inial_lekim Inial Lekim

Ele estava vivo. Ele tinha Gai. Finalmente a vida lhe era boa. E ele estava feliz.


Фанфикшн Аниме/Манга 13+. © Personagens pertencem ao Kishimoto.

#naruto #kakagai #transkakashi #fns #querobiscoitofns #gincanafns #uo #fluffy
Короткий рассказ
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O passado e o futuro...

Hey!

Essa fic foi escrita para a Gincana do biscoito promovida pelo grupo Fanfics Naruto Shippers (FNS), cujo tema central gira em torno da Representatividade - nesse caso, foi escolhido a transexualidade.

Espero que gostem.


*


Aos sessenta anos, Kakashi se sentia livre.

Ele nunca imaginou que estaria vivo, que chegaria a essa idade estando relativamente inteiro. Ele havia sido um prodígio. Um genin que impressionava, um chunin que se destacava, um jounin espetacular, um anbu sem restrições. Ele perdeu pessoas que lhe eram importantes. Ele lutou em duas guerras por sua vila. Ele matou. Ele morreu. E ele voltou. Ele viu o caos, a vila pela qual ele tanto lutava reduzida a uma pilha de entulhos e cinzas. E então, contra qualquer pensamento que teve no decorrer de sua vida, ele se tornou Hokage.

E em meio a tudo isso... havia Gai.

Gai, que estava ao seu lado desde que poderia se lembrar. Que, assim como ele, sobreviveu apesar do que acreditavam as outras pessoas. Fosse nos bons ou maus momentos, imerso na escuridão que ainda estava presente dentro de si, Gai sempre estava lá com ele. Por ele.

Com sua presença... seu corpo... seu toque...

E Kakashi sempre permitia que ele entrasse... ainda que não o merecesse.

Ele se aconchegou mais ao corpo quente ao seu lado, entrelaçando suas mãos, admirando as alianças douradas que adornavam seus dedos.

E ele estava feliz que Gai o achasse merecedor.

Kakashi ainda se lembrava daquele dia, quando o tão esperado sim finalmente havia sido dito. De como Gai estava tão bonito em suas roupas tradicionais e a teimosia em permanecer em pé ao seu lado, apesar da recomendação médica de não o fazer. Do olhar brilhante e o sorriso marcante em seu rosto.

E mais uma vez ele repetiu a pergunta que lhe fizera anos atrás, quando ainda eram estudantes na academia.

“Eu nunca duvidei, nem por um momento, que você fosse o homem do meu destino...”, e Gai segurava suas mãos e olhava em seus olhos. “Agora eu te pergunto mais uma vez... Você quer passar a primavera da sua juventude comigo?”.

E ele sorriu por debaixo da máscara que cobria seu rosto, confiante de que ninguém além de Gai perceberia o movimento sutil do tecido.

E seu sim foi sussurrado, quase um aceno silencioso. Mas, pelo sorriso de Gai, era como se ele tivesse gritado a plenos pulmões.

*

Às vezes Kakashi se pegava pensando no passado... e pensava como o hoje seria se as coisas houvessem ocorrido de forma diferente.

E em seus pensamentos surgia, entre tantas outras lembranças, a imagem de um parque. Algumas vezes havia o nascer do sol, em outras, anoitecia. Mas, ele sempre estava lá. Um garotinho pequeno e magrelo, de cabelos levemente compridos e macacão verde. Ele parecia tão tímido ao se aproximar, dizer-lhe seu nome e convidá-lo para brincar... e ele foi o primeiro a tratá-lo como um garoto como qualquer outro­...

Mas como acontece com as crianças e suas amizades de parque... eles acabaram se afastando e, a próxima vez em que encontrou Gai, foi durante o anúncio daqueles aprovados na Academia.

Pensando agora, ele havia sido tolo em não associar uma criança a outra, afinal, não era como se Gai houvesse mudado drasticamente durante o período em que não se viram mais. Ele inclusive ainda usava a marcante roupa verde que vez ou outra surgia em sua mente como uma memória antiga. Mas, se fosse sincero consigo mesmo, mesmo naquela época ele já estava tão cansado.

Tão perdido em si mesmo...

... então seu pai se foi.

E Gai voltou a ser uma figura constantemente presente em sua vida, ao mesmo tempo em que Kakashi descobria a si mesmo. E, no momento em que sentiu que dentro de si as coisas finalmente faziam sentido, Kakashi deixou de estranhar o fato de Gai sempre o tratava no masculino, afinal, talvez Gai o tivesse enxergado como ele realmente era... antes que ele próprio conseguisse ver a si mesmo.

E Kakashi gostava disso.

Eles eram iguais.

Então ele descobriu o quanto estava errado.

Na Academia eles tinham aulas sobre desenvolvimento humano, as mudanças do corpo ao longo da vida. Kakashi sabia que as coisas seriam diferentes para ele... ele apenas não imaginou que seriam tão diferentes.

Aos treze anos, a voz de Gai começou a mudar.

Ele vivia reclamando sobre isso, sobre o modo como era ridículo sua voz sempre falhando entre um tom mais fino e um mais grosso e que ele mal esperava quando isso finalmente passasse e as coisas se tornassem normais outra vez.

Mas isso não acontecia com Kakashi. Se muito, sua voz aparentava estar ainda mais suave... e aos poucos ele foi se tornando mais silencioso. Não era como se ele fosse a pessoa mais falante do mundo, mas ainda sim...

“É um realmente um incômodo”, havia dito a Gai na época.

E então Gai era uma verdadeira bagunça hormonal. Haviam pelos e músculos onde antes não existiam. Ele estava ficando cada vez mais alto e o rosto tornava-se ainda mais marcante.

Claro, a máscara em seu rosto dificultava qualquer análise de suas próprias mudanças. Kakashi cresceu, um pouco menos do que Gai, mas ainda assim, acima da média. Surgiram pelos, ainda que não como havia sido com Gai. Os seios se desenvolveram, não tão grandes, pelo que ele ficou agradecido, já que assim se tornava mais fácil disfarça-los e fingir que eles não estavam ali. E então veio o sangue.

E sangue o lembrava de Rin. E ele se sentia sujo.

Então ele sentiu que ele e Gai eram diferentes.

E isso se tornou algo nítido sempre que via-o treinar incansavelmente sob o sol quente, sem a parte de cima do spandex, mostrando-se orgulhoso dos músculos que agora possuía. E Kakashi não poderia fazer isso. E isso abalou a relação entre eles.

Então ele começou a se afastar. Porque Gai lhe confundia e o fazia sentir coisas. Havia a raiva, a inveja... e um frio na barriga cada vez que via a Gai.

Sentia raiva por ser tão diferente das outras pessoas.

Sentia inveja do corpo claramente masculino de Gai. Ele queria ser como Gai, ter os músculos de Gai, as feições de seu rosto...

E o frio em sua barriga... o suor fazia brilhar o corpo de Gai, enquanto ele desferia golpes repetidos em seus treinamentos... O frio em sua barriga... a voz de Gai era agora grossa e ao mesmo tempo tão suave...o frio em sua barriga... Gai era tão Gai, apesar de tudo... O frio em sua barriga...

... era apenas um efeito da puberdade.

E, nos anos que se seguiram, Kakashi se convenceu disso. Porque qualquer coisa além, tornaria tudo tão complicado.

*

Então aconteceu.

Era para ser uma missão simples.

Gai não precisa estar lá... mas estava.

E ele foi a última coisa que viu antes de sentir-se ser jogado para trás, com uma kunai fincada em seu ombro.

Então ele foi tomado pela escuridão e, por um momento, foi como dormir.

*

Ele sentiu o vento frio em sua pele e a dor latejante em seu ombro. Mas ainda a sensação da máscara em seu rosto. Ele sentia o cheiro de terra, pinho e sangue.

E havia mãos o tocando. Mão calejadas, com um excesso de cicatrizes e tão quentes.

E seus olhos se abriram para ver Gai inclinado sobre seu corpo, com as mãos repletas de sague e um pedaço de pano que ele reconheceu como seu próprio uniforme. E Gai estava tão corado.

Então Kakashi percebeu a situação. E sentiu um frio na barriga diferente do que já estava acostumado. Um frio de medo.

Mas então Gai olhou em seus olhos e sorriu. Largo e brilhante, como sempre fazia ao vê-lo. E em seus olhos haviam lágrimas que escorreram por seu rosto.

“Kakashi...”, seu tom de voz era fraco, aliviado.

E Kakashi rezou para que aquele fosse um sinal de que tudo ficaria bem.

*

O coração de Gai batia forte. Rítmico.

Quarenta anos depois, aquelas dúvidas de sua adolescência pareciam tão sem sentido. O medo que o paralisava e o afastava. A incerteza do que poderia acontecer no amanhã...

Às vezes ele se arrependia de não ter dito nada antes, de ter mentido para si mesmo por tantos anos... até que quase fosse tarde demais. Ainda sim, se voltasse ao passado, ele não mudaria uma única ação, porque foram essas ações, em seus erros, que o trouxeram até onde ele estava agora.

E ele nunca abriria mão disso.

De dormir e acordar ao lado de Gai. De sentir o calor de seu corpo contra o seu. Kakashi gostava da vida que haviam criado juntos, da casa – para a qual Gai se mudou após muita insistência, já que era muito mais prática em função da cadeira de rodas. Gostava de poder dormir e acordar a hora que bem entendesse e da tranquilidade da aposentadoria.

Ele já não mais temia pensar no futuro. Ele estava vivo. Ele tinha Gai. E finalmente a vida lhe era boa.

E ele estava feliz.

30 августа 2018 г. 17:09 6 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

Inial Lekim 22 anos. Pisciana. Escritora. Sonhadora. Fotógrafa e Desenhista quando surge inspiração. Vocês já ouviram a palavra de KakaGai hoje?

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Tatu Albuquerque Tatu Albuquerque
Eu pensei que eu não ia me arrasar... EU ME ARRASEI! O BERRO QUE EU DEI COM O KAKASHI TRANS, MANO. OLHA ESSA BELEZA, OLHA ESSE CANON, OLHA... OLHA... EU NÃO ME AGUENTO, EU TÔ BERROSA, EU TÔ MUITO AQUECIDA E SURPRESA, EU... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Políbio Manieri Políbio Manieri
Ah velho eu já nem sei mais o que dizer... Toda vez que tem kakagai sua na jogada eu ja venho com as expectativas nas alturas e toda vez eu sou surpreendida com uma história melhor do que eu mesma esperava! Já te falei antes e falo de novo que é sempre muito bom sentir o tanto de carinho que voce emana por esses personagens, o cuidado com suas fases, com suas personalidades seus sentimentos. Mais do que nunca eu to aqui emocionada por ter sido um plot que eu te joguei e exigi pela primeira vez porque tinha que ser voce a escrever! Eu queria ler com as tuas palavras, e mesmo pequena a fic conta tudo o que se passou como tinha que ser. Eu to bem satisfeita e feliz, tem meus velhos, meu trans, as minhas crianças tudo abordado com tanto cuidado e atenção que eu to muito tocada! NO UNIVERSO ORIGINAL PATRICIA! Alias, as duas historias foram! Ai que eu to profundamente orgulhosa! Que maneira mais maravilhosa de se finalizar uma madrugada!
Lavinia Crist Lavinia Crist
Eu jamais pensei em algo assim, mas agora só consigo pensar nisso. Foi tudo tão bem escrito, tão bem passado, tão bem construído que nem mesmo tenho algo próprio para falar. Estou sem fôlego. Estou com frio na barriga só por ter chego ao fim. Estou agradecida por ter lido, você é incrível ♥

  • Lavinia Crist Lavinia Crist
    Agora está no lugar certo, kkks. September 06, 2018, 02:27
Luray Armstrong Luray Armstrong
Já pode marcar o dia da minha morte, 5/9, 21:38, causa: vc sua demonia Caralho eu fui mt tombado agora mano pqp eu nem creio porra Mano ce narrou mt bem, descreveu mt bem AAAAAA E KakaGai é tão lindo e cheiroso
Mari Satsuki Mari Satsuki
Tente procurar um casal mais canonico que kakagai e falhe miseravelmente. Olha esses dois que amorzinho, olha para eles, nasceram um para o outro e o relacionamento deles é muito mais real que os casais oficiais hahaha Brincadeiras a parte, queria dizer que estou emocionada com sua história. A temática escolhida é algo que realmente gosto muito, por ter um amigo trans e conhecer muito dos sentimentos dele, principalmente em relação a aceitação da família, e você retratou tão bem as dúvidas, confusões no decorrer da puberdade, os sentimentos, tudo encaixou perfeitamente bem com esse shipp amorzinho. Confesso que terminei a fic com um gostinho de quero mais, queria muuuito mais da vida desses dois juntos. Muito obrigada por escrever algo tão maravilhoso, tocante e intenso ♥♥
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