ageha_sakura Ageha Sakura

Taehyung abominava o natal e todos os feriados, até mesmo o seu aniversário não era de fato especial. Ele foi machucado pelo seu passado, perdendo os únicos que o amaram e foi abandonado pela sua própria família. Anos depois, em uma brincadeira feita pelo destino, ele perdeu seu voo e conheceu Jeongguk, o rapaz que o ajudou a partir daquele dia a mudar e quebrar todas as suas barreiras, tudo num ato milagroso de natal.


Фанфикшн Группы / Singers 13+.

#taekook #vkook #kookv #taegguk #taeguk #taehyung #jungkook #bts #christmasau
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Único: coincidências do destino

Bom dia / Boa tarde / Boa noite


Sejam todos bem vindos a "Christmas Miracle"!


Oficialmente essa foi a minha fanfic de debut no @/SnowTK do Spirit, infelizmente não faço mais parte do projeto, contudo desejo tudo de bom a ele.


Espero que gostem e possam amá-la assim como eu amei escrever, tenham uma boa leitura 💞


_____________________

O dia estava seguindo seu rumo de forma tranquila, sem problemas ou empecilhos para torná-lo ruim.

Todos seguiram seus passos com pressa, fazendo preparativos para uma das festas mais esperadas do ano, o Natal. Um feriado que para cada pessoa tinha um significado diferente, mas não deixava de ser especial e agradável a todos, bomquasetodos.

TaeHyung estava dentro destaexceção. Ele abominava o feriado, as pessoas que nele participavam, além das tradiçõesbobase sem sentidos. Para ele nenhuma data comemorativa era importante, nem mesmo o seu próprio aniversário era especial.

O motivo? Simples, ele considerava estas festividades como coisas frívolas e desnecessárias, pois do que adianta ter um clima familiar ruim durante um ano inteiro e disfarçar que se dão bem apenas em alguns dias considerados "especiais" ao longo do ano?

Era tudo falso, sem sentimento, sem sinceridade, sem razão ou motivo. Em toda a sua vida fora cercado por momentos onde as pessoas davam-lhes as costas nos momentos de necessidade, mas quando chegava uma data festiva apareciam com a maiorcara de pau, ignorando tudo o que havia feito ou dito.

Havia perdido a fé nas pessoas, elas não eram sinceras, mentiam tanto que parecia ser umhobby, algo rotineiro como um passatempo normal. Elas haviam feito ele deixar de acreditar que existia algo real, algo claro e forte capaz de possuir algum sentido, uma razão para que ele pudesse voltar a teresperançaem qualquer um, mas como esse momento parecia ser apenas uma ilusão da sua cabeça, ele permaneceu só, seguindo seu rumo e sua vida na plena solidão.

Não tinha mais seus pais vivos consigo, infelizmente eles faleceram num acidente de carro em que não estava presente. Desde então decidiu viver por si só, pois naquele momentonenhumdos seus familiares havia pedido sua guarda e muito menos foram atrás de si quando desapareceu da noite para o dia.

Trabalhou em restaurantes e mercadinhos vinte e quatro horas, sempre dando duro para continuar a estudar e ter uma forma de se manter. Com o tempo se formou, conseguiu entrar numa universidade e conseguiu o diploma de advogado, o emprego onde reinavam osmentirosos. Mas ali ele era a exceção, sempre defendendo a verdade e seguindo sem confiar em ninguém, pois se no momento em que ele estava só ninguém o socorreu, por qual motivo fariam algo por ele no auge da sua vida? Só por puro interesse.

Ele teve que aturar seus parentes vindo atrás de si, bancando os bonstioscomo se ele não lembrasse de tudo o que havia passado, dos natais em que passou fome e frio nas ruas porque seus familiares, aquelas mesmas pessoas que vieram até ele, haviam mostrado todo seu desprezo da pior forma, ignorando o fato de que ele era apenas uma criança.

Porém eramáguas passadas, TaeHyung estava bem da forma que estava, mesmo que a solidão machucasse seu peito, ainda sim era melhor do que persistir e tentar confiar para ser traídonovamente.

Nesse momento o Kim estava assinando alguns papéis de casos que aguardavam a decisão final do juiz. Era exaustiva toda essa vida como advogado, principalmente depois que a sua fama correu todo o mundo, ele sempre acabava viajando para resolver negócios mundo a fora e defender apenas as pessoas que ele acreditava brevemente na sua inocência.

— Senhor Kim? — Seu secretário, Jimin, chamou por si quando bateu a porta e em seguida a destravou.

— O que deseja? — Perguntou sem olha-lo, estava ocupado demais revendo toda aquela papelada que precisava ser devolvida ainda naquela manhã.

— A senhora Beauvoir ligou informando que a audiência em Paris foi remarcada, será na véspera de natal. — Informou ao ler o informativo em seu tablet.

— Não creio nisso... — apertou os olhos com certa força, estava estressado demais com o caso do casal de milionários parisienses que estávamos se divorciando, pois amadameexigia o triplo do que deveria receber, alegando e provando que seu ex-marido é bígamo — Tudo bem, diga a ela que embarco dia vinte e quatro pela manhã, poderia comprar minha passagem?

— Claro, senhor. — Sorriu doce, curvando-se no momento seguida para se despedir do mais velho — Antes, lembrei-me que sua tia NaHee está na portaria.

— O que aquela mulher quer aqui? — Levantou a sobrancelha tentando não descontar a raiva no pobre garoto.

— Ela exige que o senhor desça para vê-la, diz exigir tudo o que pertence a ela. — Disse por último, observando a expressão do Kim dar lugar a uma completamente furiosa.

— Diga a ela que o que émeunão pertence a ela. Eu não vou darnadaa ela, ordene os seguranças a expulsarem! — Exclamou num ataque de fúria, não importando-se com a expressão assustada do Park e depois tentou respirar para manter a calma.

— Como desejar. — Com os olhos arregalados e a respiração descompassada, o pequeno Jimin saiu da sala e direcionou ao telefone central para comunicar as ordens de TaeHyung, em seguida comprando as passagens do mais velho pela internet.


O Kim ainda estava completamente irritado com a ousadia de sua tia materna. A mulher sempre foi aproveitadora, nunca teve um afeto sequer pela sua irmã, tentou de tudo com o seu pai e no final ainda riu no enterro de ambos.


Ele a odiava. Ela é a representação mais sincera de toda a suafamília. Até mesmo da humanidade em si, pois era assim que muitos humanos agiam, sendo monstros desprezíveis e calculistas ao extremo.


Ele sempre pensou se em algum lugar do mundo existia alguém verdadeiro, sincero e que pudesse mostrar-lhe o contrário do que pensava, todavia os anos foram passando e ele perdeu toda a esperança de que alguém assim pudessemesmoexistir.


Afastou seus pensamentos e decidiu focar apenas no seu trabalho, precisava terminar tudo ainda naquela manhã e planejar como seria sua argumentação do caso da senhora Beauvoir.


[...]


Jeongguk nasceu em berço de ouro, cercado de muito luxo eamor. Apesar de todo o dinheiro que sua família possuía ainda sim tinham um bom coração, criando o filho da mesma forma.

Com o tempo tiveram que vender tudo o que tinham como ato de desapegar dos bens materiais, pois segundo os mais velhos a vida no campo e na simplicidade era melhor escolha.

E o Jeon seguiu o mesmo pensamento, passou anos da sua vida cuidando do gado, colhendo legumes e fazendo artesanato. Em nenhum momento arrependeu-se da vida que levava, tendo sempre consigo os ensinamentos de seus pais.

Para eles não importava o lugar, as dificuldades, os problemas, ou qualquer empecilho, pois umafamília unida permanece unida. Eles sempre tiveram um espírito vivente, aprenderam com os erros do passado que jamais deveriam querer acharem-se superiores ao outros, a prova disso fora o acidente que sofreram alguns anos atrás.

Eles aprenderam que a dor de uma criança ao perder seus pais valia muito. A vida de uma pessoa era mais especial do que todo o dinheiro do mundo, que toda a ganância e orgulho que antes existia no coração de ambos.

Ambos mudaram para melhor, fizeram de tudo para ensinarem aos seus filhos que a riqueza não importava, por isso doaram tudo o que tinham e optaram por uma vida simples como forma de mostrar todo o arrependimento que tinham.

Investiram na educação dos dois, sempre dando os melhores ensinamentos que levaram-os a tornarem-se pessoas tão boas quanto os pais, sempre justos e sinceros.

Com o passar dos anos, Jeongguk teve que voltar a Seul para fazer faculdade de fotografia e dança. Deu o seu melhor, mostrou sempre quem era, nunca deixou de respeitar uma pessoa sequer e agora trabalhava com o que amava, dando sempre orgulho aos seus pais.

Seu irmão também havia conquistado muitas coisas, sendo um grande médico e salvando vidas como sempre sonhou.

Depois de quase um ano inteiro longe dos seus pais, agora com vinte e seis anos, ele decidiu passar o natal com a sua família. Ele sempre fazia isso, só que com o decorrer dos anos acabou não conseguindo ir por problemas que surgiram, mas nada impedia que ele mandasse mensagens e ligasse para ambos, sempre chorando e mostrando o quanto queria estar presente junto deles.

Dessa vez nada poderia dar errado, pois sua passagem já estava comprada, suas bagagens estavam arrumadas a dias, seu estúdio de dança estava recebendo toda a atenção de Hoseok e o de fotografia tinha Yoongi como comandante. Estava certo de que passaria um ótimo feriado ao lado deles.

Para o Jeon a família sempre fora importante, os momentos juntos, as brincadeiras, as dificuldades, entre outros. Feriados e momentos de lazer que ele podia passar ao lado deles sempre eram muito bem valorizados, pois cada minuto contava.

Ele é um verdadeiro amante do natal, de todo o clima natalino em si. Era bonita a forma como as pessoas demonstravam seu amor umas às outras, apesar desimexistirem os momentos falsos, repletos de sentimentos ruins, ainda sim existem pessoas sinceras, amorosas e dedicadas.

Ele valorizava sua família, seus amigos, as pessoas por quem tinha simpatia. Sempre foram um homem sociável e gentil, seu doce sorriso demonstrava tudo isso.

Em sua mente não deveria existir pessoas que não gostassem de feriados, de festividades em si, pois esses momentos eram bons, seja para relaxar ou apenas passar o tempo.

Seexistisse alguém assim essa pessoa deveria ser muito solitária, pois não existe coisa pior do que não ter alguém em que possa confiar, abraçar e se sentirsegura. Se caso existir alguém em uma situação como essa ele queria ser capaz de ajudar, retribuir tudo o que pudesse como forma de gratidão.

Balançou a cabeça, deixando os fios longos e escuros movimentarem brevemente, tudo para continuar o seu trabalho de fotografar aquele belo parque todo enfeitado e as pessoas sorridentes ali presente.


[...]


Os dias passaram com rapidez, logo a véspera de natal havia chegado, trazendo consigo todo o clima natalino com mais vigor, incentivando as compras de última hora nos mercados, além das lojas de roupas lucrarem mais com propagandas e singles especiais para aquela época do ano.

Todos sorridentes, esperando pela chegada da meia noite para poderem presentear uns aos outros, festejar em família e distribuir o amor fraternal.

Uma bobagem!Pensava TaeHyung enquanto seguia seu caminho para o aeroporto. Ele realmente não entendia como as pessoas podiam ser tão falsas, ou o quanto elas apelavam para criarem uma faceta totalmente irreconhecível, utilizando oespírito natalinocomo uma desculpa para "perdoar" e distribuir o "amor" por aí.

A realidade era que muitos ali não gostavam um dos outros, era óbvio os sorrisos forçados, as propagandas com famílias falsas para incentivarem ao comércio naquela época. Foram poucas as vezes que ele viu com os próprios olhos sinceridade em momento como esses, mas atualmente ele não enxergava mais toda aquela sensação de conforto e bem estar nesses momentos.

Soltou um fraco suspiro. Estava realmente cansado de toda essa rotina, sempre viajando mundo à fora para defender suas vítimas, passar todos esses momentos festivos sozinho pois não conhecia alguém que não fosse falso consigo.

Não lembrava a última vez em que chamou alguém para sair, última vez que entregou-se ou apenas optou por se divertir com os amigos. Ele sempre foi um rapaz solitário, agora como um homem crescido este fato não havia mudado, continuava tudo da mesma maneira.

As cores haviam apagado para si, não existia felicidade ou qualquer sentimento bom. A realidade é que o dinheiro não pode substituir certos momentos da vida, principalmente pessoas especiais.

Não importava o quanto ele ganhasse, o quanto pudesse gastar, ainda sentia um vazio gigantesco no seu peito, seu coração parecia doer e a sua cabeça latejava todas as vezes que pensava em ser diferente, em mudar a si mesmo e ir em busca de alguém, mesmo que sofresse todas as vezes. Contudo, sempre voltava atrás, deixava toda aquela sensação passar e seguia sua vida da mesma forma que viveu durante anos.

— Senhor? Senhor Kim? — Foi despertado de seus pensamentos profundos com a voz do seu motorista, este que parecia apressado e acreditava ser pelo evento em si.

— Sim? — Perguntou um pouco desnorteado. O cansaço dominava todo seu corpo, realmente queria passar todo aquele dia dormindo e não viajando para uma audiência de última hora.

— Chegamos no aeroporto, senhor. — Informou o óbvio — Faz longos minutos que chamo pelo senhor, e nada. — Riu fraco da expressão envergonhada que TaeHyung mostrava agora, um pouco vermelho pela surpresa da situação.

— Desculpe, apenas me distrai durante o percurso. — Riu em seguida, abrindo a porta do carro e saindo ao se despedir do mais velho — Obrigada por tudo, feliz natal e tenha uma boa semana.

Adentrou aquele gigantesco prédio, observando os detalhes e as placas que sinalizavam onde ele deveria ir. Fez o chenk in e entrou no avião, sentando-se do lado de um rapaz com aparência animada, totalmente o contrário de si.

Esperou longos minutos para o avião dar voo, entretanto, a vida gosta de pregar peças nas pessoas, como se o senhor destino tivesse um prazer em ver o desespero, a raiva e a tristeza das pessoas. E fora isso que aconteceu, uma grande peça foi pregada naquele momento.

— Senhores passageiros, infelizmente uma grande nevasca está iniciando nesse exato momento, pedimos que retirem-se do transporte e vão abrigar-se no aeroporto. Tenham um bom dia! — A voz doce da atendente assemelhava-se a alfinetadas de agulha em seu corpo, aumentando as dores e deixando-o irritado.

Suspirou fraco ao soltar o cinto e ouvir o rapaz ao seu lado falar baixo, como se conversasse consigo mesmo.

Não acredito que não vou passar o natal com eles de novo... — Jeongguk soltou uma respiração pesada, estava carregada de desapontamento com toda a situação — Espero que eles me perdoem...

Por um momento pode sentir a dor do garoto, lembrando dos momentos em que desfrutou com seus pais e no momento em que infelizmente os perdeu. Depois daquele momento seus dias tornaram-se vazios, não sentia mais felicidade ou razões para viver. Era ruim para um criança tão jovem perder as únicas pessoas que podia confiar e, de repente, ser abandonado pela sua própria família.

Imaginava que aquele garoto era um rapaz bom, com uma família boa e que estava sentido-se culpado por não passar mais um natal ao lado de quem ama. Por um momento ele se viu nele, revendo o pequeno TaeHyung anos antes do acidente. Era um garoto feliz, que sempre esteve recebendo todo amor do mundo vindo de seus pais. Ele sempre se sentiu orgulhoso por saber que tinha pais bondosos e amorosos, uma lembrança boa que nunca apagou da sua mente, mas que era doloroso pensar.

Levantou-se e acompanhou todos os passageiros para fora do transporte, lembrando que deveria ligar para sua cliente informando o imprevisto. Pegou o telefone, discou o número e esperou pelo sinal, mas nada. Decidiu tentar novamente, assim a mesma cena se repetindo diversas vezes até ele desistir e esperar que ummilagre ocorresse.

Bobagem! Milagres não existem!

Resolveu ir até uma das lanchonetes do aeroporto, já que iria ficar ali por um bom tempo nada melhor do que forrar o estômago. Decidiu tomar uma xícara de chocolate quente com uma fatia de bolo de creme. Tentou conectar seu telefone a internet, mas infelizmente também não conseguiu, então decidiu ler alguma revista para passar o tempo.

Jeongguk estava um pouco tristonho, todavia, tentou buscar alguma forma de tentar animar seu pobre coraçãozinho, sabia que sua família iria compreender quando ele explicasse e como ainda era cedo talvez desse tempo de embarcar. Depois de alimentar sua positividade decidiu alimentar a sua barriga, essa clamava por algo delicioso e ele a obedeceu de prontidão.

Caminhou passos tranquilos até a escada rolante, subindo e vendo como a neve cobria toda a região do lado de fora. As janelas estão praticamente congeladas, os aquecedores do aeroporto não estavam sendo suficientes para impedir o frio de fora que ia entrando e dominando todo o lugar. Algumas pessoas já dormiam ou jogavam nos joguinhos de celular para passar o tempo. Chegou ao andar superior, buscando por uma cafeteria e ali pode vislumbrar a bela face do homem que sentou ao seu lado nesta manhã.

Ele estava ocupado lendo uma revista não muito recente, acompanhado de uma bebida que ele não sabia o que ela, além da fatia de bolo pela metade. Um sorriso doce pintou os lábios rosados do Jeon e ele optou por conhecer o homem, era bom ter alguém para conversar como forma de distração.

Aproximou-se do outro um pouco temeroso, observou ele para de ler para fitá-lo com ar de dúvida, em seguida questionando sua presença.

— Pois não? — A voz rouca era uma doce melodia, como uma sinfonia tocadas ao som de um saxofone.

— Desculpe o incômodo, mas posso sentar junto a você? — Sua timidez felizmente não deu as caras, ele não queria dar impressão errada ao rapaz — Como pode ver as mesas estão lotadas...

TaeHyung observou todo o espaço e constatou a verdade do rapaz de aparência jovem, por isso acenou positivamente permitindo que ele sentasse junto a si.

Jeongguk sentou-se de frente ao Kim, leu o cardápio e fez seu pedido, optando por um café com leite e uma fatia de bolo de morango. Enquanto esperava seu pedido, decidiu buscar algum resquício de coragem em si para puxar conversa com o outro.

— Então... — o Kim que estava comendo voltou seu olhar ao rapaz a sua frente, focando nele enquanto esperava a continuação — Me chamo Jeongguk, Jeon Jeongguk. E você?

— TaeHyung. Kim TaeHyung. — Disse simples, logo comendo uma grande fatia do bolo.

— Prazer, TaeHyung. — Comeu também uma fatia do seu, intercalando seu olhar entre o bolo e o Kim — Tem família em Busan?

— Não, meus pais faleceram a muito tempo. — Terminou de comer e ficou bebendo apenas o chocolate quente — Estava indo buscar um documento na cidade, preciso levá-lo para Paris ainda hoje.

— Sinto muito por seus pais. — Soou sincero, TaeHyung sabia que ele estava sendo sincero com suas palavras e por isso não importou-se em apenas dizer um simples "tudo bem" — Documento? Você é algum empresário?

— Não, sou advogado. — Respondeu ao dar o último gole do líquido restante na xícara — Tenho dois casos em Paris. Um deles precisa de um documento que está em Busan para provar que meu cliente é residente deste país, já sobre o outro caso tenho uma audiência que foi adiada para hoje. — Explicou calmamente, nunca havia conversado sobre sua vida com outra pessoa antes, mas por se tratar de algo simples ele não tinha por que não compartilhar — Infelizmente vou perder a audiência, não acredito que vamos sair daqui hoje.

Jeongguk escutava atentamente tudo o que o Kim dizia, admirado com a forma como ele parecia ser bem profissional, defendendo casos fora e dentro do país. Ele era um homem admirável, de fato.

— Ainda tenho esperança que possamos sair hoje, caso não acredito que já encontrei uma companhia para me distrair. — Sorriu doce, deixando os dentinhos salientes a mostra enquanto seus olhos diminuíram um pouco, quase sumindo.

— Não sou a melhor companhia. — Coçou a nuca um pouco envergonhado, o dia estava sendo privilegiado com esse sentimento que não aparecia durante anos para ele.

— Acho que você é umaótimacompanhia, senhor Kim. — Acabou sendo formal sem querer, fazendo TaeHyung rir em seguida — É verdade! — Acompanhou o mais velho no momento descontraído de gargalhadas.

— Obrigado, eu acho. — Fitou i rapaz que parecia ter grudado os olhos em si, sorrindo e analisando sua face por inteira — Hoje no avião você estava murmurando sobre não poder passar o natal novamente com sua família, sinto muito por ter escutado... — disse baixo, observando a expressão feliz dar lugar a uma tristonha e sem jeito.

— Esse vai ser o segundo ano que não passo o natal com eles. — Confessou desanimado — Deixei tudo preparado esse ano para ir e só voltar no próximo ano, mas os deuses pelo visto não querem que eu vá.

— Sinto muito por você, de verdade. — Sorriu fechado tentando confortar o rapaz a sua frente — Sabe, quando minha mãe era viva ela dizia que que muitas vezes o destino faz isso para que coisas melhores aconteçam. — Jeongguk o olhava profundamente, escutando cada palavra pronunciada e tentando confortar-se com aquilo — Quando eu era criança acreditava nessas histórias, mas depois de um tempo percebi que pode ser mentira, ou não, nunca se sabe. — Sorriu doce, um pequeno sorriso que tocou o rapaz a sua frente.

— Você me parecesse ser do tipo que não acredita em mágica ou coisa do tipo. — Confessou ao rir fraco pelo nariz — Temos tempo suficiente para você me contar, estou a todo ouvidos.

— Acertou em cheio! — Disse divertido, logo apresentando uma expressão séria — Talvez eu diga o motivo mais tarde, se você me convencer, mas por agora só digo quedetestofestividades, feriados com "datas especiais" e meu próprio aniversário. — Ele foi sincero, fazendo sinal de aspas e aparentando não conseguir nem formar um sorriso forçado.

Jeongguk entendeu de primeira que algo muito sério fez o rapaz torna-se assim, alguém de aparência solitária e cansada, como se a vida tivesse roubado tudo o que era precioso e ele estivesse tentando preencher o espaço vazio.

O olhar de uma criança perdida na escuridão, era este o sentimento que ele carregava em seus olhos, estes sendo uma perfeita janela para revelar o que sua alma esconde.

O Jeon conseguia sentir com clareza a tristeza e a dor que aqueles belos olhos castanhos, quase em cor de mel, estavam passando.Ele precisava de alguém parase apoiar,para confiar e para abraçar.

— Não preciso forçá-lo a fazer algo, você se abre se quiser, mas por agora vou dizer o quão opostos somos. — Respondeu ao segurar a mão do outro, tentando transmitir tranquilidade a ele — Eu gosto de tudo o que você detesta. Desde a infância meus pais me ensinaram a valorizar pequenas coisinhas da vida, eles intensificaram isso depois de sofrerem um acidente quando eu era muito novo. — Fez uma pequena pausa, sorrindo pequeno para TaeHyung que escutava-lhe com atenção — Por isso eu gosto desses momentos, pois é bom passar eles ao lado da minha família. E no meu aniversário eu me sinto especial, como se o mundo girasse ao meu redor, mesmo sabendo que muitas crianças nascem no mesmo dia. — Disse risonho, tendo como resposta uma risada nasalada do Kim.

— Seus pais talvez sejam como os meus eram. — Deixou seu pensamento sair em voz alta sem querer, analisando um sorriso maior ainda crescer no rosto do rapaz.

— Sim, eles foram e ainda são especiais. — Esticou-se o máximo para tocar o peito do rapaz com o indicador, surpreendendo o mais velho — Eles estão gravados no seu coração, não importa quanto tempo passe, ou o quão ruim é essa dor, eles sempre estarão com você. Suas doces lembranças com eles são suficiente para provar que elesvivememvocê. — E sem perceber as lágrimas caíram, as mesmas que segurou por um tempo foram libertadas pelas palavras aquecedoras do Jeon, ele havia trazido a tona uma sensação gostosa que ele tinha perdido a anos; oamor.

Os primeiros tijolos da barreira criada por TaeHyung, caíram. Jeongguk talvez pudesse transformar algo ali, não muito, porém ele poderia ser capaz de incentivá-lo a mudar, a subir um novo degrau dali em diante.


[...]


Como TaeHyung havia dito: eles não embarcaram.

Infelizmente a nevasca aumentou com o passar do tempo, o aeroporto ficou cercado e nenhuma pessoa ou avião poderia sair dali no momento.

Todos os planos que as pessoas ali presentes foram porágua abaixo. Não era possível fazer comunicação alguma, não tinha sinal nenhum e a única coisa que eles puderam fazer foi alimentar-se ali e dormirem nas poltronas espalhadas pelo lugar.

Enquanto isso, TaeHyung e Jeongguk divertiam-se jogando conversa fora. Eles passaram todo o tempo batendo papo na cafeteria, em seguida desceram para o andar abaixo e encontraram um bom lugar para continuarem com todo o momento distrativo.

O dia havia passado num piscar de olhos, a tarde não tardou em desaparecer e logo a noite estava presente.

Algumas famílias ali comemoravam o natal como podiam, os desconhecido juntavam-se a eles e juntos faziam uma festinha acompanhados dos funcionários do aeroporto.

Ao longe, enquanto todos estavam distraídos com a festinha, os dois entraram numa sala que levava ao lugar onde ficava as bagagens perdidas.

O lugar era imenso, repleto de prateleiras altas demais e carregadas até o topo. O chão não encontrava-se diferente, era tanta mala que dava pra se esconder ou se perder e nunca mais se achar.

— Estou me sentindo no filmeMenores Desacompanhados! — Exclamou animado, abrindo algumas malas e imitando as ações das crianças, vestindo-se com as peças divertidas que haviam ali.

— Verdade. Primeiro nosso voo é impedido pela neve, depois descemos para o lugar em que eles vão se esconder. — Narrou se divertindo com a situação — Talvez seja a parte dois do filme, desta vez estrelada por nós. — Comentou por fim, rindo junto ao Jeon.

— Sou um ótimo ator, quero receber meu cachê quando o filme alcançar o topo de vendas. — Exigiu, fantasiando de alguma madame rica e parisiense.

— Você tá igual a madame Beauvoir, minha cliente. — Disse ao rir mais ainda quando lembrou da mulher, sempre trajando roupas finas e extravagantes demais.

— A do divórcio? — Perguntou enquanto tirava as peças e vestia outras.

— Essa mesma. Ela só me dá dor de cabeça! — Exclamou a altos pulmões, retirando uma carga pesada guardada dentro de si.

— Isso mesmo! Grita! Bota tudo pra fora! — Incentivou animado, observando o mais velhos assentir e prosseguir.

— Eu odeio a tia NaHee!! — Disse mais alto ainda — Mulher do meu nojo!

— Isso,TaeTae! — Sem perceber acabou chamando-o por um apelido fofo que sua mente criou inconscientemente — Oh! Desculpa, TaeHyung.

— Tá tudo bem! — Tranquilizou o rapaz, sorrindo doce para confirmar sua sentença — Achei fofo.

— Que bom! — Sorriu animado, desfilando ao usar um paletó que assemelhava-se ao de Charlie Chaplin — O que acha?

— Perfeito! Acho que você é mesmo um bom ator. — Disse risonho.

— E você também, por isso eu ordeno que procure uma roupa e desfile comigo. Vamos imitar as crianças! — Saiu saltitante, esperando pelo Kim que apenas ria de toda a situação.

Ambos provaram e desfilaram com diversas roupas, uma mais engraçada que a outra, tiraram fotos para recordar e encontraram coisas que agradava seus gostos.

Sem perceber, Jeongguk desapareceu da vista do rapaz e acabou tropeçando numa sacola cheia de enfeites natalinos. Sorriu largo ao perceber que poderia comemorar o feriado, dessa vez de uma formabem diferente.

Voltou para perto do Kim e junto dele passou um tempo conversando enquanto estavam deitados sobre um colchão, fitando as prateleiras e um ao outro.

— Eu vou atrás de algo pra beber, você vai querer? — Perguntou ao se levantar.

— Quero. Algo pra comer também.

— Tudo bem. — Sorriu ao revirar os olhos pela expressão maliciosa do mais velho — Quando eu achar te chamo.

— Beleza.

Assim Jeongguk deu espaço para TaeHyung, deixando o rapaz pensar sobre tudo. Ele estava tendo um momento para si depois do que ele havia lhe dito mais cedo. Pensar nas palavras do Jeon trazia conforto a si, preenchendo um pouco o copo vazio que era o seu coração.

Nunca imaginou que pudesse se divertir ao lado de alguém em apenas um dia, se fosse outra pessoa ele teria negado e afastado de imediato, mas Jeongguk era diferente, ele possuía uma aura envolvente e os sorrisos do moreno foram capazes de render o ruivo de primeira.

Era bom sentir este sentimento acolhedor, algo que só sentiu uma vez e foi junto de seus pais, a quem amou de verdade e sentia a sinceridade dos seus sentimentos, a mesma coisa que experimentava no momento. Jeongguk era sincero, espontâneo, divertido e envolvente. Ele era apaixonante, contudo seu subconsciente dizia para que não se entregasse de cara, precisava conhecer mais, um dia não era suficiente para envolver-se de primeira e ele sabia disso.

Depois de muito pensar optou por deixar tudo correr calmamente, assim como as águas de um rio, percorrendo todo o seu percurso com calma e tranquilidade.

Sem perceber acabou apagando, deixando uma parte do cansaço dominá-lo por inteiro.


[...]


Do outro lado do aeroporto, em uma pequena sala onde havia uma escada e uma grande janela, Jeongguk enfeitava todo o ambiente.

Estava decidido a mostrar ao Kim que o natal era especial, pois queria que ele sentisse toda a energia milagrosa que ocorria naquela época do ano, experimentasse o mesmo sentimento que ele sentia todos os anos junto de sua família e amigos.

Ele queria presentear TaeHyung com aquele momento, algo simples mas que sabia ser capaz de mexer e talvez derrubar mais alguns tijolinhos daquela gigantesca muralha que ele havia formado ao redor do seu machucado coração.

Jeongguk desconhecia a história de TaeHyung, não sabia nem metade do motivo que levou ele a ser uma pessoa trancafiada ao redor de um grande castelo, protegendo-se de tudo e todos, todavia estava disposto a ajudá-lo a tirar cada tijolinho, não importa quanto tempo levasse.

O Jeon havia criado uma gigantesca simpatia pelo Kim, seja como um grande amigo querendo cuidar de outro, assim como um pai preocupado com o seu filho, ou um irmão querendo bancar o cuidadoso. Quem sabe ele talvez optasse por algo maior, mas agora não, era cedo demais para pensar em algo desse nível.

Tinha terminado toda a arrumação e logo trancou a sala e foi a procura de TaeHyung, entrando no salão das bagagens esquecidas e tendo o prazer de observar a expressão dorminhoca do Kim. Ele era realmente fofo ao dormir, fazendo biquinho e o cabelo todo bagunçado, as vezes murmurava algo e outras apenas se revirava no pequeno colchão.

— TaeHyung... — balançou o corpo adormecido do ruivo, observando ele despertar aos poucos e em seguida voltar a dormir —TaeTae, comida... — sussurrou calmamente, acariciando os fios avermelhados e macios como seda.

Depois de alguns minutos de luta, TaeHyung acordou. Foi levado pelo Jeon para o outro lado do aeroporto, passando pelas pessoas que dormiam nos bancos, logo entrando numa salinha pequena e vendo-o fechar a porta.

Ele ainda estava um pouco sonolento, sua visão um pouco turva, entretanto, ele viu claramente a visão ficando melhor e focando na escada e janela decoradas com enfeites natalinos. Haviam pisca piscas enfeitando a escadaria, bolinhas grandes e pequenas amarradas ali e na janela, algumas plumas e no centro duas fatias de bolo, uma do seu sabor favorito e a outra do de Jeongguk.

— Sentiu falta de passar o natal com a sua família e decidiu passar comigo? — Perguntou o óbvio, apenas tendo como resposta o acenar de cabeça do rapaz — Jeon, eu agradeço mas você sabe que-

Não conseguiu terminar pois o indicador de Jeongguk tocou seus lábios cor de pêssego, pedindo-o mudamente para que não protestasse.

— Vamos aproveitar esse momento bonito, falta apenas quatro minutos para a meia noite. — Disse ao mostrar a hora para o Kim, este que assentiu silenciosamente, decidiu não protestar por enquanto.

Sentaram-se cada um em um degrau, bebendo e comendo o que Jeongguk tinha conseguido comprar na cafeteria, aproveitando o momento até ver o relógio mostrar que era meia noite em ponto.

— Feliz Natal, TaeHyung-ssi! — Disse animado, quase como se soltasse fogos de artifício ali dentro.

— Feliz Natal, Jeongguk-ssi. — Não conseguiu respondê-lo no mesmo tom, mas tentou sorrir fraco para animá-lo.

— Olha,TaeTae, eu sei que você não gosta de festas eetc., mas eu queria fazer isso como forma de te animar, quero que você abra o seu coração e sinta o mesmo que eu sinto nessa época do ano. — Fez uma pausa, ficando de pé e segurando a mão do mais velho, puxando-o para mais perto de si — Eu quero ver seus olhos brilhando, quero que você deixe a escuridão e quebre todas as barreiras que te impedem de ser feliz. — Sorriu largo ao ver a expressão sorridente do Kim — Se você deixar, eu quero te ajudar. Quero ser o seu apoio, a sua família, o seu abrigo, seu amigo e... o seu amante.

— Você não acha que é rápido demais para pedir algo assim? — Perguntou sorridente, acariciando as bochechas agora coradas de Jeongguk.

— Eu sei, por isso vamos devagar, de preferência na velocidade de uma tartaruga. — Disse por fim, recebendo a confirmação muda do mais velho.

Tocaram brevemente os lábios, sentido os gostos de creme, chocolate, morango e café misturados, formando um novo sabor, único e diferenciado. Afastaram-se logo, abraçados numa dança sem música, mas que era suficiente para ele confessar suas dores.

TaeHyung contou-lhe tudo, todas as dores e as amarguras que sentia em seu coração. Fora abraçado fortemente, como forma de juntar os cacos estilhaçados do seu coração.

O restante da madrugada fora regado por lágrimas vindas de ambos; TaeHyung por libertar seu coração e as dores mais profundas de seu coração, e Jeongguk por não suportar ao ver o rapaz dessa forma, sempre fora alguém emotivo.

Eles tiveram um momento bom, rico em recomeços e na manhã seguinte, quando os voos foram liberados, juntos seguiram seu caminho para Busan, revelando as verdades ainda não descobertas pelos dois.

Ali eles souberam que sempre estiveram mais conectados do que nunca, poisrealmenteo destino amava pregar suas peças e juntar pessoas com o objetivo de realizar uma grande mudança.

E, de pouco em pouco, mais tijolos foram ao chão. Mudanças lentas mas precisas, pois nada se resolve do dia para noite, muitas vezes é necessário cuidar e dar passos lentos, um de cada vez.

O relacionamento de ambos era como cuidar de uma flor, pois todos os dias ela precisa ser regada, assim como também precisa de amor e cuidado. Dessa forma eles seguiram, anos e anos até a barreira por fim desaparecer por completo, como uma ação demorada, porém forte e decisiva.

Era ummilagre de natale agora eles viveriam mais acasos do destino, encontrando-se um no outro e libertando as dores guardadas nos peitos aprisionados de ambos.

Num docemilagre de nataltudo pode acontecer, carregando um traço deesperançaoamorpode surgir como o nascer de uma nova e perfumadaflor.


*Notas Finais*


Primeiramente eu gostaria de agradecer a xxliswa por fazer essa belíssima capa, realmente estou apaixonada e não tenho palavras suficientes para expressar o meu encanto completo por ela, muito obrigada 💖💞💖💞


Espero que tenham gostado, eu amei demais escrever e oficialmente tenho duas taekook no natal hihi


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https://curiouscat.me/stephy_lilian


Nos vemos em uma próxima história 💕

1 августа 2020 г. 1:11 0 Отчет Добавить Подписаться
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Ageha Sakura >> why do you still wishing to fly? >> taekook is a cute world sope ; bwoo ; kaisoo ; markson ; hyudawn twitter: @stephy_lilian [Ficwriter]

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