l-b-goularte Luana Borges

A vontade de não repetir... O grito de não ser igual A verdade sobre a realidade A fuga para sair do ciclo dos pais. E infelizmente... Não houve tempo para mudar Aquilo que... Tanto... Tanto... Tentou fugir, Repetiu. Por culpa do tempo, que não sabe dos problemas internos.


Короткий рассказ 13+.

#conto #258 #drama
Короткий рассказ
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Capítulo Único

— Eu te amo, mas assim não dá! — podia escutar mais uma briga, eles gritavam palavras com ódio, na época eu tinha 14... 15 anos, ver meus pais brigando era um certo costume.

Essa foi literalmente a última briga...

Após isso, ela foi embora e durante a fuga embriagada o carro bateu... Meu pai tentou alcançá-la, mais uma vez ele havia se arrependido das palavras que dissera, mas não houve tempo para consertar...

...

Vidros quebrados.

Multidão de sentimentos.

Mais uma briga.

Quando isso vai acabar?

— Eu te amo! Mas isso não tem como dar certo! — ele grita com raiva.

Entro em estado de choque, as lembranças de uma infância turbulenta me invadem novamente, nunca quis ser como eles, mas, infelizmente, eu sou.

...

Posso ouvir o som estridente de uma panela caindo no chão, gritos altos e ásperos podem ser ouvidos da cozinha, clima tenso e pesado. Saio da sala e desligo a TV, vou ao encontro de minha fortaleza, estão brigando novamente.

E eu? Escondo-me no meu quarto e com a ajuda do meu fone de ouvido, apago todo o contexto, a canção alta abafa muita coisa, quase não escuto nada além da melodiosa música e a voz da Tarja brilhando na banda Nightwish. Mudo de realidade e imagino meu futuro como uma criança sonhadora.

Quando tinha 7 anos sonhava em ser "Super Heroína" e em casar-me com o Batman. Era isso que me consolava, enquanto a minha mãe bebia para esconder as mágoas e meu pai se viciava no trabalho com a desculpa de sustento, mas era apenas mais uma traição.

Aos 10 anos, sonhava com um príncipe encantado que me salvaria de tudo e de todos, ele me levaria para um mundo mágico e isso me tranquilizava... enquanto minha mãe jogava as coisas do meu pai pela janela e eles brigavam na porta de casa.

Aos 12 anos, sonhava em viajar pelo mundo e conhecer um belo rapaz, que me aceitaria com todas as minhas sardas, quilos a mais e imperfeições. Isso me enchia de esperança, enquanto meus pais brigavam novamente e jogavam um na cara do outro os erros do passado.

Agora, aos 14 anos, sonho com um amor de colegial e já entendendo muito sobre a vida, desejo não ser como eles. Quando soprei as minhas velinhas simples de aniversário, comecei a pedir a não ser como eles, sei que meus pais me amam, mas a relação entre eles não é de se espelhar.

Com a música alta em meus ouvidos, a minha imaginação cria um universo diferente, uma vida diferente, personagens diferentes, uma história louca com final triste e todo o resto não importa, os gritos, as louças sendo derrubadas, panela de pre…

...

— Você não tá me escutando? Você sempre faz isso!

Meus pensamentos acordam para a realidade, não posso mais fugir do real.

— Você nunca está presente, queria o quê? Eu queria chamar a sua atenção, não te tra... — as lágrimas se aventuram por minha face, queria a atenção dele e só consegui uma briga — Vai embora! Vai embora! Eu não quero mais você aqui, se não confia nas minhas palavras... sai desse apartamento idiota! — estou com raiva, só sentirei o peso do que digo mais tarde.

— Vou mesmo, pensei que você era diferente das outras... — ele diz em um sussurro e anda cabisbaixo, segurando as lágrimas, até a porta.

Deixo ele ir, a porta bate com força após sua saída, as lágrimas são como lâminas e cada uma machuca mais. Ser adulto é uma droga! A cada dia que passa, mais me torno eles, o dia que mamãe foi embora ela disse essa mesma frase para meu pai: “Eu te amo, mas isso não tem como dar certo”. Meu aniversário de 15 anos foi um bolo e uma vela que meu progenitor fez com todo o carinho, mas eu sei que naquele dia ele chorou e bebeu até desmaiar no quarto.

Encaro a porta, ele saiu há uns 4 minutos, o dono dos olhos castanhos mais sensíveis que já vi. A nossa história foi normal, nós nos conhecemos na fila do restaurante universitário, saímos e nos aproximamos, sentia uma emoção forte por ele, posso definir como amor, mas era tudo tão complicado, tantas desavenças, tanta teimosia, tanto orgulho, como se estivéssemos fadados a viver bem um dia e discutir em outros seis.

Não era essa imagem de casal que eu queria, mas não consigo amar outra pessoa. Ser "o casal briguento" não é fofo ou engraçado, é dolorido e torturante. E por esse amor que eu irei atrás dele, a gente tenta de novo e podemos fazer diferente. Amor é tentar, não é?

Passaram-se poucos minutos desde que ele saiu, corro para fora do apartamento, pego o elevador o mais rápido possível, tenho que o fazer voltar, podemos salvar essa relação... Eu posso fazer diferente! Eu não sou meus pais! Meu choro é alto, com soluços, rosto vermelho e toda despenteada, mas isso não importa agora.

Térreo, o elevador finalmente para e posso ver a portaria. Ele ainda está saindo, grito seu nome em desespero. Os olhos castanhos me olham com intensidade, seu rosto vermelho denuncia o choro, ele vem em minha direção.

O barulho de um tiro para o alto acerta em cheio os ouvidos das pessoas que estão na recepção do condomínio.

— Todo mundo calado e quieto! Isso é um arrastão! — Um rapaz na porta do local grita com uma arma apontada para o alto. Não é de se espantar acontecer isso em São Paulo, é comum, infelizmente.

Meu amor vira apressado, de uma vez, e o mundo fica em câmera lenta. O bandido assustado, possivelmente inexperiente, aponta a arma e dispara na direção dele, a bala caminha em direção ao peito dele... Observo os segundos, em desespero, é como se eu estivesse em um filme de terror e aquela bala fosse o monstro.

Quando o rapaz de olhos castanhos cai, meu grande amor, ignoro qualquer barulho à minha volta, apenas me jogo no chão e com as minhas mãos tento tapar o ferimento para impedir que saia mais sangue.

— Fica comigo! Te amo... Te amo! Não me deixa, a gente pode fazer diferente... — As lágrimas voltam a andar, e no meu peito se alastra uma dor semelhante a uma faca sendo cravada, retirada e repetindo todo o processo. — Te amo, por favor! Fica aqui e vamos fazer tudo diferente e...

Ele tenta levantar a mão para chegar ao meu rosto, mas não consegue. Os olhos perdem o brilho e não tem mais emoções ou lágrimas. O desespero me toma ainda mais, minhas roupas estão encharcadas de sangue e meu interior é tomado por angústia e vazio. Ele se foi.

E eu não consegui fazer diferente, não tive tempo de fazer diferente, não amei o suficiente. Sinto que a cada momento vou desabar, mais e mais, sinto as mãos de um paramédico me tirando de cima do corpo. Não sei quanto tempo passou ou o que ocorreu após a bala atirada.

Aos 23, não consigo sonhar ou escapar da realidade. Estou velha demais e a minha imaginação parece que não funciona mais, apenas continuo com a dor e o pesar de continuar, com a consciência que eu não fiz a minha história de amor. Deixei o destino levar para onde ele quisesse e acabou que não tive tempo para mudar. Fui igual a eles.

(Revisão concluída em 09/06/2021 às 22:17)



23 ноября 2021 г. 9:44 4 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

Luana Borges Uma pessoa apaixonada por contos, microcontos e poesias que ama se aventurar pelas palavras. "Uma alma sem forma Pelo tempo se transforma"

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Eve S. Eve S.
Olá, Luana. Faço parte da embaixada brasileira e vim para parabenizá-la pela verificação de sua história. Sua escrita me envolveu tanto no ponto de vista da personagem, a ponto de me emocionar nos relatos que ela dá sobre o relacionamento conturbado de seus pais e como isso a afeta de tal forma que ela se vê com medo de reproduzir exatamente os mesmos atos tóxicos e dolorosos com alguém que ela amaria no futuro. A personagem deseja o tempo todo, à medida que cresce, não ser como seus pais. Mas este desejo não acontece, porque infelizmente os traumas que ela viveu por causa da brigas constantes de seus pais causaram em sua essência um dano emocional e psicológico que segue em sua fase adulta, agora com um relacionamento que mais uma vez se encontra numa situação problemática, um reflexo inconsciente do que ela espelhava em seus pais. E ela acaba percebendo que estava fazendo exatamente o que não queria fazer: ferir seu amado com palavras e ações destrutivas como uma adaga no peito, como fizeram seus pais e no auge da discussão, seu namorado deixa o apartamento desolado e ela rapidamente vai atrás dele para pedir desculpas pelo que aconteceu e dizer-lhe que faria o possível para salvar o relacionamento, mas então sua vida toma um rumo triste: A de perder sua amada em uma tentativa de roubo. Quando ela vê que é tarde demais, é então que ela se vê destruída no sentido emocional, e imediatamente se encontra em torno da terrível dor de ver seu amor morto, e decide que não quer mais amar outra pessoa precisamente por medo de não querer cometer os mesmos erros novamente. O final doloroso me deixou ainda mais emocionada pois me vi dando um forte abraço à personagem, em um silêncio onde as palavras não seriam suficientes. Apenas sentindo e acolhendo. Sua escrita é surpreendente e tocante e há provas do uso correto da pontuação, bem como da coerência e coesão muito bem colocadas na narrativa. Espero que sua escrita continue a encantar mais leitores, assim como encantou meu coração, pois sua história merece muito mais! Até mais, autor!

  • Luana Borges Luana Borges
    Obrigada 🥺❤️ Fico emocionada com um comentário desse, muito obrigadaaa Sério de coração January 15, 2022, 14:18
Matheus da Matheus da
Olá,Lu! Boa noite! Quero te parabenizar por esse conto. Sendo bem sincero contigo, eu amei! Amei a estória apresentada, o enredo, conflito e os sentimentos. Seus personagens são carismáticos, sensíveis, intensos e conseguimos nos identificar com eles. A sua proposta foi linda e eu amei lê-la! Obrigado pela oportunidade de conhecer mais uma obra sua e me encantar. Sua escrita a cada conto ou poema, fica melhor! Isso é maravilhoso, é lindo acompanhar a sua evolução. Esse neném conto, tem um lugarzinho especial no meu coração. Novamente meus sinceros parabéns pela obra, é incrível. 💙🌻

  • Luana Borges Luana Borges
    Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh eu te amo Teus ❤️😍 April 21, 2021, 12:18
~