kimsakis Kim Sakis

Dois garotos que se amaram em seu último ano escolar terminam separados. A dor de um é a culpa do outro. Ambos seguiram suas vidas vivendo distante, em cidades e até países diferentes. Anos mais tarde a vida resolve brincar com eles e os dois se reencontram. Seria possível que os garotos se encontrassem e ficassem amigos assim como seus pais foram no passado? E se algo além disso surgisse fazendo com que Jeon Jeongguk fosse obrigado a encarar Kim Taehyung, seu antigo amor, por causa do garoto? A vezes uma palavra ou atitude mal interpretada pode nos levar a resolver coisas que o passado já tinha deixado esquecido.


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#taekook #vkook #TaeTop
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We're Not Only Two Boys Anymore

O carro preto para em frente ao grande prédio comercial. O Presidente deste sai e olha para cima vislumbrando as paredes cinza com janelas de vidro esverdeado nos seus mais de vinte andares. Realmente o conglomerado cresceu muito nesses últimos anos em que ele esteve fora de Seul. O homem caminha até a porta de entrada e alguns seguranças vêm na sua direção. Eles se comunicam pelos pontos em seus ouvidos e avisam pelo comunicador que tem em seus pulsos que o chefe chegou. O Kim entra e sobe para sua reunião matinal.

As portas da sala de conferência abrem e todos saem. Taehyung está sentado na cadeira que fica na ponta da mesa oval, ele agora é o presidente dali. Com a morte do senhor Kim o único filho dele assumiu a presidência e voltou para a capital da Coréia. O homem que está com 39 anos, agora cuida dos negócios da família mais de perto e com punhos de ferro igual seu pai quando estava vivo.

Ele voltou para o lugar de onde nunca queria ter saído, está na cidade que deixou marcas em sua vida e trás lembranças de seu passado. Taehyung é um homem que vive bem e tem seu filho Taekwoon consigo, após a separação de sua esposa. A mulher não aguentou mais a falta de amor dele e as traições do Kim colocaram um ponto final nessa relação.

Ambos concordaram que Taekwoon seria mais feliz com o pai com quem sempre teve mais afinidade então o garoto veio com ele para Seul começar vida nova.

Taehyung termina a reunião com os acionistas e a equipe que trabalha diretamente com ele dizendo que veio para mudar alguns conceitos mais antigos. Alguns ficam desapontados e outros o agradam dizendo que o novo sempre é bem vindo. Taehyung sabe em quem realmente pode confiar. Ele sempre vinha à empresa com seu pai acompanhar as reuniões por isso conhece muito bem a todos dali. O homem já está na empresa a mais de dois meses então já aprendeu tudo que precisava sobre os novos.

No final daquele dia desgastante Taehyung segue para casa encontrar seu filho. Os dois Kim estão enfrentando as novidades daquele lugar juntos. Taekwoon vai entrar para a faculdade de arquitetura e Taehyung está muito orgulhoso.

Ele é um garoto inteligente e lembra Taehyung em vários aspectos. Tem a mesma tenacidade no olhar, o mesmo brilho que o castanho tinha naquela idade quando achava que poderia driblar as vontade de sua família e ganhar o mundo com sua banda. O garoto também tem a pele dourada que parece estar sempre bronzeada e as mãos de dedos longos e finos.

O jeito malicioso de falar deixando um duplo sentido nas palavras quando lhe convém, isso com certeza ele herdou do Kim. Aquele rosto em formato pontiagudo e o sorriso largo retangular que encanta a todos. Os cabelos tingidos que antes foram castanhos ele herdou dos pais afinal sua mãe tinha longas madeixas castanhas quando Taehyung a conheceu. Segundo a mulher era a única coisa que tinha dela no filho.

Eles têm quase a mesma aparência só diferem em uma coisa: Taekwoon luta pelo que quer para sua vida.

Diferente do pai o garoto escolheu o que desejava cursar e a carreira que iria seguir. Taekwoon sempre foi uma criança de personalidade forte. Quando adolescente ele era o líder dos movimentos estudantis, lutava pela igualdade das pessoas, respeitava as crenças de cada um e suas opções de vida. Ele era realmente um filho para qualquer pai se orgulhar.

Taehyung entra em casa e encontra o garoto rodeado por livros estudando para o vestibular. Ele não está acostumado com o sistema escolar rigoroso daquele país então estuda mais de 15 horas por dia. O garoto sorri ao ver o mais velho parado lhe cuidando com o olhar repleto de orgulho.

− Não te vi chegar.

− Eu tentei não fazer barulho, não queria atrapalhar seus estudos.

− Você não atrapalha pai, eu estou cansado já ia parar mesmo.

− Com fome?

− Muita.

− Que tal a gente sair para jantar?

− Aceito, mas quero comer sushi.

O mais velho concorda e pega a chave do carro que tinha deixado na mesinha ao lado da porta de entrada. Eles saem à procura de um restaurante. No caminho o garoto conta sobre as diversas matérias que estudou durante o dia e do quanto está cansado mentalmente. A proximidade do vestibular está deixando sua mente e seu corpo exaustos. Mas ele não se queixa, fez apenas um comentário, afinal tem o sonho de ser um famoso arquiteto e quem sabe um dia poder projetar um grande edifício ou algo muito útil.

Taehyung escuta tudo enquanto dirige. Ele se lembra de si mesmo quando era mais jovem, a empolgação do filho faz o mais velho voltar no tempo. Ele tinha a mesma vontade de realizar seus sonhos e suspira pensando na sua banda. A música sempre fora a paixão do Kim.

As notas e acordes que ele tocava em seu saxofone ainda ecoavam em sua cabeça, o som do piano de seu avô ainda era o som mais lindo que ele já ouviu. Às vezes ele tentava tocar alguma música no velho saxofone que mantinha guardado em seu escritório. Claro que com os inúmeros compromissos que tem como presidente da empresa isso se tornou muito raro. A vida nem sempre é o que sonhamos e assim ele seguiu a vontade de seus pais e agora está cuidando dos negócios da família.

Eles acham um restaurante, Taehyung estaciona e eles entram. A recepcionista vem ao seu encontro e os conduz até uma mesa perto do bar. Ali um garçom os atende entregando os cardápios e indo buscar a entrada. Pai e filho escolhem os sushis e sashimis que vão degustar naquela noite. Os pratos chegam e a bebida vem junto. Taehyung sorri ao ouvir algumas piadas que o filho conta o garoto sempre é muito engraçado. O Kim vira o rosto em uma gargalhada e para tendo uma visão que o surpreende.

Uma pessoa que ele conheceu no passado está sentada ali, naquele restaurante, jantando acompanhado de um garoto e uma menina. Eles parecem íntimos e o castanho sente uma leve pressão no peito. Taehyung não consegue tirar os olhos do outro que conversa enquanto come seu prato de massa.

Ele parou de ouvir o que o filho contava e o garoto sem perceber continua a falar alegremente. Jeon Jeongguk está em outra mesa e isso deixa Taehyung sem saber o que fazer. Ele continua com as mesmas feições de anos atrás só parece estar mais maduro, assim como Taehyung que mal pisca observando cada movimento que o outro faz.

Taekwoon come seu sushi e fala com o pai que continua absorto na imagem do Jeon. Sua mão leva comida à boca quase num movimento mecânico enquanto seus olhos seguem cuidando Jeongguk. O moreno coloca mais um pouco de massa na boca e quando ergue o olhar sorrindo para seus os jovens que estão a sua frente, ele vê o castanho.

Seus olhares se encontram. O moreno olha para Taehyung como se não acreditasse no que seus olhos lhe mostram. Seria uma visão? Ele pensa. Jeongguk aperta seus jotgarak, os palitos metálicos que usa para comer, e encara Taehyung sem perder a seriedade. Os jovens que estavam com ele conversam entre si e implicam um com o outro.

Parece que nenhum dos dois acredita no que está vendo. Taehyung não sabe o que fazer e Taekwoon o chama. Ele indaga do pai que não o escuta e esse nega. Ele sai do estado quase catatônico que se encontra e volta a comer. Jeongguk abaixa o olhar e volta a conversar com seus filhos.

Eles continuam a comer olhando-se mais algumas vezes. O desconforto da situação é nítido. Taekwoon fala comendo um sushi após o outro bebendo goles do liquido gelado do copo e Taehyung lhe sorri para disfarçar o estranho incomodo que sente. Jeongguk também não está bem com isso.

Após comer e jogar conversa fora Taehyung e Taekwoon vão para a saída indo pegar o carro para voltar a sua casa. Quando saem na porta encontram Jeongguk e seus acompanhantes. O moreno olha Taehyung que se aproxima e o cumprimento é inevitável.

− Como vai Jeongguk.

− Olá Taehyung.

Taekwoon, Jeonhyun e Hyolin se olham e se curvam em um cumprimento distante. O clima é desconfortável e os homens aguardam seus carros em silêncio. O guardador trás os carros e o clima tenso se desfaz com eles se despedindo e cada um indo embora. Taehyung segue o caminho de casa calado e Taekwoon mexe no celular. Eles entram em casa e o garoto diz que vai dormir por que precisa voltar aos estudos na manhã seguinte.

Taehyung precisa de uma bebida então segue até o bar na sala de estar e prepara uma dose de tequila. Ele bebe em um gole e sente o ardor descer queimando sua garganta. O Kim sabia que voltar para Seul significava correr o risco de rever algumas pessoas, mas a última pessoa que ele imaginava rever agora era Jeongguk.

Taehyung observa a rua pela janela da sala e decide ir dormir também. Segue para seu quarto e tira a roupa indo para um banho rápido. Se lava, sai do banheiro envolto em uma toalha e entra no closed que ocupa metade de seu quarto à procura de um pijama. Ao colocar a mão dentro de uma gaveta ele puxa um tecido e vê ser uma camiseta. A peça de roupa está guardada ali no fundo junto de suas cuecas, escondida como se fosse uma joia preciosa, ele a pega e segura em suas mãos.

Aquela camiseta é a única lembrança que ele tem de uma época de sua vida em que chegou a acreditar que o “felizes para sempre” poderia existir e que amar alguém valia a pena.

Taehyung olha a peça de tecido e a aperta entre seus dedos. A sensação de ver Jeongguk não foi agradável. O moreno estava com dois jovens, provavelmente seus filhos. Taehyung sente uma ponta de inveja que se transforma em tristeza afinal nunca conseguiu esquecer o que os dois passaram juntos no último ano da escola. Ele guarda a camiseta de volta no fundo da gaveta e coloca uma cueca indo para a cama.

O castanho deita e lembranças de sua juventude lhe torturam. Imagens do moreno que quase devastou sua vida trás saudade de um tempo muito distante.

A visão de Jongguk com seus filhos deixou Taehyung incomodado. Ele sabia que o outro iria seguir a vida e que provavelmente casaria, teria filhos, mas ver isso concretizado foi demais para ele.

Quando eles eram jovens tinham feito juras de viver um com o outro e isso foi interrompido por seus pais que não admitiram ter um filho envolvido com outro menino. Taehyung nunca esqueceu Jeongguk e vê-lo agora, depois de 20 anos, trouxe muitas recordações que o castanho gostaria de esquecer.

Ele se revira na cama e adormece depois de algumas horas.

Na manhã seguinte Taekwoon sai com o pai indo para um cursinho que tem perto de sua casa. O garoto se despede do homem que parece estranho.

− Pai você está bem?

− Estou sim Kwoon, por quê?

− Não sei você está calado demais e muito sério. O que aconteceu? Problemas no escritório?

−É isso mesmo, são problemas no escritório.

O menino desce do carro e Taehyung segue seu caminho. Ele não conseguiu dormir direito e pensa no rosto de Jeongguk no restaurante. Chegando ao prédio da empresa ele segue para sua sala no vigésimo andar onde terá um dia de muito trabalho. Taehyung tem que se concentrar nisso.

Taekwoon está em sua aula no cursinho e vê um menino que ele não tinha percebido antes. O garoto de cabelos negros está sentado perto de sua classe e chama sua atenção por ser o mesmo que ele conheceu na noite anterior. Jeonhyun está de cabeça baixa escrevendo e não percebe que está sendo observado. Taekwoon desvia o olhar e segue prestando atenção na aula de cálculos.

O intervalo do cursinho começa e todos os alunos vão em direção da cafeteria do prédio. Jeonhyun chega à fila que se formou e espera sua vez. Ele mexe no celular e sente uma mão tocar seu ombro.

− Oi. Você não é o garoto do restaurante de ontem à noite?

Ele se vira e vê Taekwoon. O menino está segurando alguns livros e sorri para ele. Ele tem um lindo sorriso com os dentes um pouco a mostra.

Oi. Sou eu mesmo.

− Ah que bom. Eu achei que fosse – ele ri.

Os garotos conversam um pouco e pegam seus cafés e alguns snacks para comer. Eles trocam informações de qual o nome de cada um, idade e seguem até o canto do local onde tem um pequeno espaço entre as pessoas que se aglomeram ali bebendo e comendo. Taekwoon tem a personalidade falante de seu pai, ele é muito comunicativo já Jeonhyun é mais calado, mais tímido que o outro e mesmo assim responde as indagações do jovem Kim que não para de fazer perguntas.

Os dois descobrem que tem mais do que a aula de cálculos juntos e seguem para a próxima sala. Eles sentam lado a lado e prestam atenção nas explicações. A manhã acaba e eles se despedem, mas não sem antes trocar o número de seus telefones para manter contato.

− Foi um prazer te ver por aqui Jeonhyun. Vou almoçar por que tenho aula a tarde também.

− Eu também gostei muito de te ver Taekwoon. Nos vemos amanhã então.

Eles se despedem e Taekwoon vai até o prédio de seu pai para almoçar com ele. Quando chega lá vê Taehyung cheio de pastas em cima da mesa e com muito trabalho para fazer. O garoto senta em um sofá na sala e pega o celular. Taehyung termina a pasta que estava fazendo e avisa para a secretária que vai sair para almoçar com o filho.

O restaurante do local é conhecido por ter um dos melhores Buffet dali então pai e filho seguem para lá onde almoçam quase sempre juntos.

− Tudo certo no cursinho hoje Kwoon?

− Tudo. Ah, pai, sabe aquele garoto de ontem, o do restaurante, ele é meu colega no cursinho.

Taehyung quase se engasga e lentamente olha para seu filho que conta com a maior naturalidade ter conhecido o filho de Jeongguk.

− Nós nos encontramos na cafeteria e descobrimos que temos algumas aulas juntos. Ele é bem legal e seu nome é Jeonhyun.

Taehyung não consegue acreditar nas coincidências da vida. Será que o destino está querendo lhe pregar uma peça? Seu filho e o de Jeongguk estudando juntos. Quando o castanho poderia imaginar algo assim? Provavelmente nunca. Ele respira fundo e sorri nervoso.

− Oh sim, você o encontrou então.

− Sim encontrei. Mas de onde você conhece o pai dele? Eu achei que foi bem estranho o jeito que vocês se cumprimentaram ontem.

Taehyung nunca escondeu nada de seu filho, mas também nunca foi além do que achava o certo para o garoto saber. Ele sabe que seu pai teve um relacionamento com um menino no seu último ano da escola. Taehyung sempre quis que o filho fosse uma pessoa de mente aberta e sem preconceitos então ele lhe contou a breve estória que teve com Jeongguk sem nunca lhe dizer o nome da sua paixão.

− É eu conheci o pai dele na escola, estudamos juntos e nunca mais nos vimos depois de formados.

− Nossa se eu reencontrasse um antigo colega se escola eu reagiria diferente. Vocês pareceram não gostar de se ver. Teve algum problema na época de escola pai? Não me diga que ele disputou minha mãe com você e perdeu?

O garoto fala e ri levando a última garfada de comida à boca. Taehyung nega e diz que o moreno fora seu colega em algumas classes apenas e por isso a falta de intimidade quando se viram na noite anterior. Como contar ao filho que o outro foi seu único e grande amor sem deixar o garoto magoado. Ele preferiu não dizer isso e mentiu pela primeira vez. Taekwoon termina de comer e sai correndo por que a próxima aula já iria começar e ele precisava ir rápido ou perderia o inicio. Taehyung pede que seu motorista leve o garoto e volta para seu escritório.

Com o decorrer da tarde ambos terminam seus afazeres. Taekwoon tem sua última aula e Taehyung termina a última pasta da semana. No dia seguinte seria sábado e eles poderiam fazer algo junto, como de costume.

Os dias se vão entre estudo e trabalho. Taehyung busca o filho na saída do cursinho algumas vezes e vê Jeongguk buscando o dele também. Os homens sempre ficam tensos quando isso acontece, mas nunca se falam. Taekwoon e Jeonhyun parecem se dar bem e uma amizade surge entre os dois.

O vestibular já está próximo e Taekwoon decide fazer um grupo para estudar aos finais de semana. Ele inclui o filho do ex-colega de seu pai.

Em um sábado que Taehyung estava sentado em seu sofá, na grande sala onde tudo era em tom marfim, lendo um artigo em uma revista financeira seu filho se aproxima e avisa ao pai que os colegas da turma de estudos iriam vir passar à tarde. Eles têm que rever algumas dúvidas de cálculos e línguas. O castanho acena em sinal de positivo com a cabeça e continua lendo.

Taekwoon arruma a biblioteca com algumas cadeiras extra e coloca os livros que irão precisar em cima de uma mesa onde já colocou garrafas de água. Os colegas chegam um a um e todos vão para a sala onde os outros aguardam. Taehyung não os vê chegar por que vai para a varanda deixando o filho mais a vontade para receber seus convidados. Jeonhyun é o último a chegar. Os garotos e algumas meninas iniciam à tarde de estudos fechando a porta da biblioteca.

Entre muitos cálculos e diversas questões de línguas eles param algumas vezes apenas para beber água e seguem os estudos. Todos tem o mesmo objetivo: entrar muito bem classificados na faculdade. Quase ao final do dia eles terminam os estudos e seguem para a sala. Taehyung já estava sentado ali analisando algumas pastas que deixou para fazer em casa no final de semana.

Os garotos e meninas se despedem do Kim mais velho e Taekwoon os leva até a porta. O garoto revira os olhos vendo seu pai concentrado no trabalho. Eles tinham combinado que o castanho nunca traria trabalho para casa, mas nos últimos dias isso tem sido recorrente.

Taekwoon volta para a biblioteca onde Jeonhyun arrumava suas coisas para ir embora.

− Você gostaria de ficar e jogar um pouco de vídeo game? A gente precisa descansar e acho que uma partida de Street Fighter seria uma boa.

O garoto sorri de volta e eles saem dali. Ao passar pela sala Jeonhyun observa as paredes do local, em todas tem um quadro. Ele para e olha para eles.

− O Senhor gosta de arte Sr. Kim?

Taehyung que não tinha visto o garoto ainda se surpreende.

− Olá Jeonhyun. – o castanho levanta e cumprimenta o menino. - Sim eu gosto muito de arte.

− Meu pai é dono de uma galeria de arte. Na verdade ele herdou de meu avô.

Taehyung escuta o garoto falar de seu pai e da galeria que era do pai dele. Imediatamente ele se lembra de Jeongguk contando sobre seus sonhos de ser um grande pintor ou desenhista. Ele suspira baixo e sorri sem graça para o menino. Este olha cada pintura que está pendurada nas paredes da casa dos Kim como se fosse um expert no assunto. Ele aponta para algumas e diz conhecer os autores daquelas obras.

O garoto sorri e Taehyung vê em seu rosto a similaridade com Jeongguk. A pele branca, os cabelos negros como uma pedra de carvão, os olhos que se fecham quando ele sorri formando um pequeno risco e aqueles dentes levemente proeminentes que deixam em seu rosto a aparência de um fofo coelho.

Tudo em Jeonhyun lembra o moreno que Taehyung nunca esqueceu. Taekwoon puxa o novo colega pelo braço em direção da escada.

− ‘Tá Jeonhyun chega de olhar as obras de arte do meu pai. Você deve ver isso todos os dias na sua casa. Vem logo vamos jogar antes que seu pai chegue.

Taehyung vê os dois rindo e conversando e quando escuta a frase “antes que seu pai chegue” ele gela. Jeongguk virá até sua casa buscar o filho. Como ele vai reagir ao ter seu antigo amor ali. Sua mente parece rodar junto com as inúmeras sensações que aquela revelação lhe causa. Os garotos sobem as escadas indo para o quarto de seu filho e ele só sente que ter vindo de volta para Seul pode não ter sido uma boa ideia.

A noite chega e Taehyung caminha impaciente de um lado para outro na sala. Suas mãos transpiram dentro dos bolsos da calça social como se fosse a primeira vez que ele vê o Jeon. Os meninos estão jogando há quase duas horas e Jeongguk ainda não chegou. Taehyung senta e levanta voltando a sentar. Seu estômago revira com a ideia de ter o outro parado ali em sua sala e ele decide pegar uma garrafa de soju para beber tentando se acalmar. Quando vai abri-la escuta os meninos descendo.

− Ah você roubou no final – Taekwoon fala para o outro que dá uma gargalhada e leva à mão a boca.

− Eu não roubei você que é muito ruim jogando Street Fighter.

Os dois chegam perto de Taehyung e o filho dele rindo solto como se conhecesse o outro há muitos anos fala dando um peteleco no seu ombro.

− Pai ele roubou para ganhar, acredita?

− Taekwoon até onde sei você é péssimo nesse jogo.

− Eu sabia!!! – Jeonhyun grita apontando para o rosto corado de Taekwoon.

− Poxa pai eu sou seu filho você deveria me defender. – ele fala cruzando os braços em frente ao peito como se estivesse bravo e ri.

O celular do menino toca no bolso de sua calça e ele atende. Seu pai chegou. Taehyung sente sua mão tremer e larga a garrafa de volta no bar. Ele vai ver Jeongguk ali na sua casa e não sabe o que vai falar, não está preparado para isso. Jeonhyun desliga e se despede dos Kim.

− Até logo Sr Kim, obrigado pela hospitalidade. Tchau Taekwoon a gente se vê na segunda feira.

Taekwon leva o colega até a porta e Taehyung que estava parado sem reação segue junto.

Seu pai não vai entrar?

− Não senhor. Ele disse que vamos a algum lugar que não entendi.

− Oh sim tudo bem. Vem Taekwoon vamos levar o seu amigo até o portão.

O filho do castanho acha aquilo estranho, seu pai nunca se interessou em ser tão simpático com seus amigos antes. Eles vão até o portão da casa e o carro de Jeongguk está parado logo adiante. O moreno está no volante e sua filha, Hyolin, desce do carro. Ela acena para os demais e chama por Jeonhyun mandando que se apresse. O garoto se despede novamente e sai correndo entrando no carro logo em seguida. Taehyung fica olhando quando o carro sai sem que Jeongguk se quer o cumprimente.

Taekwoon entra e volta para seu quarto. O castanho permanece mais alguns minutos parado em frente ao portão pensando naquilo. Que atitude rude de Jeongguk para com ele. Com certeza ele ainda guarda ressentimentos do passado dos dois. Taehyung entra e volta para suas pastas de trabalho.

Os colegas da turma de estudo voltam a se reunir mais vezes na casa de Taehyung. Jeonhyun sempre fica até mais tarde jogando com Taekwoon. Eles parecem ter se tornado grandes amigos e isso assusta um pouco os pais dos garotos. Às vezes a irmã dele vai junto e os três fazem um pequeno campeonato regado a muito refrigerante e snacks.

O dia do vestibular chega. Taekwoon está um pouco nervoso, mas confiante de que vai vencer esta etapa de sua vida escolar. Taehyung arruma a gola da camisa branca que o filho usa pela enésima vez antes do garoto entrar pelo portão de metal da escola. A prova iria começar dali a meia hora. Taehyung vai ficar ali em vigília junto às mães que acendem velas para desejar boa sorte a seus filhos.

Jeonhyun e Hyolin chegam acompanhados por Jeongguk e entram logo após o desejo de boa sorte de seu genitor e de cumprimentarem o Sr Kim. Os dois homens se olham e se cumprimentam educadamente e Jeongguk sai indo acender uma vela também. Ambos estão nervosos com o primeiro passo que seus filhos estão dando rumo a suas vidas adultas. Estão nervosos por que já passaram por isso e por estar um na presença do outro.

Jeongguk disfarça a vontade que tem de ir até o castanho e lhe fazer um milhão de perguntas a começar com por que ele o deixou há anos atrás. Mas ele nada faz, só senta em um banco com algumas mães que discretamente olham para a beleza do moreno e deixam suspiros mais discretos ainda escapar. Ele está perto da casa dos 40 e continua bonito como sempre fora.

Taehyung caminha de um lado para o outro e às vezes rói a unha do dedão. Hábito horrível, ele sabe, que não consegue evitar em momentos de tensão. Ele se afasta e senta distante dos outros então puxa a carteira de cigarros e acende um. Jeongguk sente o cheiro daquele antigo vício e olha para o banco longe de si vendo o castanho com a cabeça reclinada para trás sorvendo a nicotina que invade sua corrente sanguínea e seus pulmões causando nele uma sensação de prazer intenso. O moreno levanta e caminha até onde o outro está e senta o observando.

Taehyung está de olhos fechados e respira fundo levando mais uma vez o vicio até os lábios e tragando forte fazendo a brasa quase que consumir por inteiro o já pequeno cigarro.

Você poderia me dar um?

Aquela voz tira Taehyung de seu delírio pela nicotina e o castanho abre os olhos de supetão vendo Jeongguk parado olhando para ele. O moreno se mantém sério e pede novamente.

− Você poderia me dar um? Faz algum tempo que não carrego cigarros comigo então...

O espanto deixa Taehyung lento e ele estica a carteira até o outro que a pega de sua mão e retira um cigarro dali. Ele leva o mesmo à boca e estica a mão para Taehyung esperando que este lhe de o isqueiro.

− Também não tenho como ascender... Se importa?

Taehyung passa as mãos sem jeito no bolso da calça social azul marinho e retira dali o isqueiro. Ele estende a mão alcançando o objeto para Jeongguk que pega e ascende o cigarro dando a primeira tragada. Jeongguk engasga um pouco e traga novamente. Seus olhos se fecham e ele solta um leve murmúrio de prazer ao sentir a nicotina percorrer seu corpo.

− Faz tempo que você não fuma?

− Sim.

− Você está tão nervoso assim para fumar de novo?

− Estou.

Eles voltam a ficar em silêncio e cada um sente o prazer que o cigarro lhe proporciona a sua maneira. Ambos permanecem de olhos fechados até que a última tragada é dada. Taehyung coloca a bituca apagada dentro de outra carteira e estica a mão para Jeongguk o cutucando de leve. O moreno olha para a mão estendida e para o rosto do outro que espera.

− Você não vai jogar isso aqui em frente à escola vai?

O moreno acena com a cabeça e entrega o restante de seu cigarro. Taehyung coloca junto com o seu apertando a carteira entre os dedos. Ele levanta, vai até uma lixeira colocando ali o papel amassado e volta sentando ao lado de Jeongguk novamente.

− Quer tomar um café? Os meninos vão demorar mesmo e depois de um cigarro um café cai muito bem.

Taehyung olha para o moreno que acabou de convidá-lo para sair dali. Ele assenti com um simples movimento da cabeça e ambos levantam indo para a cafeteria do outro lado da rua. O lugar está quase vazio o que é normal em dia de provas de vestibular. O Suneung é um dia de extrema importância na vida de seus cidadãos, já que desta prova depende seu sucesso profissional e social, assim então nada pode distrair os estudantes.

Os dois sentam e a garçonete vem até a mesa pegando os pedidos. O silêncio é um pouco constrangedor e Taehyung o quebra começando a falar.

− Seu filho é muito educado. Ele vai seguidamente a minha casa estudar com Taekwoon.

Jeongguk bebe o café que acabou de ser colocado em sua frente com o olhar baixo. Ele escuta e emite um som curto como se concordasse e Taehyung segue falando.

− Ele me lembra muito de você. O mesmo olhar cheio de vida, o cabelo liso e negro, aquela vontade imensa de fazer o novo acontecer e – o castanho continua fitando o rosto do outro – e o mesmo sorriso.

Jeongguk levanta os olhos para o rosto de Taehyung e vê o olhar dele em si. Aquele rosto que ele conheceu tão bem que agora estava com marcas de envelhecimento ainda era lindo. Os orbes castanhos dele que sempre fizeram Jeongguk suspirar quando se encaravam depois do sexo ainda mexia com ele.

− Seu filho também me lembra de você.

Ele volta a beber o café e Taehyung pega o seu que já estava esfriando. Eles voltam a beber em silêncio. As horas passam se arrastando e os dois quase não se falam. Eles parecem estranhos que dividem a mesma ansiedade. Cada um fica olhando o próprio celular e às vezes deixam uma risada involuntária escapar voltando a ficar sérios ao se olharem. O celular de Jeongguk toca e ele pede licença saindo para atender. Taehyung decide voltar para frente da escola e esperar seu filho sair.

Jeongguk não volta mais para a cafeteria nem para frente da escola, ele sai indo atender um cliente que exigiu sua presença. As horas passam, alguns cigarros são fumados e o castanho começa a ver que os alunos começam a sair. Ele espera mais algum tempo até que vê Jeonhyun saindo com Taekwoon.

Os meninos conversam compenetrados nas respostas que deram e passam por ele sem o ver. Ele vai atrás do filho e o segura pelo ombro.

− Kwoon.

− Oi pai. Não te vi aí.

− Como foi?

− Tudo bem. Acho que me saí bem.

− Que bom. Vamos pra casa?

− Pai, o Jeonhyun pode ir junto? O pai dele teve que sair mais cedo e mandou uma mensagem dizendo que era para ele ir pra casa de táxi.

− Tudo bem pode ir sim, mas e a sua irmã?

− Ela vai pra casa de uma colega Sr Kim. Elas vão fazer uma reunião de meninas.

O castanho assenti e segue com os dois que mal olham para ele. O interesse deles é saber se responderam as mesmas coisas. Quando chegam à casa dos Kim os adolescentes sobem para o quarto de Taekwoon e este pede que Taehyung chame uma pizza, eles estão com fome.

O mais velho pede a pizza e todos comem juntos.

− Então Jeonhyun como foi a sua prova? Acha que foi bem?

− Sim Sr Kim, acredito que fui muito bem. Nós estudamos muito para isso.

− É verdade eu sou testemunha. E agora que terminou essa fase o que vocês pretendem fazer? Quero colocar o Kwoon para fazer um curso de línguas ou alguma coisa assim.

− Bem meu pai ainda não sabe se a gente vai voltar para Busan ou se ele vai precisar ficar aqui mais um tempo. A galeria nova está dando um pouco mais de trabalho do que ele imaginou.

− Seu pai tem uma galeria nova? Fico feliz em saber, é sinal que o negócio de vocês está crescendo. Sua mãe deve ficar orgulhosa dele, parece ser um excelente provedor e um bom pai.

− Eu acho que ele deve estar sim. Ela morreu faz cinco anos de um câncer terminal e meu pai cuida da gente como se fosse pai e mãe.

Taehyung arregala os olhos e se engasga sem deixar que os meninos percebam. Jeonhyun continua a comer tranquilamente.

− Seu pai não casou de novo?

− Não senhor. Ele diz que minha mãe foi seu único amor e que ninguém poderia substituí-la então prefere ficar sozinho.

O Kim ouve aquilo e continua a comer pensativo. Eles terminam a pizza e ficam na sala ouvindo musica até que Jeongguk liga avisando que está passando ali para buscar o filho. O garoto se despede de Taehyung e sai. Taekwoon diz que vai deitar está cansado pelo dia tenso.

− Kwoon você sabia que a mãe do Jeonhyun tinha morrido?

− Sabia.

− Por que não me contou? Fiquei sem graça quando ele falou.

− Ah pai, como eu ia saber? Você e o pai dele são amigos então eu achei que soubesse.

O garoto sobe indo para seu quarto e o assunto se encerra ali. Depois desse dia Jeongguk evitou buscar o filho na casa dos Kim. Ele evitava qualquer contato com Taehyung.

Em uma tarde de domingo Taekwoon convidou Jeongguk e Hyolin para um campeonato de Street Fighter em sua casa. Os irmãos apareceram no horário combinado e com eles vieram mais alguns amigos. Taehyung estava viajando a negócios e só iria chegar à noite. Os jovens tiveram um dia de descanso com muita risada e conversa. Estarem juntos já tinha se tornado um hábito.

Longe dali Taehyung voltava para casa depois de quase uma semana fora, seu trabalho como presidente da empresa lhe exigia viajar muitas vezes. Ele chegou cedo naquele dia então num ímpeto resolveu passar mais uma noite fora. Ele alugou um carro, desviou seu trajeto e foi para uma cidade que não via desde jovem.

Busan parecia não ter mudado em nada. O Kim chegou lá no final do dia, praticamente ao entardecer, e a tempo de ver que tudo parecia estar parado no tempo. As mesmas praças, as mesmas lojas cheias de badulaques pendurados nas portas, às mesmas luzes noturnas que deixavam a cidade muito bonita principalmente nas épocas festivas. Taehyung passou em frente a uma praça onde as pessoas caminhavam à noite e sua mente foi preenchida de lembranças.

O castanho parou o carro ali perto, desceu e se dirigiu ao local deixando as inúmeras lembranças dali inundarem sua mente. Ali, há anos atrás, ele passeou de mãos dadas com um garoto tão cheio de ideais quanto ele próprio. Jeongguk era mais novo, mas não menos esperançoso que o Kim em relação aos projetos que tinha para seu futuro.

Taehyung se lembrou das noites que eles passavam conversando e planejando como iriam viver o que fariam após terminarem a faculdade e de como seriam felizes. Ele riu sem graça recordando das memórias felizes que os dois fizeram ali. Voltou para o carro e seguiu em frente.

Procurou pela casa em que viveu e viu que uma nova família morava lá. Rodou mais um pouco e viu a galeria de arte dos Jeon. O lugar já estava fechado, mas mantinha a mesma fachada do tempo em que o pai de Jeongguk comandava as exposições e vernissages dali. Por estar tarde ele seguiu indo procurar um lugar de que sentia muita falta.

Taehyung parou em frente ao bar de motoqueiros e a visão daquele lugar onde conversou pela primeira vez com Jeongguk lhe fez sentir uma grande nostalgia. Foi ali, naquele mesmo lugar, que pela primeira vez eles não se ofenderam, foi ali que passaram muitos momentos ouvindo música e bebendo tequila. Taehyung não resistiu ao impulso que sentiu e saiu do carro entrando lá.

Ao passar por aquela porta ele viu que o lugar não era mais o mesmo. As paredes pintadas em um tom bege mal escondiam a antiga cor escura de antes. Muitas das mesas de madeira escura que eles usavam tinham sido trocadas por modernas mesas brancas, cortinas novas estavam no lugar das antigas peças de couro que cobriam as janelas. O bar parecia ser o único local dali que se mantivera intacto com as inúmeras garrafas coloridas em prateleiras de vidro. O homem atrás do balcão usava um colete de couro preto e secava os corpos um a um lentamente enquanto mastigava um palito de dentes que ficava no canto da boca. Taehyung o reconheceu no mesmo instante.

Taehyung continuou a caminhar e se aproximando do bar pediu uma dose de tequila. O homem veio em sua direção, colocou um copo a sua frente junto de um prato com pedaços de limão e o saleiro servindo a dose pedida. Ao olhar para o cliente o velho reconheceu os traços do garoto que tocava sax ali no passado. Taehyung não tinha perdido o ar juvenil só tinha ganhado algumas rugas pelas preocupações que a vida adulta lhe trouxera.

Eles conversam relembrando o passado. O homem conta que os negócios já não são mais como naquele tempo, ele teve que se adequar as modernidades de hoje em dia e reformou o bar. Ainda recebe os motoqueiros que chegam à cidade, mas também abre suas portas para os mais jovens que alugam o bar para festas e eventos. O velho dono do lugar diz que sente falta das noites de música proporcionada pelo castanho.

Ele diz que depois que os jovens partiram ninguém mais tocou no instrumento que Taehyung usava para animar os motoqueiros que ali frequentavam. Ele aponta para frente mostrando que o pequeno palco antes agitado pelas músicas que Taehyung tocava agora está empoeirado e cheio de cupim.

Taehyung olha e vê o palco onde tocava todas as noites um sax velho que fora achado no depósito atrás do bar cheio de caixas da próxima festa. A saudade daqueles momentos também é grande dentro do peito do castanho que sempre amou a música.

O velho homem segreda a Taehyung que ainda guardava o sax e diz que seria uma honra se ele quisesse lhes proporcionar algumas horas de boa música. Ele aceita no mesmo instante, mas revela que faz algum tempo que não toca. Ambos riem e o velho busca o instrumento o entregando a Taehyung.

O castanho caminha até o palco, empurra algumas caixas para o lado e puxa uma cadeira alta. Ele senta ali afinando o instrumento e começa a tocar algumas notas. Passado poucos minutos alguns motoqueiros chegam e começam a prestar atenção ao som que vem daquela parte do bar. A música que Taehyung toca inunda o ambiente fazendo ele e o velho sentirem como se o tempo tivesse voltado atrás.

Ele toca música após música e é ovacionado pelos poucos espectadores que ali estão.

O Jeon é um deles.

O moreno chegou ao bar, que ainda tem o hábito de frequentar sempre que está em Busan, e ouviu a música ainda do lado de fora. Ele não imaginou que encontraria Taehyung. Achou que era algum evento de música e assim que entrou viu seu antigo desafeto envolvido com a música e envolvido pelo som do sax que tocava.

O moreno cogitou dar meia volta. Chegou a virar seu corpo em direção à saída e foi parado pelo senhor dono do lugar que o viu. Ele chamou o moreno para sentar em seu lugar de costume, o mesmo lugar em que ele e Taehyung sentavam quando eram jovens e imaturos o suficiente para beber muito e sair dali cambaleando pelas ruas.

O velho estava com o olhar brilhando de felicidade por ter ambos ali naquela noite. Jeongguk só conseguiu sorrir e pediu sua dose de tequila ficando ali bebendo e ouvindo a música que vinha do sax tocado por Taehyung. O castanho ainda tocava bem apesar de o instrumento desafinar algumas vezes.

Quando Taehyung terminou sua pequena apresentação e saiu do palco indo em direção do velho homem que o aplaudia atrás do bar ele viu Jeongguk sentado no canto pouco iluminado. Entregou o sax que foi colocado no chão atrás do balcão e foi de encontro ao outro.

− Posso me sentar com você?

− Acho que não adiantaria negar.

Jeongguk fez um sinal para a cadeira e Taehyung sentou com um copo em mãos e ficou ali bebendo com o moreno. Eles quase não falavam entre si, apenas bebiam dose após dose até que seus corpos e mentes pareciam mais relaxados. O clima antes pesado agora parecia mais tranquilo e eles começaram a conversar sobre suas vidas profissionais.

Falar de arte ainda fazia Jeongguk sorrir mais solto e Taehyung se lembrava do jeito do garoto metido que o enfrentava sem um real motivo. Eles passaram a falar sobre seus filhos contando como eram quando bebês e de como cresceram tão rápido. Eles eram dois adolescentes se achando tão adultos. Muito parecidos com eles quando tinham a mesma idade.

− Fiquei sabendo da sua perda. Meus pêsames pela sua esposa.

− Jeonhyun te contou não é. Não precisa me dar os pêsames, isso aconteceu quando eles tinham cinco anos.

Taehyung faz um ar de espanto. Ele lembra muito bem do garoto dizer que fora a cinco anos atrás.

− Não se espante tanto Taehyung, Jeonhyun sempre quis ter a mãe ao seu lado então ele diz a todo mundo que ela nos deixou há apenas cinco anos. E você continua casado?

Taehyung larga o copo de tequila e fita Jeongguk que está olhando em seu rosto a espera da resposta.

− Não. Eu me separei da mãe do Kwoon há alguns anos.

− Você a abandonou ou foi de comum acordo?

− Foi de comum acordo. Nossa relação nunca foi das melhores, ela me acusou de traí-la algumas vezes e finalmente admitiu que nunca nos amamos. A separação era inevitável desde o inicio.

Eles ficam se olhando e Jeongguk pega o copo a sua frente empinando todo o liquido que tinha dentro. Taehyung observa a reação do outro e volta a beber. O silêncio volta a ficar constrangedor entre eles.

Então a conversa muda de rumo, Jeongguk bebe e fala do jeito estranho que o castanho agia quando se conheceram, às vezes ele parecia agir com naturalidade e outras vezes ele alfinetava Taehyung com rancor na voz.

Taehyung não respondeu a nenhuma das provocações do moreno que bebia e servia seu copo brindando a juventude que lhes fora roubada. Para Taehyung, Jeongguk sempre seria mais que um amigo com quem teve um caso. Ele bebeu e deixou o homem a sua frente descarregar suas mágoas, nele e na garrafa de tequila que foi substituída por outra assim que a primeira acabou.

Depois de algumas horas o velho senhor veio à mesa avisar que o bar estava na hora de fechar, os dois antigos amigos estavam muito bêbados e ele ofereceu chamar um táxi para ambos poderem ir embora. Jeongguk fez questão de pagar a conta que teve a nota rasgada pelo velho dizendo que aquela noite foi por conta da casa e da música que Taehyung tocou. Eles agradeceram e saíram dali com Taehyung tentando achar a chave de seu carro no bolso do casaco que ele não estava usando e Jeongguk, depois do dono do bar insistir, deixando a chave de sua moto dizendo que na manhã seguinte a buscaria. Realmente eles pareciam os dois adolescentes de anos atrás.

Ao sair na rua os dois foram pegos de surpresa por uma chuva que caia forte. Eles correram até o beco que ficava ao lado do bar, perto de um ponto de táxi. A tormenta estava forte e em segundos eles estavam encharcados. Jeongguk correu mais rápido e parou em um toldo rasgado para se proteger da água que inundava seus olhos dificultando sua visão.

Taehyung também parou ali e se escorou ao lado do outro se abrigando naquele mínimo espaço. No ponto não tinha nenhum táxi para levá-los dali então eles ficaram esperando passar algum na rua. A chuva foi diminuindo a intensidade e o frio começou a aumentar. Já era quase cinco horas da manhã e o vento gelado, que veio acompanhando a chuva, fazia suas roupas parecem pequenos pedaços de gele colados em seus corpos os fazendo tremer. Jeongguk que sempre teve uma saúde um pouco mais frágil espirra. Taehyung vira seu rosto e se aproxima alcançando um lenço que tem no seu bolso.

− Você vai se resfriar Jeongguk. Pegue o meu casaco e coloque por cima de sua roupa. – Taehyung faz menção de retirar a peça molhada e Jeongguk segura seu braço.

− Não precisa, seu casaco está tão molhado quanto o meu e ficar só de camisa vai fazer você também ficar doente.

Taehyung sobe o terno até seu ombro de volta e olha para a mão do outro que continua lhe segurando. Ele ergue o olhar até o rosto de Jeongguk que agora está com a cabeça encostada na parede e olhos fechados. Ele está bêbado e encharcado. A boca semiaberta é um convite para a saudade do calor daqueles lábios. Taehyung respira baixo e se aproxima ficando perto demais. O moreno abre os olhos vendo o rosto de pele dourada próximo ao seu e sentindo o calor do hálito de Taehyung já bater em sua pele o aquecendo.

Ele fita os lábios carmin do castanho que estão sendo mordiscados e alterna seu olhar entre seus orbes e aquela boca que tanto sentiu falta. Sua respiração muda quando Taehyung fica mais próximo dele e passa a tocar sua boca.

O polegar dele desliza entre a parte inferior do lábio de Jeongguk e o sinal que tem ali. Taehyung sempre gostou de provocar o mais novo com toques naquele lugar antes de atacar seus lábios em beijos sedentos. Jeongguk fecha os olhos sentindo a proximidade aumentar. Ambos estão alcoolizados e sem noção alguma do que fazem.

A mão direita de Jeongguk treme em frente à barriga de Taehyung com medo de tocar nele. O Kim aproxima seus lábios dos de Jeongguk e assim que vai sentir seu sabor uma buzina os assusta. Um táxi que passava vê os dois próximos ao ponto e com a chuva voltando a ficar intensa ele os chama vendo se querem fazer uma corrida.

Jeongguk abre seus olhos e vê Taehyung parado de cabeça baixa. Ele encosta sua mão na barriga do outro e o empurra de leve. Taehyung sobe seu olhar para Jeongguk que se afasta indo na direção do carro. Ele abre a porta e entra esperando Taehyung.

− Você está hospedado em que hotel?

− Na verdade em nenhum.

− Tudo bem o quarto de Junghyun está vazio, você pode dormir lá se quiser.

Taehyung agradece negando a oferta. Ele diz que acha melhor voltar àquela noite ainda para Seul. Jeongguk fecha a porta do táxi e dá o endereço de sua casa ao motorista que segue para o local indicado.

Taehyung sai caminhando na chuva e entra no seu carro após achar a chave no bolso de trás de suas calças. Ele fica sentado ali olhando a água bater no vidro da frente e recosta sua cabeça no volante. A chuva está forte e ele não pegou nenhum quarto em um hotelzinho de beira de estrada que fosse. O frio só aumenta com as roupas extremamente molhadas que usa então Taehyung liga o carro e vai em direção da estrada voltando para Seul.

Faz dez dias que Jeongguk e Taehyung se encontraram naquele antigo bar e faz dez dias que o moreno evitou reencontrar o outro quando ia buscar o filho na casa do amigo. O dia de levar Jeonhyun e Hyolin para a faculdade chegou.

Jeongguk está aparentemente calmo. Ele sorri para os filhos vendo sua empolgação e felicidade refletida nos olhares cheios de esperança e sonhos. Ele foi assim um dia, por incrível que pareça ele também foi jovem, teve o sonho de ser um grande artista, ser reconhecido mundialmente e viver um louco amor. Esse último ele conseguiu, mas não completamente.

O moreno suspira quando a filha se aproxima e o abraça.

− Pai você já está com saudade de nós?

− Não filha, só estou um pouco emocionado. Não é todo dia que se manda dois filhos para a faculdade. Vocês cresceram e eu nem me dei conta.

O garoto se aproxima dos dois e eles dão um abraço coletivo, igual como faziam quando os dois eram só os pequenos bebês de Jeongguk e sentiam a falta da mãe ou simplesmente quando estavam tão felizes que queriam transmitir a felicidade um ao outro.

− ‘Tá agora chega disso e vamos logo. O Taekwoon vai estar nos esperando na frente da faculdade pra gente descobrir onde fica o dormitório masculino.

Jeonhyun diz e solta do abraço indo pegar sua mala. Hyolin sorri para o pai e pega a sua mala também. Eles vão para o carro e seguem até a faculdade. O final de tarde na estrada é lindo deixando tudo em um tom alaranjado pelo sol que se põe e logo em seguida tudo vai ficando prateado com a lua que surge grande iluminando a noite. Junghyun está sentado na frente ao lado do pai mexendo no celular e às vezes deixa escapar um suspiro ou outro. Jeongguk olha para o filho de canto de olhos e fica curioso.

− Com quem você tanto fala? Não vai me dizer que é com alguma menina que não me apresentou? Eu não quero que você volte da faculdade com um filho nos braços sou muito jovem para ser avô.

Os três riem e o garoto responde simplista sem tirar os olhos da tela do aparelho.

− Você não corre esse risco, meninos não engravidam. Estou falando com o Taekwoon.

Jeongguk olha rápido para o filho, fazendo o carro balançar um pouco, incrédulo com o que acabou de ouvir. O garoto continua na mesma posição, com a cabeça abaixada, movendo os dedos rapidamente respondendo as mensagens do amigo. Ele sente uma leve angustia como se algo apertasse seu peito.

− Vo... Você está me dizendo que está namorando o Taekwoon?

O menino para de teclar e olha para o pai que tem a expressão mais amedrontada que o garoto já viu. Os olhos do mais velho estão transbordando dúvidas e medo. Ele sorri de lábios colados e fala em tom calmo.

− Não. Eu disse que meninos não engravidam só isso.

− Estou começando a achar que não foi uma boa ideia ter permitido essa amizade entre vocês. – Jeongguk fala sério e mostrando seu descontentamento.

− Pai eu não sou mais criança para você dizer com quem posso ou não me relacionar. Eu cresci, tenho 18 anos e estou saindo de casa para morar no campus da faculdade. Acho que já posso tomar minhas próprias decisões.

− E se relacionar com um menino é uma delas? Desde quando meu filho é gay? Desde quando você se interessa por homens?

Hyolin que estava no banco de trás permanece calada assistindo a discussão que se formou.

− Meu deus senhor Jeon agora você virou o maior moralista da face da terra? Não estou reconhecendo o meu pai. Onde ele está? Você o abduziu não é...

− Não é ser moralista eu só não quero... – o garoto o interrompe.

− Que eu passe a mesma decepção que você passou quando se envolveu com um garoto no seu último ano de escola? É isso?

Jeongguk se assusta com a revelação do filho. Ele nunca conversou sobre sua relação com Taehyung com o garoto. Junghyun fala como se tivesse raiva dele.

− Quem te disse isso?

− Minha avó. Ela me contou isso há alguns anos atrás antes de morrer quando achou que eu era gay igual o meu pai. Ela disse que se algum dia eu sentisse algo assim, por quem quer que fosse, eu deveria lutar pelo meu amor e não me deixar dominar pelos meus pais como você fez.

− Pois ela mentiu. Eu não sou gay, eu me casei com sua mãe e tive vocês dois.

− Você casou por que meu avô lhe obrigou. E na verdade acho que você nunca amou nossa mãe.

A discussão entre os dois estava tomando um rumo que Jeongguk não queria. Ele pensou diversas vezes em contar aos filhos sobre sua vida na escola e sobre seu relacionamento com Taehyung. Nunca teve oportunidade e lhe faltou coragem quando esta surgiu.

Eles seguem o restante do caminho em meio à troca de palavras duras e algumas discussões. Finalmente chegam à frente da faculdade e Junghyun desce do carro sem se despedir de Jeongguk. Hyolin dá um abraço em seu pai, ela diz que tudo vai ficar bem e que ele entendeu tudo errado.

Jeongguk sente que seu peito vai explodir. Ele está com muita raiva por sua mãe ter contado esse segredo, está com raiva por ver que seu filho pode estar se iludindo com um romance que não vai dar certo e mais raiva ainda de Taehyung por ter voltado depois de vinte anos deixando sua vida novamente de pernas para o ar.

Junghyun encontra Taekwoon e eles se abraçam. Hyolin faz o mesmo e o garoto de cabelos castanhos e olhos brilhantes acena para Jeongguk que não consegue corresponder. Os três seguem para dentro do campus e os dois garotos vão abraçados.

Jeongguk senta no carro soca o volante e recosta a cabeça ali. Ele respira sem força e em ritmo descompassado. Está nervoso, começa a lembrar das juras que fazia com Taehyung em momentos íntimos e sente a raiva aumentar.

Ele foi enganado pelo castanho que dizia o amar, ele estava pronto a declarar seus sentimentos quando levou um fora que o deixou sem saber o que fazer por muito tempo. Quando ele conheceu sua esposa estava tão desiludido com o amor que simplesmente aceitou se casar com a menina por que essa dizia o amar pelos dois.

Jeonhyun tinha razão quando disse que ele nunca amou sua mãe e ele sentiu culpa por isso nas inúmeras noites em que olhava para o rosto da doce mulher enquanto essa dormia. Ele se imaginava com Taehyung ali, sentia seus beijos, seus toques e desejava fazer sexo com ele toda vez que a mulher sentava em si.

Foram anos dolorosos que ele tinha superado e agora o castanho reaparece e faz com que seu filho passe por tudo isso. Ele ergue a cabeça e liga o carro. Sai cantando pneus e vai em direção da empresa do outro. Chegou o momento que ele esperou por vinte anos. Taehyung vai ter que ouvir tudo que ele nunca teve oportunidade de lhe dizer, toda a mágoa que Jeongguk guardou por esses longos vinte anos e que agora tinha um motivo para ser jogada no outro. Taehyung vai ter que acabar com esse relacionamento entre seus filhos.

O moreno chega em menos de uma hora na empresa onde Taehyung ainda está trabalhando. Ele desce do carro e vai até a portaria dizendo que precisa falar com o Senhor Kim e que não precisa ser anunciado por que ele o estava aguardando.

O segurança já trabalhou para ele em uma de suas galerias então confia no moreno e o deixa subir. Jeongguk aperta o numero vinte e ri ironicamente da coincidência em que esse número tem aparecido ultimamente. Ele sobe olhando os andares serem mostrados na tela a sua frente e aperta as mãos que estão suadas pela raiva.

O elevador chega ao último andar do prédio e a porta se abre. Uma secretária que ainda estava ali vem em sua direção para avisar que Taehyung não receberá mais ninguém hoje. Jeongguk passa por ela como se fosse um foguete. Rápido e a ponto de explodir ele entra na sala que tem o nome de Taehyung na porta deixando o castanho surpreso.

− Desculpe-me Senhor Kim esse senhor não se apresentou então não pude anunciá-lo.

− Meu nome é Jeon Jeongguk e quero falar com você “Senhor Kim”.

Taehyung levanta da cadeira e permanece parado com as mãos nos bolsos da calça social preta olhando para Jeongguk.

− Tudo bem Senhorita Hani. Você já pode ir para casa, eu resolvo isso.

A mulher sai e fecha a porta. Jeongguk está com ódio no olhar e segue até a mesa onde Taehyung está.

− Quer falar comigo Jeongguk?

− Quero que você mande seu filho se afastar dos meus.

− E por que eu faria isso? Eles são amigos e eu não me meto nas amizades do meu filho desde que ele tinha dez anos.

− Pois você vai se meter agora e vai mandar ele se afastar dos meus filhos! Eles estão namorando e isso é inadmissível.

− É eu sei. O Taekwoon me contou antes de sair hoje. Eu fiquei feliz eles são jovens e tem muito que viver juntos.

Jeongguk dá uma risada irônica e fala áspero.

− Ficou feliz? – ele passa a mão nos cabelos os jogando para trás – Feliz com o que? Feliz que seu filho vai iludir o meu?

− Mas do que você está falando?

− Não se faça de santo Taehyung. Você me fez de idiota, mas o seu filho não vai fazer o mesmo com meu filho. Eu não vou deixar.

− Sinceramente Jeongguk eu não sei do que você está falando. Você veio aqui falar de nós ou dos nossos filhos?

− Eu tenho raiva de você, eu te odiei por anos e agora você trás seu filho pra fazer o meu passar pelas mesmas coisas? Você me iludiu, me fudeu em todos os sentidos e depois me abandonou. Simples como se fosse um garotinho cansado de brincar com um boneco velho. Agora instiga seu filho a fazer o mesmo com Jeonhyun? Só que eu não vou permitir.

Nesse momento da discussão o moreno já estava exaltado. Ele praticamente gritava as palavras que saiam de sua boca como uma arma engatilhada disparando seus projéteis. Taehyung senta de volta na cadeira atrás dele e permanece olhando para o outro que caminha aparentemente nervoso passando a mão nos cabelos lisos que outrora foram totalmente negros e agora mostram um ou outro fio branco.

Jeongguk estava fora de si. Ele coloca os braços em cima da mesa onde Taehyung estava olhando nos olhos do castanho com tanta raiva que chegava a transmitir uma sensação de queimação no outro.

− Eu não te usei, eu não te abandonei eu só fui covarde para assumir o que a gente tinha naquela época.

Taehyung fala pausadamente mantendo a calma. Desde que se tornou adulto e assumiu muitas responsabilidades Taehyung abandonou seu jeito impulsivo preferindo evitar brigas e grandes discussões. Sempre achou que a melhor solução para tudo era o diálogo e com Jeongguk nervoso a sua frente ele tentou mais do que nunca fazer isso: manter-se calmo.

− Não precisa mais mentir Taehyung. Eu não sou mais aquele garoto idiota que achava que podia ganhar o mundo pintando desenhos a carvão em uma folha branca. Eu não sou mais aquele garoto ingênuo que se deixou levar por uma bebedeira e se entregou para o garoto novo por que achava que ele era o amor da sua vida. Eu aprendi com essa mesma vida que as pessoas não são o que a gente acha.

As palavras continuavam saindo da boca do outro em disparada contra Taehyung. Jeongguk guardou toda raiva, frustração, decepção e dor que sentiu naquela noite depois do final de semana nos braços de Taehyung por esses vinte anos. Ele precisava dizer para o castanho tudo que sentia e estava fazendo isso.

Taehyung sempre achou que o moreno tinha mágoa dele por ter dito o que disse e não terem ficado juntos como planejaram tantas vezes. Agora já mais velhos quando ele reencontrou Jeongguk achou que poderia recuperar o tempo perdido, recuperar pelo menos a amizade do outro, mas pelo jeito estava enganado. Ele achava que poderia enfim contar a Jeongguk tudo que realmente aconteceu.

Depois da noite no bar de motoqueiros, Taehyung achou que Jeongguk não tivesse mais ressentimentos contra ele. O moreno irado a sua frente mostrava que ele estava errado.

Jeongguk volta a caminhar inquieto, sua respiração está acelerada, a raiva que sentiu esses anos todos de Taehyung o está consumindo. Ele para na frente da mesa e a soca olhando para o castanho que levanta.

− Jeongguk eu entendo que você deve estar ressentido comigo só te peço pra me dar uma chance de...

− Chance Taehyung? Você quer que eu te de uma chance? Para que? Eu não tenho mais nada pra falar com você. Afaste seu filho do meu, esse era o meu recado, afaste Taekwoon de Junghyun.

Ele vira em direção da saída e sente seu braço ser agarrado. A mão de Taehyung segura à camisa rosa que ele usa. O castanho necessita falar com ele antes que não consiga outra oportunidade.

Jeongguk puxa o braço soltando a camisa dos longos dedos de Taehyung.

− Taekwoon não vai se afastar de Junghyun. Ele está apaixonado pela Hyolin e o seu filho está ajudando os dois.

Jeongguk arregala os olhos pelo espanto da revelação deixando a boca semiaberta. Ele achou que os garotos estavam apaixonados e que veria seu filho sofrer como ele sofreu amando Taehyung. O castanho continua a olhar fixo em seu rosto que continua sério e ele passa a mão nos fios negros deixando alguns fios grisalhos caírem sobre sua testa. Jeongguk fica sem saber o que dizer e permanece parado ali.

− Junghyun te disse que está apaixonado pelo Kwoon?

− Não, mas ele passa o tempo todo falando nele e até me disse... – ele para pensando na conversa que teve com o filho a caminho da faculdade. Na verdade o garoto não disse nada de mais e o fato dele ter abraçado Taekwoon e seguido com ele até o dormitório masculino não quer dizer que eles estejam tendo algo a mais que uma amizade.

Jeongguk suspira e volta seu olhar para o rosto de Taehyung. Este observa as feições do moreno percebendo que Jeongguk continua com o mesmo ar de quando se conheceram. Ele era esquentadinho naquela época e agora estava igual. A boca aberta mostrando que os dentes proeminentes ainda o acompanhavam faz Taehyung sorrir. O moreno olha para ele com ar de bravo.

− Do que você está rindo? Tenho cara de idiota por acaso?

− Você não mudou em nada gguk.

Jeongguk escuta aquele apelido que era usado por Taehyung somente quando eles estavam a sós. Dentro das quatro paredes de algum motel que eles frequentaram quando se amavam Taehyung fazia questão de chamá-lo assim. Seu coração palpita e ele sente um pequeno desconforto em seu abdômen.

− Não me chame assim. Você não tem esse direito.

− Mas você era o meu gguk, lembra?

− Era, disse bem, do tempo passado. Não sou mais. Você perdeu o direito de me chamar assim.

− Perdi esse direito quando te deixei. Pode dizer eu sei que é isso que você pensa. Pensa que eu te deixei.

− Eu não penso você me deixou.

Eles se encaram por segundos tentando ver um no outro os garotos que um dia se amaram. Mas a única coisa que conseguem enxergar são dois homens machucados por causa de uma relação interrompida sem uma justificativa plausível.

Taehyung vê a mágoa dentro dos olhos de Jeongguk. Esse por sua vez vê a culpa nos olhos do outro. Ambos sentem que perderam algo muito precioso naquele dia. Taehyung não disse para Jeongguk o que ele queria ouvir, ele não lutou por seu amor, ele se quer o amou. É isso que o moreno sempre teve em sua cabeça.

Jeongguk se afasta de Taehyung indo em direção da janela da sala. Ele para ali olhando para a rua, vendo as luzes que estavam acesas nas calçadas onde milhares de pessoas deveriam estar passando. O Kim respira fundo e caminha até ele. O moreno mantém os braços cruzados na frente do peito e tenta controlar a respiração que insiste em acelerar cada vez que o outro se aproxima.

− Jeongguk eu não te deixei, eu tentei falar com você, mas nunca recebi retorno das muitas ligações que fiz. Eu queria muito te explicar tudo que estava acontecendo. Tudo que aconteceu.

− Esquece Taehyung. Isso foi num passado distante. Eu já esqueci.

Ele puxa o ar e seu coração tremula quando sente a mão de Taehyung tocar em seu ombro. Ter novamente o toque dele em seu corpo era uma coisa que Jeongguk achou que nunca mais sentiria. A raiva que ele sentia ainda estava presente e por mais vontade que ele tivesse de dar um soco na cara de Taehyung ele só conseguiu fechar os olhos.

− Por favor, olha pra mim. Eu acho que precisamos esclarecer isso.

− Me deixa em paz.

Jeongguk fala e se afasta indo um pouco mais para frente. Ele busca forças dentro de si para não olhar nos olhos do castanho e sair dali, mas parece que suas pernas não querem lhe obedecer. O medo de encarar os orbes que sempre lhe encantaram é mais forte que tudo nesse momento. Jeongguk quer muito saber por que Taehyung o deixou, ele quer ouvir da boca do outro a resposta que esperou por tantos anos para a dor que sentiu ao ser abandonado daquele jeito.

Taehyung se afasta e senta na ponta da mesa deixando uma das pernas para baixo. Ele decide falar mesmo sem ter o outro lhe olhando ou se quer ouvindo.

− Eu acho que você deve ter me achado um idiota, acho não eu sei que você achou e eu fui mesmo. Na época eu não tive escolha, não tive forças para ir contra a minha família. Meu pai soube me manipular para te deixar e eu obedeci.

Jeongguk escuta e olha para o castanho pelo vidro da janela. Aos pouco ele vira o tronco lentamente ficando de lado para Taehyung que continua a falar fitando os dedos que se esfregam um no outro. Ele parece desconfortável, talvez até mais que Jeongguk que continua ouvindo tudo calado.

− Eu ia te encontrar naquele final de semana com a intenção de te dizer o quanto eu te amava. Eu tinha tudo planejado na minha cabeça. Reservei o motel mais caro que meu dinheiro podia pagar e a suíte mais bonita com todo o luxo que você merecia. Tinha imaginado que aquele seria o final de semana mais lindo que a gente ia passar por que eu ia te pedir pra ficar comigo pra sempre. – ele respira - Isso eu tinha na minha cabeça, só na minha cabeça por que eu sabia que era nossa última vez juntos.

Ele levanta o olhar e encara Jeongguk que agora o olhava sério. Taehyung se desencosta da mesa e se aproxima do moreno.

− Eu não queria o lugar mais luxuoso.

− Eu sei, eu só queria que a gente pudesse ter a chance de passar alguns dias no luxo, nem que fosse uma única vez. Eu sonhava em fazer você feliz e achei que seria essa a maneira de te mostrar o quanto você era especial pra mim.

Meu pai descobriu que a gente estava juntos e começou a me chantagear. Ele disse que iria acabar com você e sua família se eu não terminasse tudo. Usou até meu avô para me fazer ter culpa. Infelizmente eu cedi e te magoei. Não consegui te dizer a verdade eu preferi mentir e me afastei de vez.

Jeongguk continua a olhar fixamente para os olhos de Taehyung e sente seu peito arder. Ele sofreu muito naquela noite e por alguns anos depois. Quando descobriu que o castanho estava casado ele finalmente desistiu de pensar nele e seguiu sua vida.

E que verdade era essa?

− Que eu te amava.

Jeongguk solta um arfar e deixa um riso irônico no ar. Ele sacode a cabeça e baixa os olhos vendo as mãos de Taehyung agarradas à própria calça.

− Você acha que eu acredito nisso?

− É a verdade. Eu te amava muito, não queria que nada acontecesse a você ou sua família por isso aceitei te deixar.

− Quem ama luta Taehyung. Quem ama não abandona, não deixa, não desiste, não se entrega. Seu pai não era nenhum gangster, ele não iria mandar nos matar. O máximo que poderia fazer era destruir nossa reputação no mercado de arte coisa que meu pai não o deixaria fazer. Você não ama ninguém, nunca amou. Acho que esse sentimento, amor, é desconhecido pra você.

Jeongguk fala com o tom de voz alterado. Ele controla seus sentimentos que no momento misturam-se entre a raiva que sentiu por anos à saudade que se manteve guardada em seu peito. Ele queria muito acreditar em tudo aquilo e poder se entregar aos braços do outro. Acabar com aquela sensação de vazio que preencheu seu peito por vinte anos, mas o máximo que consegue fazer é responder com alfinetadas a tudo que Taehyung lhe diz.

O castanho sente a emoção de Jeongguk ao relembrar de tudo isso. Ele também não acreditaria em si se o caso fosse ao contrário. Se ele tivesse sido deixado para trás como deixou Jeongguk provavelmente também teria a mesma reação do moreno. Quem poderia dizer que fez isso por amor, quem em sã consciência acreditaria nisso?

Ele fez e se arrependeu. A vontade de procurar Jeongguk o dominou muitas vezes nesses vinte anos sem que ele soubesse o que se passava na vida do outro. Os olhares se cruzam mais uma vez antes de Jeongguk sair da frente de Taehyung indo em direção da porta.

− Já fiquei aqui tempo demais. Meu recado está dado. Não me interessa se Taekwoon está apaixonado pelo Junghyun ou pela Hyolin, eu o quero longe dos dois. E você, por favor, esqueça que me viu aqui, esqueça que me reencontrou por que é isso que eu vou fazer. Esquecer novamente que te amo.

Taehyung está parado no mesmo lugar sentindo seu coração apertar dentro do peito como se não coubesse mais lá. Ele não resiste as últimas palavras e antes que Jeongguk tocasse a maçaneta da porta Taehyung impulsivamente o puxa e sela seus lábios.

Jeongguk sente a carne macia dos lábios de Taehyung no ósculo que se inicia. Ele o puxa pela nuca em direção a seu corpo e beija sua boca como fazia quando eram jovens e se amavam. Desde que viu Jeongguk naquele restaurante ele estava louco para sentir a boca do outro junto a sua, provar novamente seu sabor e sentir sua língua brincar com a dele.

O moreno não reage. Ele se deixa beijar pelo espanto da situação. Ele sente a boca quente de Taehyung em contato com a sua e as lembranças de momentos como aquele voltam inundando sua mente em uma fração de segundos.

O toque que sente em sua nuca, os dedos se aconchegando ali em uma caricia que o remete há anos atrás quando eles eram um do outro, quando eram dois jovens amantes faz Jeongguk fraquejar. O beijo segue em uma troca de carinho até que Jeongguk coloca a mão no peito de Taehyung o empurrando.

− Me solta. O que é isso, você está louco?

− Gguk eu também te amo, por que negar?

− E... Eu não te amo Taehyung. Sai de perto de mim.

Ele volta a se afastar e vira tentando abrir a porta. Seu coração bate rápido e sua respiração acelerada denuncia o quanto ele ficou mexido com aquilo.

− Jeongguk para com isso. Eu sei que você ainda me ama você acabou de dizer isso. Eu te amo olha pra mim.

− Eu não disse nada disso eu disse...

− Você disse “Esquecer novamente que te amo”.

− E... Eu me enganei. Eu ia dizer que um dia te amei. Você me deixa confuso, foi isso só um erro de pronuncia.

Ele erra a maçaneta mais de uma vez por estar nervoso e com raiva de si próprio por sentir vontade de abraçar e beijar Taehyung. Um soco faz barulho contra a madeira e sua testa encosta na madeira fria.

Taehyung se aproxima e coloca sua boca no ouvido de Jeongguk. O moreno sente um arrepio percorrer seu corpo com o contato do corpo do outro que passa um braço em sua cintura. Ele sussurra o quanto sentiu falta do cheiro de Jeongguk, do calor de seu corpo e de senti-lo em seus braços.

Jeongguk fecha os olhos tentando manter o resto de sanidade que ainda tem.

Taehyung respira em seu pescoço e o puxa para mais perto deixando seus corpos colados. Jeongguk respira com dificuldade, o perfume do castanho faz seus sentidos ficarem confusos e ele teme por isso. A respiração quente em seu ouvido pelo contato da boca do outro causam mais arrepios em seu corpo. Os pelos de seus braços estão eriçados, seus mamilos duros e seu membro já está ficando desperto.

Maldita saudade desse toque – ele pensa sentindo a mão de Taehyung acariciar seu corpo. Jeongguk respira fundo e vira de frente para Taehyung. Não adianta mais negar, não adianta mais fugir ele quer estar com Taehyung, quer sentir novamente a boca do outro percorrendo seu corpo e o enlouquecendo com suas mordidas e chupões que deixavam marcas na pele branca que tem.

Jeongguk envolve o pescoço de Taehyung com seus braços e o puxa para outro beijo. Um beijo afoito e cheio de saudade. Suas bocas se encaixam como antigamente e as línguas se envolvem em um beijo com muitos gemidos. Jeongguk ainda sente raiva do outro por ter ficado tantos anos longe. Ele ainda sente mágoa por ter sido deixado para trás com todos os planos que fizeram de viver uma vida juntos. Mas nesse momento a única coisa que passa em sua cabeça é que Taehyung está ali novamente e ele vai ser seu mais uma vez.

Ele fecha os olhos e se deixa envolver pelas mãos ansiosas de Taehyung que abrem os botões da camisa que usa. Os dígitos tocam seu abdômen dedilhando os poucos músculos marcados que ele ainda possui. A sensação de ter ele assim toma conta de seu corpo e quando ele sente o toque que desliza até o cós de sua calça ele abraça forte Taehyung.

Eles separam o beijo olhando saudosos um para o outro. Finalmente se fitam e Jeongguk deixa o garoto de dezessete anos transparecer ali. Ele olha para o rosto do castanho admirando cada linha de expressão que o tempo marcou. Os lábios que estão fechados se abrem assim que este passa um dedo sentindo a umidade que ficou pelos beijos que recebeu.

Eles se aproximam novamente e o beijo volta a acontecer. Jeongguk deixa de lutar contra o que sente. Suas bocas se necessitam, seus corpos pedem por mais. Taehyung tem o rosto dele entre suas mãos e acaricia sua orelha como fazia no passado. Jeongguk sente seus corpos se encostarem e as ereções que se formam encostam uma na outra por cima do tecido das calças.

Eles continuam a se beijar e Jeongguk retira a camisa de Taehyung puxando forte a ponto de arrancar alguns botões. Ele precisa sentir a pele do outro em suas mãos. Rapidamente ele tira o tecido deixando caído nas costas do outro e separa o beijo descendo seus lábios pelo pescoço e tórax de Taehyung. O castanho tenta tirar a calça de Jeongguk começando por seu cinto. Desajeitadamente ele desafivela a peça de couro preto e a retira.

Jeongguk desce pelo peito de Taehyung parando em seu mamilo e o morde de leve. Ele tem uma joia ali e Jeongguk brinca com aquilo entre seus dentes fazendo Taehyung gemer com a sensação. Um sorriso se forma nos lábios de Jeongguk que abandona o local e desce até o cós da calça social do outro. Suas mãos deslizam pela pele macia e dourada.

O corpo de Taehyung nunca fora tão musculoso quanto o seu, mas isso nunca impediu o Jeon de arrastar seus dedos pelo abdômen dele ou apertar suas coxas enquanto este lhe penetrava. Jeongguk passa as mãos ali deixando um breve suspiro de Taehyung escapar por seus lábios e volta a beijar sua boca. Eles estão ficando ofegantes e sentindo seus pênis latejar dentro das calças.

Desejo guardado por vinte anos que espera ansioso para sair e fazê-los ser novamente um do outro.

Jeongguk deixa sua outra mão brincar com o mamilo de Taehyung que estava endurecendo com o contato de seu dedo no piercing e volta a lambê-lo. O calor da língua quente do moreno faz Taehyung apertar a boca e gemer baixo. Os olhos de Jeongguk abrem e seguem até o rosto do outro que o observa. Jeongguk segue maltratando o local e vê a pele dourada ganhar um tom rubro. Ele se afasta e acaricia o peito de Taehyung novamente.

− Eu senti saudade disso – Jeongguk fala baixo esfregando seu corpo ao de Taehyung.

O castanho segura sua cintura e passa o dedo polegar no cós de sua calça indo até o zíper dela. Com a outra mão ele ergue uma das pernas do moreno até a própria cintura e aperta sua bunda mordendo de leve seu pescoço. Os dois estão abraçados e o beijo agora é faminto. As bocas voltam a se procurar em meio a muita troca de saliva e eles seguem até o sofá de dois lugares que tem no meio da sala.

O moreno não larga seu rosto e não perde a oportunidade de lhe morder o lóbulo da orelha, ele lembra bem os pontos frágeis de Taehyung. O castanho geme alto e aperta o corpo de Jeongguk aumentando o prazer de ambos com aquilo.

As calças são abertas e antes de serem retiradas Jeongguk empurra Taehyung para cima do sofá sentando em suas pernas. Ele volta a beijar intensamente a boca rosada de Taehyung que aperta seu corpo tentando o dominar. Jeongguk cavalga em cima do pênis duro do outro fazendo esse gemer debaixo de si. Eles ainda estão com os panos cobrindo seus membros e os sentem cada vez mais duros pedindo para serem libertos.

− Me deixa tirar essa roupa. – Taehyung pede entre o beijo e tem seus braços erguidos acima da cabeça pelas mãos de Jeongguk.

Lentamente ele se afasta da boca de Taehyung deixando uma mordiscada na pele já sensível e puxa a gravata que ficou presa em seu colarinho dele e a usa para amarrar os pulsos do Kim. Jeongguk se abaixa até chegar à calça que estava aberta e vê a cueca melecada de pré-gozo. Ele olha para Taehyung que o observa e por cima do tecido, sensualmente, passa sua língua deixando o local sensível mais molhado ainda. Seus dedos entram no tecido e um deles passa na glande de Taehyung fazendo esse quase gritar. Ele está imobilizado o que faz o tesão que sente só aumentar.

Ele geme alto assim que sente a mão quente de Jeongguk lhe tocar. O moreno coloca sua mão inteira ali, por dentro da cueca, de uma só vez segurando o pênis úmido o sentindo pulsar.

Sua boca chega próxima do membro de Taehyung e Jeongguk simula um selar na glande do outro. Taehyung aperta o abdômen e a boca vendo Jeongguk apertá-lo entre os dedos. Ele retira a mão e lambe os dedos sentindo o sabor ácido adocicado dali. Aquilo o excita. Jeongguk puxa a cueca de Taehyung para baixo e abocanha todo seu pênis o sugando forte. Ele mexe nos testículos de Taehyung enquanto o estimulo de sua boca aumenta a intensidade.

Taehyung está entregue aos desejos saudosos de Jeongguk. O moreno judia do falo de Taehyung que tenta soltar as mãos. O pênis é abandonado em uma sucção estalada e Jeongguk direciona o beijo para o abdômen do castanho deixando seu corpo quente subir esfregando-se ao do outro até que as bocas se encontram novamente. Jeongguk quer compartilhar o gosto de Taehyung com ele. Este está ofegante, mas agarra o rosto de Jeongguk, como consegue, segurando forte e o beija.

As bocas se necessitam tanto quanto os corpos. Eles estão com tanta saudade de sentir um ao outro que gemem sem medir as consequências daquilo.

Taehyung vira Jeongguk trocando de posição com ele e percebe sua respiração mudar. Ele beija o corpo de Jeongguk matando a saudade que sentiu das curvas do moreno. As coxas que foram muito fartas na juventude agora dão lugar a pernas musculosas sem exagero. As nádegas que ele apertava enquanto penetrava o interior do garoto ainda são macias e firmes. A calça do moreno é retirada juntamente com a cueca que ele aprendeu a usar.

Quando eles eram jovens Jeongguk quase nunca usava aquela peça de roupa.

Taehyung beija o meio das coxas de Jeongguk e vê a ereção irresistível lhe provocar. Lentamente como se fosse uma pequena tortura ele leva sua boca até ali, deixando que o pênis duro e molhado do outro fosse acolhido por ela. Jeongguk joga a cabeça para trás e morde o lábio inferior sentindo a língua de Taehyung passear por sua fenda e percorrer sua extensão.

Os olhares deles, sempre fixos um no outro, só se perdem quando os olhos se fecham pelo prazer que se proporcionam ou quando a cabeça de Taehyung está entre as pernas de Jeongguk acolhendo seu falo na boca quente que o suga devagar.

O moreno agarra os cabelos do Kim seguindo a cabeça dele que vai para frente e para trás. Ele não dita os movimentos só aproveita cada movimento sentindo o prazer daquilo invadir seu corpo e sua mente.

Taehyung sempre soube lhe dar prazer no oral.

O som de suas chupadas deixam Jeongguk cada vez mais excitado e saber que era Taehyung lhe proporcionando isso era melhor ainda.

O castanho sente que o pênis de Jeongguk pulsa diferente assim que introduz um dedo em sua entrada o estocando sutilmente então para. Ele sobe o corpo até a boca cor de pêssego que o outro sempre teve e ataca seus lábios em leves mordidas. Jeongguk abre os olhos admirando a visão do Kim sobre si e retribui o beijo sentindo seu próprio gosto. Ele deixa suas mãos passearem nas costas do castanho marcando um pouco a pele em um aperto mais forte.

Durante o beijo as mãos que brincavam nas costas dele descem até a carne da bunda de Taehyung que é firme como nos anos idos. Ele segura apertando de leve e sorri ao ver o outro lhe olhar em reprovação. Taehyung sempre foi o ativo na relação deles e isso não mudou com o tempo que ficaram longe. Jeongguk sente os músculos nas costas do outro voltando suas mãos a lateral de seu corpo e descendo até sua barriga. Ele explora todo aquele corpo que ficou longe por tantos anos. Finalmente ele retira a gravata que o prendia libertando suas mãos para que o toque melhor.

O pênis duro de Taehyung pede atenção e Jeongguk sem pestanejar volta a fazer isso. Ele sempre gostou do sabor dele e de sentir sua saliva se misturar ao liquido pré-seminal que saí dali.

Jeongguk sai da posição que está e vira ficando com seu pênis perto do rosto de Taehyung e o chupa. Ele abre a boca o máximo que consegue e o engole até que o membro do Kim toque sua garganta. Taehyung sente uma contração em seu corpo e aperta as pernas ao sentir o fundo da garganta do outro. Jeongguk engasga um pouco, mas segue ali o engolindo até que volte a aprofundar o pênis do outro em sua boca.

O oral intenso faz Taehyung gemer muito, as pernas dele fraquejam e conter o orgasmo está cada vez mais difícil. A garganta de Jeongguk é acolhedora junto com a boca molhada que o chupa forte. O Kim controla suas sensações e segura o pênis que roça em seu rosto. Ele pega o membro do Jeon e coloca na boca fazendo um 69. Eles estão com a respiração acelerada, o peito descompassado e os olhos cheios do mais puro tesão.

Taehyung olha o corpo de Jeongguk que já mostra algumas gotas de suor, separa as nádegas dele e lambe sua entrada. Jeon fecha os olhos pela inesperada atitude de Taehyung e abandona seu membro, mordendo os lábios. A sensação do beijo grego é deliciosa. O Kim invade seu interior com a língua e o explora diversas vezes terminando com algumas sugadas no local e explorando a glande do moreno com seus dedos.

Jeongguk geme como não fazia há anos.

Ele ergue seu tórax e puxa Taehyung que se encaixa entre suas pernas deixando essas em volta de sua cintura o prendendo junto a ele.

O Kim marca o corpo dele com beijos, chupões e mordidas até que Jeongguk fala baixo quase sem forças para aguentar tamanha excitação.

− Preciso te sentir por inteiro.

Ele solta suas pernas e empurra Taehyung que deita no chão. Essa noite quem comandava tudo era o Jeon, mostrando ao outro que os anos longe só o fizeram ficar com mais sede daquele corpo.

Jeongguk abocanha todo falo de Taehyung deixando a saliva que tem na boca molhar bem seu pênis, o preparando, e assim ele volta a sentar no colo dele. O castanho estremece. A boca de Jeongguk ataca os lábios de Taehyung e ele se ajeita ficando com sua entrada perto do pênis que procura por ela. Em um vai vem perfeito das línguas Jeongguk posiciona o membro de Taehyung em si e senta nele fazendo esse entrar todo dentro de seu corpo.

A camisinha que ele colocou em Taehyung, sem que esse percebesse, durante o oral ajuda a penetração e Jeongguk geme baixo ao sentir-se preenchido pelo outro. Ele aprofunda a penetração e sem parar o beijo se movimenta no colo do castanho que aperta sua cintura sentindo a carne de Jeongguk como antigamente, entre seus dedos.

Jeongguk se movimenta ditando a velocidade e a intensidade das penetrações. Taehyung se abraça ao corpo dele e sente seu interior se contrair. O Kim transpira e seus cabelos colam na testa pelo esforço que faz. Ele ergue a cabeça, fita o rosto do moreno e a joga para trás gemendo com as investidas de Jeongguk. Eles são pura saudade e sensualidade.

Mesmo para homens de sua idade, os dois se entregam como faziam quando jovens. Sem pudor, sem travas, sem impedimentos.

As mãos de Jeongguk marcam as costas de Taehyung e este aperta as nádegas do moreno enquanto o penetra diversas vezes.

O calor que seus corpos emanam fez o ambiente ficar tão quente que o ar condicionado, programado para quando a temperatura estiver muito elevada ligar sozinho, é acionado. O som de chupadas, gemidos e palavras de baixo calão que às vezes eles emitem é acompanhada pelo som do aparelho.

Taehyung muda de posição e deixa o moreno de quatro. As estocadas agora não estão mais calmas, ele aprofunda cada vez mais seu pênis no interior do Jeon fazendo os corpos se chocarem e o som deles os enlouquecer.

Gemidos e arranhões, beijos e mordidas são desferidos contra as costas, pescoço e pernas de Jeongguk. O suor deles não pinga e sim escorre mesmo com o ar ligado. O som das batidas que o corpo de Taehyung faz na parte traseira das coxas de Jeongguk é o som do mais puro prazer. As estocas firmes e as marcas vermelhas na pele branca mostram que Taehyung e Jeongguk estão de volta.

Os dois parecem os garotos de antes, aqueles mesmos que transavam por horas sem deixar de mostrar ao mundo que se pertenciam.

Eles não são mais dois jovens, mas o que sentem em nada mudou. Jeongguk ergue o corpo encostando suas costas no peito de Taehyung que o beija. Os dedos dele invadem a boca do Jeon fazendo esse os chupar. Mais algumas estocadas e Taehyung está prestes a chegar ao seu ápice. O suor que une os dois escorre pelas suas pernas e chega ao tapete abaixo deles.

− Vira pra mim.

Taehyung pede depois de beijar o ombro de Jeongguk. Ele tira o pênis de seu interior ficando de frente para o castanho e volta a sentar no membro como se o engolisse todo. Taehyung admira a face do Jeon que morde a boca puxando a pele do lábio inferior o abraçando de novo. O Kim volta a estocar o interior dele de novo.

Lentamente dessa vez ele beija pescoço, ombros e a orelha de Jeongguk enquanto esse geme em seu ouvido. O pênis do moreno está sendo roçado entre seus abdomens masturbando-o e deixando os dois molhados pelo liquido pré-seminal que sai de sua fenda cada vez mais abundante.

Eles se olham e Taehyung chega ao ápice em mais duas estocadas fundas dentro de Jeongguk gemendo de boca aberta. A voz rouca ecoa pelo escritório fazendo o Jeon sorrir.

Jeongguk sempre adorou ouvir os gemidos de Taehyung quando este chegava ao seu ápice sendo seguido logo em seguida por ele. Agora mais velho ele parece mais sensual ao fazer isso e o Jeon acompanha sua expressão de prazer.

Jeongguk já não aguentava mais se controlar. Ele também goza ao sentir o liquido do castanho preencher a camisinha em seu interior. Suas pernas tremem, seu abdômen se contai e ele deixa seu liquido os sujar. Ambos caem deitados no chão cansados, suados, exaustos, quase sem conseguir respirar. Seus peitos sobem em busca do ar que falta nos pulmões e desce expelindo o pouco que ainda tem lá.

O suor colou os fios de seus cabelos nas testas encharcadas e molhou os dois como se tivessem saído do banho naquele momento. Os pênis vermelhos pelo ato de penetrar e ser friccionado, estão doloridos. Taehyung deita de braços abertos e Jeongguk solta o corpo ficando ao lado dele.

Jeongguk respira fundo e vira olhando Taehyung que também lhe olha. A visão do Kim nu ao seu lado depois de tantos anos parece um sonho. Jeongguk sonhou muitas vezes com um reencontro. Ele achou que tudo não passava de um pesadelo até que descobriu o casamento do outro com uma mulher mais velha. Jeongguk sentiu o mundo desabar novamente naquele dia.

Olhar Taehyung ali, junto de si depois de fazer sexo causava nele uma sensação de que a juventude nunca os abandonou. Taehyung sorri e puxa o moreno para mais perto.

− E agora o que faremos?

− Não sei, eu não consegui pensar em nada ainda.

− Não quero te perder de novo.

A sala fica em silêncio e Taehyung se apoia no braço olhando no rosto do outro. A respiração deles começa a normalizar depois de alguns minutos. Jeongguk tem um braço por cima de seus olhos, ele sente uma das mãos do Kim acariciar seu corpo lembrando-o das vezes que o outro fazia isso após o sexo.

Taehyung admira o corpo do outro e acaricia o braço estendido ao seu lado com a ponta de seus dedos. Ele sentiu falta de Jeongguk assim, nu e cansado tentando fazer com que ele o amasse mais de uma vez.

− Foi um erro.

Jeongguk tira o braço de cima do rosto e olha para Taehyung. Ele está sério e repete a frase que acabou de dizer vendo a expressão de surpresa no rosto do Kim.

− Desculpe. Foi um erro...

Um mês depois.

Taehyung conversa com Taekwoon pelo celular. Ele está com saudade do filho mesmo fazendo apenas um mês que o garoto foi morar no campus que não fica tão longe assim da casa onde moram. O Kim que sempre foi muito apegado ao jovem filho sempre que tem tempo liga para saber como foi o dia na faculdade. Taekwoon conta às novidades que está vivenciando dividindo com o pai e melhor amigo as sensações de ser responsável por si próprio.

Taekwoon e Hyolin começaram a namorar com a permissão de Jeongguk dois dias após chegarem lá. O garoto recebeu o futuro sogro com orgulho em seu dormitório e mostrou a ele que suas intenções com a garota eram mais que sérias.

Jeongguk também liga para a filha quase todos os dias. Ela sempre foi muito agarrada ao pai e sente falta de seus conselhos. Ela conta a ele seus temores em relação à nova vida e o quanto está apaixonada pelo Kim mais novo. O garoto já conquistou seu pai, mas mesmo assim ela insiste em contar ao mais velho como ele a trata bem. Jeongguk aceitou o namoro deles e se tornou amigo de Taekwoon.

Infelizmente Jeonhyun não aceitou de bom grado a relação de seu pai com o pai de seu grande amigo. Para o garoto, Taekwoon o traiu não contando que seu pai amava Jeongguk. Mesmo o garoto negando saber dessa estória antes da tarde em que os mais velhos foram ao campus conversar com os três jovens e comunicar que finalmente que ficariam juntos.

Depois da noite que passaram entre uma grande discussão e o sexo saudoso eles admitiram que foi um grande erro terem se separado. Jeongguk disse que errou em não ter ido atrás do outro e exigir uma explicação convincente. Taehyung admitiu que errou por ter sido fraco, não impor a seu pai o amor que sentia por Jeongguk e ter lutado para ficar com o moreno.

Eles contaram aos filhos como se conheceram, como se apaixonaram e do por que se separaram. O erro que cometeram fez os dois sofrerem por anos e viver uma vida de mentiras. Jeongguk disse aos filhos que se casou com a mãe deles por que quis, por que ela era uma boa mulher e que a amou da maneira dele até seus últimos dias juntos. Taehyung não precisou dar muitas explicações a Taekwoon, o garoto sempre entendeu a relação de seus pais como algo de interesse comercial. As empresas de ambos eram duas potencias da indústria alimentícia e sua mãe mais velha que o Kim, então o garoto aceitou de bom coração a história deles. Taekwoon apoiou o pai. O garoto sempre teve a mente aberta as possibilidades que a vida nos apresenta.

Jeonhyun não aceitou e não perdoou a nenhum deles.

Hyolin servia de intermediária entre os dois que desde a primeira vez que se viram se deram bem. A garota entendeu o que o pai explicou e disse que o passado dele não importava e sim que ele fosse feliz agora com Taehyung, no presente. A mãe deles sempre foi bem tratada pelo Jeon que nunca a traiu e nem deixou de cuidar da esposa até que a doença a levasse. Hyolin tinha plena certeza que sua mãe não se oporia a felicidade de seu pai e esperava que com o tempo seu irmão também aceitasse a relação de Jeongguk e Taehyung.

Os mais velhos torciam por isso para que finalmente eles pudessem ter o que sempre desejaram quando eram apenas dois garotos: poder viver juntos, se amar e ter uma família feliz.

18 июля 2018 г. 2:06 0 Отчет Добавить Подписаться
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Kim Sakis Army com orgulho, Taehyung Stan por amor, TaeKooka de coração♡

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