xixisss Isis Souza

Li Huan não era alguém que costumava esconder seus sentimentos de propósito, mas também não era fácil de ser lido. Yu Yang, por outro lado, era acostumado a mascarar suas emoções e mesmo assim às vezes parecia um livro aberto. A dinâmica entre os dois estava a cada dia mais sincera e nenhum deles sabia nomear o que se passava em si quando estava com o outro. Sabiam apenas que era uma sensação diferente.


Фанфикшн Комиксы Всех возростов. © Here U Are e seus personages pertencem ao seu criador, Djun. História de fã para fã, sem fins lucrativos.

#yaoi #shonen-ai #boys-love #Here-u-are #Yu-Yang #Li-Huan
Короткий рассказ
19
6.7k ПРОСМОТРОВ
Завершено
reading time
AA Поделиться

w h a t. i s. t h i s. f e e l i n g?

Notas/dedicatória:

Eu sou mesmo uma atrasilda.

Essa história é um singelo presente para uma das mulheres da minha vida, minha esposa Lory. Amor, eu queria te dar algo diferente, risos, e mesmo sabendo da sua atual obsessão pelos Monstrinhos eu ainda não pude me arriscar a escrever 3d kkkkk. Nem sei se um dia poderei.
Então vim com esses bebês aqui que sei que vc tbm ama.

Eu comecei a escrever logo depois do cap 43, antes de sair o 44, mas como sou uma vagabunda só terminei depois da atualização kkkk. Então vai ter coisa parecida, mas vai ter divergência do canon e bom, me perdoem, mas é isso que dá inventar de fazer fanfic de coisa em andamento.

Enfim, espero que todos gostem, principalmente vc esposa.

Te amo muito!


YYLH


O clima estava estranho. Li Huan conseguia sentir, embora não entendesse bem. Se perguntou se tinha feito assim tão mal em ter aceitado quando o moço que havia se espantado com sua altura sugeriu que comessem juntos. Foi um momento de impulsividade. E de egoísmo. Porque mesmo sendo impulsivo não foi sem razão. Li Huan queria observar. Queria saber o que esse tal de Lin Xiang tinha à ponto de deixar alguém como seu veterano no estado em que o encontrara naquela noite.

Talvez não tivesse sido sua melhor ideia. Afinal, antes estava a sós com Yu Yang, mas agora provavelmente ele daria atenção ao rapaz de olhos azuis. Embora, ele não parecesse disposto a isso. Ao contrário, Li Huan começava a achar que algo estava incomodando Yu Yang. E teve certeza disso quando o moreno se desculpou e saiu da mesa com certa pressa. Sequer se deu ao trabalho de explicar algo aos outros dois antes de seguí-lo, interrompendo sua não tão discreta observação.

Quando adentrou no banheiro Li Huan viu que Yu Yang estava curvado sobre a última das três pias existentes. O mais alto se aproximou com calma e parou atrás do veterano, observando que ele tinha deixado os óculos na bancada e jogava água no rosto.

— Está tudo bem? Você está se sentindo mal?

Yu Yang não respondeu de imediato. Continuou esfregando a mão sobre os olhos, mas sem passar mais água. Quando enfim levantou o rosto e encarou o mais novo através do espelho, tinha um pequeno sorriso no rosto.

— Claro, tudo bem. Por que não estaria?

Li Huan reconhecia aquela expressão. O sorriso não expressava nenhum sentimento bom. Era uma máscara repleta de sarcasmo. Uma que Li Huan já havia visto muito de perto, momentos antes de ouvir palavras bastante cruéis. Já tinham superado isso, claro. Mas isso não significava que houvesse se esquecido.

Afinal, sua memória guardava todo e qualquer detalhe sobre Yu Yang.

Nos segundos em que Li Huan se demorou procurando pelas palavras a fim de confrontar o mais velho, um rapaz entrou no banheiro. Li Huan esperou calado enquanto Yu Yang secava seu rosto e limpava seus óculos, sem parecer ter qualquer pressa em voltar para a mesa. Quando o rapaz que havia entrado já lavava as mãos, Yu Yang virou seu corpo para a saída. Mas Li Huan segurou no pulso do mais velho, fazendo-o esperar. Quando o desconhecido saiu do banheiro, Li Huan repetiu a pergunta.

— Você está bem? - Yu Yang abriu a boca para responder novamente, mas antes o mais alto acrescentou — Não precisa mentir.

O mais novo teve a impressão de ter visto a expressão de Yu Yang mudar um pouco, mas apenas por um segundo. Pois quando ele respondeu, ainda que sinceramente, mantinha a mesma pose defensiva.

— Claro, estou ótimo com essa situação de ver o cara de quem eu ainda gosto com o namorado dele.

Li Huan acenou com a cabeça. Era possível perceber a mágoa no tom do veterano.

— Me desculpe, eu não devia ter aceitado a sugestão deles. Eu não sabia.

Agora sim Yu Yang desfez a máscara e mostrou uma feição um tanto cansada.

— Claro, você não tinha como saber dos meus sentimentos…

— Ah não, isso eu sabia. Eu não sabia era que o outro rapaz era namorado do seu… digo, do Lin Xiang.

— Como você podia saber sobre isso?

— Naquela noite que… que eu te ajudei. Você me ligou mas estava falando sobre ele. Quer dizer, achou que estava falando com ele e…

— Ok, ok, entendi. Que vergonhoso. A última coisa que preciso é lembrar da minha sequência de vexames daquela noite agora. Vamos, vamos acabar logo isso.

Enfim Li Huan soltou o braço de Yu Yang, que estava segurando sem força alguma e sem nem perceber, e os dois caminharam para fora do banheiro. Ainda distantes puderam ver no momento em que Lin Xiang recebia na boca um pedaço de kebab dado pelo namorado. Li Huan notou quando Yu Yang suspirou e baixou a cabeça, então mais uma vez o interrompeu.

— Me espere lá fora. Vá chamando um táxi.

— O que?

— Eu vou até lá dar alguma desculpa. Me espere para voltarmos pro dormitório.

— Você não precisa…

— Não. Você que não precisa ficar nessa situação. Eu já te encontro.

Com isso Li Huan se afastou, indo decidido até o casal. Yu Yang ainda demorou alguns segundos mas enfim se encaminhou para a saída, sem olhar para os lados, sentindo um sentimento estranho lhe preencher por conta da atitude protetora do mais novo.

YY ♡ LH


Não chamaram um táxi. Yu Yang achou que era melhor caminhar. Andavam lado a lado, em silêncio, coisa que normalmente não incomodaria Li Huan, já que era alguém de poucas palavras. Mas dessa vez estava incomodado. Não gostava de ver Yu Yang com esse tipo de expressão, séria e um tanto triste. Começava a ficar frustrado com sua inabilidade em iniciar conversas ao falhar em encontrar algum assunto que pudesse distrair seu veterano, quando Yu Yang desviou do caminho que faziam e se sentou no banco de uma praça. Li Huan não questionou e apenas se sentou ao lado do moreno. Ainda o observava atentamente e procurava por algo o que dizer. Mas, como sempre, foi Yu Yang quem falou primeiro.

— Você está com a testa franzida de tanto que pensa. - A única resposta de Li Huan a isso foi tentar suavizar a própria expressão. Yu Yang continuou. — Mas eu entendo. Você deve etar curioso.

— Hã...eu… - Li Huan tentou interromper. Seria mentira se dissesse que não estava curioso, mas não queria que Yu Yang precisasse falar sobre o assunto que o magoava naquele momento.

— Tudo bem, pode perguntar o que quer saber.

— Você não precisa falar disso agora.

Yu Yang o olhou com uma expressão curiosa. Balançou um pouco a cabeça e deu um sorriso sincero, embora muito pequeno, antes de dizer:

— Você não devia se esforçar tanto pra cuidar de mim. Esse é o meu papel, eu que sou o mais velho.

— Não é esforço.

— Ainda assim. E obrigado, mas… talvez o que eu precise seja justamente enfim falar sobre isso.

Yu Yang parecia calmo, decidido, embora a tristeza ainda estivesse ali. Bom, se ele queria falar…

— Faz muito tempo?

— Que eu gosto dele?

— Que vocês terminaram.

Yu Yang pareceu um pouco confuso. Mas então acenou em compreensão antes de voltar a falar.

— Você achou que nós tínhamos namorado. - Não foi uma pergunta, mas mesmo assim Li Huan balançou a cabeça em concordância. — Isso nunca aconteceu. Nunca tivemos nada.

Então Yu Yang contou a breve história. Disse que havia conhecido Lin Xiang cerca de um ano antes. Que haviam se tornado próximos e que não sabia bem quando os sentimentos haviam mudado. Contou que tinha chamado o outro para sair mais de uma vez, mas sempre de maneira casual e bem-humorada, com medo da reação que ele poderia ter e, portanto, não havia sido levado muito à sério. Disse, inclusive, que no fim das contas havia ajudado Lin Xiang a se confessar para o atual namorado, mesmo isso significando que não teria chances. Que fingiu não ligar e até mentiu dizendo que já tinha outro alguém quando Lin Xiang foi agradecer pela ajuda. Pra não ficar por baixo, claro. Mas também porque, na verdade, era bom ver a pessoa de quem gostava feliz e não queria fazê-lo se sentir culpado por sua desilusão.

Li Huan compreendia, em parte. Sabia que seus sentimentos sobre Yu Yang eram confusos. Não era a melhor sensação do mundo ter que ouví-lo falar sobre seus sentimentos por outra pessoa. Ainda assim, ali estava. E estranhamente se sentia um tanto satisfeito, pois conseguia perceber que Yu Yang não estava mais tão tenso e cabisbaixo como antes.

— Patético, não é? Que eu ainda esteja tão apegado à um cara de quem nunca recebi nada além de amizade? Mas acho que as coisas são como são. Eu sei que estou sendo bobo, mas acho que preciso de mais tempo.

Vários minutos se passaram sem que nenhum dos dois falasse algo. Numa concordância muda voltaram a caminhar. Somente quando avistaram o prédio de seu dormitório, Li Huan falou.

— É um pouco.

— O que? - Yu Yang estava distraído.

— É mesmo um pouco patético.

Então o mais velho entendeu. E acabou soltando uma gargalhada. Li Huan não entendia qual era a graça, mas não ia reclamar.

Amava quando Yu Yang sorria assim.

— Sua simplicidade é inacreditável. Se fosse qualquer outra pessoa teria tentado me consolar. Mas não você.

— Desculpe.

— Não precisa se desculpar por ser sincero. Acho que você tem razão. Talvez falar sobre o assunto e ouvir isso de outra pessoa fosse justamente o que eu estava precisando.

— É, outra pessoa pode ajudar.

Yu Yang parou por um instante. O mais novo estava com a mesma expressão de sempre, embora tivesse desviado o olhar. A frase tinha um duplo sentido evidente e o veterano não sabia bem como interpretá-la. Sem que permitisse, a lembrança do beijo voltou à mente do mais velho, que se questionava como um sonho que tivera depois de uma noite de bebedeira podia parecer tão vívido.

Li Huan por sua vez se perguntava como tinha tido a coragem de insinuar o que insinuou. Não sabia se Yu Yang tinha olhado por esse ângulo, mas por via das dúvidas permaneceu em silêncio enquanto voltavam a caminhar em direção ao dormitório. Não era nada incomum que ficasse quieto, afinal.

Os dois entraram no prédio ainda sem falar nada. Sabiam que o problema da energia ainda não tinha sido reparado, mas não parecia mais haver clima para ficarem juntos. Assim, cada um foi para seu quarto tentar dormir.

E demorar muito a conseguir.

YY ♡ LH


Ficaram alguns dias sem se ver. No dia seguinte, assim que a energia voltou, Yu Yang voltou ao seu jogo que tinha sido interrompido na noite anterior e passou o dia todo nisso.Depois, ocupou-se com suas aulas. Somente já quase no fim da semana agitada esbarrou novamente com Li Huan. O clima ficou um tanto tenso.

Yu Yang não sabia bem por que sempre se sentia mais e mais inquieto perto do calouro.

Talvez fosse porque não conseguia lê-lo. Li Huan quase não falava e mesmo suas expressões eram um tanto difíceis de decifrar. E aí, vez ou outra, ele soltava algo como tinha feito algumas noites antes. Algo que poderia ser interpretado de mais de uma maneira.
Yu Yang então deu uma desculpa qualquer e saiu de perto do mais alto rapidamente. Era melhor se manter um pouco longe enquanto estivesse assim confuso sobre como agir ao redor dele.

Mas a verdade é que gostava da companhia do mais novo. E não queria que ele pensasse que estava o evitando de novo. Então à noite acabou mandando uma mensagem e, para sua surpresa, pela segunda vez seguida, Li Huan o chamou para saírem juntos.
Ponderou se era uma boa ideia, mas acabou por aceitar. Que mal poderia ter em acompanhar o outro em algumas compras, afinal?

Na tarde seguinte, após as últimas aulas da semana, acabaram indo a um mercado um pouco afastado da universidade, mas que era maior e tinha preços melhores. Li Huan parecia muito concentrado em comparar algumas marcas de cereais e Yu Yang se afastou um pouco, andando pelos corredores aleatoriamente. Quando chegou na sessão de doces se perguntou se Li Huan gostaria de algo dali. Estava escolhendo quando alguém chamou sua atenção.

— Oh, é você! Yu…?

— Yu Yang. - respondeu, um tanto sério demais, ao ver que era Yu Xiao Guang quem o cumprimentava.

— Isso! Você está melhor?

Yu Yang se lembrou da pequena mentira de Li Huan na semana anterior e deduziu que ele havia dito que o mais velho não se sentia bem ou algo assim. Deu um sorriso nada sincero ao responder:

— Sim, muito obrigado.

Sem poder se controlar o de óculos olhou ao redor. Parecia que Lin Xiang não estava ali. Yu Yang não sabia se isso era uma decepção ou um alívio. Yu Xiao Guang, entretanto, ainda estava falando consigo:

— … recomendo esses.

— Hum?

— Esses doces. São muito bons.

— Ah, na verdade eu não gosto muito de doces. Estou só olhando para o…

Antes que pudesse completar a fala sentiu a mão grande em seu ombro e em seguida escutou a voz grave.

— Você sumiu.

Yu Yang não fazia ideia do porquê estava corando, mas foi exatamente o que aconteceu.

— Oh, o rapaz alto está aqui também! Desculpe, minha cabeça é péssima para lembrar nomes. Como vai?

— Tudo bem.- Li Huan respondeu simplesmente, sem se dar ao trabalho de se apresentar novamente.

Ainda mantinha a mão no ombro de seu veterano, que não o afastou. Nem mesmo Li Huan se compreendia, às vezes. Não era uma pessoa muito dada a interações no geral, quem dirá a toques, mas quando se tratava de Yu Yang tudo era diferente.

E ainda por cima tinha toda essa vontade de protegê-lo… Não, Yu Yang sabia se proteger sozinho. A vontade era mais de apoiá-lo, de mostrar que ele podia mas não precisava lidar com tudo sozinho.

Talvez tenha sido justamente essa vontade que o fez responder sem pestanejar à pergunta um tanto fora de lugar que o ruivo à sua frente tinha acabado de fazer:

— Vocês são um casal?

— Sim.

Yu Yang apenas arregalou os olhos e olhou de um para o outro, sem reação à expressão firme de Li Huan e à animada de Yu Xiao Guang.

— Oh, isso é ótimo! Não conheço muitos outros casais gays que sejam assumidos. Nós deveríamos sair nós quatro qualquer dia, Lin Xiang com certeza gostaria.

— Talvez. - Li Huan tomou à frente da resposta mais uma vez, e em seguida completou, dessa vez se dirigindo a Yu Yang. — Podemos ir? Eu só preciso pegar mais uma coisa.

Yu Yang acenou positivamente e ambos se despediram do ruivo excessivamente entusiasmado. Só quando tinham saído do campo de visão dele é que Li Huan deixou de tocar no mais baixo.

Terminaram as compras e foi somente já na rua que Yu Yang reuniu a coragem para questionar:

— Por que disse aquilo?

Li Huan deu a melhor resposta em que pôde pensar no momento.

— Você tinha me contado que disse para o Lin Xiang que tinha um namorado. Achei que seria bom confirmar.

Yu Yang não parecia totalmente satisfeito com a resposta. Mas deu um sorriso um pouco debochado ao dizer:

— Mas eles vão achar que você… bom, que você é como nós.

— Certo.

— Certo? O que que isso quer dizer? Certo, você não se importa que pensem isso ou certo porque isso é o correto a se pensar?

O sorriso provocador de Yu Yang se transformou numa expressão envergonhada e seu interior ficou um tanto inquieto demais quando Li Huan respondeu, um instante antes de fazer sinal e entrar no ônibus que se aproximou da parada:

— Os dois.

YY ♡ LH


Naquela noite, Yu Yang sonhou com Li Huan. Os sonhos eram uma mistura confusa de ele dizendo que nunca afirmara ser hétero - sua resposta quando Yu Yang pôde enfim questioná-lo depois de descerem do ônibus cheio -, flashes do que parecia ele dizendo “não sei” quando perguntado se gostava do próprio Yu Yang e, claro, o beijo. O bendito sonho do beijo que teimava em voltar à sua mente.

Quando acordou, um tanto agitado, percebeu que estava sozinho no dormitório novamente. Depois de comer alguma coisa e organizar alguns materiais, decidiu ir levar suas roupas para lavar. Estava aguardando a máquina encher para colocar o sabão quando algo lhe chamou a atenção. Se virou automaticamente e viu que era justamente Li Huan quem entrava na lavanderia.

Yu Yang se amaldiçoou ao desviar o olhar e sentir o rosto quente, mesmo que o outro, distraído, ainda não o tivesse visto ali no canto, parcialmente escondido atrás de uma pilastra. Claro que ia ficar constrangido, com os sonhos que tivera e o jeito um tanto misterioso do mais alto. Se pegou pensando em como ele era a pessoa mais peculiar que já havia conhecido. Se sentiu sorrir.

Li Huan era mesmo alguém diferente.

A realização do que tinha acabado de pensar lhe atingiu no mesmo momento em que a voz grave o cumprimentou com um simples “olá”. Sentiu sua barriga se contorcer um pouco. “Diferente” era justamente o que costumava pensar sobre Lin Xiang quando se perguntava o porquê de ainda gostar dele. Não que o rapaz tivesse mesmo alguma característica que lhe parecesse rara. Ele era apenas alguém muito mais gentil do que estava acostumado antes.

No breve momento em que pensava isso, Yu Yang percebeu algo mais: fazia muito tempo que não sonhava com Lin Xiang. Até aí tudo bem. Mas o fato um tanto perturbador era que, até onde conseguia se lembrar, nunca tinha sonhado com ele o tipo de coisa que vinha sonhando com Li Huan. E ao pensar no nome do calouro é que Yu Yang se deu conta de que ele estava mesmo ali em sua frente, provavelmente se perguntando por que raios o moreno não o respondia.

— Hm. Oi. Desculpe, estava distraído. A gente ‘tá sempre se esbarrando, ne?

Li Huan acenou com a cabeça e começou a utilizar a máquina ao lado da do veterano. Depois de alguns instantes, respondeu em voz baixa.

— Eu gosto.

Aí estava. Mais uma vez Li Huan falava algo que o deixava inquieto. Tão poucas palavras e tanto efeito sobre si, Yu Yang não compreendia como isso era possível. E o mais novo parecia mesmo sincero. Desde o início ele demonstrava apreciar a companhia de Yu Yang, mesmo sendo alguém reservado; parecia não ter problemas com certas aproximações - já o tinha carregado no colo pelo menos duas vezes, afinal, não que Yu Yang se lembrasse da segunda; tinha várias atitudes protetoras e atenciosas; e tinha até tomado iniciativas surpreendentes nos últimos dias. Yu Yang se viu pensando que Li Huan realmente parece gostar…

Foi quase uma epifania. Uma lembrança um tanto embaçada veio à sua mente e mesmo parecendo muito, Yu Yang sabia que não havia sido apenas um sonho. Se lembrou da noite em que havia se embebedado e de ter mesmo pressionado Li Huan sobre o fato de ele gostar de si. E depois… Não podia ser. Ele não havia mencionado nada quando Yu Yang pediu pra que ele contasse o que tinha acontecido. E um beijo era, definitivamente, algo significativo a se mencionar.

— O beijo… - Yu Yang acabou pensando alto demais. Quando reparou no que havia feito já tinha a atenção do mais alto sobre si. Não deu pra trás. — O beijo. Não é só um sonho. Você me beijou naquela noite.

Yu Yang podia jurar que viu o rosto de Li Huan ganhar um tom avermelhado. O calouro baixou a cabeça mas a diferença de altura fez com que isso fosse inútil, pois Yu Yang ainda conseguia ver sua expressão.

— Hm... você estava nervoso e… precisava te ajudar… não quis te desrespeitar, nem…

— Por que não me contou?

— Você não parecia se lembrar e tinha acabado de voltar a falar comigo, não queria que ficasse bravo de novo. Não foi uma maneira muito correta de te dar um beijo…

Yu Yang abriu e fechou a boca três vezes. Se viu em uma situação parecida com quando tinha percebido que suas roupas estavam combinando e eles parecendo um casal em público: a última fala de Li Huan lhe fazia pensar em brincar, em perguntar se ele havia pensado num jeito certo de lhe dar um beijo. Mas o fato de que a resposta talvez fosse “sim” o refreava.

Mas não conseguia refrear a inquietude que tomava conta de si e que via também na maneira como Li Huan evitava o olhar e mexia as mãos. Deixando-se levar por um impulso, para variar, Yu Yang segurou nas mãos grandes do mais novo. Sua intenção era apenas assegurar que estava tudo bem, mas o aperto firme e o olhar enfim direcionado para o seu o deixaram sem saber como agir.

Li Huan o deixava sem ação com muita frequência.

As coisas estavam girando em sua cabeça e Yu Yang não conseguia desviar o olhar do rosto bonito à sua frente. Li Huan parecia estar tentando o decifrar e Yu Yang tinha medo que ele conseguisse. O “não sei” que ele havia dito - porque agora tinha absoluta certeza que aquilo havia mesmo acontecido - voltou à sua mente e para seu desespero Yu Yang percebeu que essa também seria sua resposta se perguntando como Li Huan o fazia sentir

Yu Yang sempre fora alguém muito convicto, para o bem e para o mal, e essa incerteza o apavorava. Mas o toque das mãos continuava ali e os dois agora estavam mais próximos, embora Yu Yang não pudesse dizer quem tinha dado o passo para isso, e logo mais um elemento se somou a tudo o que ocorria: a voz de Li Huan.

— Eu devia ter perguntado.

— O que? - Yu Yang sentia que sabia exatamente a que o mais novo se referia, mas incentivou mesmo assim.

— Eu posso te beijar?

Novamente a ambiguidade. Estaria ele apenas encenando o que deveria ter feito antes ou de fato querendo aquilo naquele momento? Surpreso consigo mesmo,Yu Yang acenou positivamente, percebendo que essa era sua resposta verdadeira, qualquer fosse a situação.

Primeiro sentiu ser puxado suavemente; depois, uma das mãos do mais alto em seu queixo; e no instante seguinte os lábios finos de Li Huan contra o seus. Tudo em sua mente dava voltas enquanto se percebia corresponder ao beijo, apertando o braço forte do mais novo com força.

Quando se separaram usou os segundos que levaram até as lentes de seus óculos desembaçarem para reunir coragem para perguntar.

— O que isso significa?

— Não sei. - Li Huan respondeu mais uma vez.

— Eu também não. - Yu Yang foi sincero.

— Eu gostaria de descobrir. - o mais alto disse, de maneira simples como era de seu feitio.

Yu Yang não disse nada. Mas sorriu. Um sorriso grande e sincero que reverberou em um pequeno e igualmente genuíno no rosto de Li Huan, que em seguida se virou para checar sua máquina.

O mais velho ajeitou os óculos. Também se cm virou para se concentrar em sua tarefa. E continuou sorrindo, numa espécie de resposta muda. Pois o que passava em sua mente era que também gostaria muito de descobrir.

18 июля 2018 г. 18:19 0 Отчет Добавить Подписаться
7
Конец

Об авторе

Isis Souza Sentimentos viram palavras. E, já dizia Dumbledore, as palavras são nossa fonte inesgotável de magia.

Прокомментируйте

Отправить!
Нет комментариев. Будьте первым!
~