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Pobre homenzinho

Pela maçante tristeza que invadia seu peito naquele inverno rigoroso, Sasuke sentiu frio, mas esse frio vinha de dentro. Frio amargo e revoltado, frio que rasteja e consome. Nessa miséria inquietante, sussurros viram monstros, garras afiadas dilaceram, consomem, destroem. Demônios em forma de anjos, suicidas em forma de heróis, a morte convida seus filhos para o fim. Derradeiro fim. O vazio é tomado pela culpa, estuprado pelos hisparmos de dor. Escuridão cobriu e camuflou, uma distinta companheira de dança fúnebre. Sanidade numa corda bamba prestes a cair, risadas ao alto entoam, anjos que viram demônios... Rostos desfigurados, uma família quebrada, pobre homenzinho. Oras, não foras tu que vendestes tua alma ao Diabo? Alma maculada e quebradiça. Amargura traiçoeira, a cobra no jardim do Éden. Condenastes o amor e abraçaras o ódio. Pobre homenzinho. Acaso, ó Criador, pedi que do barro me moldasses homem? Porventura, pedi que das trevas me erguesse?

Crispou os lábios, desejou ser surdo para não ouvir os maldizeres débeis de tuas alucinações. Estava louco, a vida o fez assim, arrancando de suas mãos o mais profundo e verdadeiro amor. Oh, que desgraças o acompanham! Sucumbirá na desgraça profana e no lamentável vazio. Pobre homenzinho. A neve desabava, o vento castigava, as folhas morriam, suas cores secaram. Onde estás tua família, homenzinho, se não nas profundezas da morte? Corredores frios, desolados, malditos quadros amaldiçoados. Ah, uma família feliz! Tal felicidade agora jaz no túmulo! Fora lá que deixou de amar? Pobre homenzinho.

Amaldiçoado seja por esse pecado, amaldiçoado seja por esse destino. Apedrejado pela vida, crucificado pelos seus pecados, quão herege isso seria? Oras, o próprio inferno fora o teu recanto. Arrancai teus olhos e despedaçastes a alma. Arrancai tuas asas e partirei de teu pranto. Teu pecado fora o orgulho, a ira, a avareza. Teu preço fora sua visão. Agora, não mais via, apenas ouvia. Teu fardo sobrepujou o lombar, arrancou teu descanso. Sua peste arrancou seus doces sonhos aveludados, agora resta-lhe pesadelos. E eles o comerão por completo. Pobre homenzinho.

Proveniente de família rica, sempre teve do bom e do melhor, mas numa noite tudo mudou, onde a morte ceifou. Teu irmão mais amado, odiado se tornou. Onde havia só bondade, agora via só puro ódio. De tua carne desprezou, de tua língua pestanejou. Teu falso santo queimou, esperança agora jaz nesta vasta penumbra. Aqui jaz um pobre homem. Desafortunado seja. Pobre alma solitária, onde estarás teu perdão? Nesta mansão de horrores, de fantasmas e afins, teu chamado é ouvido.

De lamentações a lamentações, hás o grito de martírio. Mas esse grito vinha de dentro. Neste jardim há flores murchas, onde o sol não alcança. Nesta cama espaçosa, ele degusta do privado sentimento. A angústia mais voraz. Sasuke Uchiha, definição de sofrimento. Sasuke Uchiha, definição de desolação. Sasuke Uchiha, definição de pecador. Sasuke Uchiha, definição de humano. Apontai o dedo e o acusai como um ladrão? Preferira o desprezar como fizestes com o Messias?

Sentiu falta de tocar aquela doce soneta, em seu violoncelo onde encontrastes a paz. Onde vozes se calam para ouvir suas notas. Onde a doce ilusão de liberdade fluía: e por breves minutos, achara ter encontrado sua alma. Sasuke Uchiha, definição de desalento.



Era nos meados de 1970, Konoha estava passando por vários processos tecnológicos. Sasuke Uchiha, um homem de já trinta e dois anos, trabalhava profissionalmente com seu violoncelo, o que para seu pai, era um absurdo. Todavia, tinha o apoio de sua mãe, Mikoto Uchiha, e de seu irmão mais velho, Itachi Uchiha. A paixão de Sasuke pela música — e o instrumento — era tamanha que deixou de lado o descontentamento de seu pai para focar em sua profissão. Pela paixão de Sasuke, ganhou reconhecimento pela sua maestria e composição. Se tornara um homem rico e reconhecido em pouco tempo, o que era de se estranhar. Não tardou para que boatos surgissem sobre; Pacto com o demônio, era o que diziam. Mas Sasuke não deixou se afetar com tais baboseiras, afinal de contas, era apenas mitos.

Em uma tarde sem nuvens, onde o sol não clareava, uma nova notícia estampava os jornais. Um casal, Fugaku Uchiha e Mikoto Uchiha, ambos assassinados pelo próprio filho, o irmão mais velho, acusado de se envolver com uma gangue criminosa mundialmente conhecida. Arrasado, estarrecido, Sasuke Uchiha caiu em profunda loucura, eles diziam. Pobre homenzinho. Os jornalistas eufóricos publicavam qualquer coisa relacionada ao homicídio, e claro, sobre o jovem violonista. Caído em loucura, eles diziam. Suas apresentações eram sempre lotadas e aguardadas, de longe se via uma mudança ao filho mais novo da família. Postura rígida e frívola, olhares vagos e mortos, olheiras profundas e de poucas palavras — não que antes fora um falador — parecia tocar como um diabo.

Pavoneava agressividade e insanidade, tocava como se descontasse todas as suas lastimas, e de certa forma, o fazia. Penetrava e rasgava o silêncio com suas exímias notas musicais, perfurando crânios com suas composições infernais. No palco, ele dava a alma para a música. Se já não a tivesse vendido para o Diabo. Cercado por abutres e enxames, onde não há descanso. Oh, pobre homenzinho, onde está sua redenção para este martírio infernal? Onde banhas teu fardo e limpas teu pecado? Deixaste o orgulho quando assinara a sentença? Deixaste a dignidade quando se deitou a força com a prostituta? O prazer da carne e da bebida não é o suficiente para livrar o tormento, pobre homenzinho. Queimastes a língua em chamas pela praga pestanejada. O preço fora a visão, eles dizem. Agora, vista-se de negro para sempre, porque és tudo que verá para todo o sempre.

Vestirdes como Judas, com um beijo da deslavada traição, porque, horas, não foras tu que provou do pecado profano? Cairdes do céu como anjos que seguira satanás, expulso do Jardim que outrora se orgulhava. Quantos mais terei de contar? Levantas da cama, explora a casa, apalpando objetos gélidos como tua própria pele — morto, eles sussurram — crispa os lábios secos quando chega ao quarto que outrora carregava tamanha comoção. Ele resvala um quadro, um quadro bem antigo. Uma esposa bondosa e gentil, um marido egocêntrico e orgulhoso, um irmão amável e dócil, e um menino gentil e tão cheio de compaixão. Pobre homenzinho. Quem imaginaria que o irmão amável e dócil mataria seus pais a sangue frio? Quem imaginaria que o menino gentil e tão cheio de compaixão iria vender sua alma para satanás e...e...

Apertai o quadro em uma cólera fervente, que de tão fervente trincai os dentes à zombaria de tua própria insanidade. Fraco, eles dizem! Fraco, fraco! Repudiais teu próprio irmão, queimara em cólera fervente em brasas, o ódio queimou como fogo em pólvora. O vulcão entrou em erupção, expelindo uma fumaça tão enegrecida que cegava; o vulcão era a ti próprio, a erupção sua raiva, e a fumaça seu ódio. Jogou o quadro contra a parede, quebrando-lhe a moldura e amassando-lhe a fotografia agora jogada ao chão. Queria estancar a dor em seu peito, mas nada podia fazer, pequeno homenzinho, porque a dor vinha de dentro. Sendo refém de tão somente ele mesmo, das próprias garras da loucura. Menino amaldiçoado, eles dizem.

Escorregastes ao chão, onde sua miséria ficou; entre quatro paredes, nada poderia o atingir, mas uma correnteza tão forte lhe sobrepujava quebrando as muralhas: as muralhas que resguardava o coração enegrecido. Coração que bate e que sangra, maldito coração pecaminoso! Arranque-o, eles dizem! Atire pela janela e cessa essa logo essa dor!

Na almofada do mal é Satã Trismegisto
Quem docemente nosso espírito consola
[...]
É o Diabo que nos move e até nos manuseia!

Maldito coração que sangra! Arrancai-o do peito, devote sua alma puramente à Satã! De sua melodia ele clama; clama para ser ouvida, clama pelas notas infernais que saía de seus longos dedos, por cada corda dedilhada entoando um som harmônico e expulsando as benditas vozes! Expulsastes esses demônios da peste! Sasuke era um músico, talentosamente infernal, eles dizem. Críticos elogiavam sua eloquência, a postura fria e despreocupada, quebrando as rédeas da realidade: até mesmo Deus aplaudiria de pé. Notas musicais que expulsa essa dor, envenene-me com sua doçura.

Sobrepujado pela vontade incessante de tomar-lhe as mãos o violoncelo, erguestes e andais pela casa maldita, palpando-lhe o ar para que evitastes trombar em objetos. Maldita cegueira! Seu castigo por seus pecados da carne; maldito mortal. Maldita escuridão infernal. Eis que chega à porta, o palmar deslizando na madeira até alcançar metal gélido - a maçaneta - abrirdes a porta e andas atento ao redor, esbarrando vez ou outra em algum objeto pelo caminho. Por fim, as mãos seguram o instrumento, quase como se segurasses uma bela mulher; apreciando suas curvas e a madeira em contato com tua pele. Por fim, colocas o arco contra a corda, deslizando-a tão suavemente como se nem a tocasse, uma melodia doce e calma ressoava pelo cômodo, e lentamente, transforma-se em um acorde intenso, como se a música ganhasse vida própria.

As vozes calam-se diante a melodia, hipnotizadas pelo próprio acorde da sinfonia. A dor morre lentamente, a música entrando em teu âmago e curando suas raízes negras. Desafortunado seja esse homem, que com um único acorde, cessa até mesmo a inconsolável dor; o grande martírio destruidor. Como águas profundas e calmas, apagas teu fogo da raiva, deixando nada mais que o agridoce vazio, sendo preenchido pelas notas já tão conhecidas.

Porventura, não notou quando uma estranha abriu a porta dupla, pesada, de madeira branca, que por conseguinte dava para a entrada da casa. A jovem olhou de forma curiosa para a mansão — amaldiçoado, eles dizem — móveis tão caros e rústicos harmonizava-se por completo a decoração clássica, de estilo vitoriana, que decorava a tão mal falada mansão. Vestida com um longo sobretudo negro, com longas botas de cano alto, a manceba perambulou pela ilustre casa, tocando-lhe os móveis e esmiuçando com claro interesse. Seus longos cabelos rosados caíam suavemente pelos ombros, cor tão incomum e exótica, chamava a atenção. Por fim, subiu pela longa escadaria cujo corrimão era dourado. Tais degraus eram brancos. A longa escadaria levava pelo complexo de dois corredores, onde podia ouvir o som de uma sinfonia tão bonita e intensa, hipnotizante e tocante, que sem pensar, andou em direção aos acordes perfeitos.

Ao tocar na maçaneta gélida, arrepiou-se por completo antes de abrir a porta de madeira. Ao abrir, contemplou fascinada o jovial músico que assombrava o público pelo seu talento colossal. Em tão pouca idade... Fitou surpresa, a boca aberta em espanto, os olhos esmeraldas arregalados de assombro, e o corpo petrificado. Maravilhada ao som invadir sua alma, numa harmonia sem igual, preenchendo-se de uma comoção tão quente e agradável como dois amantes que por muito não se viam. Ao final daquele doce e majestosa composição, o homem por fim guardou o instrumento, deixando-o de lado em um canto.

Ele, então, virou-se de costas e caminhou para sua direção, apalpando o ar, como se tatear-se bêbado pela parede como forma de manter-se em pé. Nervosa, viu, estagnada, ele apalpar sua pele, primeiro o rosto, e em seguida, teus braços. Era cego, constatou. A maldição do pecado, eles dizem.

— Quem és tu e o que fazes aqui? — Perguntou, autoritário.

A manceba engoliu em seco, nervosa, suas mãos suavam. Arrependeu-se de ter bisbilhotado algo tão íntimo e pessoal, mas a curiosidade e o fascínio pela música a cegou, de tal maneira que se esqueceu debilmente os modos. Se a mãe da menina estivesse ali, claramente a repreenderia e lhe ensinaria boas maneiras, e como castigo, a puniria severamente. Boas meninas não quebram as regras. Boas meninas não abelhudam.

— Eu sou a nova empregada... senhor! — Gaguejou, engasgando em sua própria saliva.

— Quem lhe deu o direito de invadir meu quarto?! — Enfurecido, estremeceu-se em fúria.

A rosada apenas afastou-se, recuando assustada. O Uchiha ofegava com tamanha insolência da garota, além de não ter batido a porta, espiou-o em seu momento mais íntimo; onde suas dores e raivas eram levadas com a música. Por tanto, sentia-se indignado, e por um breve momento, as vozes mantiveram-se caladas. Como se o espetáculo ainda não tivesse chegado ao seu clímax.

O coração da menina estava inquieto, batia mais do que o normal, suas mãos tremiam, e logo suas pernas há de ficar bambas. Saliva se acumulava em sua garganta, respiração tão ofegante como se houvesse corrido milhas de distância. Estava nervosa, e aquele homem tinha o olhar endiabrado.

— Perdão, mil perdões! Isso nunca mais há de acontecer! Eu só estava encantada pela música e... e vim!

Inalou ruidosamente, abanando a cabeça negativamente. Que atrevida! Por fim, acalmou-se por pouco, respirando ofegante.

— Saía daqui, saía agora daqui! — Ordenou, o peito subindo e descendo conforme sua respiração normalizava.

A face da desconhecida corou, destacando sua pele alva. Apressou-se em se retirar do quarto, com os batimentos cardíacos acelerados, e respiração ainda irregular. O homem então ficou em seu leito, ofegante, nervoso, com a aparição súbita de uma estranha desconhecida, que com tamanha ousadia espionou tal momento íntimo. Alisou os cabelos negros com ambas as palmares suadas, desgrenhando seus fios longos e rebeldes. Por fim, também deixou o leito, cansado o bastante para continuar a tocar.

Correu para as escadas, o coração bombardeando tão forte contra o peito chegava a doer. Respirou fundo, ofegante, arrepiando-se por completo em puro estarrecimento. Estava em choque, ainda não acreditou no que tinha feito; ela simplesmente espiou uma das maiores lendas musicais, e o pior, ele a pegou e a repreendeu bruscamente em seu primeiro dia de trabalho. Enrubesceu-se ao lembrar do olhar enraivecido em seu rosto pálido, o olhar de alguém que perdeu tudo, o olhar de alguém que amaldiçoou e amaldiçoado serás, o olhar de um desolado. Sasuke Uchiha, definição de destroçado.

“E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado, Ó velho corvo emigrado lá́ das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá́ nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Como um céu em tormento, seu interior se encontrava em revolta. Mãos tremiam, cólera ardente queima e cega, a neve lá fora caía, sem parar, sem cessar. Não que ele pudesse ver, claro. Amargurado seja essa alma, transtornado estava, redenção nenhuma há para esse ser endiabrado. Ele deveria estar morto. Às vezes, ele pensa no porquê de teu irmão não ter o levado para junto de tua família, ele era tão merecedor de viver quanto o pior dos criminosos. Às vezes se permite chorar, com memórias tão antigas e acolhedoras que cortam e dilaceram seu âmago; arranca o oxigênio e desaba a estrutura. Agora, ele se permite chorar, com fantasmas de um passado tenebroso há gritar.

“Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
“Maldito”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”
Disse o Corvo, “nunca mais”.
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta! –
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, e esta noite e este segredo
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!”
Disse o Corvo, “Nunca mais”.”

Oras, casa amaldiçoada, quando deixastes de assombrar seu dono? Ou será mesmo que essas almas desgarradas não encontraste seu caminho? Poucos sabem, talvez, que esses boatos são verdadeiros, porque, numa noite de tempestade, uma alma, uma única alma, há de presenciar o mais puro horror. Porque o inferno pode estar mais perto do que imaginas.

“Que esse grito nos apartes, ave ou diabo”, eu disse. “Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”
Disse o Corvo, “Nunca mais”.

Sakura Haruno, com tão pouca idade, — dezenove anos, 20 daqui há alguns dias — de pouca coisa já viu. Nascida em uma família humilde, teve de se virar ao completar maioridade, seus pais, Mebuki Haruno e Kisashi Haruno, empurrou a filha para o trabalho após seu aniversário de dezoito anos, afinal, mal podiam pagar suas despesas. Contudo, assombrosos ficaram quando sua filha, numa manhã de domingo, anunciou que começaria seu trabalho na famosa mansão Uchiha. Claro que os boatos se espalharam e muitos afirmaram de pé junto que a casa era assombrada pelos parentes já mortos; vozes estranhas durante a noite, objetos fora do lugar, e risadas que juraram ser de crianças.

Mas Sakura Haruno nunca acreditou nesses boatos. Foi por isso que, antes da mãe a despertar, já tomava seu café da manhã e rumava para a mansão. De princípio, se espantou com o quão grande era a casa, até ver o jardim com suas diversas flores murchas; flores sem cor, flores sem vida, resguardava sua beleza neste pecaminoso cenário?

Não havia beleza, não havia sol, não havia vida. Cor repudiada, vida ceifada, amor ignóbil. Condena-te a alma, anátema perpétua! Trêmula, deambulava sobre esse cemitério desonroso. Oh, Céus, onde está sua benção para este recanto infernal? Os quadros a espiam, de famílias mortas há rastejar sobre esse débil plano. O cocheiro traz teus pertences, com olhar assustado, diz: “Pobre menina, que a sorte esteja contigo! Carregue a cruz e que os Céus olhem por sua alma!” Então, parte em retirada.

Tremeu, e diante daquela fortuna, amaldiçoada ela fora por deambular em solo obsceno.

Gritou, possuído então de um orgulho satânico: "Jesus, ó meu Jesus! Te ergui à etérea altura! Mas se, ao contrário, eu te golpeasse na armadura, tua vergonha igualaria atua glória, e não serias mais que um feto sem história!"
[...]
Sua razão de pronto a pó se reduziu. A flama deste sol de negro se tingiu; O caos se lhe instalou então na inteligência, templo antes vivo, pleno de ordem e opulência, sob cujos tetos tanto fausto resplendia e nele floresceram a noite e a agonia, qual numa furna cuja boca jaz selada.

Como demônios se rompem num coração indomável? Bastou poucos minutos para perceber que Sasuke Uchiha não era tudo que dizem. Bastou poucos minutos para perceber que, detrás dessa correnteza de ódio e loucura, havia um pequeno menino quebrado e fragilizado. Sakura sentiu pena, pois assim como todos que acordavam para uma vida rotineira e corriqueira, ela sabia que ele perdeu tudo. A cor se ambientava de acordo com o cenário, e para a rosada de alegres olhos esverdeados, isso era um pesar. Mesmo quando pensava em tempos alegres e divertidos, era como se uma névoa cobrisse essa visão alegre e feliz, uma névoa escura e desalentador.

A casa, era tão morta quanto o próprio dono. A morte, uma carcereira tão terrível e malquista, rasteja sobre este plano com o desejo incessante de levar seus filhos. Um brinde ao nosso egoísmo! Um brinde pelo nosso desejo de poder, de usufruir do caos e melancolia. Oras, não é isso que os seres humanos fazem? Destroem sem importa-se com a culpa. Ou remorso. Oras, não foi Eva que comeu do fruto proibido? Não foi a serpente que condenou nossas pobres e caquéticas almas?

O que levou a um filho matar seus progenitores? O que levou a um filho sucumbir na maldição do ódio, encarregando a alma ao Diabo? Louco, eles dizem. Arrepios subiam pela coluna, engolia em seco quando abria a porta e encontraras o quanto dos antigos donos já mortos. Quadros, bendito quadros que espionam e esmiúçam nosso espírito.

Arrancai minha alma, arrancai meus olhos para não mais ver esse roteiro infernal.

Quadros, bendito quadros que espionam e esmiúçam nosso espírito. Seu corpo tremeu, sua pele formigou, o medo, o mais puro medo espancou sua corpórea em espasmos trêmulos. Os lençóis brancos destoavam de toda aquela imundice de cores impuras.

Por que Deus, não espia com teus benditos olhos essa obscena mansão? Invada-as com teus anjos e arrebata estes demônios. A menina andou e andou, limpou e limpou, a alma inquieta pelo pavor crescente, subindo e agarrando a garganta, expulsando teu ar, então, incomodas o coração. Quadros como olhos, paredes que se fecham, ar que asfixia. Por fim, quando a noite chegou e o espírito foi por ele subjugado, ela orou, orou para seu Criador, orou pela sua alma. Mas, acima de tudo, orou pela sua sanidade.

12 мая 2020 г. 23:40 0 Отчет Добавить Подписаться
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