A carruagem balançava de um lado para o outro, percorrendo uma estrada longa no meio de uma floresta. Acordei deitada em um dos bancos, com a cabeça rodando e com a visão embaçada. Apesar de estar zonza, levanto um pouco e vejo minha mãe sentada a minha frente, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
—Mãe? — disse um pouco mais alto que um sussurro.
— Olá, filha! Já acordou? — ela falou secando as lágrimas rapidamente. — Arrume os seus cabelos, que já estamos chegando.
— Chegando a onde? O que aconteceu com a minha cabeça?
—Nada de mais, você ficará bem. — disse se inclinando para frente, para arrumar os meus cabelos loiros bem claros, quase brancos e cumpridos, que batiam até a altura da minha cintura.
—Para onde vamos? — Insisti, já perdendo a paciência.
—Você verá. — disse olhando para a janela.
Fiquei quieta o resto da viagem. Algum tempo despois a carruagem parou de forma súbita, em frente de um portão enorme que guardava um enorme casarão, com um jardim lindo na frente. O cocheiro abriu a porta, nos ajudou a descer e pegou uma mala que estava no banco.
Encarei os enormes portões, enquanto minha mãe falava alguma coisa com o cocheiro. Logo depois ela tocou o sino que ficava ao lado do muro.
—Que lugar é esse, mãe? — disse quase gritando, já sem paciência.
—Desculpe, filha. Eu não tenho escolha. Esse é o único jeito de te manter a salvo. Não posso cuidar de você, não sei como.
— A senhora não precisa cuidar de mim. Já tenho dezoito luas. Não vou te atrapalhar, não importa para onde a senhora vá.
—Desculpe, Néris.— disse com as lágrimas brotando nos olhos. Antes que pudesse protestar, ela correu para me abraçar e ficamos assim por alguns minutos.— Você vai ficar bem. Prometo. Vou estar orando por você.
Não consegui responder, apenas assenti com a cabeça, começando a chorar também.
Momentos depois, uma senhora surgiu caminhando pelo Jardim. Era alta e os seus cabelos brancos estavam presos em um coque baixo. Quando chegou no portão abriu a porta e se dirigiu a mim.
— Você é a senhorita Néris? — disse com uma voz doce.
Assenti com a cabeça. Quando me virei para falar com minha mãe, ela não estava mais lá e a carruagem que nos trouxe já estava longe, a caminho da floresta.
— Vamos, querida? O almoço já vai ser servido. — a senhora disse gesticulando para o lado de dentro do portão.
Meus joelhos começaram a tremer.Ouvi almoço? Se tem comida, esse lugar não deve ser tão ruim assim. Respirei fundo, peguei a mala que estava no chão e entrei pelo portão.
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