“O que significa cativar?”
Tu me perguntastes o significado em uma tarde ensolarada, enquanto uma brisa leve movia teus cabelos, deixando teu rosto curioso ainda mais belo, iluminado pela luz solar.
Encontrávamos em minha casa, mais especificamente na mesa posta na varanda. Tu me observastes ler durante muito tempo, inquieto, até enfim quebrar o silêncio. Lembro-me como se fosse ontem de teus dedos batendo um contra os outros.
“É uma coisa muito esquecida… Significa criar laços.”
Tua expressão só ficou mais confusa, o que me levou a rir. Decidi, então, colocar meu exemplar de Pequeno Príncipe de lado na mesa amadeirada e olhar-te nos olhos, a fim de explicar-te com eficácia, conforme Antoine de Saint-Exupéry guiou-me.
Cuidadosamente explanei o termo “cativar”, dando até mesmo a nós como exemplo. Disse que não era nada para ti, pois não te cativastes ainda, apesar de meus desejos, afinal ambos precisam fazer parte disso. É claro que deixei a parte final de fora.
“Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti único no mundo…”
Teu rosto, enfim, pareceu mais esclarecido e devo dizer que até impressionado com o grande significado de uma palavra tão simples. Pude jurar ver um brilho estranho em teus olhos, algo que no dia em questão não identifiquei, porém agora compreendo.
Houve ainda uma pausa. Tu parecias pensativo, já não me olhavas mais. Tua visão estava completamente voltada ao campo em frente à casa, agitado pelo vento. Esse era o único som presente. Ainda assim, não voltei à minha leitura, permaneci firme a observa-lo por puro instinto. Não conseguiria desviar o olhar nem se desejasse.
“A gente só conhece bem as coisas que cativou.”
Tu deves estar perguntando-se o motivo de lembrar-te esse dia, o qual provavelmente tu já esquecestes há muito tempo.
De qualquer forma, eu não esqueci, pois esse foi um dos dias mais importantes dentro de todos em minha vida. Parece loucura pensar assim, não parece ser algo assim tão especial, contudo foi o dia no qual enfim me toquei do que deveria fazer.
Perdoe-me demorar tanto, sei que sou lento e talvez não te mereça por isso, mas simplesmente não posso mais viver uma vida na qual ainda não me cativastes e nem eu a ti. Simplesmente não parece certo, como se faltasse algo no mundo. Sim, faltas tu em meu mundo.
Quero conhecer-te, Myungjun, saber até mesmo o som de teus passos e diferencia-lo dos demais; conhecer cada uma de tuas peculiaridades postas no dia a dia; compartilhar de teus sonhos mais íntimos; estar ao teu lado nas mais terríveis adversidades e mais tediosas desventuras. Ser teu porto seguro.
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
E quero ser responsável por ti, lutar todos os dias por nossa relação e sei que não preciso pedir isso a você. Você é responsável por mim, pois me cativastes.
De seu cativo
Park Jinwoo
[...]
De lágrimas nos olhos, Myungjun amassou a carta contra o peito, carta esta escrita por Jinwoo, como dito pelo mesmo, seu cativo. Por mais que sentisse vontade, seguraria o choro pela emoção. “Não vou chorar, não vou”, como sempre, teimoso.
Durante muito tempo, esperou por esse momento, o que o levou a pensar que poderia estar louco e tudo ser uma grande ilusão, porém a carta em suas mãos, escrita com a letra meio tremida de Jinwoo provava o contrário. Sim, era real.
Foi por isso que deixou tudo o que estava fazendo e pegou o primeiro táxi que apareceu, sem importar-se em pagar com os poucos trocados que possuía. Em frente à casa de Jinwoo, deu o dinheiro ao motorista e correu por sua vida, batendo em seguida na porta freneticamente.
O mais novo assustou-se com o desespero da pessoa que batia e ainda mais quando a abriu e um ser pulou em seus braços, apertando-o fortemente. Um ser que conhecia bem, pois este já era seu cativo, mesmo não tendo conhecimento disso. Ainda.
— Por favor, cativa-me! — pediu Myungjun desesperadamente, porém já estava cativo há muito tempo.
Haviam se distanciado tinha anos e os tempos de amizade foram deixados para trás, no entanto o sentimento que supriam um pelo outro continuou a crescer cada vez mais. A distância só tornou tudo mais doloroso. Por isso, Jinwoo enfim mandou uma carta com tudo o que sentia, o que os levou a este momento.
E assim, deixaram-se chorar.
“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar.”
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