A doçura daquele sorvete não valia o preço que ela foi forçada a pagar.
Daisy corria em direção à floresta que circundava os limites da cidade Tulipa, com medo demais para parar, apesar de seus pulmões queimarem enquanto ela tentava respirar.
''Que estúpida eu fui!'', repreendia-se mentalmente enquanto pensava em como havia parado no meio do nada com aquele estranho.
Sempre fora alertada pela mãe: ''Não aceite nada de estranhos, por mais gentis que eles possam parecer. É na gentileza que mora o perigo''.
Se sua mãe estivesse viva para vê-la ignorar seu conselho, sabia que ouviria um belo de um sermão, merecido, a propósito.
A culpa era da fome, é claro.
Desde que fugira de casa para escapar de seu pai viúvo, que já não batia bem das ideias, conseguir comida se tornou uma tarefa difícil para aquela adolescente de treze anos.
Na maior parte do dia, ficava em lugares públicos, onde muita gente circulava, a fim de se sentir segura e de alguma forma passar despercebida, afinal, a polícia provavelmente estava a procurando desde que fugira de casa.
Se ao menos soubesse o que iria acontecer naquele dia...! Voltaria para casa em um piscar de olhos e ficaria grata por qualquer sermão que seu pai quisesse lhe dar, pois parecia mais aturável que ter um maluco correndo atrás dela depois de drogá-la com um bocado de sorvete.
Aquele foi um dia bem quente e ela não tinha conseguido dinheiro de nenhuma carteira, pois não conseguiu roubar nenhuma.
Quando não conseguiu mais correr, tropeçando nos próprios pés, embrenhou-se na infame floresta da cidade, onde quem entrava não saía, vivo ou morto.
Se escondendo atrás de um arbusto, viu quando seu perseguidor parou no limite da floresta, na entrada. Ela nunca gostou de homens carecas com sorrisos largos e estava arrependida por ter contrariado seus instintos justo naquele dia.
O homem, ainda com a mesma roupa de sorveteiro, observou a floresta por um bom tempo. A machadinha em suas mãos acabou pendendo para o lado quando ele por fim pareceu desistir de sua caçada.
Daisy respirou aliviada, relaxando sobre a relva, o coração ainda acelerado pela adrenalina da fuga. Estava prestes a se levantar para procurar uma saída que não a levasse até seu perseguidor, quando ouviu passos nas proximidades. Ele havia entrado sem que ela notasse?
– Você gosta mesmo de viver, não é?
Aquela voz não era do sorveteiro. Era um sussurro estranho, ecoava em sua cabeça. Ela engoliu a seco. Estava ficando louca?
– Fez um bom trabalho sobrevivendo até agora. Gostaria de continuar?
''O que isso quer dizer?'', se perguntou irritada.
– Quer continuar como a presa ou se tornar a caçadora?
''Qualquer coisa que inclua não morrer de fome e sozinha já seria bem legal'', pensou consigo mesma.
Mas seus pensamentos foram ouvidos.
– Precisa de mais ambição que isso se quiser sobreviver nesta floresta, Daisy.
Dessa vez, a voz parecia mais alta, clara, e próxima dela.
– Peguei você – ouviu ao pé do ouvido.
E sua visão enegreceu subitamente.
A cidade Tulipa é a principal exportadora de flores do continente Flos, mas o que faz dela especial não são suas flores, e sim os estranhos acontecimentos que tendem a ocorrer em seu solo mágico. Узнайте больше о Cidade Tulipa.
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