erincarmel Erin C

14 de fevereiro chegou a Coreia, as eleições presidenciais se aproximavam e tudo que Park Jimin queria era fugir do rigoroso inverno e, talvez, também do passado.


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#yaoi #jikook #kookmin #jimin #bts #jungkook #lemon #angst #drama #romance
Короткий рассказ
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O dia mais frio do ano

Notas iniciais: Eu não costumo utilizar esse espaço nas plataformas sem o local próprio, mas eu preciso dedicar aos amorzinhos que a tornaram possível. Primeiro ao Arthur meu amor, a ideia de fazer um especial Jikook de Dia dos Namorados foi totalmente dele. Mas também agradeço a dona da minha coleira de doses de angst Emily lindissima, é graças a ela que saiu um caldinho de limão aqui.


14 de Fevereiro, Coreia do Sul


Neve – agora a detesto com todas as forças, porque me lembro de você. Seus braços e abraços, assim como aquele chocolate quente que só você sabia fazer. As longas horas que perdíamos na cama na falha tentativa de aquecer um ao outro quando nosso aquecedor quebrou.

Sem falar de como se preocupava se eu tinha saído bem agasalhado. O pior é que você ainda faz isso, aquelas mensagens perguntando se vi a primeira neve ou se estou resfriado.

Fazem dois anos que decidi não te responder mais. Ainda mais agora com sua campanha política. Definitivamente eu não posso te deixar se aproximar mais de mim.

Nunca mais. Sem recaídas.

Porque você é Jeon JungKook, o futuro da nação e possível presidente da Coreia do Sul.

As ruas já se encontravam todas devidamente decoradas com as cores do partido de Jeon e seu concorrente. A cada cartaz, panfleto ou pronunciamento na TV eu me retraía. Até porque fui eu quem partiu e deixou JungKook sem qualquer explicação.

Na época éramos tão imaturos, enquanto ele liderava o conselho estudantil da maior universidade de Seoul, eu apenas sabia seguir seus passos.

Porque você era perfeito em tudo e eu admirava sua consciência.

Meu amor sempre fora totalmente incondicional e eu nunca faria nada que o prejudicasse, mas o inevitável aconteceu. O senhor Jeon me ameaçou inúmeras vezes, me culpou pelo que resultaria em seu fracasso.

Então, eu só pude fugir quando ele ameaçou tirar tudo que meu Kookie amava e ele não se referia a mim.

“Você vai se arrepender se o fizer escolher entre você e a carreira brilhante que o aguarda.”

Nunca me esquecerei dessas palavras e as levo como um mantra, pois JungKook está mesmo muito bem em sua carreira. Ele que sempre desejou fazer a diferença no mundo.

Nascido em berço de ouro e com a melhor educação que o dinheiro poderia comprar, ele ajudou todas as pessoas ao seu alcance, mas não era suficiente. Seu sonho era alcançar todas.

Eu o atrasaria, o destruiria, porque a Coreia ainda não estava preparada para um candidato gay. Seus sonhos deveriam vir antes de mim.

O frio cortou meus pensamentos, era difícil caminhar pelas ruas ou, talvez, era somente difícil porque eu virava o pescoço para ver sua foto a cada propaganda. Era incrível como você mudou depois de tantos anos, o ar infantil que sempre julguei um charme já não adornava seu rosto. A face sempre tão séria em discursos, nem parecia o Kookie que fazia qualquer palhaçada para me fazer rir.

Segui andando, o apartamento já estava próximo e acelerar os passos para fugir do frio pareceu certo. Mas eu tropecei e cai feio em frente a portaria.

– Senhor Park! – o porteiro correu em minha direção assustado com minha queda – Está tudo bem?

– Está sim, obrigado – levantei constrangido apoiando em seu braço.

– Um amigo seu passou aqui mais cedo, – disse quando passamos pela porta – lhe deixou um pacote.

Tratou de procurar o pacote dentre as correspondências, já eu o fitava com dúvida. Quem teria me mandando algo sem aviso? Hoseok?

– Aqui está – me entregou o embrulho elegante dourado.

Apanhei-o, era muito exuberante – algo que eu detestava. Não soube dizer imediatamente de quem era, mas aquilo só poderia ser uma piada.

Dentro do elevador notei que não havia remetente e isso só confirmava que estavam brincando comigo. Suspirei frustrado com a demora do elevador, eu amava minha casa, mas era no último andar.

Quando resolvi investir nela fiquei entre possuir um terraço para desenvolver meu trabalho ou continuar com medo de altura.

A primeira escolha era muito satisfatória, me dava a oportunidade de desfrutar de um ambiente ideal para colocar as ideias em ordem ou apenas relaxar. O medo foi vencido, o bloqueio quebrado e, enfim, meus livros publicados.

A porta abriu e eu corri para a minha, mal conseguia digitar a senha pela ansiedade que tomava minhas mãos as fazendo tremer. Joguei minhas coisas de qualquer jeito na entrada, equilibrava o embrulho dourado berrante com uma mão para com a outra retirava os coturnos pretos.

O coloquei sobre a mesa de centro da sala e o fitei do sofá.

Eu queria abrir o pacote, mas coragem eu não tinha. O encarei por longos minutos, rezando baixinho com as mãos cobrindo os olhos pedindo por ser de Hoseok – meu novo estranho amigo.

O frio que o apartamento emanava implicou em minha mente para ligar o aquecedor de uma vez, mas o elefante branco não poderia ser ignorado.

– Vamos Jimin, acabe logo com isso – eu me incentivava agora em voz alta.

Contei até 3 e respirei fundo. Rasguei aquele mal gosto dourado em forma de embrulho, revelando uma caixinha de madeira com vários elefantes brancos entalhados.

Só uma pessoa faria uma piada daquelas, uma brincadeira com a minha ansiedade de surpresas e usar a expressão tão comum no meu dia a dia.

Não sei quando começou, mas eu estava chorando silenciosamente olhando com tanto pesar para aquela caixa.

Senti sobre os dedos cada elefante entalhado com tanta delicadeza, não impedi as lágrimas, fazia muito tempo que não chorava por ele.

JungKook me fazia falta todos os dias.

Agora já não tinha receio da caixa, pois eu tinha consciência de seu remetente pelo aperto que meu coração tentava se livrar ao tentar respirar normalmente.

E eu abri.

Uma chuva de lembranças voltara e eu já soluçava diante da pequena gaita no interior da caixa.

– Você se esqueceu da gaita quando foi embora – não podia ser... ele não deveria estar ali. Ouvi seus passos se aproximarem e me mantive de costas, agradecendo por estar sentado ou teria ido ao chão. Não queria encará-lo com tantas lágrimas e as infelizes teimava em continuar saindo.

– Eu não a esqueci – engoli o choro, ele não se referia a gaita.

– Tem certeza? – ainda falava atrás de mim.

– Seria impossível esquecer – minha voz estava irreconhecível pelo recente choro.

Ouvi seus passos e por mais que quisesse impedi-lo, só deixei que se aproximasse em silêncio.

O choque foi vê-lo ali no meio da minha sala, não era o mesmo Jeon sério que ia concorrer a presidência. Mas sim, o JungKook que deixei sozinho com uma simples carta de despedida. Seu olhar refletia a dor daquele momento e eu tive certeza que ele também se lembrou do mesmo que eu.

Ele não vestia as roupas clássicas que eu via pela TV. Escolheu um simples moletom largo e preto como sempre fazia em nosso tempo juntos, assim como uma máscara para cobrir o rosto parcialmente. Nem parecia que já tinha 35 anos.

– Você está muito bonito, – eu e minha boca grande – mas como entrou aqui? – emendei.

– Além de passar pela porta? – eu só afirmei com a cabeça ignorando mais uma provocação. – Eu estou te procurando a muito tempo e você sabe disso.

Voltei a fitar a gaita em minhas mãos e ele rapidamente se agachou em minha frente.

– Jimin, eu só quero saber porquê – tomou minhas mãos e eu senti como estava gelado.

– Como entrou aqui? – o olhei muito preocupado.

– Hoseok – sorriu sem graça. – Ele é seu amigo porque eu pedi para ele-

– Como é? – não iria deixar ele explicar sem notar como eu estava indignado. – Você pagou alguém para ser meu amigo e invadir minha vida? – soltei minhas mãos da sua e levantei.

– Você sumiu – o tom de sua voz não era só de irritação, eu conhecia aquilo, ele estava exausto. – Eu só contratei alguém que não só te encontrasse como também achasse uma forma de falar com você – eu fiquei estagnado e ele sentado no tapete tomou como deixa para continuar. – Então, como ele mora aqui, eu entrei com ele.

– Mas a porta...

– Você a deixou aberta – dizia com mais calma. – E Jimin, – voltei minha atenção para ele – está muito gelado aqui.

– Ah, eu esqueci do aquecedor – corri acionar o aquecimento do piso e mal notei que ele já estava no mesmo cômodo que eu, a cozinha.

Indiquei para ele se sentar nos bancos vermelhos que ficavam na bancada.

– Não vou sair tão cedo até você me explicar tudo – ele tentou sorrir, talvez para tornar as coisas mais leves.

– Eu já notei isso, foi a mesma coisa na última vez – peguei trêmulo a chaleira e a enchi com dificuldade. – Só preciso de um café para isso.

– Mas você sempre me enrola-

– Porque nós acabamos – o cortei.

Ele suspirou com pesar e me fitou deixando bem claro como aquilo doía para ele.

– Jimin... – ele observava meus movimentos por minhas costas, mas não sabia que eu ainda chorava.

– Por que? – questionei sem conseguir olhar para si. – Nós seguimos com a vida, você já tem até sua família...

Era a verdade incontestável, o nós não poderia mais existir. Eu destruí todas as bases do relacionamento o deixando sem explicações concretas. Ele me destruiu quando se casou no ano passado e divulgou a gravidez da esposa cinco meses depois.

– Shh – senti suas mãos tocarem lentamente meus braços. – Não chore, por favor.

Virei para JungKook tentando me afastar, mas as lágrimas que se acumulavam em seus olhos me tiraram da razão.

Eu não pensei em mais nada quando quebrei a barreira invisível criada por mim, e o abracei. Sorri ao notar que não importava quantos anos se passariam, ele ainda emanaria muito calor. Ele demorou a corresponder ao abraço, talvez estivesse em choque com o fato de não o rejeitar naquele momento.

Logo eu fui apertado fortemente e senti suas lágrimas quando tentou esconder-se naquele abraço. O choro de JungKook ecoou por todo apartamento e aquilo me assustou, pois era a primeira vez que algo assim acontecia.

– JungKook... – o chamei quando os soluços pararam.

Apanhei seu rosto em minhas mãos enquanto as suas mantinham-se firmes em minha cintura. Seu medo era tão nítido, eu o vi em seus olhos, vi o medo de nunca mais voltarmos a nos ver.

Mas, também porque aquela era a última vez.

Quis confortá-lo com um sorriso sincero meu, mas era tão difícil empenhar aquele papel por anos. O papel de que estava tudo bem em não o ter por perto.

Então levantei um dos braços com a manga puxada pela mesma mão e ele prontamente entendeu que eu ia secar suas lágrimas. Ato esse que sempre fora papel de JungKook.

Os olhos negros se fecharam e meu sorriso morreu. Eu iria fazer daquela a definitiva última vez.

Eu sairia da Coreia e nunca mais o veria.

Mesmo quando fugia depois de nos encontrarmos, eu deixava pistas porque não conseguia me livrar totalmente dele. Eu nunca quis viver assim e sem ele.

Quando meu trabalho de o secar terminou, longos minutos depois o olhar intenso de JungKook voltara junto com meu automático falso sorriso.

– O que pretendia vindo até aqui? – lhe perguntei um pouco áspero.

– Eu não achei que o encontraria dessa vez – levou a destra para meu rosto o dedilhando suavemente. – Você usa muitos nomes agora.

– Foram dois anos fugidos com sucessos – respondi sem pensar.

– Então admite a fuga? – e lá estava o JungKook irônico novamente, nem parecia que tinha acabado de chorar em meus braços.

Me liberei de seus braços, o deixando estático esperando uma resposta. Ele iria me seguir e eu apenas caminhei lentamente para o quarto ligando os aquecedores pelo caminho. Contemplando meu apartamento e sua vista das janelas como se fosse a última vez que pisaria ali.

Ele me seguiu diligentemente e sem pressa. Eu o dobraria e fugiria de suas questões. Já ele, mesmo sabendo de tudo isso me corresponderia.

– Sabe que dia é hoje? – virei para ele assustado e neguei fingindo esquecer. – Dia dos Namorados.

Ele olhava para um ponto qualquer como se lembrasse de algo. Estava decepcionado com tantas coisas que eu lhe dizia ter esquecido sobre nós, mas era mentira. Lembrava que era algo que eu fazia, comemorar com ele todas as datas existentes no mundo que nos relacionassem, e o Dia dos Namorados era definitivamente uma delas.

Me joguei de costas na cama e gargalhei. Por que o destino fazia isso conosco?

– Como chegamos aqui Kookie? – o apelido fez ele me dar um de seus sorrisos largos.

– É o que me pergunto todos os dias Jiminie – se jogou ao meu lado na cama.

Permanecemos ali fitando o teto branco em um bom silêncio. Relembrei de quando bastava estar ao seu lado para me sentir seguro e ele parecia sentir o mesmo quando virei para seu lado me deparando com aquele brilho no olhar que tanto me cativava todos os dias.

– Você continua adorável, ainda mais com os cabelos loiros – normalmente eu deferia um belo tapa ao ouvir tal elogio, mas fazia tanto tempo que só continuei sorrindo para ele.

– E você está velho – formei um bico de indignação com os lábios sendo prontamente atacado por JungKook que na tentativa de se aproximar de mim, muito rápido, nos levou ao desequilíbrio e ao chão.

– Desculpa Jimin-ssi, não vi que estava tão próximo da beirada da cama – se manteve sobre mim, apoiado nos próprios braços e olhando com genuína preocupação.

– Gosto quando me chama assim – toquei sua face com uma mão. – Me sinto em casa.

Me perdi em seu rosto, algumas rugas começavam a se pronunciar – talvez pelo estresse da campanha – e eu estava tão tentado em tocá-las. Não me contive ao delinear com o indicador próximo a seu olho.

– Você está comendo direito? – perguntei enquanto tocava, agora, a extensão de sua testa em busca de outras linhas.

– Se eu disser que não, – usou seu melhor tom travesso – irá cuidar de mim?

Eu pensei em responder, até porque estava na ponta da língua, mas eu não poderia fazer isso. Não poderia enganá-lo mais e, pior, enganar a mim.

Subi minha mão tocando seu cabelo macio, e sorri sinceramente para ele.

– Quer seu presente de Dia dos Namorados? – ele me olhou confuso e retribuiu o sorriso afirmando com a cabeça.

Afaguei seus cabelos para então levar a mão até sua nuca, a posição era incomoda, mas com o outro braço apoiado no chão elevei meu corpo para alcançar meu alvo, seus lábios. Ele ficou surpreso, mas o correspondeu sem demora. Era de inicio casto e gentil, até que uma de suas mãos puxou minha nuca e minha mente ficou em branco quando aprofundou nosso contato.

Ele que nunca fora de preliminares doces já me puxava para seu colo e eu só pude entrelaçar meus braços em seu pescoço sem findar o ósculo, ou somente para não cair. Seus braços ainda continuavam ágeis e fortes, pois sem dificuldades segurou em cada um uma perna minha e manteve as mãos em minha coxa.

Afastei meus lábios dos dele para encontrar seus olhos nublados, aquilo era desejo?

Talvez eu não reconhecesse mais todas as faces de JungKook e não pude evitar uma lágrima teimosa ao constatar em como tínhamos nos afastado. Obviamente aquilo foi captado por ele que sem demora me sentou na cama.

– Tem certeza? – perguntou preocupado e eu já não sabia ao que ele se referia, apenas afirmei limpando aquela maldita lágrima que me entregou. – Você não precisa se fazer de forte.

– Eu não estou... – respirei fundo e engoli o choro que queria se iniciar. – Eu não estou me fazendo de forte por nada JungKook!

– Eu-

– Não, – me irritei e bati na cama com as mãos – você não faz ideia como foi viver todos esses anos esperando que talvez você renunciasse tudo e percebesse o que está de baixo de seu nariz.

– Jimin-

– Não, – o olhei enfurecido – você prega peças comigo toda vez que me encontra. Parece que você gosta de sofrer Jeon e me fazer sofrer em sua frente.

A frustração estampou o rosto de JungKook. Eu não o daria direito a resposta para aquilo, não mais. Sabendo que eu estava furioso se aproximou lentamente se sentando ao meu lado e ainda colocou sua mão sobre a minha.

Eu não notei quando, mas ele já tinha em mãos o celular procurando algo. Aquilo ganhou minha curiosidade e voltei toda minha atenção para ele.

– Como- fui cortando antes de voltar a deferir indignações quanto a usar o telefone comigo ali chorando.

– Jagi... – me pediu paciência com o olhar. – Eu preciso te mostrar algo e preciso que fique calmo quando ver. Na verdade eu esperava que já tivesse visto isso.

Continuou buscando pelo Google as palavras pronunciamento, Jeon e oficial. Até encontrar um vídeo com a seguinte descrição: “Após falecimento de seu pai, o ex-prefeito de Busan, Jeon JungKook deixará sua carreira política na Coreia do Sul. Ele planeja criar uma fundação em nome do pai em um país da África.”

– Eu não quero ver – me afastei bruscamente saindo de perto dele. O que significava aquilo?

– Jimin-ah – JungKook me olhou suplicando. – Por favor.

– Como seu pai faleceu? – meu coração estava acelerado e respirar estava se tornando difícil.

– Ele descobriu que tinha câncer já em estado final – olhou para o aparelho o bloqueando.

– E-eu sin-sinto muito – me olhou assustado porque eu soluçava. Jeon tinha descoberto?

– Shh – me acolheu em seus braços mais uma vez, me senti tão seguro ali que não pude evitar em liberar todas as lágrimas acumuladas por anos sem sua presença.

Levou um tempo para me acalmar e a respiração voltar ao normal, tanto que já estávamos novamente na cama deitados lado a lado. Eu não sabia por onde começar as inúmeras questões que assombrava minha mente. Prevendo meu conflito, JungKook iniciou o diálogo.

– Eu sei de tudo, – fitávamos o teto, mas imaginei que ele estaria magoado, pois a voz entregava – digo, soube de tudo no leito de morte de meu pai.

– O q-que ele te contou? – o medo me invadiu.

– Tudo Jimin, – soou cansado – absolutamente tudo.

Sentei sobre meus joelhos para olhar em seus olhos e me desesperei – ele nunca me perdoaria se não o explicasse o porquê de abandoná-lo.

– Você não lutou por mim – o olhar agora frio se manteve no forro branco para então me encarar. – Ou por nós.

– Isso não é verdade, – toquei sua mão que não recuou – eu só não queria te privar de seus sonhos...

– Jimin, – suspirou ao se sentar de frente para mim – você tem ideia de como é minha realidade?

Eu não tinha o que responder, pois de fato eu evitava qualquer coisa relacionada a sua vida e me escondia nos livros que publicava com um pseudônimo que somente ele reconheceria. Eu lhe deixei pistas, só que nunca procurei as dele. Eu me absorvi em meu sofrimento e o deixei sozinho em sua própria dor. Fitei minhas mãos que teimavam em querer tremer porque eu não conseguia mais encará-lo.

– Aquele não sou eu, – se referiu a si como candidato apontando para a TV desligada na parede – eu nunca mudei.

O olhei com receio, porém o vi sorrir com ternura. Para então segurar minhas mãos e fazer carinho nelas com seus polegares.

– Os discursos não são meus, – me olhou daquele jeito que somente ele fazia, me dando total atenção, criando nossa bolha – os planos não são meus, o dinheiro não era meu e o filho não é meu.

– Como é? – o olhei perplexo.

– Marketing, – voltou a soar cansado – meu pai queria uma imagem perfeita. Ele sabia que eu corria para você e fez o impensável com o próprio filho. Aquele filho é dele.

O silêncio incômodo se fez presente e achei melhor não dar continuidade aquilo, só por enquanto pelo menos.

– O que aconteceu com seus sonhos? – até onde eu sabia ele havia conquistado algumas coisas.

– De novo, tudo pela imagem – me deu um meio sorriso.

– O que fizeram com você Kookie? – se tudo não passava de uma mentira, seu coração deveria estar arrasado.

– Tudo que fiz foi para te encontrar, absolutamente tudo – tocou meu rosto com uma das mãos demonstrando seu carinho. – Eu precisei do dinheiro, das influências e do poder para isso. Você sabe fugir muito bem quando quer.

Eu só pude rir culpado, chorar aliviado e, ainda, sem palavras para confortá-lo.

– Agora não importa, me puxou para seu colo – porque tudo que sempre quis está aqui. Tudo o que eu sempre quis era você.

Eu que sempre tinha uma resposta para tudo não sabia o que lhe dizer, mas sabia como demonstrar todo o amor que ainda sentia por ele. Dentre lágrimas que banhavam meu rosto, eu pouco me envergonhava delas agora, diminui a mínima distância dentre nós e voltei a beijá-lo.

Ele entendia que eu era melhor em demonstrar meus sentimentos por meus atos e não demorou a corresponder. Ambos tão impulsivos um para com o outro. Ele voltou suas mãos para meu rosto o segurando com tanta delicadeza que eu só podia chorar mais.

Quebrou o ósculo quando notou mais lágrimas minhas e me olhou confuso.

– Assim até parece que estou te obrigando – e ele riu me fazendo dar um belo tapa em sua coxa.

– JungKook!

– Me desculpa Jimin-ssi – voltou a me puxar com mãos possessivas em minha cintura. – Tira isso para mim, sim?

Foi como um click e o ambiente todo ficou quente quando sua voz se aveludou para me seduzir. Ele sabia como me atingir.

Me afastei o mínimo que seus braços permitiam e segurei a barra da camisa sem quebrar seu olhar devorador. Era assim que eu me sentia em seus braços, uma presa a ser devorada. A puxei lentamente, na tentativa de seduzi-lo também e acabei preso por esquecer de abrir os botões.

Eu não o via, mas ouvi a sua bendita gargalhada.

– Não fique bravo – correu me ajudar a tirar aquilo e sem dificuldade alguma, ele conseguiu. – Agora deixe tudo comigo, certo?

Talvez eu estivesse um pouco nervoso, mentira, eu estava apavorado. Faziam dois anos que não fazíamos aquilo. Que eu não fazia. Estranhamente eu só me atraía a ele, simplesmente era assim.

Me empurrou até o centro da cama e sentou-se sobre minhas coxas. Apenas observei atentamente ele retirar o moletom com rapidez. Seu físico não mudara também, pois os músculos que ele tanto zelava em manter estavam todos intactos ali. Por reflexo eu quis tocar e tentei me aproximar.

– Ainda não – me repreendeu e voltei a deitar resmungando. – Esse vai ser seu castigo, por hoje.

Abriu o cinto que prendia minha calça, assim como o botão da mesma, porém, fazia tudo lentamente. Se o objetivo dele era me torturar, estava conseguindo. Meu olhar de frustração era devolvido com seu típico sorriso malicioso.

Mas nem ele previu quando tentou puxar a calça e a mesma não saiu com facilidade, eu tinha engordado.

– Eu perdi a prática ou você só usa cada vez mais calças menores? – não tive coragem de responder. Colocou minhas pernas sobre seu ombro direito para facilitar a saída da mesma e eu só me escondia em minhas próprias mãos.

O movimento foi lento devido ao tamanho que minhas pernas se encontravam e mal tinha coragem de olhar para ele mesmo depois de ter sucesso na árdua tarefa.

– Jimin-ssi – me chamou da beirada da cama segurando meus tornozelos, um em cada mão. – Eu não estava reclamando.

O olhei com receio ainda com as mãos cobrindo o rosto, mas abrindo os dedos aos poucos.

– Eu amo todos os pedacinhos que te compõem e posso provar – ele aceitou o desafio sem que alguém o tivesse imposto.

Ainda me segurando afastou um pouco minhas pernas para então dar atenção a panturrilha direita e iniciar um rastro de selares da canela até o joelho, onde o segurou com firmeza para me obrigar a dobrar a perna. Repetiu o mesmo ato com a outra e por alguma razão eu me contive mordendo violentamente os lábios.

O calor apenas aumentou e por um momento me arrependi de ligar todos os aquecedores da casa, pois lá estava Jeon com seu olhar de predador com o rosto colado a minha coxa. Não tive tempo de pensar quando ele levou os lábios a ela e sugou. Levei ambas as mãos a sua cabeça por reflexo.

Os gemidos que eu tanto contive saíram vergonhosamente agudos após as fisgadas que meu membro sentia enquanto Jeon maltratava minha coxa.

– Já está assim? – brincou quando colocou a mão livre sobre meu pênis e eu arfei sem conseguiu responder.

Ele ficou absorto em meu rosto que gritava inconscientemente para que não me torturasse, pois fala eu não tinha.

– Você não mudou nada – subiu o rosto ignorando o volume marcado pela boxer que eu usava. – Continua perfeitamente lindo.

Seus elogios falados tão próximos da minha região necessitada só pioravam minha situação. E ele estava adorando me torturar. A certeza me veio quando ameaçou em depositar um beijo, mesmo que por cima do tecido, mas parou.

Ele sorria por ter o controle sobre meus gemidos e por ser o único causador do estado deplorável em que eu me encontrava naquele instante.

Subiu o rosto sem desviar o olhar do meu e deixou selos melados, chupões e mordidas desde a borda da boxer até minha clavícula. Ali era seu lugar preferido, pois sempre a marcava e eu só conseguia gemer ora segurando seus cabelos, ora os arrancando levemente.

Se afastou para meu observar – o estrago que tinha causado em mim. Diante de sua expressão carregada de desejo eu mordi novamente os lábios, era um simples reflexo que ligava JungKook automaticamente.

Ele atacou meus lábios mordendo o inferior antes de enfiar sua língua e sugar a minha, gemi em sua boca quando senti a mão esquerda entrar na boxer e me liberar do aperto que incomodava.

A massagem que sua mão realizava em meu pênis me fez gemer mais alto e ele ficou muito contente. Não se dando por satisfeito tirou a atenção de minha boca e maltratou meu pescoço com seus selares e, finalmente, atingira meu ponto fraco – o lóbulo esquerdo.

As sugadas de sua boca sincronizavam com o vai e vem da mão que ainda me masturbava. Eu tive plena consciência que não iria aguentar por muito tempo. Sem avisá-lo o orgasmo me atingiu e desmanchei em suas mãos.

Ele se afastou para retirar a própria calça enquanto eu tentava normalizar a respiração. E como se lesse a minha mente ele propôs nossa diversão favorita.

– O que acha de um banho para revitalizar? – e eu estendi os braços para ser carregado.

– Me carregue – pedi manhoso com um bico nos lábios.

Meus braços voltaram a seu pescoço, assim como minhas pernas que se prenderam em seu abdômen e aos beijos seguimos para o banheiro.

[...]

Acordei com a claridade do dia invadindo o quarto e, surpreendentemente, você ainda estava ali. Assim como eu mesmo e só pude sorrir.

Estar deitado sobre seu peito que batia um ritmo delicioso de se ouvir fez meu coração se aquecer. Me voltei para você, eu precisava observar durante seu sono. Precisava me certificar que era mesmo você ali.

Você não fora nada casto no banheiro e eu poderia levar horas para me recuperar, mas ainda assim...

– Eu te amo JungKook-ssi – disse a você baixinho para não acordar. O você que agora era o meu Jeon JungKook, o meu Kookie que sempre amei.

3 июня 2018 г. 5:26 1 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

Erin C Comecei a escrever por conta dos sentimentos ruins que tenho em mim, mas aos poucos comecei a escrever sobre os bons também. Então tem muito drama aqui, ele vem com facilidade. Mas tenho um pé no fluffy com umas pimentas 🌚 Porque a vida é puramente uma peça de teatro bem trágica 💜

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Donde no dijiera FIN yo estaría reclamando más capítulos ya que esto esta muy bueno .
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