itwenty-six Itwenty Six

Onde Neji perde o controle de sua parte lobo e terá que lidar com as consequências de reivindicar Sakura sob a lua cheia. Ele não consegue impedir a marca e os sentimentos avassaladores evocados pelo vínculo, forçando-o a rever seus conceitos para com a bruxa... Sua, até então, inimiga mortal.


Фанфикшн Аниме/Манга 18+.

#sobrenatural #fanfic #ua #neji #sakura #nejisaku #naruto #fantasia #lobos #bruxas #258 #literaturafeminina #vínculo #ligação #acasalamento #Reivindicação
Короткий рассказ
1
2.1k ПРОСМОТРОВ
Завершено
reading time
AA Поделиться

Único

Eu nα̃o me cɑnso do gosto nos meus lάbios todɑ vez que nos beijɑmos. Os Céus sɑbem que eu tentei. Mɑs eu nα̃o consigo desistir de você. Eu quero correr. Mɑs, meu bem, eu te bebo por inteirɑ, porque eu preciso, eu quero. Estou pɑrɑlisɑdo. Você me dά ɑ ondɑ mɑis doce, porque eu preciso, eu quero. Você me deixou louco. Rosɑs e vinho e seu corpo no meu me fɑz sentir bem. Você tem ɑquelɑ mάgicɑ. E estά possuindo minhɑ pɑz de espírito. Eu nα̃o sei o que fɑzer. Eu nα̃o consigo fugir mesmo que eu tente. Sinto queimɑndo minhɑs veiɑs. Estou te ɑmɑndo ɑtrɑvés dɑ dor. Amor, eu ɑcho que estou ficɑndo um pouco louco, porque eu nα̃o consigo me sɑtisfɑzer, você é tudo que eu quero. E você sɑbe que eu preciso do seu. Bitter Love - Piɑ Miɑ

Perseguir.

Capturar.

Marcar.

Reivindicar.

Ele a mantém sob um aperto poderoso, a pelagem meia-noite a cintilar no brilho ofuscante da lua cheia. A bruxa é uma coisinha pequena a se encaixar nele como uma luva e, furiosa, ela tenta fugir desesperadamente de seu agarre possessivo, as mãos pequenas amarradas em uma porção de pelos na tentativa frustrada de empurrá-lo para longe.

Incrivelmente mais forte, no que se refere a força física, o lobo não a deixa ir. Não, quando finalmente a tem exatamente assim: ao alcance. Ele gosta disso mais que tudo. É noite de caça e o lobo soube bem onde procurar. A magia dela é quente como o próprio sol — seu sol da meia-noite — e o atraiu como mariposas atraídas pela luz. Ele soube imediatamente a quem pertencia quando sentiu o magnetismo puxá-lo para frente e adiante. Sua companheira. Sua lupus. A escolhida da lua. Ele não pensou duas vezes antes de persegui-la floresta adentro.

A bruxa estava praticando magia, linda e etérea nas vestes brancas simples, envolta por um quinhão de folhas secas a dançar como espirais em torno do corpo miúdo. Tão alta em magia como estava, ela não o viu se aproximar em velocidade lycan. Capturar. Ele não esperou ser notado, avançou com tudo, rasgando através dos tentáculos de magia tão inebriantes quanto o cheiro dela, poderosos como a presença dela, letais como somente uma bruxa poderia ser. Ele a derrubou de costas contra o chão terroso, o baque ecoando floresta afora, os animais se calando com a perigosa e dominante presença sobrenatural. O lobo tinha a aura de um predador. Ele era um predador em busca de sua fêmea. Sua igual aos olhos dos deuses da natureza e a deusa Lua.

Obscurecidos olhos cor de lavanda estão trancados nos olhos de cor jade, arregalados de medo, os caninos afiados a centímetros do rosto bonito, rosnados guturais a rasgar a garganta dele. É um sinal claro de aviso para ela não se mexer. Para aceitar a posse sobre ela.

— O que você está fazendo? — Ela o reconhece enquanto o lobo rosna mais uma vez contra o rosto dela, as patas dianteiras em cada lado, emoldurando a cabeça de fios róseos. Ele assiste fascinado as diferentes nuances cruzar a face feminina, indo do medo ao reconhecimento, do reconhecimento a confusão, da confusão a raiva. — Sai. De. Cima. De. Mim. Agora! — ela pontua, quase sem fôlego, depois de recuperada do choque, o peso dele a esmagá-la, o peito a subir e descer freneticamente.

Um vento frio sopra, provocando o farfalhar das árvores frondosas e o abanar da pelagem meia-noite em direções diferentes. A explosão de magia a deixar o corpo dela, em ondas, lança-o violentamente contra uma das muitas árvores altas, o impacto poderoso dividindo-a ao meio, como se não fosse nada, numa exibição fantástica de poder.

Isto não o detém, entretanto.

O lobo se recupera rápido, rosnando furiosamente, as feridas infligidas a ele curando rapidamente. A bruxa se ergue com alguma dificuldade, ofegante pelo uso excessivo dos poderes, suja de terra, cabelos sendo uma bagunça de folhas e fios desgrenhados, tencionando correr. Os esforços dela são infrutíferos quando ele se lança mais uma vez sobre o corpo pequeno, as patas traseiras se enrolando nas pernas torneadas, as patas dianteiras seguindo os movimentos anteriores para subjugá-la. Ela grita sua fúria em vão. Marcar. Dessa vez ele abaixa a cabeça para o monte dos seios dela, coberto pelo vestido de tecido. Ministrando a atenção para a região entre a clavícula e o seio direito, ele desliza a língua áspera e molhada sobre a pele quente, lambendo demoradamente, sensualmente, preparando-a para a mordida, ganhando um arfar surpreso da bruxa.

Então, inadvertidamente, ele afunda as presas bem ali. O clique agudo soa na floresta silenciosa ao mesmo tempo em que um grito rasga através da garganta da bruxa, que se debate para escapar. Sem sucesso. O cheiro do sangue rico em magia permeia o ar e todos os sentidos dele. É inebriante. Envolvente. Alucinante. Ele acalma a mordida furiosa com lambidas suaves, limpando e estancando o sangue de aroma delicioso, amortecendo a dor enquanto a bruxa chora compulsivamente e soluça embaixo dele. Ela parou de lutar há um tempo agora e ele sente o momento em que a marca ganha vida, o vínculo pulsando com força, alimentando um ao outro, conectando seus corpos e suas almas. Eles agora são como um e o mesmo, e o lobo não podia estar mais satisfeito.

Ele relaxa todo o peso sufocante sobre ela, a mutação desvanece e ele retorna ao físico humano outra vez. Os longos cabelos escuros escorrem, em partes, pelas costas nuas e ombros tonificados, mechas macias a beijar a face da bruxa. Neji tem uma nova visão dela, o lobo o forçou a ter, sentimentos há muito enterrados sob a máscara de ódio e indiferença expostos como nunca estiveram antes. O lobo determinou sua vontade, marcou a companheira que escolheu para si, independente do que a parte humana acharia disso. Não era segredo para ninguém o ódio que nutria pela espécie dela. Foi pelas mãos de bruxos que seus pais e parte da alcateia do norte pereceram e ele jurou vingança sobre o grupo. Ele foi a ira que recaiu sobre eles e os castigou severamente, massacrou um a um, banqueteou-se com o sangue sujo deles. Não houve remorso, tampouco satisfação. Ele se sentiu vazio, sozinho e perdido logo depois.

Havia esse buraco no peito dele, angústia e solidão, apesar de ter um pacote de lobos ao seu comando e uma alcateia em reconstrução na qual liderar. Nada conseguiria reparar aquilo. Ou ele achou que não. Bastou um olhar sobre a mais nova moradora da cidade, a filha bruxa e bastarda do xerife, para suas convicções irem para o inferno. Ele amaldiçoou o universo, tudo e todos, a grande e maldita ironia do destino. A linhagem da qual alimentou ódio décadas a fio era a mesma linhagem sangrenta da escolhida da lua. Sua lupus era a porra de uma bruxa. Ele perdeu a cabeça com a nova descoberta. Ele a evitou como a peste desde então, sempre o mais intragável possível na presença dela quando não podia fugir, sempre escondido atrás da máscara de indiferença, de desprezo, de ódio, máscaras estas que começaram a rachar...

A bruxa estremece debaixo dele, olhos fechados, o rosto manchado pelas lágrimas, o corpo trêmulo. Ela é macia, quente e agradável, cheira a ervas frescas, terra e magia. A ferida está aberta, sua marca, exibida furiosamente na pele sedosa, embora o lento processo de cura tenha iniciado. E Neji não sabe o que fazer agora, apesar de poder fazer algumas suposições. Reivindicar. O comprimento duro a pressionar a barriga dela é um lembrete constante do desejo reprimido de se ver enterrado nela, absorvendo o calor dela, perseguindo profundamente o prazer dela... De ambos.

— Por que você fez isso? — A voz dela é rouca pelo choro e ela confronta o olhar intenso dele. Grandes e brilhantes olhos verdes, e ele é incapaz de colocar a máscara de desprezo ou indiferença outra vez, de negar-lhe qualquer coisa, de mentir para ela. Como se o vínculo fosse permitir. Embora nos primeiros dias ou semanas, ela não irá sentir o vínculo como ele. O que Neji pode usar para sua própria vantagem enquanto se acostuma a tê-la rastejando em sua pele. — Por que me atacou desse jeito?

— Não estava no controle de minhas ações — em nenhum momento ele hesita em ser honesto, embora não se orgulhasse de admitir sua falha também. — Acredite, eu não o faria se estivesse — ela ainda não sabe que a mordida significa uma reclamação de posse ao invés de um ataque deliberado e proposital, que seu lobo levou a melhor sobre ele e os amarrou para sempre. Ele não está particularmente ansioso pela reação dela. Mas o que ela não sabe também é que Neji jamais a machucaria de maneira intencional, mesmo odiando fervorosamente suas entranhas e o que ela representa na comunidade sobrenatural lycan.

— Você me odeia — ela sussurra. Surpreso, ele sente através do vínculo o quanto isso a incomoda, o quanto a machuca. Ele não é o único afetado, no final das contas. Sakura sentia o mesmo que ele antes de o lobo se vincular a ela. Ele não sabe o que fazer com essa mais nova informação.

— É verdade — se obriga a responder —, mas agora é diferente — falou baixo, não querendo que ela ouvisse.

Neji ajeita-se sobre o corpo menor, sem fazer outro movimento para sair de cima dela. Está confortável. Ela é suave. Ele odiosamente gosta disso e o lobo nele está contente. Bastardo! A bruxa suspira por sua vez, olhos trancados, e ele percebe que ela gosta de tê-lo assim também. Então sem conseguir se segurar mais, ele leva o rosto para mais perto do dela, respirações a se chocarem, narizes roçando e lábios escovando suavemente. Sakura tem lábios cheios, entreabertos, à espera, ele sabe que sim. Ele quer beijá-la e ele não se priva disso. Ao menos desta vez, Neji não ousa gastar um pensamento a mais sobre o que é certo ou errado, suas convicções e princípios moralistas. Ia deixar as martirizações para a manhã seguinte.

Ela geme contra a boca dele, apertando-se contra ele, quando Neji reclama a boca dela para si. Ele está longe de ser suave, é duro, cru e inconsequente. A língua dele desliza sensualmente na boca dela, massageando deliciosamente a língua feminina. Ele geme, deliberadamente movendo os quadris sobre os dela, moendo sinuosamente. As mãos calejadas pelos treinos excessivos escorrem ao longo da estrutura dela, rasgando as vestes incômodas para dar mais acesso ao corpo pequeno. Ela não reclama, não o nega, não o rejeita, porque o quer com a mesma ferocidade, febril como ele está, ansiosa pelo seu toque… Sua reivindicação.

Os dedos longos tocam a fenda molhada, brinca na entrada quente a pulsar de desejo, o botão duro implorando pelos cuidados dele. A boca masculina é a próxima a tocar ali, a língua a degustar o sabor dela, percorrendo toda a vulva exposta, de cima a baixo, de baixo para cima, avidamente, sem interrupções, sem inibições, mãos pesadas sobre as coxas dela para manter as pernas abertas para ele, o centro escaldante ao alcance dele. Ela rebola tão gostoso, entregue às carícias, às vontades dele a exigir que se liberte e se derrame em sua boca. A bruxa vem inescrupulosamente para ele, gemendo alto, ofegante e chamando e gritando o nome dele. Neji... Neji... Neji... Ele não para, absorvendo tudo o que ela pode lhe dar, fascinado pelo gosto dela, pelo cheiro dela.

Neji sobe para os seios, são pequenos, mas ele os ama e adora, cabe perfeitamente na boca dele enquanto se empurra nela, lentamente, aproveitando ao máximo a sensação alucinante de ter seu pau envolto na cavidade apertada. Ele não se atreve a gastar um segundo pensamento em quantos parceiros ela teve antes dele, não tem cabimento sentir ciúmes disso quando ele teve sua cota de mulheres a passar por sua vida e em sua cama. O macho alfa nele precisa se agarrar a isso.

Ele volta a tomar posse da boca dela, forte e duro, e ela volta a gemer, enlaçando o pescoço dele, igualando seus movimentos. Ele dá e ela recebe de bom grado, em sintonia, o prazer os consumindo e os lançando naquele lugar de quase morte. Eles são um e o mesmo, a energia poderosa a irradiar deles, a magia dela a montar um domo mágico onde apenas eles existem. E Neji sabe que já não poderá mais ficar sem ela... Sem Sakura Uchiha.

Embora ele não seja de cair sem uma boa luta.


A L G O P A R A S E P E N S A R


O grosso bastão de madeira o acerta violentamente no ombro direito. Dor corre por ele, o próprio bastão a escapar da mão e cair sobre a terra. Ele se curva, grunhindo, segurando a área lesada.

— Mas que porra, Naruto! — Ele rosna para o amigo enquanto o loiro se dobra rindo, escandalosamente, ao invés de tentar ajudar. Aquilo dói como o próprio inferno.

— Agora você sabe como esse caralho dói — Uzumaki ainda ri, até se atreve a limpar uma lágrima solitária com a mão livre. Ele está se divertindo. O bastardo provavelmente se sente vingado pelas inúmeras surras.

— É sério que não me viu chegar?

— É claro que eu vi, por isso deixei que me atingisse, idiota!

— Cara, você anda bem distraído ultimamente. É sempre o primeiro a nos cobrar foco, a não baixar a guarda, estar atento e preparado. Mas aí está você, segurando a bandeira da Nasa na lua. O que diabos tem de errado com você?

— Nada, — ele puxa o ombro, que estava em uma posição estranha, as células regenerativas lycans trabalhando a todo vapor na cura da lesão. Ele se abaixa para apanhar o bastão e caminha até a regata preta largada sobre a mochila azul, rente a garrafa térmica de água. Suado e com sede, ele bebe avidamente e joga o restante sobre a cabeça antes de vestir a peça, que se gruda ao corpanzil molhado e trabalhado em músculos.

— É aquela garota de cabelos róseos, não é? — O loiro espertamente aponta. — A filha bruxa do xerife.

— Não é de sua conta, ocupe-se com as suas merdas, Naruto! — Não havia necessidade de ser rude, ele sabe e se recrimina por isso, mas quando se trata de Sakura, Neji costuma perder a cabeça facilmente. Ela está fora dos limites.

Neji não a viu depois daquela maldita noite e início de manhã, há duas semanas atrás, ele saiu antes dela acordar. Mas não antes de certificar os arredores em busca de olhos curiosos ou algum invasor estúpido. Exigiu muito de si deixá-la nua e adormecida depois da noite que tiveram. Ele agiu mal, mais que mal, agiu feito um canalha maldito, mas sabia que seria pior se ela acordasse. Ele não estava pronto para a conversa, ainda não está pronto, verdade seja dita, apesar da urgência desesperadora de estar perto dela, de tê-la nos braços e aspirar o cheiro inebriante, de possuí-la com abandono. Ele passou a observá-la todas as noites, quase como uma sombra, ele a seguia de longe, assistia ela praticar magia, trabalhar no café depois das aulas na faculdade e jantar todas as noites com o pai e a família, que ele construiu em Konoha.

Obito Uchiha nunca esteve cego para o mundo sobrenatural, eles tinham um acordo conveniente, uma mão lavava a outra quando necessário, beneficiando tanto os humanos da cidade quanto os lycans. Dessa forma ele não pôde negar a vinda de Sakura para a cidade, mesmo ela sendo o que é. O humano não sabia da existência dela, diferente de Sakura que soube no leito de morte da mãe bruxa e veio procurá-lo imediatamente porque não tinha mais ninguém no mundo. Era isso ou ficar vagando, correndo riscos de ser perseguida, talvez morta por vampiros ou algum caçador de bruxas. Ele não gosta de pensar no que teria acontecido com ela, sozinha, sem alguém para vigiar suas costas. Ali, ela estava segura, ninguém ousaria entrar em seu território sem permissão, não sem temer retaliação.

Ele havia feito um nome ao longo das décadas, conquistado um exército de lobos leais, inspirando não apenas medo e respeito na comunidade sobrenatural, mas também ganhando seu quinhão de inimigos: bruxas, vampiros e caçadores. Todavia, nenhum se atreveria a cruzar seu caminho. Sakura foi uma mera coincidência, ou talvez fossem os Deuses pregando de suas peças.

— Já estava na hora de ela aparecer para você — Naruto continua, como se não tivesse sido interrompido, fazendo claro que sabe sobre Sakura, sobre o que ela significa para ele. Não há recriminação por parte do outro, pelo contrário. — Para uma bruxa, a rosinha até que não é ruim. A Hina se dá bem com ela. Parece que a bruxa a ajudou outro dia, fez um feitiço, não sei exatamente, mas a verdade é que todos se deram com ela, ainda que com cautela e nossas reservas.

— Quer dizer que o meu bando está simpatizando com o inimigo pelas minhas costas. — Ele se volta para Uzumaki, raiva a deslizar de sua voz. Ele não gosta disso, de não ser informado das coisas, ser o último a saber é uma cadela sangrenta, quando a bruxa está no meio do caminho principalmente.

— Calma lá, irmão, a questão não é simpatizar com o inimigo, é simpatizar com sua companheira. É algo natural, instintivo, mesmo que mais da maioria não saiba disso ainda e você não a tenha assumido como fêmea alfa do bando. A ligação está lá e, bruxa ou não, a lealdade que temos a você respinga nela por ser sua lupus, a escolhida da lua, e significar o mundo para você.

— Não seja tolo!

— Quem é mais tolo? — O desafio brilha nas íris azuis, um sorrisinho esperto puxando os cantos dos lábios. O cabelo louro é uma bagunça de terra e suor a grudar na testa, as roupas amarrotadas. — Aquele que tem a garota do lado, dorme todas as noites com ela, sentindo seu cheiro delicioso, ou aquele que não aceita que a vez dele chegou? Que está gastando o tempo que pode passar ao lado dela com mágoas?

— Você mais do que ninguém sabe o que eles fizeram, estava lá, Naruto! — A raiva, o rancor e a dor são camuflados pelo rosnado feroz, que teria intimidado e encolhido qualquer outro lycan, mas não Naruto. Ele não é qualquer um, é seu beta, segundo em comando, além de ser melhor amigo e cunhado.

— E você teve a sua vingança depois de tudo, embora isso não os fossem trazer de volta, tampouco algum sentimento de absolvição — a voz dele é séria, sem rastros de humor —, no entanto o que eu quero dizer é que você não pode culpar a garota por algo que seus semelhantes fizeram. É querer culpar um inocente por um crime que não cometeu. E é exatamente o que você está fazendo. Não há justiça nisso.

— Você não pode está falando sério — ele não pode acreditar. — Que porra deu em você? Está realmente me empurrando para o inimigo? Quer que eu feche os olhos para o que ela...

— Novamente, a questão não é essa, Neji. Você está cego pelo rancor e não consegue enxergar o que está perdendo.

— Porque eu já perdi, porra! Perdi uma parte de mim, metade da minha família, ou você acha pouco?

— É uma dor imensurável, um vazio desmedido que jamais poderá ser preenchido. E não, eu não acho pouco, é demais para alguém lidar e não surtar, porque eu também senti na pele, acho que você não esqueceu também. E foi pelas mãos de nossa própria espécie, aqueles malditos desgraçados, que tive o prazer de desmembrar um a um, mas nem por isso eu passei a odiar todos os lobos. Você está transferindo uma culpa que não pertence a Sakura, afastando a fêmea que os Deuses escolheram independente da espécie e que demorou tanto para surgir. E isso deve ter uma razão.

— Uma razão? — Ele late, mãos em punhos, lutando para não ser afetado pelas palavras do amigo. Sem sucesso. Elas atingiram em cheio, como flechas afiadas.

— Talvez seja hora de deixar ir, perdoar e ser feliz com sua companheira.

Deixar ir? Ele abre a boca, mas nada sai, a verdade é que Neji não tem mais argumentos, e sim algo para se pensar. Naruto surpreendentemente deu isso a ele, o que é de se estranhar já que na maior parte do tempo saía mais asneiras daquela boca grande do que algo aproveitável. A bruxa havia conquistado seus lobos, pelo visto, defensores leais e fervorosos. Ele não os culpa. Sakura tem essa energia que aproxima as pessoas. Naruto estava certo quando disse que por ser sua lupus — e agora vinculada — isso se reflita ainda mais forte sobre sua matilha. E é claro, ele está cansado de lutar contra a correnteza. É uma batalha perdida, onde não há vencedores. Bruxa ou não, inimiga ou não, ela pertence a ele, assim como tudo nele pertence a ela. Cada célula do corpo. Ele pode fazer isso. Pode deixar ir. Esquecer jamais. Mas não mais se prender ao passado e mágoas antigas.

— Você é irritante!

Ele sai sem mais a dizer, carregando a mochila e o bastão para guardar na sala de armas, muito a encher a cabeça, possibilidades e mais possibilidades a povoar a mente dele. A vila fica a uns bons metros sentido ao norte, o que garante alguma privacidade para os treinos antes do amanhecer dourado e barulhento das crianças lycans a correr pela reserva. Há um rio nas proximidades e ele mergulhará nas águas escuras antes de finalmente se ocupar com as incumbências da alcateia.

— Irritante nada, caralho, eu sou realista. — Naruto grita. — Bonito, inteligente e bom de cama, segundo sua irmã. Eu devia ser o alfa por ser tão bom conselheiro e agora eu quero ver se ela não tira esse pau dessa bunda estoica.

É, o idiota está de volta e não tem medo mesmo de perder a língua, os dentes e a pelagem cor de ouro.


A C E I T A Ç Ã O


Ele está do lado de fora do café, tamborilando os dedos freneticamente no volante da caminhonete. Passa das oito da noite e o expediente dela está quase no fim. O centro da cidade fervilha, buzinas ensurdecedoras, gritos de ambulantes, cheiro de fumaça e comidas variadas a penetrar seus sentidos aguçados. Ele se concentra no aroma agridoce de café, guloseimas e o cheiro inconfundível de sua bruxinha. Dele, e ele fez as pazes com isso. Naruto lhe deu algo para pensar e ele o aceitou depois de muito remoer.

Os sinos à porta do Konoha's café tocam quando um grupo tagarela de clientes saem, despendido-se na calçada e dispersando em direções distintas. Através das janelas altas e de vidro, ele vislumbra os clientes que ainda permanecem na loja. Alguns ocupam as mesas redondas, digitando laboriosamente em seus macbooks enquanto levam a caneca fumegante à boca de vez em quando; outros, espalhados nos coloridos sofás. A loja permanece bastante tranquila, com apenas o som de três garotas humanas conversando, o zumbido suave da geladeira acesa acomodando cupcakes, brownies e tortas. Um par de horas atrás, o lugar estava terrivelmente barulhento, inquieto e irritante. Ele se forçou a esperar impaciente, adolescentes indisciplinados encolhendo-se sobre as mesas e uma maldita fila quase saindo pela porta.

Meia hora depois, ela se prepara para fechar ao lado do chefe gentil e jovem demais para o agrado dele. Eles arrumam as grossas e pesadas cortinas nas janelas, desligando as luzes de dentro e as de fora quando finalmente os últimos clientes se vão. Um homem alto e atlético é o primeiro a sair, seguido de perto pela figura pequena da bruxa, que se ocupa em trancar as portas, passando as grossas correntes e fechando o grande cadeado. Ela está linda em seus jeans apertados, a blusa vermelha do uniforme e os cabelos presos em um rabo de cavalo alto, o casaco mostarda permanece dobrado debaixo do braço, a mochila vermelha jogada sobre o ombro esquerdo. Ele sente o coração disparar, as mãos a acumular suor nas palmas e a intensa necessidade dela ganhando vida. Ele está nervoso, ansioso, desesperado para correr para ela e aconchegá-la contra o peito, implorar seu perdão e nunca mais permitir que vá para longe.

— Amanhã é o meu dia de folga, — a bruxa diz, voltando-se para o homem. — Até sábado, senhor Senju, não trabalhe demais.

— Você nunca pode me dizer para trabalhar menos, Sakura, só vai me fazer trabalhar mais e mais.

— É verdade, — ela ri e ri, sendo seguida pelo mais velho, antes de entregar o molho ruidoso de chaves e acenar. — Mande um beijo para Tsunade, sim?

— Pode deixar, vá direto para casa, não fale com estranhos e tenha uma boa noite.

— Claro claro, farei isso. Boa noite! — ela ainda ri da preocupação exagerada. Quantos anos ele achava que ela tinha, afinal? Sem falar que é uma bruxa poderosa, capaz de cuidar de si mesma, e se não fosse, ela já tinha alguém para vigiar e proteger suas costas, obrigado. A preocupação dele não é necessária.

A figura pequena caminha pela calçada vazia, parando um momento para arrumar o casaco sobre os ombros magros quando a temperatura cai, enfiando as mãos nos bolsos logo em seguida. Uma brisa gélida joga alguns fios macios sobre os olhos dela, e ela os afasta com um suspiro cansado, enquanto ele a segue com o carro. Eles não vão longe com isso, pois ela o nota e não tem uma expressão agradável quando cessa as passadas e o encara, mascarando a surpresa, com o semblante de poucos amigos, o conflito de emoções a ecoar através do vínculo. Ela não sabe como se sentir sobre ele. Neji sabe que merece cada fragmento de raiva e desprezo depois do que fez.

— Acho que precisamos conversar — ele baixa o vidro do passageiro e olha intensamente para ela, sem se deixar intimidar pela falta de receptividade. Ele vai trabalhar nisso e fazer as pazes com ela. Claro, ela tem que permitir que aconteça em primeiro lugar. — Entra no carro!

— Eu acho que não, prefiro esticar minhas pernas, obrigada — ele não perde a nota irônica. — Além do mais, se havia algo para falarmos acabou no segundo em que decidiu me largar nua, sozinha e com uma cicatriz naquela floresta. — Ela não grita, mas ele teria preferido, principalmente não ter visto a dor cruzar as feições dela e atravessar o vínculo. Ela está zangada, mais do que isso, ela está ferida e magoada e com razão.

Ele pisca para fora do veículo prateado, recriminando-se e se amaldiçoando pela estupidez. O que ele tinha feito?

— Eu não me orgulho do que fiz — ele para na frente dela, pairando sobre a forma feminina, ajustando o olhar com o dela. Ela ofega em choque, recuando instintivamente. Ele pode ser tão rápido quanto a porra de um vampiro. — Mas você precisa entender…

— Entender o quê? Que me atacou, me usou para saciar seus malditos hormônios e a compulsão, que os lobos sentem na lua cheia, pela caça e o sexo? Eu me senti péssima, usada e abandonada, como algo sem valor, algo descartável. — Jades brilham pelas lágrimas seguradas com muito custo, ele pode dizer, pois reflete no vínculo. E nele mesmo.

— Você está longe de ser algo sem valor para mim — ele corre para explicar, desesperado para consertar as coisas. Recuperar o tempo perdido com mágoas. — Não agi certo com você, Sakura, fui covarde, tolo e infantil. Agora eu vejo, e acredite, eu me arrependo amargamente de não ter ficado ao seu lado. — Como um companheiro faria, ficou por dizer.

Um passo de cada vez, ele se lembra, talvez ela não esteja pronta para saber disso ainda, especialmente porque não sente o vínculo como ele.

— Não, você não agiu certo. — Ela concorda, fechando os olhos durante alguns instantes, preparando-se para algo, e seja o que for, não é bom. — Mas sabe o quê? Não importa mais, o melhor é deixar as coisas como estão, esquecer o que houve é o melhor. Não será difícil, você já me odeia mesmo, não fará nenhuma diferença. — Custou ela dizer aquilo, custou ainda mais ouvir. Esquecer?

Ela ficou maluca? Como poderia esquecer ou apagar seu vínculo?

— Não há volta para nós, Sakura, você ainda não entende, mas em breve verá tão claro quanto suas vestes naquela noite — a voz dele é baixa, porém determinada, olhos lavandas cintilantes. A bruxa é pega novamente, choque e surpresa, rosto vermelho. Decerto lembrando a maneira como a levou, como a teve gemendo seu nome com abandono. Ele se retorce, o sangue se concentrando numa parte particularmente familiar, o lobo acordando faminto dentro de si.

— Do que você está falando?

— Saberá, mas, por agora, deixe-me fazer as pazes com você, compensá-la.

— C-compensar-me? — Ela é pega novamente, a confusão em pessoa.

— Sei que não apaga o que fiz, mas deixe-me levá-la para jantar. Nos conhecer melhor, tirar as más impressões.

— Por que você faria isso com sua intitulada inimiga mortal? — Confusão. Descrença. Desconfiança. Ele sente tudo pelo vínculo. Ao invés de contar o real motivo por trás de seu pedido, temendo aterroriza-lá, ele dá com os ombros, cobertos pela jaqueta jeans, socando as mãos nos bolsos dianteiros da calça. Mãos ansiosas para tocarem nela, sentir a textura da pele dela. Parece uma eternidade desde a última vez que ele a teve pela a primeira vez.

— Porque eu quero e anseio que seja assim. — A arrogância não conheceu limites agora e ela não gostou disso. Estreitando os olhos e crispando os lábios cheios, que ele vai adorar sujeitar, morder e beijar mais tarde, ela empina o queixo, indignada.

— Vá à merda, seu cretino arrogante. — Ele ri, divertido, apaixonado pela marra dela. Assim como ele, Sakura não é de cair sem uma boa luta, além de ser uma coisinha teimosa e linda. A cada momento ele quer mais e mais beijar e foder ela até o esquecimento. Até fritar ambos os miolos. Ele não esperou gostar tanto disso, essas preliminares serão o que fará as coisas mais explosivas entre eles e ele vai aproveitar cada instante disso. — Está se dando muita importância se acha que irei sair com você depois de tudo.

— Eu posso convencê-la, não é realmente um problema. — Ele sabe que consegue dobrá-la, rastejará se for preciso, mas ela não precisa saber disso ainda. O orgulho Hyuuga não permite tanto.

— Você é um convencido, um arrogante mesmo — ela balança a cabeça negativamente, torcendo os lábios em uma carranca de desgosto.

— Não estou dizendo que não — e é verdade.

— Inacreditável, você é inacreditável — ela solta uma risada anasalada, incrédula. — Eu não vou sair com você, Neji Hyuuga.

— Isso é um desafio?

— Não, é uma afirmação.

— Você pode tornar isso difícil, não é mesmo? — Ele indaga, sem realmente esperar uma resposta, querendo mexer com ela, ver mais desse lado rebelde e displicente. Quando saiu da reserva determinado a conquistar o perdão dela, ele não esperou que as coisas fossem seguir esse rumo. — Mas eu posso fazer pior, bruxa, venha a mim com suas próprias pernas ou eu vou pegá-la, você decide. — Será realmente excitante caçar e capturá-la, depois reafirmar seu vínculo. Ele está ansioso.

— Não ousaria...

— Acredite, eu estou ansioso por isso.

— Foda-se! — Ela sacode a cabeça, bufando, como se tivesse dispensando algum pensamento ou simplesmente decidindo que ele não vale mais seu tempo, antes de começar a caminhar, passando por ele sem mais uma palavra. Oh, dois podem jogar.

Ele é rápido ao se virar, mais rápido que uma respiração profunda.

— Eu já estou fodido e a culpa é sua — ele a puxa com toda a força contra o peito duro. Ela ofega, choque e surpresa a banhá-la, desarmando total e completamente a bruxa. Qualquer plano homicida a escapar da mente engenhosa. — Desde que eu malditamente pus os olhos sobre você, eu estou nessa merda sangrenta, afogando-me e não há como voltar para a superfície.

Então a boca dele está desabando sobre a dela, exigente e lascivo, saudoso e desesperado, ávido e faminto, a despejar toda a urgência a sentir dela e ela corresponde com a mesma ferocidade, apertando-se contra ele, mãos ansiosas a puxar os cabelos dele, línguas a se enrolarem numa dança sensual. A alegria de finalmente poder beijá-la dura alguns poucos instantes, somente o tempo dela recuperar os sentidos, e como a coisinha teimosa que é, ela usa magia para afastá-lo violentamente. Felizmente eles estão em uma rua com pouca movimentação de carros e nenhuma de humanos. Os tentáculos de magia chicoteia furiosamente a pele bronzeada dele, reagindo as emoções dela, as luzes dos postes piscando, a ventania a bagunçar seus cabelos.

— Você acha o quê? — Ela está ofegante, lábios inchados e rosto vermelho. De raiva ou pelo beijo? Ele não tem certeza, apesar de ir pelo segundo. — Que pode vir aqui, dizer um monte de coisas sem sentido e me beijar como se nada tivesse acontecido? Como se tivesse algum direito sobre mim?

— Eu tenho, pequena — limpa o canto da boca, sorrindo de orelha a orelha, e que se dane a porra da cautela... — Eu tenho todos os direitos do mundo. Você é inteira e irrevogavelmente minha, minha Lupus, porque os Deuses e o meu lobo quiseram assim. E, enquanto eu estiver sobre esta terra, irei reafirmar incansavelmente a você.

Ela o encara boquiaberta, olhos arregalados, o coração a descompassar quando o que ele disse parece afundar sobre ela, a realização demorando, mas finalmente a alcançando. Ela agora sabe. E mal pode esperar para o que ela fará. Mas não importa, Sakura é dele, e nada e nem ninguém poderá mudar isso.


Fim...?

3 февраля 2021 г. 20:46 0 Отчет Добавить Подписаться
0
Конец

Об авторе

Itwenty Six Alguém perdido neste mundo, tentando se encontrar.

Прокомментируйте

Отправить!
Нет комментариев. Будьте первым!
~