Ah, se eu pego aquele poste loiro, eu acabo com a vida dele... - continuou resmungando até escutar a risadinha de Kyung.


- Não importa mais... Na verdade, eu nem liguei pra isso.


- Como não? Você gostou desse cara por tanto tempo. Olha o quanto você sacrificou por esse otário... - suas sobrancelhas estavam unidas, em sinal de irritação e tal cena era muito fofa aos olhos de KyungSoo.


- Talvez eu não gostasse mais tanto assim dele... Acho que eu estava apegado ao que idealizava dele, e só.


Uma chama de esperança se ascendeu no coração de Kai. Se KyungSoo não gostava tanto assim de ChanYeol, quer dizer que não havia empecilho algum para seus sentimentos em relação ao menor. Sua alegria foi indisfarçável, o que pareceu ser um incentivo à KyungSoo.


- Na verdade, eu acho que o meu ideal agora é outro... - o menor começou - Eu jamais imaginei que minha opinião sobre alguém pudesse mudar tanto e agora sinto que ter gostado de ChanYeol não foi tão ruim assim.


Jongin esbanjou um biquinho.


- Por que eu te conheci... - o menor disse, ainda sorrindo.


O coração de Kai falhou por um instante.


- É sério isso? Está me fazendo um elogio?


KyungSoo deu uma risadinha meiga antes de prosseguir.


- Você é a pessoa mais brilhante e animada que já conheci, Jongin. É carinhoso e se preocupa com os outros, muitas vezes esquecendo-se de si próprio. Você acha que você é só um atleta burro que ficou muito popular, mas todos te amam por que você é um doce e não por que é bonito e popular.


Kai fitou KyungSoo, com seu coração descompassado, tentando convencer a si próprio de que o que viria a seguir era uma confissão.


- Eu mudei por sua causa, agora sou capaz de me expressar como quero e me amar de verdade... Sou capaz de pensar com minha própria cabeça e não seguir a opinião alheia. Me sinto bonito e poderoso por sua causa... Só tenho a agradecer...


Kai sorriu, satisfeito de saber que Kyung enfim se dera conta de apenas uma parcela de tudo que era capaz de fazer.


- Mas, tem só um problema... - o menor disse.


Kai se levantou confuso, assegurando o menor que resolveria o que quer que fosse... Que espancaria ChanYeol se aquela fosse sua vontade e que faria o que ele desejasse. Kyung meneou a cabeça, rindo baixinho.


- O problema, Jongin... É que fiquei ganancioso.


Kai suspirou aliviado.


- Eu acho que eu também fiquei, Soo... - falou, vendo o outro se levantar do balanço vermelho, enquanto lhe fitava ininterruptamente.


- Talvez eu goste de outra pessoa... Uma pessoa que eu não deveria... - o menor falou.


Jongin tomou coragem, finalmente, ao ver a convicção nos olhos do menor.


- E eu queira ficar com essa pessoa, mesmo que sejamos só amigos... - Kai completou.

- Mas, não sei se essa pessoa... - Kyung aproximou-se, tremendo pelo frio e pela antecipação. Kai ainda sorria.


- Me quer também... - o maior completou novamente.


Ambos pararam à centímetros de distância, com a cabeça de KyungSoo levantada, olhando para o atleta, que era um tanto quanto mais alto que si. Os olhos de Kai brilhavam, tão ansioso estava. Tomaram coragem, e acabaram falando ao mesmo tempo:


- Ele quer...


E foi assim, naquele mesmo parquinho em que anos antes um moreno chamado Kai costumava encher o saco do pequeno Kyung, que os dois se beijaram. Tantos sentimentos os envolviam, enquanto os lábios se moviam, e os dois entraram num mundo que era só deles. Kai envolveu seu Kyung num abraço, enquanto os braços do menor se fecharam ao redor de sua cintura. As línguas se encontraram, acariciando-se enquanto os dois jovens se permitiam compartilhar da alegria de se sentirem em sincronia enquanto se amavam. Ao se separarem, em busca de ar, Soo sorriu para Kai, que acariciou seus cabelos, e em seguida abraçou o menor novamente, apoiando seu queixo na cabeça do outro, enquanto o menor descansava a cabeça em seu peito. Ficaram ali em silêncio, apenas se abraçando, até que Soo falou, divertido:


- Jongin... Você está me sufocando.


- Não quero te largar nunca mais... - o maior disse, aspirando o perfume dos cabelos negros do menor.


Ele ouviu a risada gostosa do menor e enfim suspirou, sabendo que dali pra frente todos os dias seriam calmos e serenos, pois com Soo ele se sentia em paz.


***

O restante de seu ano escolar foi mais divertido do que Kyung esperava. Baek se gabava por aí que seu melhor amigo era namorado do melhor e mais popular jogador do colégio. KaiSoo, como apelidara o casal, só vivia grudado, seja nos trabalhos em sala ou nos corredores e também nas vezes em que saíam pra se divertir. Por que sim, mesmo à contragosto, Kyung ainda deu uma ajudinha ao poste, como veio a apelidar ChanYeol, por causa de Kai, e ele acabou conseguindo conquistar o indomável BaekHyun.


O relacionamento de Kai e KyungSoo foi tão saudável para ambos como poderia ser. Kai era romântico e enchia o menor de mimos, enquanto o menor o enlouquecia com sua gentileza e inteligência. Kai não se cansava de admira-lo todos os minutos de todos os dias, sempre pontuando o quanto ele era lindo, e o quanto o amava.


A primeira vez de ambos foi muito importante e vergonhosa para ambos. Ficaram sentados naquela cama, olhando um para o outro enquanto riam baixinho, se sentindo bobos por terem tanta vergonha daquilo. Alguém tinha que tomar atitude, e foi Kyung... ele aproximou-se de Kai, engatinhando até ele e beijando aqueles lábios voluptuosos que tanto amava. Logo se sentiu envolvido pelos braços do maior e ali se amaram, como tinham esperado por tanto tempo.


Com os corpos envolvidos naquela confusão de sentimentos, enquanto se moviam lentamente, sem desviar seus olhos dos lábios alheios, de onde a respiração descompassada ditava o ritmo de seus movimentos, foi quando Jongin pôde ouvir pela primeira vez, as três palavras que vinha sonhando serem ditas pelos lábios de seu amado.


Com a respiração ofegante, KyungSoo fechou os olhos, e mesmo com muita vergonha, enunciou o que vinha querendo se transbordar dentro de si, há meses:


- Jongin... Eu te amo...


Kai estava tão emocionado, que tomou os lábios voluptuosos nos seus, enquanto tentava com as mãos, conhecer todo o corpo macio e alvo do menor, com uma urgência que chegava a ser torturante.


- Ah, KyungSoo... Eu também te amo.


E ali, entre ofegos e juras de amor, que se entregaram ao ápice, sabendo que mais um passo fora dado em sua relação, e que agora tinham mais um motivo para estarem unidos pelo resto de suas vidas. Afinal, sabiam que se amavam mutuamente. Adormeceram nos braços um do outro, como devia ser.


Na faculdade, ao contrário de muitas relações, a deles apenas se fortaleceu. Jongin contava com muito humor sobre os "passos" e como com eles conquistou seu amado namorado, mesmo que de uma forma não convencional.


KyungSoo se tornou cada vez mais confiante e, como Jongin vivia pontuando, tornou-se um líder nato.


Baek e ChanYeol combinavam mais do que se poderia imaginar, e comicamente, o aspirante a cantor nunca veio a saber da paixonite que Kyung teve por ele por tanto tempo... Isso, por que Kai era muito ciumento e a simples ideia de qualquer outro rapaz vangloriar-se por possuir o afeto de seu Soo lhe dava nos nervos. Todos riam de seu jeito meio explosivo e manhoso, mas para Kyung, ele era simplesmente perfeito para si.


***


Todos os anos, em seu aniversário de namoro, o casal ia até o velho playground, para rir um pouco e revisitar memórias da infância e relembrar das situações que os uniram, naquela noite gelada. KyungSoo olhou em volta, tendo a cintura envolvida pelo agora treinador Jongin, enquanto sorria para os brinquedos um tanto desgastados pelo tempo. Estavam casados há dez anos e jamais perderam a oportunidade de voltar ao local uma vez sequer.


- Ah, éramos tão idiotas... - falou o diretor de teatro. Sentiu as mãos de Kai acariciando seus braços e sorriu - Me lembro de que você ficou super gripado por causa do frio naquela noite em que nos confessamos...


Kai sorriu ao lembrar de como seu Soo havia cuidado tão bem de si.


- Não foi tão ruim assim. Eu tinha o melhor enfermeiro...


Riram em sincronia.


- Não consigo imaginar o que teria acontecido se não tivesse vindo com aquela ideia maluca de três passos...


- Devemos agradecer aos deuses por eu ser tão esperto de ter inventado aquela história maluca, apenas pra salvar minhas notas - beijou a face do marido.


- Mas, sabe que eles até funcionaram... Eu consegui o que queria. Alguém que me amasse de verdade, não é mesmo, Mestre?


- É, espertinho... Aquele poste deveria nos agradecer também... Se não fosse por nós, ele estaria encalhado até agora. – Kai riu, virando o corpo menor para si, deslumbrado pela beleza de seu companheiro.


Enquanto a brisa corria por entre os brinquedos, trazendo à memória de ambos, aquela nostalgia gostosa, se beijaram... Tão apaixonadamente como naquela noite em que KyungSoo teve seu coração quase partido, depois preenchido pelo amor do atleta.


Era incrível como ambos foram unidos devido à pequenos dramas adolescentes, que serviram de base para o grande amor que construíram. Seriam eternamente gratos a MinSeok e sua falta de didática, e a ChanYeol por sua incrível indiferença, fatores que uniram essas duas almas gêmeas em uma só.





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8 марта 2019 г. 2:43 0 Отчет Добавить Подписаться
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