laviniacrist Lavinia Crist

[Universo Alternativo] O profissionalismo implacável de Nathalie não se resume apenas a organizar agendas e compromissos, lidar com contratos e documentos importantes e nem tomar conta de Adrien quando é necessário. Ela, acima de tudo, é uma mãe solteira eficiente.


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#FélixAgreste #GabrielAgreste #NathalieS- #AdrienAgreste
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Ela tem vida pessoal

NOTAS INICIAIS:

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Avisando novamente que se trata de um UNIVERSO ALTERNATIVO, as existências de alguns personagens foram modificadas para se adequar melhor ao enredo.

Eu sei que não vai fazer sentido nenhum, mas espero que gostem de ler tanto quanto eu estou adorando escrever essa loucura! kkks.

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Já era fim de tarde e o céu de Paris estava pintado dos mais diversos tons alaranjados. Porém, o ateliê da mansão Agreste continuava preenchido em uma luz branca e forte, algo que poderia até mesmo cegar os que não estivessem habituados. O cômodo também estava mergulhado no mais absoluto silencio, que só era interrompido vez ou outra pelo barulho de um digitar delicado e rápido.

Aquela paz foi interrompida rudemente por um toque de telefone. Era um toque discreto, não tão alto quanto a quebra do silencio fez parecer, mas mesmo assim era um som completamente desconhecido para o Agreste.

O homem encarou a assistente, deixando nítido o desagrado. Ela, por sua vez, encarava o aparelho celular com nervosismo, tomando-o entre as mãos de uma forma apressada e atrapalhada. Em seguida, Nathalie deu passos apressados para fora do ateliê, ignorando completamente o superior e sua possível curiosidade em saber o que era, mas deixando claro que parecia ser importante para ela.

Não é como se a assistente fosse proibida de receber ligações pessoais, o que não quer dizer que acontecia com frequência – ou que ao menos já tivesse acontecido alguma vez. Nathalie era extremamente profissional, mantinha sempre sua máscara de frieza intacta, o que só fez com sua saída de forma alarmada virasse um foco para a curiosidade de Gabriel.

Seria rude caso ele tentasse ouvir atrás da porta, mas nada poderia impedi-lo de ouvir algo se passasse por Nathalie para pegar uma xícara de café. A ideia o agradava, faziam algumas horas desde que ele deu uma pausa no trabalho... e seria interessante descobrir o que deixava a assistente nervosa.

Entretanto, quando Gabriel abriu as portas de seu santuário, encontrou a assistente zanzando de um lado ao outro no que parecia ser o fim da ligação:

— Sim, sim! Irei o mais rápido possível! Obrigada por avisar. — A voz dela saia repleta de preocupação, enquanto o aparelho era afastado de seu rosto — Devo levar uma hora de ida, depois vinte minutos até chegarmos e mais uma hora de volta — começou ela a murmurar, ainda andando sem rumo pela entrada da mansão enquanto fazia seus cálculos.

— Nathalie, — Gabriel finalmente se fez ser notado — devo supor que seja uma emergência?

— Sim! Eu preciso ir até... — ela suspirou e acenou negativamente com a cabeça antes de continuar. Mais uma vez sua máscara de frieza estava colocada, acompanhada de uma voz calma e apática — Não, não é nada realmente urgente. Eu posso resolver em alguns minutos fazendo ligações.

Era como se a curiosidade do Agreste estivesse sendo posta em jogo: caso permitisse a ida de Nathalie, provavelmente não saberia o que ela foi fazer até que ela voltasse; caso ela ficasse e fizesse as ligações, talvez conseguisse ouvir alguma coisa. Em todo caso, ele deixou seu bom senso falar mais alto – seja o que for, parecia ser sério.

— Pode encerrar seu expediente mais cedo hoje. Aproveite sua folga de amanhã para resolver seu assunto particular. — As palavras foram ditas com desinteresse, disfarçando perfeitamente a curiosidade latente de Gabriel. Quando este notou a assistente tentar ordenar algo na tela do celular com as mãos tremulas, percebeu o quão sério deveria ser o problema e quão nervosa ela realmente estava sob a aparência que queria passar — Você... — ele encarou o guarda-costas do filho, que durante todo o tempo esteve de pé em frente a porta do quarto do rapaz — Acompanhe-a.  — Ordenou, deixando implícito que Nathalie deveria ser acompanhada para onde e por quanto tempo fosse necessário.

— Obrigada, senhor Agreste —  agradeceu a mulher, esperando até que o chefe adentrasse o ateliê e fechasse a porta antes de deixar a máscara cair novamente.

A caminhada até o carro foi feita de forma silenciosa. A preocupação de Nathalie estava estampada em seu rosto, mas o colega de trabalho sabia perfeitamente que perguntar algo agora só iria deixa-la incomodada. De qualquer jeito, havia uma coisa que ele precisava saber e fez questão de perguntar enquanto ainda afivelavam o sinto de segurança:

— Para onde vamos?

— Desligue o GPS — pediu ela, segurando desajeitadamente o celular entre as mãos — Eu digo o caminho que você deve tomar...

— E realmente está em condições para isso?

Tudo o que Nathalie fez foi um aceno afirmativo. Ele não iria ir contra as vontades dela, conhecia a colega bem o suficiente para saber que contestações a deixavam irritada, deixa-la irritada era tudo o que ela não precisava agora.

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Nathalie agora estava em uma saleta que contrastava completamente com o amplo ateliê de seu superior: as paredes eram de uma cor amarronzada, que só fazia o ambiente tomar uma tonalidade em tons quentes com o auxílio das lâmpadas amarelas. Não era um lugar claro, não era um lugar clean ou moderno, mas era aconchegante. Ela estava sentada em uma das cadeiras com forro aveludado, de frente à uma senhora com semblante doce e respeitador cujo nome era emoldurado por uma placa sobre a mesa que separavam as duas.

— É lastimável o inconveniente, mas não temos como deixar este pequeno acidente passar despercebido — a mais velha falava de forma compreensiva, colocando as mãos cruzadas sobre a mesa — O que mais me surpreendeu na conduta do jovenzinho... — e, neste momento, ela fez questão de encarar o rapaz de cabelos loiros que estava de pé, encostado próximo à uma das janelas da sala — ... não foi ele ter caído de uma árvore, tão pouco ele ter subido em uma. O que me surpreendeu foi a tentativa de esconder o que houve.

— É realmente digno de repreensão — a voz dura de Nathalie só fez com que o rapaz encarasse a vista exterior com mais foco para ignorar a conversa — Esconder algo assim por tanto tempo, sem se preocupar com as consequências...

— Consequências — repetiu a outra, suspirando — Vamos agora falar sobre as consequências: o certo seria uma suspensão, mas o recesso inicia-se praticamente hoje. Optamos, então, por priva-lo das aulas extras até o fim do recesso.

— Mas não é justo, a culpa nem foi minha e... — O rapaz tentava se explicar, inutilmente.

— Será o tempo necessário para a recuperação do tornozelo — Nathalie ignorou completamente as lamurias do outro, interrompendo-o — Peço desculpas pelo infortúnio. Se isso foi tudo, creio que o inconveniente esteja resolvido — ela levantou-se.

— Ele é um ótimo rapaz, ainda estou surpresa pelas ações que decidiu tomar — a mais velha levantou-se também — Espero ansiosa pelo regresso, por melhores decisões também.

E, com um breve aperto de mãos e um aceno, Nathalie e o rapaz se retiraram da sala da diretora. Uma pequena parte do problema estava resolvido, mas faltavam ainda muitos outros pontos para acertar, o que deixava a assistente de Gabriel completamente desanimada e com os pensamentos embaralhados.

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Gorila estava esperando pacientemente no estacionamento. Ele não sabia ao certo onde estava, mas julgava ser algum tipo de colégio devido à arquitetura dos prédios e alguns jovens uniformizados estarem andando pelo imenso pátio. Pela aparência, parecia ser o tipo de lugar onde apenas a elite frequentava.

Aquela esfera de instituição de ensino fazia-o ter lembranças de sua vida colegial, era divertido e engraçado assustar os menores que ele, principalmente fazendo jus ao apelido que ganhara: Gorila. Era realmente inusitado ter recebido o mesmo apelido, anos e anos mais tarde, mas por um rapaz que jamais ousaria infortunar.

Distraído em seus pensamentos, ele só notou que a colega estava de volta quando a porta traseira do carro foi aberta e um rapaz entrou. A princípio, ele julgou ser apenas um garoto distraído entrando no carro errado, mas olhando com atenção, ele parecia ser extremamente familiar: magro, loiro, olhos claros. Julgaria até mesmo ser um primo de Adrien, se não tivesse certeza que a família Agreste se resumia apenas à Gabriel e seu filho.

Antes que pudesse perguntar qualquer coisa ao novo passageiro, Nathalie entrou pela outra porta traseira. Ela já não estava tão nervosa quanto antes, mas era nítido ainda estar preocupada – talvez até mesmo irritada. Outra coisa que o motorista do carro notou foi a estranha semelhança entre ela e o rapaz: os dois tinham a pele clara, um olhar desinteressado (sendo o dela em um tom de azul bem mais forte e vivido) e se comportavam praticamente da mesma maneira, ambos olhando pela janela do carro e parecendo não estarem satisfeitos.

— Para onde? — Foi tudo o que Gorila conseguiu perguntar, tentando reparar um pouco mais no rapaz ao lado de Nathalie.

— Hospital — a voz saiu com uma certa frieza que tentava esconder a preocupação enquanto ela ainda encarava a janela — Tem um próximo pegando a principal, só vai precisar fazer um retorno, se não me engano.

— Hospital? Eu não preciso disso, eu só preciso ir para casa e descansar... — murmurou o rapaz, era notável que até mesmo a voz dele lembrava a Adrien pelo tom, enquanto a maneira frigida lembrava Nathalie.

— Você vai ao hospital e vão cuidar do tornozelo. Sem “mas” e sem desculpas — ela continuava a olhar pela janela, parecendo até mesmo evitar contato visual com qualquer um dos que estavam no carro.

— Mas mãe... — lamuriou o loiro, pela primeira vez olhando diretamente para Nathalie. Ele parecia angustiado, mas o que mais chamou a atenção do guarda-costas foi a jeito como ele se referiu a mulher.

— Qual parte do “sem ‘mas’” você não entendeu ainda, Félix? — Ela perguntou, finalmente encarando o suposto filho — Desfaça essa cara de gato abandonado, não é para tanto... — depois da repreensão, ela encarou o colega de trabalho pelo retrovisor central do carro — Vamos.

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O trajeto de treze minutos até o hospital foi mergulhado no mais absoluto silencio.

Silencio permaneceu até que chegaram ao estacionamento, mais precisamente quando Nathalie estava ajudando Félix a sair do carro e, assim que o garoto encostou o pé no chão, soltou alguns resmungos de dor.

— Querem ajuda? — Perguntou o guarda-costas, prontamente.

— Não é necessário, obrigada... — Nathalie respondeu, fazendo com que o rapaz se apoiasse nela antes de começarem a andar — Não acho que vá demorar, mas já está ficando tarde e eu entenderia perfeitamente caso queira ir para casa... — ela falou, passando a mão nos fios loiros do rapaz.

— Vou esperar aqui, não se preocupe.

Ela assentiu, começando a caminhada até a entrada do hospital. Era um prédio amplo, tão requintado quanto o hospital que os Agrestes frequentavam ocasionalmente para um checkup, mas não parecia ser moderno. Era lindo, mas não moderno.

Pensando em região, o grandalhão voltou seus pensamentos em direção à uma dúvida bem simples: onde ele estava, afinal de contas? Ele se perdeu depois de tantas voltas, entradas, pedágios e ainda mais voltas.

Não ousaria desobedecer ao pedido de Nathalie e ligar o GPS do carro, mas estava realmente curioso sobre o lugar. Era distante, distante até mesmo da casa da colega – já havia a levado vez ou outra para casa quando estava tarde demais e Gabriel estava de bom humor -, o que só o deixava ainda mais curioso.

Talvez a ligação que ela atendeu mais cedo estivesse relacionada com a ida ao colégio, isso já era quase certeza. Porém, o que levaria a ligarem para ela, tão distante de lá, ao invés de para os responsáveis daquele garoto? E como Nathalie conhecia ele? E por que ele a chamou de “mãe”?

Antes que o grandalhão mergulhasse mais ainda em suas dúvidas, foi tirado de seu transe pelas portas do carro sendo abertas mais uma vez. O tal Félix se sentou no mesmo lugar de antes, com um semblante emburrado e constrangido, já Nathalie parecia bem mais tranquila, sem a preocupação e disposta a encarar o rapaz ao invés de olhar pela janela.

— Consegue lembrar o caminho até a minha casa sem ajuda? — Perguntou ela ao motorista, olhando-o pelo retrovisor

— Acho que sim — respondeu Gorila.

— Ótimo. — Ela voltou a encarar o rapaz ao seu lado — Explicações.

— Eu caí... — foi tudo o que ele disse, olhando pela janela.

— Félix, explicações — disse Nathalie em tom de ordem, segurando o queixo do garoto e fazendo-o com que olhasse na direção dela.

— A culpa foi daquela garota irritante de novo! Eu tive que subir em uma árvore, só que o galho cedeu e... — Ele começou a disparar a resposta, que mais soava como uma desculpa esfarrapada do que uma real explicação do que aconteceu.

— Entendo que a sua colega de sala possa ser irritante, mas não acha um exagero subir em uma árvore? — O tom da mulher era calmo, com um leve quê de repreensão.

— Não... não acho, porque deu certo. Só que daí o galho cedeu porque eu sou a criatura mais azarada do planeta! — Ele acusou, dramático.

— Não é para tanto... — Nathalie suspirou, vencida sobre a questão de subir em árvores — E por que escondeu a torção por tanto tempo?

— Só não quis te atrapalhar por nada — ele respondeu em tom baixo, olhando novamente pela janela. Aquele pequeno comentário conseguiu arrancar um sorriso de Nathalie, que enfiou os dedos entre os fios loiros em um carinho.

— Você nunca será “nada”, não se preocupe.

E, com essa pequena observação, a mulher conseguiu arrancar um sorriso do rapaz. Também conseguiu arrancar um sorriso discreto de Gorila, que apenas ouvia a conversa e tentava não deixar tão na cara o quanto estava observando aos dois.

Mais uma vez a viagem foi mergulhada em silencio. Félix acabou pegando no sono com alguns minutos de carinho e Nathalie, sem ter muito o que fazer, apenas olhava pela janela e hora ou outra indicava qual direção deveria ser tomada.

Por vezes, Gorila aproveitava para olhar o rapaz no banco de trás. Parecia usar o uniforme do colégio, parecia ser um verdadeiro “engomadinho”, mas, acima de tudo, parecia gostar de estar perto de Nathalie, ainda que ela estivesse evitando olhar para ele no princípio. Talvez fosse alguma criança que ficou sob os cuidados dela antes, por isso o comportamento parecido...

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A moradia de Nathalie era uma típica casa em um bairro residencial: discreta, pequena, exatamente igual às casas vizinhas e longe do centro. Por muitas vezes, Gorila se perguntou o motivo para ela não alugar um apartamento mais próximo do trabalho ou até mesmo morar na mansão, tendo em vista que ela passava o dia todo lá.

— Chegamos... — murmurou o motorista, destrancando as portas — Quer ajuda com ele?

— Não acho que ele vá aceitar — Nathalie suspirou, derrotada antes mesmo de começar a luta para tirar Félix do carro — Mas quero conversar com você — ela estendeu a chave da casa para o colega, em um pedido silencioso para que ele fosse na frente.

O guarda-costas saiu do carro, passou pelo pequeno espaço de jardim e abriu a porta com certa curiosidade, reparando no máximo de coisas que conseguia: nunca havia visto como era lá dentro. Saber qualquer coisa sobre Nathalie era uma tarefa realmente difícil, ela era extremamente reservada com sua vida pessoal.

Apesar da imensa vontade, ele não ousou entrar. Apenas deixou a porta encostada e voltou para o carro, sem saber ao certo como ajudar Nathalie: o rapaz a abraçava, tentando puxa-la para o carro enquanto parecia dormir; ela, por sua vez, tentava inutilmente puxa-lo para fora. A guerra entre os dois continuou até ela perder a paciência.

— FÉLIX! — Vociferou ela, com uma mão agarrada à porta do automóvel em busca de equilíbrio e a outra segurando o antebraço do rapaz.

Ele despertou na mesma hora, confuso, mas rapidamente cedendo aos puxões que ela dava e saindo do carro. Assim, ambos começaram a caminhada lenta, até a porta de casa. Gorila deu passagem a eles, entrando logo em seguida, mas antes certificando-se de trancar o carro caso fosse demorar.

A colega deixou o rapaz deitado no sofá da sala, permitindo-o silenciosamente que voltasse a dormir. O móvel parecia ser macio, combinando completamente com a esfera aconchegante que aquele lugar tinha: móveis de madeira, todos com a mesma combinação de cores claras. Tudo arrumado, organizado, o que não dava a aparência de ser lugar abandonado a maior parte do tempo.

— Aceita um café enquanto continua reparando na minha decoração? — A voz de Nathalie soou divertida, enquanto ela caminhava até o cômodo que parecia ser a cozinha.

— Sim... não! — O grandalhão se embolou na resposta — Aceito o café, mas não estou reparando na decoração... — ele começou a tentar se explicar, seguindo-a — Estou, mas eu só estava curioso, porque eu não esperava de um lugar tão...

— Tão? — Ela indicou com o queixo para que ele se sentasse à uma pequena mesa que havia na cozinha, enquanto começava a preparar o café.

— Aconchegante — ele respondeu, sentando-se e tentando não reparar na cozinha, nos armários, em um ou folhetos de recado pregado neles e muito menos em um par de tigelas próximas de uma possível porta dos fundos.

— Aconchegante? — Ela repetiu, deixando uma ou outra risada escapar — Eu diria antiquado, mas não é sobre isso que quero falar.

— Quer falar sobre você ter animais de estimação?

— Não, não vamos falar sobre o gato que o Félix fez o favor de arrastar para casa — ela suspirou, um tanto irritada só de lembrar todos os problemas que a pequena mascote deu até que começasse a se comportar estando sozinho.

— Espera, ele realmente mora com você? — Dessa vez a pergunta teve ainda mais incredulidade.

— Normalmente ele fica fora e só vem aos domingos...

— Nathalie, estou falando sobre o Félix, não sobre o seu gato!

Eram informações demais, pensamentos e perguntas em demasiado para se preocupar com apenas um gato. Nathalie tentando soar divertida não ajudava em nada, pelo contrário, deixava tudo ainda mais estranho do que já parecia.

— Félix estuda em um colégio interno, volta aos domingos para casa. Não sou idiota ao ponto de confundir meu filho com o meu gato! — Agora ela soava irritada, colocando uma chaleira com água para esquentar.

— Espera, espera! — O outro pediu, chegando a ficar pálido — Está falando que ele é seu filho mesmo? Ele realmente é seu? Não é como o Adrien, filho de um antigo chefe ou algo assim?

— É! É meu filho! — A voz permanecia irritada, mas uma risada sínica veio logo depois — Pode começar com os julgamentos, acusações de irresponsabilidade e tudo mais que deve estar louco para falar. Inclusive, pode até me dar dicas de decoração se quiser — ela sentou-se de frente para o colega, encarando-o da forma mais séria que conseguia — Eu só não quero que mais alguém saiba sobre o Félix, entendeu?

— Não!

— Qual parte você não entendeu? — A mulher se controlava para não revirar os olhos.

— A parte que somos amigos há anos e você nunca me contou que tinha um filho! Essa parte! — Ele não conseguiu se aquietar sentado, levantou-se e começou a andar pela pequena cozinha — Você trabalha o dia todo, praticamente cuidando do Adrien, enquanto o seu filho fica em um internato!? O que mais você esconde, Nathalie? Nathalie é seu nome mesmo? Você é casada com um agende da máfia italiana, por isso está se escondendo?

— Ei— ela chamou, já sem irritação na voz — Não sou da Itália... — comentou ela, tentando acalma-lo. Era engraçado ver uma pessoa tão grande, tão forte e tão calada quanto ele ficar em choque com algo tão simples como aquilo.

— Eu não consigo acreditar nisso... — ele suspirou, pegando a chaleira com água já fervida e derramando desastradamente em uma xícara— Nathalie, como vai cuidar dele? Falando em cuidar, você foi até o hospital com ele, mas aposto que não falou sobre aquela sua tosse irritante...

— É primavera, alergia ao pólen.

— Não mude de assunto! — Ele voltou a caminhar pela cozinha, tentando pensar sobre o que fazer — Talvez se levar ele escondido, o Gabriel não note. Se bem que talvez ele confunda o seu filho com o Adrien... Adrien não é seu filho também, é? Ah... — e, novamente, ele voltou a ficar pálido — Félix é filho bastardo do Gabriel!?

Tudo o que Nathalie conseguiu fazer foi começar uma crise de risadas, misturadas à curtos períodos de tosse, sendo seguidos de ainda mais risadas. Ela nunca imaginou uma reação tão cômica vinda do colega.

Depois de alguns minutos, tudo mergulhou em um silencio incomodo. Nathalie ainda estava com algumas lagrimas nos olhos de tanto rir e o colega ainda estava pálido, servindo-se de praticamente toda a água fervida – provavelmente ainda não tinha notado que o café não estava pronto.

— Amanhã é minha folga, cuido dele... Segunda-feira ele já vai poder se virar sozinho — ela encolheu os ombros — Não tem muito o que eu possa fazer sobre isso.

— Peça alguns dias de folga, é o seu filho...

— Vão suspeitar de algo. Tudo o que eu não quero é o senhor Agreste sabendo algo sobre a minha vida. Já não era nem para você saber, aliás...

Novamente, o diálogo foi deixado de lado e a cozinha mergulhou em um silencio irritante. O guarda-costas estava ofendido e preocupado, Nathalie estava tentando pensar sobre o que fazer. E assim permaneceram os dois, alguns minutos, até que Félix apareceu na porta com uma cara não muito feliz.

— Mãe... — ele chamou baixo, ignorando completamente o grandalhão bem ao lado dele — Me ajuda a subir a escada?

— Não acha melhor ficar na sala? Vai acabar caindo se ficar subindo e descendo toda hora — mesmo falando assim, Nathalie já estava de pé mais uma vez, indo até o rapaz.

— O Plagg gosta de ficar no meu quarto...

— Plagg é o nome do gato, antes que pergunte — a mulher olhou para o colega enquanto era abraçada pelo filho — Já está ficando tarde, melhor voltar para a mansão Agreste. Caso ele pergunte, invente uma desculpa qualquer.

Gorila apenas assentiu, sem saber ao certo que tipo de desculpa conseguiria inventar.

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Depois de deixar o filho no quarto e assegurar-se de que Gorila já tinha ido, foi hora de Nathalie começar a trabalhar. Ela odiava levar trabalho para casa, principalmente porque quase nunca estava em casa, mas o quanto conseguisse adiantar para poder voltar mais cedo para casa nos próximos dias seria melhor.

Contratos, pedidos, estocagem, orçamentos... até mesmo investimentos que Gabriel fazia passava pelas mãos dela antes, como se fosse encarregada de peneirar o que realmente valia a pena ou não antes de repassar para o chefe. Em meio a tantos afazeres, sua concentração foi completamente arruinada por uma simples palavra:

— Mãe? — Félix chamou baixo, esperando a porta ser aberta.

A mulher se levantou, ouvindo uma sinfonia de ossos estalando por ficar tempo demais sentada na mesma posição. Apressada, ela foi até a entrada de seu quarto e encontrou o rapaz loiro encarando o chão.

— O tornozelo está doendo? Quer alguma coisa? — Ela tomou o queixo do dele com uma das mãos, fazendo-o olha-la nos olhos.

— Só perdi o sono... posso ficar com você?

— Eu estou ocupada agora, Félix... — ela suspirou, mas não conseguia resistir aos olhos de gato abandonado que o filho fazia quando queria algo — Promete ficar quieto?

— Prometemos — ele deu um sorriso discreto, se apoiando nela para entrar no quarto enquanto o pequeno gato negro aproveitava a brecha para entrar.

Nathalie nem tentou resistir, sabia que o único jeito seria aceitar a invasão do filho e o gato de estimação ao lado dela enquanto trabalhava. Ela ajudou Félix a se acomodar na cama, fez questão de colocar o gato próximo a ele e depositar um beijo de boa noite na testa do filho.

— Mãe...

— Hun? — Ela evitou fazer contato visual, colocando o tornozelo machucado dele sobre uma almofada.

— Me conta uma história?

— Félix, você já está grandinho... — ela suspirou, sabendo onde aquilo iria parar — Eu não posso agora.

— Achei que seria legal relembrar de quando eu era pequeno e você me dava atenção, mas já que está ocupada — ele lamuriou, virando o rosto para o outro lado e fazendo-se de ofendido.

Nathalie voltou para sua escrivaninha, digitando algumas coisas, arrumando outras e fingindo ignorar o drama que Félix estava fazendo. Até mesmo o rapaz achou que ela tinha voltado ao trabalho, mas se surpreendeu ao sentir os braços da mãe em volta dele minutos depois.

— Se eu precisar trabalhar até mais tarde, não reclame depois! — ela avisou, mexendo nos fios loiros.

— Não vou! — rapidamente, ele virou-se na direção dela e a abraçou também — Vai mesmo me contar uma historinha?

— Se você realmente quiser... só não prometo conseguir ficar acordada até terminar de contar.

— Conta a história dos heróis de Paris.

— Essa de novo? Nunca vai enjoar de borboletas, gatos e joaninhas? — Nathalie suspirou, sabendo que não conseguiria dormir sem antes terminar ao menos um dos contos.

— O Plagg ainda não ouviu sobre ela... — Félix respondeu divertido, esperando ansiosamente pelo começo da história. Ele sentia falta de ter a mãe perto, tentava ao máximo afastar ela do trabalho, mesmo que tivesse de recorrer para a infantilidade.

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NOTAS FINAIS:

Sim, eu sou louca.

Não me pergunte o motivo, eu simplesmente olhei para a cara de "morto" do Félix e achei idêntica a cara de "morta" da Nathalie.

Espero que tenham gostado!

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Nyah!:
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25 января 2019 г. 16:50 0 Отчет Добавить Подписаться
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