cosmicflower201539198533 SunFlower 🌻

Lily perdeu tudo que acreditava muito nova. Sua inocência, sua esperança, seu amor pela vida. Por ter que crescer muito rápido para proteger o que mais amava, não percebeu que perdeu a si mesma. No dia 20 de março, um ano após a morte de seus pais, Lily toma uma decisão que não teria volta só o que ela não esperava era Noah, o cara com o maior coração que alguém já viu, abaixar todos os seus muros e salva-lá de si mesma. Além de ajuda-lá a seguir um sonho que não sabia que tinha, Noah a leva para conhecer o mundo com a sua banda e com seus amigos. Essa história fala de como Lily aprende quem é, aprende a se amar. É sobre a família que escolhemos, nossos amigos e sobre a construção do amor de Lily e Noah. Acompanhe a trilha sonora dessa história em: https://open.spotify.com/user/22elwihbzangzlbrroyjky57y/playlist/6gVD5qL7Eh7HRa7DIKsu17?si=G6q4oGm1T8WcgbPSfGBgiw


Драма 18+. © Toda e qualquer parte da história é de propriedade intelectual do autor

#romance #musica #drama #violencia #superação
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O Primeiro Cometa do Ano

Lembro exatamente o instante que começou meu amor por momentos. Uma das poucas vezes em que meu pai foi bom pra mim, quando ele decidiu se livrar da sua velha máquina fotográfica. Uma câmera analógica Diana. Com o pouco de dinheiro que eu tinha e com o que eu comecei a juntar, das mesadas de consolação pelas brigas e abusos, eu conseguia comprar e mandar revelar o filme na papelaria perto da minha casa. A maioria das fotos nem valia a pena, mas pra mim era como se fosse o natal, nunca sabia realmente como tinha ficado a imagem até recebê-la em minhas mãos.

Dessa história para hoje, fazem quase 12 anos e nesses anos, além do meu amor por momentos eu perdi algumas coisas ao longo do caminho. Meu brinco preferido, em formato de estrelas, minha inocência, meu gorro com orelhinhas de urso, meu irmão que fugiu de casa, meu ursinho que eu chamava carinhosamente de Uni, minha mãe e logo após meu pai. Algumas coisas de uma infância não se recuperam, muito menos a quantidade de sangue que uma pessoa consegue ver sem surtar. Não que eu não tenha tentado escapar dessas memórias, os fantasmas tendem a me seguir com o tempo.

Dito isso, tanto desses fantasmas quanto todos os problemas que eu ainda não estou pronta para dividir, as coisas ficaram sombrias. Quando ninguém conseguiu localizar ou provar a existência do meu irmão, Samuel, todas as economias da minha família foram para minha conta bancária, já que nenhum parente quis se apresentar nessa situação. E o que melhor fazer quando se tem uma grana extra? Deixar tudo para trás.

E foi exatamente isso que eu fiz, a dois meses atrás decidi que o melhor lugar para tentar começar ia ser em Los Angeles. Não que eu tivesse muitos amigos na minha antiga cidade no Brasil, na maior parte do tempo eu estava tão dentro do meu “drama” familiar que não tinha tempo para criar conexões reais, além do balconista que revelava minhas fotos e alguns convites para festas nos corredores do ensino médio.

Comprei um bom apartamento perto do mar, consegui um emprego em uma cafeteria na mesma quadra, comprei uma câmera nova e afundei minha cabeça nas minhas fotos. O ponto de partida principal para minha decisão repentina de não aguentar mais era a solidão, o pânico e principalmente os pesadelos. Eu simplesmente não conseguia deixar ir, não conseguia esquecer. Toda noite era a mesma rotina de sempre, acordar suando, gritando, sozinha. Eu acho que a muito tempo eu decidi que não aguentava mais viver assim, com toda agonia.

Então chegamos no presente.

Um ano do incidente que mudou tudo. 20 de março de 2018, a mesma exata hora que acordei ano passado, às 8:27 da manhã. Um sinal do inferno, de todas as coisas que eu ainda lembrava. Na agenda onde eu escrevia meu “diário”, em letras garrafais continha a seguinte pergunta:

O que eu gostaria de fazer antes de morrer?

-Cortar meu cabelo

-Pintar meu cabelo de azul

-Ter um pircing

-Fazer uma tatuagem

-Deixar minha marca no mundo

-Doar uma grana para crianças com câncer

-Ir a um show de Rock

-Ficar incrivelmente bêbeda

-Me apaixonar

-Encontrar a Felicidade

-Encontrar meu irmão

Então, até a meia noite eu tinha uma missão, completar alguns passos dessa lista e me fazer esquecer do dia que eu estava vivendo. Coloquei The kooks para tocar no ultimo volume nas caixas de som e preparei meu banho. Me enrolando na toalha, na frente do espelho vejo os olhos cansados, o corpo magro de estatura baixa, e a expressão triste que aprendi a conviver.

Dentro do pequeno espaço onde guardava minhas roupas, peguei sacos de lixo enchendo-os com todas as roupas que eu não usava mais, final, quem precisa de tantas coisas. Coloquei um jeans, uma blusa listrada, um casaco fininho preto, meus tênis e uma mochila, com meus documentos e a minha câmera. Com três sacos de lixo grandes, vou até o elevador principal. O alívio de não ter que descer com nenhum vizinho fazendo perguntas enxeridas sobre a minha limpeza repentina que acontecia quase toda semana, era de algum jeito uma forma de aliviar o peso das minhas emoções.

O sol brilhava mais que nunca, o céu estava limpo, o pouco de vento que fazia trazia a brisa fria do mar. Deixei as sacolas perto de uma lata de lixo e sigo meu caminho para minha primeira missão, pedir demissão. O que era a parte mais fácil a se fazer, já que o gerente não ia muito com a minha cara, pelas diversas faltas, saídas fora do horário para fumar na porta da frente e os inúmeros pedidos errados que entreguei. No momento que entrei e avisei que não voltaria mais, foi sem questionamentos. Obrigado Greg. Ainda pedi um expresso para viagem.

Meu longo cabelo castanho já estava tocando a minha cintura e eu realmente não lembrava a última vez que fui em um salão de beleza, mas principalmente, não lembrava a última vez que eu cortei o cabelo. O lugar que eu escolhi “Salão do Frederic” era frio, muito branco, limpo e a recepcionista mal humorada que me fez esperar meia hora até que um cara extremamente magro de cabelo platinado chama meu nome e me senta em uma cadeira.

- Queria, seu cabelo está tão sem vida, sem personalidade - diz tocando nas minhas mechas - o que vamos fazer hoje

- Quero cortar um pouco, eu acho, e pintar de azul - respondo dando ombros

- Eu tenho uma visão que vai mudar sua vida - diz dramaticamente tapando seus olhos - você confia em mim?

- tudo bem.

Duas meninas se aproximaram então eu comecei a sentir as mechas caindo pelas minhas costas enquanto ele cortava meu cabelo. Uma franja surgiu no meio do caminho, descolorante, papel alumínio, uma música pop irritantemente repetitiva. Duas horas depois eu tinha meu tão desejado cabelo novo, com um long bob na altura dos ombros com californianas azuis e uma franja repicada destacando os enormes olhos azuis que herdei da minha mãe. Paguei, me despedi da equipe que me elogiava de uma forma que me deixava sem jeito e quase corri para fora. Me encarava em algumas janelas espalhadas pelo caminho, esperando que a mudança trouxesse outra pessoa pra dentro de mim, apagasse quem eu sou, mas não trouxe. Não colou meus pedaços.

O resto do meu dia eu aproveitei a praia para tirar algumas fotos, comer besteiras, ouvir musicas no meu fone de ouvido e não pensar em nada. O show que comprei o ingresso seria às 22 horas, então não correria o risco de estar em casa sozinha com meus fantasmas essa noite.

Tomei um banho mais rápido quando cheguei. Tentei me arrumar o pouco que conseguia. Coloquei uma saia jeans com botões na frente, uma regata preta com alças finas, uma bota de salto e minha jaqueta de couro preferida. Tentei seguir um tutorial no YouTube de maquiagem mas acabei com um olho muito vermelho, o preferível foi aceitar minhas sardas e um pouco de rímel. Encarando o espelho, definitivamente minha aparência estava melhor e a roupa ajudava. Minha pele muito branca, meu corpo muito magro, meus seios que enchiam mais do sutiã do que eu gostaria, o cabelo. Tudo que estava ali, por mais bonito que eu achasse, me causava uma repulsa imensa. Como eu me atrevo a ser feliz? Como ainda consigo viver comigo mesma? Com tudo que eu vivi?

Desisti do espelho, espantei meus devaneios. O show iria acontecer em um bar famoso, a banda que iria tocar tinha acabado de assinar um contrato para um CD e turnê com a Universal Records, aparentemente o CD estava pronto e o lançamento iria ser no mesmo lugar onde eles foram descobertos a 6 meses atrás. Como ainda eram desconhecidos, não estava exatamente uma lotação de fãs histéricas ou uma fila gigantesca. Peguei um táxi do apartamento até o lugar.

A quantidade de pessoas já era o suficiente para minha insegurança. Sentei em volta do bar, uma decisão imprudente, mas a medida que iam chegando mais e mais pessoas, eu não saberia para onde ir. Pedi para o garçom uma cerveja enquanto senti alguém sentando no banco ao meu lado, já era o único lugar disponível em volta do bar. Escuto o sotaque australiano pedindo a mesma cerveja que eu. Eu sentia um olhar em mim, então quando minha curiosidade foi maior que minha vergonha, eu olhei.

Um cara, aparentemente nos seus 23 anos, usando uma camisa jeans com os dois primeiros botões abertos, calça preta, muitos anéis, muitas pulseiras (eu só vi pela forma como ele segurava o copo). Em volta do seu pescoço um colar com um pingente no formato de Júpiter. Seu cabelo era mais baixo dos lados e no meio, caia delicadamente em seus olhos os cachos castanhos. Lindo era apelido para descrever. Eu o olhava de relance, mas era impossível não querer olhar. E cada vez que eu virava, estava lá, aqueles olhos escuros em mim.

- Olá - diz ele - sozinha?

Olho para os lados para saber se ele está falando mesmo comigo.

- Sou Noah - diz passando a mão em seu cabelo, claramente nervoso - e você?

- Lily - respondo, sentindo minhas bochechas queimarem - sozinha, aparentemente - levo o copo de cerveja até meus lábios, sentindo o gosto amargo, fazendo uma careta.

- Não é muito de cerveja? - O sorriso combina, é tão lindo quanto

- Não sou muito de beber na verdade

O silêncio se estendeu enquanto olhávamos nos olhos um do outro. Ajeitei nervosamente a franja na minha testa, sentindo meus dedos formigarem e meu estômago embrulhar. A tensão era clara, tinha algo ali, energia?

- Então Lily que veio sozinha, é fã da banda?

- Na verdade nunca escutei os caras, era só algo que eu precisava fazer. Você é fã?

- Vamos dizer que sim - responde - o que precisa fazer?

- Me distrair um pouco, sair da zona de conforto

- Então você não sai muito, certo?

- Não

Enquanto a banda não começava a tocar, o DJ da casa tomava conta da música. Algumas pessoas dançavam, faltava uns 45 minutos para o show começar. Aos poucos ia me acostumando com a bebida, e a conversa se arrastava um pouco sobre o tempo, sobre algumas pessoas vestidas de uma forma estranha. A muito tempo eu não ria assim de verdade, sentia que estava começando a me divertir.

- Vamos dançar um pouco? O que acha? - fala Noah

- Não sei dançar

- Sair da zona de conforto Lily, vamos lá pequeno lírio - ele sorri

- pequeno lírio? - Tudo bem que ele era uns bons 15 centímetros mais alto que eu, mas não gosto de apelidos

Ele ignorou minha pergunta, entrelaçando seus dedos nos meus. Normalmente eu não deixo ninguém me tocar, o mais estranho foi sentir a sua mão na minha e não surtar. Era uma boa sensação, quase uma corrente elétrica, me senti um pouco mais viva, por alguns segundos. A música era eletrônica, ele pulava e fazia graça pra mim, me fazendo girar e me mostrando alguns passos. Nem metade da música passou e alguém nos interrompeu. Um garoto com olhos puxados, cabelos pretos curtos, camiseta cavada do Iron Maiden e uma calça de couro apareceu bem na nossa frente.

- Cara, já está em cima da hora - Falou - Vamos!

- Vai indo, 5 minutos - diz Noah

O garoto desapareceu no meio da multidão e ele me encara.

- Lily, quero pedir que fique aqui, eu não vou demorar - diz fazendo um carinho inesperado na minha bochecha - você é muito legal e no final da noite espero que me dê seu número, mas por agora.. não desaparece.

Aceno com a cabeça, em choque do que ele disse. Noah corre no meio das pessoas até uma porta perto do palco. Todas as luzes se apagam e as pessoas começam a se aglomerar na minha volta. Se eu não tivesse um tanto anestesiada por conta da cerveja que tomei, provavelmente entraria em pânico. Quatro pessoas entram, tomam os instrumentos e são introduzidos. O nome da banda é The Lost Universe. As batidas começam, e as luzes vão diretamente para o cantor.

Noah.

Noah é o cantor.

A sua voz é rouca, aveludada e o som deles é incrível, impossível não balançar a cabeça e até para as pessoas mais tímidas, bater o pé no ritmo. Me deixo viajar um pouco na letra, na melodia mas principalmente nos olhos que não saíram dos meus desde que as luzes do palco ligaram. Reconheço o garoto que o chamou atrás da bateria. Vinte minutos de músicas autorais, eles anunciam que vão tocar covers, e quando toca os primeiros acordes de Wish You Were Here, tudo que eu estava tentando esquecer volta a minha mente.

Os gritos ensurdecedores, o barulho da arma, a chuva e o rádio no fundo, lançando a letra do Pink Floyd .

Did they get you to trade

Your heroes for ghosts?

Hot ashes for trees?

Hot air for a cool breeze?

Cold comfort for change?

Did you exchange

A walk on part in the war

For a lead role in a cage?

Corro para fora do bar, com as lágrimas tomando conta de mim. Pego um táxi direto para o meu apartamento. Os andares do elevador passam, entro em casa tirando minhas botas, indo atrás da garrafa de tequila que guardo embaixo da pia da cozinha e o maço de cigarros mentolados no meu quarto. Volto para o elevador até o último andar, onde pego as escadas diretamente para o terraço.

Agonia e frustração tomam conta de mim e turvam a minha visão. Começo a andar de um lado para o outro, tomando goles gigantescos que descem queimando em minha garganta. Primeiro, segundo, terceiro cigarro e eu já não sei a quanto tempo eu parei de andar e sentei na beirada balançando as pernas no abismo, a crise de pânico começa sem bater na porta, me enlouquecendo, me fazendo perder o controle da realidade.

A minha cabeça se repete “faz, você é sozinha”, “Vai, ninguém se importa”.

- COVARDE - grito

O último gole seguido de uma longa tragada vem o choro, de soluçar. Os monstros da minha cabeça me assombram com a lembrança que parece real. Olho para as minhas mãos, que estão sujas do sangue vermelho, que seguravam a cabeça da minha mãe. Não sei mais dizer o que é real.

- Eu não mereço viver, não mereço ser feliz - falo - eu mereço morrer, eu mereço ir

Quando decidi saltar, finalmente ir, escuto a porta abrindo e alguém correndo em minha direção, segurando a minha cintura e me puxando para o chão. Não consigo abrir meus olhos para ver quem me salvou, só sinto as lágrimas caindo enquanto minhas pálpebras fecham.

10 октября 2018 г. 19:15 0 Отчет Добавить Подписаться
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