xiumeu . v�nus

Baekhyun é o quarterback do time de futebol americano de sua escola. Todo ano, são realizadas pequenas competições interescolares na cidade e como costume, quase todos os anos seu time saia vencedor. Entretanto, daquela vez havia sido diferente. Seu time havia perdido. E após encher a cara com seus amigos para afogar as mágoas da perda, ele não imaginava que acordaria no dia seguinte, em uma cama que não era sua e descobrisse que estava namorando ninguém menos que o quarterback da escola rival à sua, esta que consequentemente havia levado o troféu aquele ano.


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Kickoff

KICKOFF

O chute inicial.


O som das vozes se sobressaindo umas nas outras era tão familiar quanto o rangido que minha porta fazia quando era aberta ou o barulho estranho do motor do carro do meu irmão.

Estávamos animados, ansiosos e contando a vitória. Se vencêssemos o jogo daquela noite, seriam sete vitórias em sete anos seguidos. Isso me deixava eufórico, assim como todo o resto do time.

Todos falavam sem parar enquanto eu me concentrava em acalmar os nervos e acabar com toda a água da garrafinha que tinha em mãos. Quando pisássemos naquele gramado, faríamos história. Nossos nomes ficariam gravados nos troféus da escola até que nossos próprios filhos pudessem vê-los um dia — fato que me deixava cheio de orgulho de mim mesmo — juntamente de todas as outras pessoas que pisassem naqueles corredores.

Jongin aumentou o tom de voz e eu o olhei feio, ele não era nem louco de me irritar antes da partida começar, portanto apenas baixou a voz e voltou a conversar com os outros garotos do time que estavam quase tão animados quanto ele.

— Vamos acabar com eles! — alguém exclamou.

— Vamos comer águias no jantar! — o comentário me fez revirar os olhos.

Como cada time tinha seu próprio mascote, o do nosso time adversário era uma águia, e isso gerava uma série de piadinhas infantis entre os garotos e uma série de xingamentos do outro time, que revidavam as piadinhas com outras piores ainda. Até aí estava tudo ok. Não era surpresa eles serem um bando de retardados que ficavam com atitudes infantis, até a piada virar a minha altura. Aí a coisa ficou feia. Nunca fui lá um cara muito alto e musculoso, tanto que sempre que falava que jogava futebol americano as pessoas me olhavam com uma cara de “Você tá brincando, né?”, tampouco imaginariam que eu seria logo o quarterback do Lions. Isso aí, um cara de 1,75 de altura e pura magreza era um quarterback.

Quando a piadinha do indivíduo chegou aos meus ouvidos durante um treino coletivo no estádio, a raiva que eu tive foi tanta que atirei meu capacete no cara alto de cabelo platinado. E ele não hesitou em tentar atirar de volta, sendo impedido pelo treinador. Esse dia ficou conhecido como o estopim para gerar tanta competitividade e ódio mútuo entre os nossos dois times nos meses seguintes, juntamente pelo ódio meio pessoal que eu mantinha pelo outro quarterback, coisa que eu tinha certeza que era recíproco.

— E aí, cara, está nervoso? — Eunwoo perguntou, se sentando na ponta do banco onde eu estava.

— Não. Nós vencemos em todas as temporadas, acho que está bem óbvio quem vai sair vencedor essa noite.

O garoto deu de ombros, girando o capacete que tinha em mãos. Eunwoo havia sido o último a entrar no Lions, também era o nosso maknae já que estava no primeiro ano, ocupava a posição de Halfback e fazia um ótimo trabalho com suas pernas. Era um garoto tímido e um tanto quieto, embora arrancasse suspiros de quase todas as colegiais.

— Não sei, Baek. Estou com um pressentimento sobre esse jogo.

Ergui as sobrancelhas, surpreso.

— Pressentimento?

— É — ele coçou a nuca — Não acho que deveríamos contar vitória antes da hora.

— Bobagem — Jongin intrometeu-se, empurrando Eunwoo para o lado com o quadril e se sentando em seu antigo lugar — Nós somos melhores que eles. Além do mais temos o Baek como nosso quarterback, ele tem uma mira perfeita.

Não vou mentir, havia gostado do elogio. Jongin era um dos jogadores que sempre reconhecia o talento dos outros, embora não desse tanta importância para o seu. Era um kicker, ou o responsável por todas as jogadas que requerem chutes, marcando field goals e os extra points que precisávamos no final de uma partida. Era extremamente necessário e bom no que fazia e eu desconfiava que ele sabia daquilo.

Eunwoo e Jongin começaram a conversar sobre táticas enquanto eu terminava de vestir o uniforme branco e vermelho. Será que havia alguma chance do outro time nos vencer essa noite? Querendo ou não era uma possibilidade. Eles não eram tão bons nos treinos, distraídos demais, não jogavam a bola com força o suficiente… nem mesmo pareciam um time de verdade, e sim calouros brincando com uma bola.

De qualquer forma, as chances de ganharem eram nulas. Treinamos muito e iríamos vencer aquele jogo.

Quando o treinador invadiu os vestiários, as vozes — nem tão contidas assim — se tornaram gritos de comemoração que serviam para agitar todos os jogadores. Afinal, estavam todos eufóricos para ganhar mais um jogo.

— Vamos lá, Lions, vocês estão prontos?! — ele perguntou, recebendo gritos desconexos como resposta — Garotos, nós realmente treinamos muito para isso. Demos sangue e suor para chegar onde estamos, então eu espero que quando vocês pisarem naquele campo possam dar o melhor de vocês. Lembrem das táticas de jogo que bolanos, eles não podem contra a gente. Estou contando com vocês! — ele ergueu os polegares e sorriu — Vamos acabar com eles!

Me permiti participar daquela animação erguendo o capacete junto com os outros enquanto gritávamos em plenos pulmões apenas pelo prazer de sentir aquele pouco de adrenalina passar pelo nosso corpo. Nos levantamos em fila antes de passar correndo pelo corredor que separava os vestiários da arena, encontrando o brilho dos holofotes assim que pisamos no gramado do campo. Gritos da arquibancada eram ouvidos, tanto femininos quanto masculinos. Eu sabia que muitas colegiais do primeiro ano estariam aqui para ver Eunwoo estrear em seu primeiro jogo, mas não era só disso que se constituia a arquibancada, haviam olheiros de faculdades, na espreita de bons jogadores para oferecer cursos nas melhores faculdades em troca de um pouco de talento. E esse era o ponto chave de todo o meu treinamento, afinal ou eu ganhava uma bolsa ou não fazia faculdade.

Sorri e acenei para as pessoas da arquibancada enquanto continuava em fila até o centro do campo, mal notando o outro time que também fazia o mesmo. Como eu era o primeiro da fila, acabei tendo o desprazer de me encontrar com o outro quarterback — ou mais conhecido como piadista — que caminhava com um sorrisinho idiota conduzindo o time. Ele nem mesmo acenava para as pessoas que estavam ali torcendo por ele, era um babaca mesmo.

Enquanto o juiz repetia as regras, eu sentia o olhar do quarterback queimar em mim, o que me fez encarar de volta com as sobrancelhas arqueadas. O que aquele idiota estava olhando, afinal? Cruzei os braços, tendo vontade de arrancar aquele maldito sorrisinho que o bastardo exibia para mim mas tendo que me manter firme. Deixaria para dar o troco enquanto estivéssemos jogando.

O juiz terminou de ditar as regras e logo jogou uma moeda para cima, que decidiria quem começaria com o time de ataque e de defesa. Por sorte, começaríamos com o ataque.

Tinha acabado de virar as costas para ir tomar o meu lugar, quando ouvi a voz debochada soando logo atrás de mim.

— Espero que sua altura não atrapalhe sua mira, nanico.

Senti a raiva subir por meu corpo, me fazendo fechar os punhos quase inconscientemente. Quase. Estava pronto para me virar e fechar a boca do bastardo com um belo soco, quando eu senti uma mão gelada fechar sobre meu punho e me arrastar até o meu lugar, logo atrás do center.

— Mantenha o foco, Byun — Junmyeon falou, se posicionando logo na minha frente — Se você se desconcentrar irá foder com todos nós.

Assenti, embora minhas mãos tremessem de raiva. Junmyeon estava certo, eu precisava me concentrar. Coloquei o capacete, arrumando meu corpo na posição correta logo em seguida antes de ouvir o apito sendo soado, indicando o inicio do jogo.

Junmyeon passou a bola para trás por baixo das pernas e consegui agarrá-la antes de recuar alguns passos para trás. A linha de defesa já se agarrava com a de ataque, para evitar que avançássemos em suas jardas. Comecei a avançar por uma das laterais do campo, aproveitando que alguns jogadores ainda estavam concentrados no centro.

Havia treinado aquela jogada milhares de vezes, eu podia não ser rápido como Eunwoo ou ter a força nas pernas como Jongin, mas me esquivava facilmente dos corpos enfurecidos que tentavam tudo para roubar a bola, avançando pelas jardas 40 e 30 antes de finalmente ver o número 97 na camisa de Eunwoo, sendo marcado pelo cornerback e alguns safetys que protegiam a endzone.

Desviei de outro jogador, já me posicionando para jogar a bola na sua direção e deixar que nosso maknae brilhasse com um belo touchdown que eu sabia que ele faria, aproveitei que a linha de ataque estava perto o suficiente de mim para impedir que alguém me derrubasse ou acabasse roubando a bola e mirei diretamente no corpo esguio que já estava preparado para correr. Assim que a bola foi lançada, meu corpo foi ao chão com um empurrão de alguém do time adversário.

Xinguei antes de rolar e me colocar de pé novamente, a tempo de ver o cornerback esbarrar no ombro de Eunwoo com força, fazendo com que ele fosse ao chão juntamente com a bola. Vi o cara da camisa de número 61 pegar a bola e a jogar para alguém que estava em nossas jardas. Todos do time recuaram para defender a nossa endzone, mas eu permaneci parado no mesmo lugar. Eunwoo ainda estava no chão.

Corri até ele, me jogando de joelhos ao seu lado. Ele gemia de dor enquanto segurava o ombro atingido. Tirei meu capacete e o joguei na grama enquanto fazia o mesmo com o dele, vendo sua expressão de dor enquanto ele balançava o corpo de um lado para o outro.

— Meu ombro — ele disse com a voz meio chorosa — Acho que está deslocado.

— Calma, não deve ter sido nada grave — disse, embora estivesse tão desesperado quanto ele. Com medo dele ter se machucado muito e também com vontade de arrastar a cara daquele cornerback desgraçado por todas as jardas do campo.

O apito do juiz foi ouvido, junto com o movimento de pessoas que caminhavam até nós dois. Acho que deveriam ser os enfermeiros da escola, já que pediram para eu me afastar de Eunwoo enquanto faziam uma série de exames e o pediam para tentar mexer o ombro. Ele fazia tudo com uma expressão dolorosa, trincando os dentes e se segurando para não chorar.

Depois de um tempo, as enfermeiras avisaram que ele havia deslocado o ombro e que não poderia jogar, restando apenas dez jogadores no nosso time. Eu estava preocupado com nosso maknae, mas precisava prestar o dobro de atenção no jogo, já que estávamos com um jogador a menos.

Durante os dois períodos de quinze minutos estávamos indo de mal à pior. Não avançamos as jardas necessárias então acabamos por ter que trocar as funções, virando o time de defesa enquanto os Eagles viravam o time de ataque. O que diminuiu parcialmente nossa vantagem.

O que eu não entendia era como aquele time — que sempre foi horrível — havia melhorado tanto em tão pouco tempo. Eles não estavam assim quando fizemos o treino coletivo, então o que caralhos poderia ser?

Fechei os olhos enquanto suspirava. Aquele era o último tempo, ou seja: nossa última chance de tentar mudar o placar, a diferença era pouca e o tempo era curto então tínhamos que apelar para os field goals, no caso a especialidade de Jongin.

— Não consigo entender — Junmyeon disse, limpando o suor nos cantos da testa — Como um time tão ruim ruim consegue ficar tão bom em pouco tempo?

Estávamos sentados no vestiário durante o nosso último intervalo, aproveitando aquele tempo para descansar e bolar alguma tática milagrosa para mudar o placar.

— Não sei — respondi, sincero.

Nem mesmo minha imaginação conseguia bolar alguma forma dos eagles terem ficados tão bons de uma hora pra outra, aquilo só podia ter sido milagre ou algum tipo de macumba.

— Não acredito que vamos perder pra um time tão ruim. — Taemin murmurou.

— Ei, nós não vamos perder, ok? Ainda podemos virar esse jogo. — Jongin se pronunciou, franzindo as sobrancelhas — Só precisamos pensar em algo.

— Então é melhor pensarmos rápido, só temos conco minutos antes de ter que voltar pro campo — Junmyeon falou.

Ficamos alguns segundos em silêncio, olhando uns para os outros como se esperássemos que alguém tivesse uma ideia brilhante. Ninguém se pronunciou. Estávamos fodidos.

— Estamos fodidos! — gritei, passando as mãos pelos cabelos em um ato de desespero — Fodidos pra caralho. E nem é do jeito bom que eu tô falando.

— Vamos ter que apelar para os field goals — Minseok, até então calado, finalmente se pronunciou.

Todos olhamos para Jongin, que apenas deu de ombros, como se toda pressão da vitória ou derrota do time não estivesse em cima dele.

— Eu posso tentar — ele falou segundos antes do treinador entrar e nos dizer que o tempo acabou.

Saímos novamente em fila, porém mais desanimados e mais preocupados com o placar do jogo. Eram 6 pontos de diferença, graças ao touchdown que o camisa 61 havia feito segundos antes de iniciar o terceiro tempo, sendo o suficiente para que tivéssemos que apelar para uma jogada que não fazíamos normalmente.

Segui para meu lugar, logo atrás de Junmyeon. Seríamos novamente o time de ataque, o que me dava certa expectativa de virar o jogo com um belo touchdown e um field goal por parte de Jongin. Dessa vez, o juiz apenas assoprou o apito indicando que o jogo havia começado.

Agarrei a bola de Junmyeon antes de dar alguns passos largos para trás, ampliando meu campo de visão para tentar bolar uma estratégia. Ninguém havia invadido as jardas inimigas, completamente ocupados em manter os jogadores longe de mim, portanto logo tratei de avançar pela jarda 40. Eu mesmo faria aquele touchdown.

Sentia meu coração bater forte contra o peito enquanto driblava um, dois, três jogadores, os deixando para trás enquanto avançava pelas jardas 30 e 20. Meus olhos embaçaram por poucos segundos antes de eu finalmente avistar a endzone, protegida apenas por uma pessoa. Aparentemente os safetys estavam ocupados demais tentando sair do bloqueio que Minseok e Taemin faziam para tentarem me derrubar e roubar a bola, portanto restávamos apenas eu e o camisa 61.

Tentei correr na direção oposta dele, driblá-lo, mas aparentemente o cara era tão rápido quanto eu, se colocando na minha frente e bloqueando a passagem antes mesmo de eu processar o que estava acontecendo. Franzi as sobrancelhas, indo para o lado e sendo seguido por ele. O mais estranho era que ele simplesmente não avançava para me derrubar, como qualquer um faria tendo um quarterback bem na sua frente, ele só bloqueava a passagem.

— Ei — chamei. Nem precisei esperar para ter sua atenção, seus olhos já estavam cravados nos meus — Por que não vêm aqui pegar a bola?

Dei um sorriso de lado, girando a bola nas mãos apenas para provocá-lo. Eu esperava qualquer tipo de reação daquele garoto, menos que ele simplesmente começasse a rir. Seu corpo tremia e eu podia ver seus olhos lacrimejarem juntamente com o sorriso estampado em seu rosto, logo atrás da grade frontal de seu capacete.

— Acha que eu sou idiota? — ele perguntou retoricamente — Se eu for pra cima de você agora, você vai simplesmente desviar e fazer um touchdown.

— Não temos tempo pra ficar enrolando.

— Na verdade, eu tenho tempo de sobra já que o meu time está na frente. — ele parecia se divertir com a situação, o que me fez querer matá-lo.

Ele estava me enrolando. É claro que estava. Ficaríamos naquele joguinho até o tempo acabar e os eagles vencerem.

Rapidamente olhei para os lados, avistando Taemin se aproximando por um caminho praticamente livre de jogadores. Ele olhou pra mim e rapidamente entendeu o recado. Dei um passo para trás, pronto para jogar a bola para ele quando senti algo colidindo em meu ombro com força, antes de ir ao chão.

A grama não amorteceu a queda, nem mesmo todos os equipamentos de proteção que eu usava. Senti a bola ser arrancada de minhas mãos antes de vê-la sendo arremessada até o outro lado do campo, poucos segundos antes da torcida gritar em comemoração, chamando o nome de um time que não era o nosso.

Tínhamos perdido. Pela primeira vez em seis anos.

Eu nem conseguia levantar e encarar o meu time. Sabia que a culpa era minha. Não devia ter baixado a guarda perto de um cornerback, e muito menos tentado fazer tudo sozinho. Talvez se tivéssemos feito os field goals desde o começo, teríamos tudo mais chance, talvez se não tivéssemos subestimado tanto o outro time e treinado mais…

Mas aquilo não importava mais.

Não sei quanto tempo fiquei deitado naquela grama, desejando que um raio me atingisse. Só sei que quando Jongin apareceu, com uma expressão de “estamos todos na merda, relaxa” e me ajudou a levantar, a arquibancada estava praticamente vazia e o outro time não estava mais no campo.

— Eu quero morrer — murmurei, sentindo meu estômago doer — Foi tudo culpa minha, Kai.

— Ei, não fala isso — ele passou o braço por meus ombros enquanto me conduzia até o vestiário — Não foi culpa sua, nós que não deveríamos ter subestimado os eagles. Devíamos ter praticado mais também. Você deu o seu melhor, Baek.

— Mas não foi o suficiente! — falei mais alto, atraindo olhares de algumas pessoas que ainda esvaziavam o lugar — Eu sou a porra do quarterback, Jongin. Se perdemos foi porque eu não fiz o suficiente para ganharmos. E eu baixei a guarda perto daquele imbecil, merda.

Empurrei os cabelos molhados de suor para trás. Estava tão estressado que socaria a primeira coisa que aparecesse na minha frente, mas assim que entramos no vestiário e pude encarar meu próprio time, a vontade foi substituída por um sentimento maior: vergonha.

Todos os olhares estavam em mim, talvez estivessem esperando que eu dissesse algo ou sei lá, mas tudo o que eu pude fazer foi baixar a cabeça e seguir até meu armário para pegar uma toalha. Todos estavam em silêncio, talvez em luto pelo troféu que nunca teria nossos nomes ou algo do tipo.

Segui para a cabine de chuveiro para tomar um banho frio, sentindo todo o pesar daquele sentimento de derrota.

— Sabe, deveríamos sair pra beber hoje — Jongin falou depois de um tempo.

— Não temos o que comemorar — Minseok respondeu.

— Quem disse que seria para comemorar? — perguntou — Vamos afogar as mágoas e nos divertir um pouco, afinal o que adianta ficar aqui sofrendo por um troféu perdido?

— Ele tem razão — Taemin concordou, sua voz parecendo animada.

— Nem adianta se animar, você não tem idade suficiente. O máximo que vai beber vai ser um suco ou um refrigerante. — Jongin respondeu, e mesmo dentro do chuveiro pude ouvir o bufar de Taemin.

— Como se vocês tivessem.

Ficaram em silêncio por algum tempo, até eu ouvir o barulho de um armário se fechando.

— Tudo bem. — Minseok concordou — E já que o Taemin não vai beber, vai poder ficar de olho se alguém beber mais do que aguenta.

— Ei, isso não é justo!

— Cada um tem a sua função — Jongin respondeu calmamente.

— Mas a minha não é ser babá de hyungs bêbados!

Soltei um riso soprado antes de fechar o registro do chuveiro, me enrolando na toalha antes de ir novamente até meu armário para vestir roupas limpas.

— O que me diz, Baek? — Jongin perguntou, atraindo todos os olhares para mim. O clima parecia mais leve agora.

— Por mim tudo bem — falei.

Assim que terminei de me trocar, combinamos de ir todos no carro de Minseok. Nem todos os jogadores puderam ir, alguns preferiram voltar para casa ou ir dar uma volta sozinhos, mas nós ainda estávamos empolgados para beber. Não éramos maiores de idade ainda, porém conhecíamos alguns estabelecimentos que não pediam os documentos para fornecer a bebida, apenas ter o dinheiro para comprar já era o suficiente. E foi justamente para um desses que nós fomos.

O bar estava lotado naquela noite, mas conseguimos arrumar uma mesa e algumas cervejas sem nenhum transtorno. Taemin ficou apenas com um refrigerante já que por mais que fosse menor de idade tanto quanto a gente, Jongin não permitia que ele bebesse ou fizesse pelo menos metade das merdas que fazíamos quando estávamos sozinhos. Ele de certa forma protegia Taemin, talvez querendo que ele fosse algo melhor do que nós éramos.

Minseok bebeu duas garrafas e permanecia falando normalmente, enquanto eu, na metade de uma já falava arrastado e enchergava duplicado. Estava rindo de algo que Taemin havia dito quando Minseok subitamente se levantou da mesa, olhando para algo que minha visão não conseguiu focar o que era.

— Eu já volto — disse, antes de desaparecer na multidão de pessoas.

Olhei para Jongin, que estava tão bêbado quanto eu e começamos a rir novamente.

— Cara o Minseok saiu — ele comentou, com a voz grogue.

— Ele saiu — eu concordei, rindo.

Eu nem sabia porque estávamos rindo daquilo, mas naquele momento até uma mosca pousando na mesa era motivo de graça para mim e Jongin. Isto é, até Jongin dizer que estava prestes a vomitar e Taemin o levantar rapidamente, praticamente correndo com ele para o banheiro enquanto eu ria sozinho.

Comecei a brincar com a garrafa de cerveja na mesa, ou eram duas? Naquele ponto em que eu estava não sabia mais nada.

Não sei quanto tempo fiquei naquela mesa, mas estava cansado de ficar sozinho. Iria procurar Minseok e contar a piada que Jongin havia me dito minutos atrás sobre ele ter saído. Com esse pensamento, me levantei da cadeira, quase derrubando a mesa no chão antes de começar a andar —ou seria tombar? — no meio das pessoas. Tropecei em umas duas antes de ter que me segurar no balcão para não cair. Sentia meu estômago se revirar e me deixar enjoado, acho que eu não devia ter bebido tanto.

— Mas que caralho — xinguei, a voz saindo meio grogue.

Apoiei os cotovelos no balcão enquanto dava uma boa olhada em volta, forçando os olhos para enxergar qualquer coisa nítida antes de avistar uma cabeleira preta familiar perto da saída. Minseok.

Sorri, já imaginando como ele iria rir da piada. Me apoiei no balcão com dificuldade antes de dar um passo na suposta direção onde Minseok estava, dando de cara com as costas de alguém que eu podia jurar não estar ali segundos antes. De certa forma o impacto foi tanto que acabei cambaleando para trás e caindo em algo macio. Pelo menos não era o chão.

— Olha por onde anda seu filho da puta — gritei para as costas alheias, mas a pessoa nem se deu o trabalho de virar.

— Parece que temos um esquentadinho aqui — ouço uma voz grossa logo atrás de mim, juntamente com uma risada que fez os pelos do meu corpo se arrepiarem.

Virei a cabeça para tentar ver o rosto da pessoa, enxergando algo borrado com o que deveria ser cabelo platinado. Pisquei algumas vezes, mas ainda continuava a ver apenas um borrão.

— Você não tem rosto — disse, franzindo as sobrancelhas enquanto colocava as mãos no lugar onde seria o rosto do garoto. Ele riu.

— É claro que eu tenho, mas você tá bêbado demais para enxergar.

Aquela voz… parece que eu já ouvi ela antes.

Senti suas mãos quentes tocarem as minhas, conduzindo meus dedos até seu rosto e me fazendo tocá-lo. Pude sentir o contorno de seu nariz, boca, olhos e até mesmo sentir a pele quente sob meus dedos, provando que ele realmente tinha um rosto.

— Viu?

Concordei com a cabeça, sentindo meu estômago novamente se embrulhar. Me remexi inquieto no lugar que eu estava. Era macio e quente, não parecia ser uma cadeira. Olhei para baixo esperando que minha visão colaborasse e que eu conseguisse ver alguma coisa, me deparando nada mais, nada menos do que pernas. Eu estava sentado no colo dele. Mas que merda.

Grunhi, tentando me mover para sair dali, usando o pouco de sanidade e coordenação que a bebida não havia tirado.

Consegui me levantar e dar exatos dois passos antes de ir de cara no chão, ouvindo uma risada alta logo atrás de mim. Revirei os olhos, cerrando os punhos enquanto tentava tirar a cara daquele chão nojento.

— Calma, deixa eu te ajudar — o cara com a voz grossa falou ainda rindo logo atrás de mim, me levantando e apoiando um dos meus braços em seus ombros — Cadê seus amigos?

— Eu não sei eles estavam ali, estavam… — me enrolei com as palavras, minha mente de repente virando uma folha em branco.

— Acha que consegue me falar o caminho pra sua casa? — ele perguntou, apoiando sua mão em minha cintura para dar um pouco de apoio e começando a andar na direção da saída.

Não consegui responder nada além de um grunhido, não estava em condições de conseguir formar uma frase decente e desconfiava que se abrisse a boca tudo o que sairia era a bebida que meu estômago estava começando a querer expulsar.

Minha cabeça acabou tombando para frente, como se meu pescoço não tivesse forças para sustentá-la antes de tudo se tornar um borrão escuro. Eu sentia meus olhos pesarem de sono, então permiti que eles se fechassem. Era só um cochilo, nada de mal podia acontecer, certo?

[...]

Acordei com a luz batendo em meus olhos e uma dor de cabeça fodida, foi só eu me mexer um centímetro do lugar e parecia que ela ia explodir. Xinguei baixinho, afastando as mechas de cabelo dos olhos enquanto puxava as cobertas até que cobrissem parcialmente meu rosto, o cheiro de pêssego indo direto até minhas narinas, me fazendo relaxar e fechar os olhos por um instante.

O calor uterino estava tão gostoso misturado com aquele cheiro que eu tinha certeza de que podia ficar ali até… espera. Puta merda, esse cheiro não é meu.

Arregalei os olhos, encarando aquela coberta que definitivamente não era minha. Gelei na hora, aproveitando a deixa para erguer só um pouquinho o tecido e constatando o meu medo: eu estava usando uma blusa de moletom o dobro do meu tamanho e uma cueca. Só aquilo.

Ok. Talvez eu tivesse apagado na casa de Minseok, Jongin ou Taemin. Eu estava com eles ontem, certo? Taemin ficou encarregado de cuidar de quem bebesse muito — e eu tenho certeza que estava no mínimo bebâdo pra caralho — então alguém devia ter me levado pra casa. Isso. Essa é a explicação perfeita. Estou são, salvo e virgem. Perfeito.

Sentia as batidas do meu coração voltarem a normalizar aos poucos, quase voltando ao normal. Quase mesmo, já que foi só sentir algo quente entrelaçando minha cintura que eu quase tive um infarto. Olhei para baixo lentamente, encarando o braço que abraçava minha cintura de modo possessivo e engoli em seco imediatamente, juntando toda a coragem que eu tinha para me virar para o lado e ver o rosto do sujeito, me arrependendo quase imediatamente daquilo.

Além de sentir uma dor infernal assim que movi a cabeça, descobrir quem estava ali parecia ser uma sensação bem pior.

Deitado logo atrás de mim, com os fios platinados caindo nos olhos, estava ninguém menos do que o quarterback dos eagles, dormindo serenamente enquanto me agarrava como se eu fosse um bichinho de pelúcia.

Deus, quão fodido eu estava?

3 августа 2018 г. 11:34 0 Отчет Добавить Подписаться
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. v�nus S� uma garota apaixonada por Chanbaek que escreve e desenha nas horas vagas.

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