Era o primeiro dia depois da quarentena
Para Júlia, o fim da distância, da saudade
A menina não tinha pressa, estava em paz
Dos olhos escorriam lágrimas de maravilhamento
A primavera estava no mesmo lugar
O canteiro de margaridas também
O coreto coberto por uma nova trepadeira
Havia outras cores do meio da horta
Júlia tinha doze anos e usou o tempo com sabedoria
Pá, rastelo e mangueira
Tesoura, luva e regador
Tudo preparado, a vida não parou
A praça da esquina era a paixão da menina sonhadora
Logo viriam mais crianças
Brincadeira, poesia e jardim
O canto dos pássaros ecoava numa sinfonia
Trilha sonora para Júlia podar, tocar e chorar
A menina irrompeu num canto:
"Quem me dera viver aqui o meio do jardim
No meio das flores e das folhas sem fim"
Tecida de cores, Julia virou jasmim
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