Nas alturas
Por: Almir Ribeiro de Almeida
Pensa Marcos, de pé na mureta de uns dos edifícios do centro de São Paulo.
Reparando como tudo era minúsculo daquele ponto de vista.
Minúsculo, frágil, inútil, feio...do jeito que aqueles malditos faziam ele se sentir com suas piadinhas que nunca acabavam, seus olhares de nojo e desafios idiotas de provação.
“Mas como? “
“Pular de cabeça?”
“Um passo para frente rumo ao além?”
A dúvida sua maior inimiga ataca de novo, nem nessa hora Marcos deixa sua maldita indecisão de lado.
De costa?... De frente?... Olhos abertos?... fechados?...vamos para com isso e descer!... Não, continue!!!
Coloca a mão na cabeça meio zonzo , fecha os olhos e respira fundo buscando se controlar.
Marcos quase caí para trás, surpreso com a figura encostada na mureta.
Era um homem negro não muito alto de moletom largo preto com capuz e calça jeans, bebia uma long neck de cerveja e olhando para um pequeno pássaro verde.
Marcos berrou de raiva, algo fora da sua natureza.
O pássaro pia algumas vezes para o homem e sai voando. O homem o acompanhou com olhos até ele sumir de vista.
Da uma golada.
O homem vira para Marcos com um sorriso sarcástico.
Marcos senta na mureta e pega a bebida.
Dá uma golada, não parecia cerveja ou qualquer coisa não era doce nem amarga, mas tinha um gosto único perto do final
Porque estava preocupando com isso ele vai se matar mesmo.
O homem parece meio avoado olhando para o nada.
A voz de Marcos era um misto de surpresa e raiva.
Ele fica de pé na mureta novamente, olha para baixo, para as pessoas como pequenas formigas. Sente suas pernas tremendo e seu corpo travado.
O homem olha para Marcos e dá de ombros.
O homem olha para os lados e para cima como quem procura por alguém, sua expressão muda levemente.
Marcos se assusta e quase cai com o grito, se equilibra com esforço e se agacha cravando as unhas na mureta, os olhos esbugalhados, coração acelerado.
Saiu totalmente de seu normal pela primeira vez na vida, pela primeira vez Marcos foi ele mesmo. O homem vendo Marcos igual a um animal irritado gritando, ri de leve tanto mais uma golada fazendo sinal para que ele espere e se acalme.
Estranhamente a raiva de Marcos diminuía conforme aquele homem gesticulava, sua reação foi sentar no chão de costas com a mureta e olhar curioso, o homem caminhava na direção dele.
A voz calma do homem era quase hipnotizante. Marcos olha para cima mas não consegui ver com nitidez o rosto por debaixo do capuz só os olhos totalmente brancos quase luminescente.
O terror começa a tomar conta de seu ser, a boca se abre para um grito mas nada sai.
Correr…
Se jogar…
Ir pra cima…
Você é louco…
O que ele é?...
É a culpa da bebida ou minha mente já era?... A cabeça zonza novamente.
- Maldita nem numa hora como essa, isso para! - Marcos pensa.
Sua reação foi se encolher contra a mureta e fechar os olhos, ficou assim por alguns segundos ou será que foram horas, ele não sabia mas o medo do desconhecido causa isso.
Quando criou coragem e abriu os olhos viu o brilho da garrafa na frente de seu rosto, o homem a balançou de leve.
O sorriso branco daquele homem era tranquilizador e assustador ao mesmo tempo.
A mão de Marcos tremia, indo na direção da garrafa e continuou tremendo quando a pegou.
O líquido dessa vez parecia mais amargo, denso e até embriagante, sua vontade era cuspir aquela coisa mas o medo o fez engolir e como se a bebida o desse coragem se levantando.
Sem perceber ele deu mais uma golada na garrafa, desta vez o líquido era mais leve e doce. Marcos se espanta por um segundo ao sentir o sabor, enquanto observa aquela figura de capuz à sua frente.
O homem coloca a long neck em cima da mureta.
Marcos agora não consegui ver os sinistros olhos brancos por causa do capuz, o que não diminuía a tensão que aquele homem causava enquanto se afastava em direção a escadaria.
Marcos viu aquela figura sumir nas trevas antes mesmo de atravessar a porta de saída, se voltou na direção da garrafa.
A voz chega como sussurro no pé do ouvido de Marcos, que virá de uma vez quase caindo do alto do prédio se vendo ainda de pé na mureta. Ofegante e assustado ele desce olhando em volta, não havia ninguém ali.
Alguns metros em cima da mureta ele percebeu uma garrafa long neck ainda meio fosca de gelada, Marcos respira fundo e caminha até ela.
Ele fala com toda a confiança para si próprio, mas no fundo de sua mente uma voz quase desaparecendo o responde.
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