Essa one-shot se passa mais ou menos durante a metade do capítulo 10 de Redamancy (da versão antiga da fanfic, que foi deletada).
Eu encaro esse capítulo como o começo do que seria uma das vidas que a Olivia desistiu de viver, porque nem ela e nem Constantine tiveram coragem pra dar um passo à frente e se arriscar. Acredito que lê-la como uma one-shot isolada não terá o mesmo peso que lê-la depois de ler Redamancy, mas fica a cargo de vocês. Enfim, eu sei que não atenderei aos requisitos do desafio com isso aqui, até porque eu não sei fazer comédia (sequer sou engraçada), mas eu queria tentar me livrar do gatilho massivo que tenho com essa data que só não odeio mais que o meu aniversário, que é logo no dia 26. (Spoiler: não adiantou o esforço, porque eu continuo odiando o natal e tudo que faz parte dele). Minha presença no desafio é só simbólica mesmo, já que essa é uma one-shot de uma rota alternativa de uma fanfic minha que ninguém lê (risos de nervoso). Enfim, pra quem gosta, boas festas.
Edit: essa one-shot foi postada em 19/12/2020, mas tô editando algumas coisas hoje, 09/01/2022, e postando capa nova (porque quando eu postei ela eu estava sem notebook, então, pra comemorar ela estar em destaque essa semana, fiz capa nova!).
Depois daquela desagradável discussão, Olivia ponderou a respeito de permanecer ali com Constantine. Era difícil tentar ajudar quem recusava ajuda, e ele, sendo um grande cabeça dura, conseguia ser extremamente desagradável com suas recusas, mesmo que não tivesse a intenção de ser uma peste para ela.
Em dias como aquele ela pensava muito em Thomas. Estaria bem? Estaria tomando seus remédios direito? Queria ligar e lhe dizer tudo o que estava acontecendo, e, também, saber como andava a vida dele, mas, sempre que pensava nas absurdas respostas que ela teria que dar a ele se fosse falar a verdade, concluía que era uma péssima ideia.
De qualquer forma, ela estava decidida a presentear seus amigos, por mais que não pudesse passar aquele natal com eles. Nem amigos, nem família. Faust fora claro quanto ao estudo de magia: precisava ser feito diariamente, e praticado de igual forma. Olivia não pretendia contrariá-lo. Não por temê-lo, mas por entender a importância de seu papel entre aqueles que futuramente lutariam contra Lobo da Estepe.
Os dias se passavam rapidamente ali, já que ela sempre estava ocupada demais para notar o tempo passando, e quando ela percebeu, já era véspera de Natal. Pensou em bater à porta dele, de tentar, de alguma forma, fazer as pazes para que voltassem a se falar, mas acabou desistindo da ideia. Escreveu um bilhete e o empurrou por debaixo da porta de Constantine. Se queria passar o resto do dia escondido em seu quarto, que fosse, então. Ela estava cansada de discutir.
Londres, mesmo depois de alguns meses, ainda era um lugar estranho para ela. Pudera, mal saía do apartamento de John, estava sempre ocupada com algum livro em mão. Ainda que estivesse receosa com a ideia de se perder, estava decidida a seguir adiante.
A neve deixava a outrora cinzenta cidade alva, escondendo as árvores sob grossas camadas da mesma, fazendo com que as pessoas apressassem os passos para sair do frio de doer.
Faltando apenas algumas horas para o Natal, era de se esperar que as lojas estivessem abarrotadas de pessoas esquecidas e atrasadas, e que muitas coisas estivessem em falta, o que era um problema para ela.
Especialmente se ela levasse em consideração que não fazia ideia do que comprar de presente para os amigos.
Emily, Jason, Dick e Anna eram os mais fáceis de agradar. Emily provavelmente ficaria satisfeita com alguma peça de roupa nova, Jason ficaria feliz com alguma HQ, ou um boneco de ação. Dick era mais interessado em livros de ficção e Anna era uma grande fã de vinhos.
Mas Alfred, Bruce e Thomas eram interrogações na cabeça dela. Alfred provavelmente ficaria contente com vinhos, já que tinha gostos parecidos com o da esposa. Bruce tinha tudo que o dinheiro poderia comprar, o que deixava Olivia constrangida ao refletir sobre possíveis presentes.
E Thomas? Thomas era a maior das incógnitas. Ele nunca tivera gostos em particular por coisa alguma, não que ela se lembrasse, o que significava que tanto poderia ser facilmente agradado quanto o contrário.
Olivia começou sua saga de compras pelo mais fácil: Emily. Conhecendo-a bem, sabia que ficaria feliz com um vestido, sua peça de roupa favorita. Escolhendo um vestido rodado de alças, com estampas de flores rosas em um fundo preto, Olivia completara a primeira missão do dia.
Seguindo para a livraria, procurou por HQs que fossem mais adequadas ao jovenzinho de seis anos e um livro de ficção com sinopse interessante o suficiente para o irmão mais velho dele.
Era a vez dos vinhos. Olivia não entendia nada do assunto, mas confiou na sugestão da vendedora, comprando uma garrafa para Alfred e outra para Anna. Na dúvida, acabou comprando uma para Bruce, também. Ao menos com vinhos ela tinha mais chances de acertar na escolha.
Finalmente, era a vez de Thomas. Olivia sentou-se em um banco, depois de empurrar toda a neve acumulada sobre o mesmo para o chão, e suspirou profundamente, considerando algumas opções.
Sabia que roupas novas seriam bem aceitas, mas não queria dar a ele algo tão ordinário. Bebida estava fora de questão, é claro.
Pensou que talvez um relógio fosse servir, porque ao menos seria algo útil, mas seus pensamentos foram interrompidos quando se deu conta de que suas sacolas não estavam mais por perto.
Para seu desespero, não via ninguém por perto com nenhuma delas.
Ela demorou algum tempo para sair do choque após processar que acabara de ser furtada de forma tão absurda que sequer percebera até ser tarde demais. Um súbito desespero a atingiu quando começou a pensar que não teria como teleportar nenhum presente para os amigos naquela madrugada, e logo toda a frustração acumulada ao longo daqueles meses emergiu em lágrimas enquanto ela caminhava pelas frias, inutilmente tentando disfarçar seus soluços.
Já passava das cinco da tarde. Conseguir comprar todas aquelas coisas de novo seria impossível, considerando que a maioria das lojas logo fecharia.
Parecia que aquele ano havia começado com o pé errado e assim terminaria. Olivia estava cansada de lutar com aquilo, sempre dando o melhor de si e recebendo patadas da vida. Mesmo quando as coisas ficavam mais fáceis, tudo ainda era tão complicado!
Se o destino da humanidade não estivesse em jogo, ela já teria desistido de tudo e se mudado para algum lugar remoto, já que ninguém sentiria sua falta.
A alguns metros de distância do apartamento dele, sob as luzes amareladas dos postes e das árvores cobertas de neve, Olivia avistou Constantine, parado no meio da estreita rua sem saída enquanto fumava.
Não havia sorriso sarcástico ou piadinhas da parte dele quando ela o alcançou.
— Dia ruim? — perguntou, oferecendo seu cigarro à ela.
Cansada demais para brigar, ela aceitou o mesmo, tragando a fumaça profundamente antes de deixá-la escapar pelo nariz.
— Deu tudo errado — respondeu por fim.
— Sinto muito, amor.
Olivia deu de ombros, sua visão tornando a se embaçar quando ela devolveu o cigarro à ele.
— Sinto muito por ter agido daquele jeito — ele continuou.
— Não, você não sente — ela o encarou. — Se realmente sentisse, não estaria alimentando seu câncer de pulmão com esse cigarro.
— Olivia…
— Eu estou cansada, sabe? Eu estou cansada de me importar. Eu gostaria de ter um botão para apertar e desligar minhas emoções, mas eu não tenho um — deu de ombros novamente. — Você diz que sente muito e continua fumando, sabendo que em alguns anos terá uma morte prematura.
— Sabe o motivo de eu fazer isso.
— Não estou dizendo que suas intenções não são válidas, John, mas como acha que Astra se sentiria se soubesse que você está se destruindo para tentar salvá-la? Como acha que eu me sinto vendo você se autossabotar desse jeito?
— Se eu pudesse voltar no tempo e rejeitar o pedido de Faust para lhe ensinar magia, eu faria. Qualquer coisa que lhe poupasse sua exaustão, eu não hesitaria.
— Tentar me afastar agora não está funcionando, já é tarde demais.
— Eu sei, amor — ele suspirou. — Eu gosto de você, Olivia, de verdade, mas todos os meus amigos acabam mortos — baixou os olhos para o chão enquanto tragava a fumaça.
— Ah, por favor — ela se irritou, se afastando um pouco. — Há uma guerra a caminho! Eu não sou feita para batalhas, eu não creio que meu coração vai dar conta disso. Morrer, para mim, é uma questão de tempo, é de família, mas você escolheu se matar devagar! Como espera que eu veja você definhar e finja que nada está acontecendo?!
— Você não deveria se importar comigo, em primeiro lugar. Eu preciso pagar pelos meus erros.
— Morrer para se punir não é o mesmo que se redimir! É preciso estar vivo para mudar alguma coisa, você sabe disso! — ela se esforçou para engolir o choro, tirando o cigarro da boca dele e o apagando no chão.
— Olivia, não faça isso consigo mesma — ele a fitou. — Você merece coisa melhor.
— E quanto ao que eu quero? O que eu sinto não importa para você?
Constantine sorriu, aproximando-se de Olivia e segurando seu rosto com ambas as mãos, um gesto que a surpreendera além da conta.
— Esses meses em que esteve aqui foram os melhores e mais divertidos que eu tive em anos. Eu gosto da sua companhia, eu gosto de poder dividir meu silêncio com você. Gosto de como nenhum dos meus truques te afeta. Gosto mais do que deveria, amor, mas eu não sou bom para você.
— Isso não é verdade — afagou suas mãos. — Tudo o que sei sobre magia aprendi com você. Você não me deixou quando precisei de ajuda, não tentou me colocar em uma bolha e me superproteger, não me considerou frágil. Tudo o que eu quero é que me deixe entrar. O que eu preciso fazer para que entenda que eu realmente me importo?
Verdade fosse dita, não havia nada que ela pudesse fazer para que ele entendesse que estava tudo bem pedir e receber ajuda, e que estava tudo bem em querer ser perdoado por seus erros. Constantine precisava entender por conta própria que não havia nada de errado naquilo, que enquanto ele vivesse, poderia encontrar outras formas de salvar a alma de Astra.
Mas todas essas coisas não passam de lentos processos psicológicos interiores que estão além do que Olivia poderia fazer por ele. Ela mesma estava no processo de se perdoar e aceitar que não havia nada que ela pudesse ter feito para evitar que Orm Marius tivesse atacado a superfície e com isso matado seu pai e seus amigos.
Talvez fosse o clima natalino que tivesse mexido com aqueles dois, aflorando suas emoções, deixando-os mais vulneráveis. Talvez fossem os flocos de neve caindo lentamente naquela noite. Talvez fosse o visco imperceptível acima de suas cabeças.
Mas naquela noite de véspera de Natal, de alguma forma, em um acordo silencioso selado com um olhar, eles se entenderam.
Olivia fechou os olhos, encostando sua testa à dele, ignorando os ventos frios de inverno, e com toda a coragem que conseguia reunir em seu coração doente, fez com que seus lábios se encontrassem com os dele.
— Estou aqui — disse a ele em um sussurro. — E não irei a lugar nenhum.
~~~
Bom, é isso. Esse drama todo do Constantine com a Astra me deixou nervosa assistindo a série dele, mas dá pra entender a culpa que ele carrega. Isso ele tem em comum com a Olivia e eu sempre quis explorar esses dois como um casal enfrentando juntos seus demônios. De qualquer forma, agora isso só existe como rota alternativa. Escrevi tudo isso na doida nessa madrugada. Meu note está com problema e decidi testar um app chamado JotterPad. Do fundo do meu coração: odeio escrever no celular 😂 Espero que tenham gostado.
Edit do dia 09/01/2022: caso alguém tenha se interessado em ver mais desses dois, a versão nova de Redamancy ainda está em andamento (atualmente com 19 capítulos).
Divirtam-se!
A Terra Teller é a Terra alternativa dos personagens do DCEU, onde a personagem principal é Olivia Teller, prima de Jax Teller. A ordem de leitura é a seguinte: 1) Tempt My Trouble 2) House of The Rising Sun (prequel da história principal) 3) Redamancy (fanfic principal) Fanfics desconectadas (eram spin-offs da primeira versão de Redamancy): 1) The Devil In I (fanfic focada no Coringa antes de ele virar o palhaço do crime) 2) Sob O Visco (one-shot de natal focada na relação de Constantine e Olivia) Узнайте больше о Terra Teller 1: Crossover DCEU e Sons of Anarchy.
Спасибо за чтение!
Natais não tem a obrigatoriedade de serem perfeitos, e em um momento de frustração que infecta os leitores se desenrola o enredo de 'Sob o Visco'. Com uma narrativa que tende ao drama, Alexis entrega uma obra tocante e muito bem trabalhada, capaz de cativar até mesmo aqueles que nunca tiveram um contato com Constantine. No fim, um beijo sob o visco pode mudar tudo...
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