zephirat Andre Tornado

A mais nova senadora a assumir o cargo no Senado Galáctico tem muitos sonhos. É ambiciosa, combatente, rebelde… em todos os sentidos. E vai tornar-se numa lenda – uma voz a ser escutada, uma líder que vai inspirar outros a seguirem o caminho do inconformismo. No seu primeiro dia enquanto senadora as surpresas serão muitas, serão especiais. Mas Leia Organa nunca se desviará dos seus objetivos.


Фанфикшн Кино 21+. © Star Wars não me pertence. História escrita de fã para fã.

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I - Senadora


- Estás nervosa?


A mão ajeitava o penteado elaborado. Um exemplo de vaidade que ela deplorava, mas não tivera argumentos para rebater a imposição das tias, as mulheres que a criaram e que orientaram a sua educação. Aquela ocasião obrigava àquele toucado capilar e elas exigiram vê-la depois de arranjada, para saber se estava a cumprir com os seus ditames. Uma curta transmissão, pois dissera-lhes que estava ocupada e as tias tinham ficado satisfeitas com o que viram. Até emocionadas… As suas famosas tias e ela sorriu. Não se importou com o sorriso, era uma demonstração de felicidade genuína.


Fora sempre chegada à sua mãe, mas enquanto a rainha usufruía da sua companhia num sentido mais ligeiro e menos exigente, em cerimónias oficiais e momentos descontraídos dentro do protocolo estabelecido, as lições morosas, frustrantes e repetitivas sobre bom comportamento e decoro cabiam às tias, um conselho oficioso de três mulheres rígidas mas incrivelmente amáveis que iam com ela para todo o lado, lembrando-a, aborrecendo-a, esticando os limites da sua paciência desde que se lembrava que era gente. Mas ensinaram-na a ser uma princesa com toda a rebeldia que lhe corria no sangue! Ali estava o resultado. Estava pronta e bela.


Sorria e olhou para o pai.


- Estás nervosa?


- Não, não propriamente – respondeu e embora tivesse soado ligeiramente desagradável e pedante, estava a ser sincera.


O senador Bail Organa que a acompanhava olhou-a de esguelha. Ele sim, estaria nervoso, pois tinha a expressão severa, o rosto petrificado como se esculpido a cinzel numa pedra antiga. Ela deixou imediatamente de sorrir, por achar que parecia uma jovial adolescente que ganhava um presente desejado sem utilidade prática. Não era o caso. Aquilo era bastante sério.


Acabava de ser eleita a mais jovem senadora do Senado Galáctico. Os conselhos rigorosos das tias encheram-lhe os ouvidos de que devia mostrar-se digna de tal honra. Havia olhares duros voltados para ela e um certo remorso implícito. Vinha ocupar o lugar que coubera ao pai, Bail Organa, que desempenhara o cargo de forma irrepreensível. Não vinha passear-se ou pavonear-se. Não vinha substituir alguém desconhecido e mostrar ser melhor. Ela estava ali com um propósito, havia uma causa suprema a defender e havia uma lembrança a preservar.


O palácio grandioso que albergava a imensa sala onde se reunia tão ilustre corpo político fervilhava de atividade naquele dia em que os novos senadores iriam tomar posse. Não apenas devido à sessão plenária que tinha sido agendada, que contaria com a totalidade dos senadores, não apenas porque existia essa cerimónia administrativa de formalização do lugar, mas também e principalmente por causa da receção organizada a esses membros mais recentes do Senado em que o Imperador estaria presente, como sinal de cortesia. Pai e filha, o senador cessante e o senador eleito, cruzavam as galerias animadas, ignorando o burburinho em seu redor. Ocasionalmente, inclinavam a cabeça num cumprimento polido a quem passava e que os congratulava. Essa distração não diminuía a proximidade entre os dois, a cumplicidade surda que os ligava naquela passagem de testemunho.


Discretamente, Leia Organa tocou no braço do pai.


- Eu estou bem. Se não tivesse a certeza do que iria enfrentar, a partir do momento em que entro na magna câmara do Senado Galáctico, nem sequer teria concorrido. Não estou nervosa, porque não tenho dúvidas do que quero alcançar enquanto senadora, não receio as dificuldades e as armadilhas, não irei recuar perante ameaças e conheço bastante bem o papel de Alderaan na galáxia nestes tempos… especiais. Quero dar o meu contributo e acredito que me encontro à altura do desafio.


Então, Bail Organa permitiu-se entreabrir a comissura dos lábios quase como num discreto sorriso.


- Bonitas palavras. Fazem parte do teu discurso inaugural?


- Em parte, sim – replicou Leia, impaciente. – Julgo-me inteligente e saberei dizer as coisas certas nos momentos certos. Não irei fazer discursos vazios e com aquilo que os outros esperam ouvir.


- Vais ser uma combatente.


- Eu sou uma combatente – afirmou ela, acentuando as palavras que fluíram precisas para o ar.


- Eu sei, princesinha. Terei muito orgulho em ti e tenho a certeza de que serás uma excelente senadora em representação de Alderaan. Não irão sentir saudades minhas.


- Pai! Por favor… – E Leia baixou a voz, incomodada. – Não me chames princesinha… aqui.


O peito de Bail inflou-se com o ar que respirou. Tinha as mãos postas atrás das costas e pareceu ganhar altura ao estirar-se daquele modo, queixo erguido, régio como só o Primeiro Presidente de Alderaan podia ser. Um rei, em toda a sua benevolente amplitude.


- Tens razão, senadora. Impõe-se uma certa contenção.


- Obrigada.


Mais cumprimentos. Os passos levavam-nos até ao salão nobre onde iria decorrer a receção. Leia caminhava com mais segurança, experimentando a opressão da responsabilidade nos ossos que lhe potenciava a adrenalina para se sentir mais firme e alerta. Funcionava como a panaceia certa para afastar o nervosismo, em vez de a influenciar negativamente. Desde jovem que ela se habituara a lugares majestosos, assustadores, esmagadores. Desde pequena que conviveu com a grandiosidade excessiva, o luxo, a apresentação exagerada do estatuto. Estava preparada para o encontro que estaria a melindrar mais de metade dos seus colegas, que estaria a despertar a mais abjeta necessidade de submissão noutros, a reverência falsa num pequeno punhado.


A sua intenção, e não contara ao pai que o pretendia fazer, um segredo que guardara ciosamente pois não queria escutar-lhe o sermão esperado, que ele haveria de a repreender chocado com aquela ideia tresloucada, era de se dirigir a Palpatine com uma certa rudeza, daquela forma tão abrupta e veemente que deixaria as suas tias varadas de espanto e que até provocaria um ou outro desmaio naquelas mais sensíveis a essas questões. Não se tratava de um simples caso de provocação gratuita. Ela estava firmemente convicta das suas razões e de que a sua luta pela liberdade começava com aquele primeiro momento de indignação juvenil.


Entrou no salão nobre ao lado do pai. Bail Organa sussurrou-lhe que ele faria as honras. Aliás, a sua presença naquele dia destinava-se precisamente a apresentá-la formalmente ao Senado. Era a tradição, explicara assertivo com receio de que ela desaprovasse a sua presença, no sentido de classificar o gesto como possuindo um certo paternalismo, pois ela era contestatária por natureza e apreciaria, seguramente, entrar em Coruscant totalmente emancipada, ainda que fosse em todo o seu brilho uma senadora tão maravilhosamente jovem. Porém, não o podia fazer pois significaria desrespeito para com o protocolo vigente, que vinha, fora o derradeiro argumento que encerraria a exposição e que eliminaria qualquer possibilidade de réplica, que vinha, dissera solene Bail Organa, dos tempos da República. E os de Alderaan respeitavam os princípios republicanos. Os olhos de Leia brilharam com esta frase que finalizou o apontamento do pai.


Num pódio mais elevado, situado no centro do salão, que resplandecia em negros e luzes escuras, uns laivos de vermelho que lembravam gotas de sangue recriadas eletronicamente em clarões, estava uma figura encapuzada, marreca, desagradável. Uma procissão de homens e de criaturas diversas, aos pares, apresentavam-se diante da figura que estendia a mão molemente, dedos esguios e pálidos, como de um cadáver vivente. Não se vislumbrava mais nada a não ser o contorno do vulto velado e a mão que ele oferecia aos súbditos que ele desejava agraciar com a sua bênção. Aquele era o Imperador e Leia teve um ligeiro sobressalto. Um vómito azedo subiu-lhe pelo esófago e ela torceu a boca.


Os pares eram constituídos pelos senadores, os cessantes e os recentemente eleitos. Cumpriam o mesmo ritual que ela estava prestes a fazer, o de se apresentar formalmente perante o líder máximo do governo da galáxia que era gerida, naqueles tempos sombrios, através de um Império Galáctico que garantia a estabilidade, a prosperidade e a liberdade – assim rezava a propaganda oficial. Esse líder máximo era o Imperador e Leia conhecia a personagem desde tenra idade, pois que o seu pai, Bail Organa, sempre fora um político e sempre mencionara o nome do Imperador durante as reuniões de família, as formais e as informais. Era alguém omnipresente na sua vida, na sua jovem e impante vida, cogitou Leia incomodada, mas só naquele instante se apercebeu que nunca tinha estado frente a frente com ele, com Palpatine, que também fora um senador, no tempo da Velha República, que alcançara o cargo elevado de Chanceler e que degenerara num ser corrupto pelo poder supremo, tendo prosseguido aos comandos da galáxia, ordenando, mandando, impondo-se como Imperador Palpatine.


A mão quente de Bail Organa agarrou na sua esquerdina e Leia estremeceu. Olhou para o pai que estava ao seu lado, ombro com ombro, e que a fixava com uma expressão austera. Murmurou-lhe:


- Deves apresentar-te sempre do meu lado direito e nunca me deves largar o braço. Serei sempre eu a falar primeiro e serei eu que responderei ao que quer que o Imperador te venha a perguntar. Nunca te dirijas a ele, apenas faz as mesuras obrigatórias e estará terminado.


Enquanto falava, colocou a mão dela na curva do seu cotovelo e Leia compreendeu por que motivo o pai lhe dizia que não lhe devia largar o braço. Ela era mulher e era elegante ser introduzida como o par do senador consorte. Reparou, num rápido relance, que as outras criaturas femininas, quer fossem humanoides ou não, também tinham as mãos esquerdas pousadas nos braços dos seus acompanhantes. Sentiu-se mais segura ao acatar aquela imposição. A sua educação esmerada comunicava-lhe inconscientemente que não devia ter comportamentos que ofendessem os preceitos do lugar visitado, mantendo a sua identidade. Não iria também rebater as palavras do pai, mas começava a sentir-se desconfortável – não sabia precisar de onde provinha o mal-estar – e com a necessidade de se apoiar numa qualquer certeza, mesmo que estas viessem corroboradas por uma observação direta do que observava. Por outras palavras, percebia uma certa segurança na imitação do que os outros faziam, na confirmação de que o indicado pelo pai estava correto.


No caso dos pares de senadores masculinos, estes apresentavam-se hirtos e enfáticos, o novo senador caminhava um passo mais adiante do que o antigo. No caso dos pares de senadores femininos, estas apresentavam-se vaporosas e majestosas, com a nova senadora a caminhar um passo à frente da antiga como acontecia com os homens. A maioria dos pares, contudo, eram mistos, masculino e feminino, com as mulheres a serem conduzidas airosamente até ao pódio.


Leia e o pai colocaram-se na fila que se dirigia ao Imperador. A sua indisposição aumentou. A azia corroía-lhe o estômago e uma tontura pesava-lhe na cabeça, ao ponto de ela firmar o pescoço para evitar que este oscilasse como se as vértebras não fossem suficientemente fortes para aguentar o crânio. Os joelhos perderam a solidez, inexplicavelmente, à medida que avançava para o pódio que ficava perto, cada vez mais perto. Leia tentou normalizar a respiração, estava a hiperventilar. Bail percebeu a sua inquietude e pousou a mão sobre os dedos dela, apertou-os ligeiramente a incutir-lhe calma. Leia fechou a boca, respirou pelo nariz.


A causa de tudo… era ele. Leia percebeu que era Palpatine que lhe transmitia aquelas sensações geladas de açoitamento, de acossamento, de alguma coisa a rasgar-se no seu interior e que fuçava sem piedade à procura do que fosse quente e vivo para despedaçar. Era Palpatine que estendia uma aura de maldade tão omnipotente que tudo engolia em redor, ao ponto de arrefecer, de magoar.


Chegaram. Alcançaram o magno líder. Estacionaram diante dele, no degrau imediatamente anterior ao soalho liso e negro onde o Imperador se postava. Não podiam partilhar o mesmo nível. Fariam a introdução, haveria a aceitação, a troca de cumprimentos, mas sempre num degrau abaixo, a olhar para cima, em jeito de veneração implícita.


Palpatine continuava a ser uma mancha escura, só se via o manto, o capuz, as dobras da grossa peça de vestuário que tudo cobria. Menos a mão, a direita, dedos a espreitar de uma manga como um animal esguio, peçonhento, de sangue-frio e pálido igual a um lagarto albino. A outra mão, que seria idêntica, guardava-se algures dentro de uma outra prega, num bolso do manto. O corpo curvado obrigava ao arrepio da obediência incontestada, ainda que fosse um ser marcado pelas deformidades, pela frieza, pelo Mal.


Bail Organa apresentou-a. Utilizou a fórmula tradicional, mencionando os títulos devidos, os de Coruscant e os de Alderaan, sublinhando a superioridade imperial que se sobrepunha a tudo o resto na galáxia. Uma menção ao Senado Galáctico, outra referência à óbvia passagem de testemunho.


Leia estava siderada com a sua própria inação. Estava perplexa com o seu próprio estado de puro pavor. Tinha medo, estava assustada, não conseguia reagir a Palpatine. A sua mente embotara-se e vazara. Nem um único pensamento, nem uma única ideia. Um marasmo, uma desolação. Sabia que queria protestar, que queria ser diferente dos novos senadores que estavam a ser apresentados naquele dia. Desejava causar uma primeira impressão inesquecível que fizesse Palpatine corar, ficar furioso, indignar-se. Uma provocação inaceitável que ficaria gravada para sempre na memória dele, aquela era a senadora rebelde de Alderaan, aquela era uma inimiga. Mas nada conseguiu Leia dizer. Ela estava muda e reverente, a seguir a tradição sem impor o seu cunho pessoal naquele prólogo da sua vida política. Era lamentável…


O capuz moveu-se uma nesga e entre a luminosidade parda do seu interior ela divisou um queixo enrugado, uma boca frouxa, de cantos descaídos. O susto deixou-a estática ao perceber que o homem tentou mostrar um sorriso, algo prazenteiro capaz de cortar a tensão. Ficou apenas pela tentativa. Surgiu a voz arranhada, num cacarejo que imitou alegria. Observou num tom jocoso e desprezível:


- Será muito agradável ter uma carinha bonita no Senado.


Era isso o que ela representava para Palpatine – um objeto belo, jovem, um símbolo de renovação que o era somente pela capa externa. A aparência, oca como um fruto podre. Viu-se a si própria a inclinar a cabeça, a aceitar o elogio. O pai agradeceu as palavras noutra vénia subserviente. Tudo demasiado doce, demasiado perigoso.


Recuaram um passo e tendo o cuidado para apenas darem as costas quando o Imperador se voltava para o par seguinte de senadores, Bail e Leia desceram do pódio e foram para junto dos demais senadores que se juntavam numa pequena multidão obediente e calada, num espaço lateral do salão. Todos deveriam aguardar aí e só podiam sair do local depois de todos os senadores apresentados, depois de o Imperador fazer um discurso final e também ele deixar o salão, momento em que a cerimónia se daria por finda. Seguir-se-ia o momento administrativo e necessário da tomada de posse e do registo no livro eletrónico de entradas, atribuição de um número de código, palavras-passe, holopads com documentação variada, um gabinete, androides, duas ou três assistentes pessoais, uma agenda com diversos compromissos obrigatórios e convites para festas, onde se misturaria lazer e negócios.


Leia tremia. A sua mão destra tremia descontrolada. Fechou-a e escondeu-a na saia do vestido. Não queria admitir aquela fraqueza, a sua capitulação perante Palpatine. O homem era um monstro e conseguira afetá-la de um modo incompreensível. A maldade, o frio, a desumanidade. Um monstro, era a melhor classificação.


Valeu-lhe o pai, Bail Organa, que talvez pressentindo o seu incómodo, a sua raiva e a sua impotência, não a largou e mantinha-a cingida a si, prendendo-lhe com a sua, a mão esquerda que pousava no braço paterno, juntos, sempre juntos, transmitia-lhe o calor e o sossego que Palpatine lhe tinha roubado tão abruptamente.

4 мая 2018 г. 18:28 2 Отчет Добавить Подписаться
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Lyse Darcy Lyse Darcy
Essa narrativa é belíssima Me deu um outro olhar sobre a Princesa Léia Tua Escrita é formidável Beijos!

  • Andre Tornado Andre Tornado
    Oi Lyse! Muito obrigado pelas tuas palavras! Gosto também de te ver por aqui. Beijo! September 26, 2018, 13:57
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