Os olhos de Elis abriam lentamente, incomodados pelos raios de sol, seu corpo acordava aos poucos, começando mais um dia cheio. Ele levanta de sua cama preguiçosamente, já sentindo o doce aroma do chá de Bertha, sua avó, vindo do andar de baixo. O garoto desceu as escadas correndo, dando de cara com a senhora.
— Oh bom dia, meu querido. Vejo que acordou animado hoje. — Ela sorri docemente e entrega uma xícara para o garoto.
— Obrigada vovó. — Elis sentou-se à mesa comendo apressadamente.
— Tenha calma meu pequeno gafanhoto, pra que tanta pressa?
— Quero terminar o serviço rápido vovó, assim eu e o vovô poderemos sair sem preocupações à tarde.
— Ah sim, claro meu anjo.
Após comer Elis voou para fora de casa e foi direto para o estábulo, deu de comer para os animais e levou as vacas para o pasto. Depois foi até a pequena horta e regou as plantas, colhendo alguns frutos para preparar no almoço. Quando retornou para casa carregava uma cesta com verduras e alguns ovos, entregou para sua avó, e foi se banhar.
À tarde, Elis ajudou Bernard, seu avô, a carregar a carroça e a arrumar os cavalos, eles não demoraram para partir rumo a pequena vila que havia perto de sua fazenda.
— Elis, meu querido, hoje preciso conversar com o comerciante um pouco, sinta-se livre para andar pela cidade hoje tudo bem? Não precisarei de ajuda.
— Está bem vovô, não vou longe e voltarei rápido, prometo.
— E Elis, tome cuidado, ouvi dizer que surgiram alguns caras violentos aqui ultimamente.
— Não se preocupe vovô, eu sei me defender bem. — Elis sorri para seu avô, que o olha com preocupação.
— Mesmo assim, tome cuidado querido. Aqui, pegue algumas moedas, se achar algo de que goste pode comprar. — O senhor estende algumas moedas de prata para Elis.
— Está bem vovô, obrigado — Assim que chegaram, Elis saiu imediatamente da carroça e se pôs a explorar as ruas do lugar, passou por diversas barraquinhas de venda e lojas, ele parou em uma delas e comprou um livro de um autor que gostava muito, o qual planejava ler o mais rápido possível. No centro da vila Elis avistou uma pequena praça, ele sentou-se em um banco de madeira observando o movimento e logo iniciou sua leitura.
Depois de um tempo uma mulher sentou-se ao lado de Elis, ela parecia um pouco mais velha que ele, tinha belos olhos escuros, seu cabelo era cacheado e sua pele tinha um tom de caramelo que brilhava sob o sol, a garota olha para Elis que desvia o olhar timidamente.
— Este é um bom livro. — A garota misteriosa se pronuncia, surpreendendo um pouco Elis.
— A-Ah, sim, me parece uma boa obra, e já li outros livros deste autor antes, ele tem uma escrita impecável sem dúvidas. — Elis fala nervosamente, atropelando as palavras.
— Oh, sinto muito se te assustei, também gosto desse livro, fico feliz que se interesse por essa escrita. — A garota sorri.
— Oh não se preocupe haha, só estava distraído senhorita…?
— Me chamo Alexi, é um prazer conhecê-lo…?
— Pode me chamar de Elis. — Ele abre um sorriso tímido, corando um pouco.
— Elis — Alexi encara o garoto com um pequeno sorriso correndo entre seus lábios, fazendo ele corar ainda mais.
Elis sente um silêncio constrangedor pairar sobre eles, então tentou puxar assunto com a desconhecida, ainda que de forma desajeitada, afinal, não tinha que conversar com estranhos frequentemente por ver apenas seus avós no dia a dia.
— Então… Você é daqui? — Ele balbucia, mexendo as mãos nervosamente.
— Moro aqui faz apenas algumas semanas, sou de uma vila ao norte. Nunca havia te visto por aqui antes, é um morador novo?
— Oh não não, sou do interior, moro em uma fazenda lá, então vim para cá apenas para trocar o que produzimos — Ele sorri.
Elis e a garota nova continuam a conversa por longos minutos, aos poucos Elis começou a se sentir mais confortável com ela, e se distraiu com o bate-papo.
— Oh não, havia dito para o vovô que voltaria rápido, espero não ter deixado ele esperando, preciso ir Alexi, espero que possamos nos encontrar numa próxima vez — Ele se levanta rapidamente, indicando que ia embora.
— Permita-me lhe acompanhar, vou com você até seu avô, ouvi dizer que essa vila tem estado perigosa ultimamente.
— N-Não se preocupe, ele não está muito longe, e não quero ocupar seu tempo de qualquer forma... — Elis é interrompido.
— Não irá me ocupar, também vou para lá, podemos ir juntos, vamos, não aceito um não como resposta — A garota sai andando esperando que Elis a seguisse.
Elis caminhou na presença de Alexi até onde havia se separado de seu avô, quando chegou não encontrou o senhor, então foi para os comerciantes que seu avô geralmente fazia negócios, Alexi o acompanhou o tempo todo, mesmo que ele dissesse a ela que não precisava daquilo, ela apenas dava uma desculpa qualquer e continuava por perto do garoto. Em poucos minutos Elis encontrou seu avô conversando em uma das lojas de produtos agrícolas.
— Oh Elis, voltou rápido, já estou acabando por aqui, espere um pouco.
— Tudo bem vovô — Elis se vira para Alexi — Obrigado por me acompanhar, srta. Alexi, desculpe-me por ocupar seu tempo — Elis sorri para a garota.
— Não se preocupe com isso Elis, estou feliz por ter te conhecido, e não precisa me tratar com tanta formalidade — A garota sorria docemente — Elis… quero lhe contar algo. — A expressão de Alexi de repente ficou séria.
— Claro, o que é? — Elis a olhou com curiosidade.
— Sabe, resolvi te conhecer por conta do livro que lia, fiquei muito feliz ao ver que alguém apreciava minha escrita — Alexi sorriu largo.
— Sua escrita? Espera, você é Alexander Greene? — Elis a olhava incrédulo.
Ela riu fraco — Meu nome é Alexi Greene, Alexander é um pseudônimo, não é bem visto uma mulher escrever sabe.
Elis estava surpreso, e muito feliz, diga-se de passagem, pela recém descoberta. Mas sua felicidade durou pouco.
— Todos parados! — Um homem agarrou Elis por trás, ele colocou uma faca em seu pescoço, usando-o como refém. Elis conseguiu ver outros homens no recinto ameaçando os outros presentes e um próximo ao vendedor gritando.
— Coloque tudo de valor na bolsa, rápido — O homem exclamava com agressividade usando uma espada para amedrontar o vendedor. O pobre senhor rapidamente encheu a bolsa com moedas e tudo de valor que tinha ao seu alcance, Elis estava apavorado, suas pernas tremiam e ele sentia que podia cair a qualquer momento, a faca pressionada contra seu pescoço tinha lhe dado um corte raso mas ainda dolorido, por mais que não o sentisse por conta da adrenalina e do medo em seu corpo.
— Não se preocupe, não vou lhe machucar, apenas fique parado — O homem sussurrou baixinho perto do ouvido de Elis tentando ser o mais discreto possível, a voz dele era suave, o que fez Elis, mesmo que minimamente, relaxar. Elis tentou manter o autocontrole, por mais estranho que fosse, acreditava nas palavras daquele homem, sentia uma segurança estranha vindo dele, por mais que todos os elementos naquela situação lhe dissessem o contrário.
Com a sacola abarrotada de itens preciosos, os bandidos fugiram do lugar em direção à floresta sem nem olhar para trás, Elis, ainda tomado pelo medo, correu até seu avô que estava tão amedrontado quanto ele.
— Vovô, o senhor está bem? — Ele perguntou segurando os ombros do velho e dando uma boa olhada nele a procura de qualquer machucado.
— Estou bem querido, não se preocupe, deveria se preocupar consigo mesmo, seu pescoço tem um corte, por sorte não é muito profundo — O homem passou os dedos levemente perto do corte no pescoço de Elis, que agora, por estar um pouco mais relaxado, sentia melhor a dor do ferimento.
Elis se voltou a Alexi, que estava tranquilamente sentada no chão escorada em uma das paredes da loja.
— Alexi como você está? — Ele a olhou preocupado.
— Estou bem garoto, não se preocupe, conheço aqueles caras, eles são perigosos mas não nos matariam de graça — Ela falou indiferente — Apenas o homem que o segurava, por mais que não o conheça, tenho uma sensação familiar de déjà vu a seu respeito.
— Sinto muito, mas quem é você? — Bernard, avô de Elis, encarava Alexi desconfiado.
— Oh, sinto muito, devia tê-los apresentado. Vovô, está é Alexi, foi ela quem escreveu alguns dos meus livros favoritos — Ele olhou animado para seu avô — Alexi, este é meu avô do qual lhe falei.
— Muito prazer em lhe conhecer, senhor. — Ela o olhou com um leve sorriso.
— O prazer é todo meu jovem, então é a senhorita a responsável pelos surtos e gritos histéricos do Elis durante suas leituras? — Ele sorri tentando aliviar o clima, logo acompanhado de Alexi.
— Vovô não diga isso — Elis sentia suas bochechas quentes, os outros apenas riram da situação.
— Sinto muito Elis — Ele sorri para o garoto — Bom, creio que nossos assuntos por aqui estejam finalizados, e também precisamos ir para casa cuidar do seu ferimento. Espero encontrá-la novamente, senhorita.
— Até mais Alexi — Elis sorri e acena para a garota.
— Até mais cavalheiros, vejo os senhores por aí — A garota inicia uma conversa com o vendedor enquanto Elis e seu avô se dirigiam para a carroça.
— Então fez uma amiga hoje Elis? Acho que lhe trarei para a cidade com mais frequência.
— Não fale como se eu fosse uma criança vovô — Elis o olha emburrado — Além de que tenho minhas obrigações na fazenda, não posso simplesmente deixá-los cuidar de tudo sozinhos e vir passear.
— Não se preocupe tanto meu filho — O senhor sorriu para o garoto.
Eles subiram na carroça e partiram rumo ao seu lar, por estar tarde o sol começou a se pôr, Elis observava o céu com admiração pelas belas tonalidades avermelhadas em que se encontrava. Elis ainda estava perturbado pelo que acontecera na loja, mas achava que aquilo não lhe perturbaria mais, e que simplesmente o esqueceria depois de alguns dias.
Mas não podia estar mais enganado.
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