yizumi yizumi .

Às vezes, acreditar no amor pode ser difícil para algumas pessoas e nem sempre temos todo tempo do mundo. Foi o que Baekhyun aprendeu quando encontrou Chanyeol no hospital que trabalhava em Paris.


Drama Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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La Mort


— Chanyeol… — Minseok, um colega que realmente não aguentava mais nada naquele curso, reclamou irritado olhando aquele monte de livros. Realmente não sabia como é que foi chegar ali. Deus! Só queria se formar logo, só que ainda estava no primeiro ano assim como seus colegas — Chega. Não aguento mais. Não tem como ser médico só com 2 semestres de curso?!

— Com esse monte de dependência que você tem… nem um estágio consegue — Kyungsoo, de saco cheio, disse. Mas não de saco cheio com Minseok, era com a matéria desgraçada que ficou para recuperação mesmo.

— Não fala isso, se não Minseok surta. — Jongin largou a caneta na mesa enquanto respirava fundo — Eu tô quase trancando esse curso. Olha isso… como eu vou calcular quantas miligramas de não sei o que o corpo precisa? Sei lá… Eu não sei transformar quilogramas para miligramas e sei lá o que. Como vou entender?! Não sei as dimensões das coisas.

— Não precisa calcular, é só decorar — Chanyeol se meteu, sem prestar atenção no resto. Folheava um livro qualquer já que não tinha recuperação nenhuma para fazer.

— DECORAR?! Como que eu vou decorar?! Meu cérebro tem um total de 2gb de memória!

— Você mal começou a estudar, Jongin. Para de graça. — Baekhyun o repreendeu risonho, apesar de tão desesperado quanto.

— Bom, eu, Kim Minseok, não aguento mais… — então o garoto se jogou em cima da mesa completamente desolado enquanto todos os outros riam daquele drama todo. Jongin estava do mesmo jeito. — Vou ter que trancar o curso, foda-se.

— Bora, eu e você, juntos, secretaria, trancar o curso.

— Fechou.

Aqueles dois eram o alívio cômico do grupo de estudos. Santa dupla Kim.

No fim, não foi ninguém trancar o curso. Apesar dos surtos, eles amavam aquela profissão e realmente viam um futuro.

Nenhum deles tinha noção do quanto era difícil cursar medicina, ainda mais em um país onde o estudo era super valorizado. Imagina só ficar por último no ranking de notas da universidade?! Era a morte total, o fim. Minseok ficava devastado por estar sempre em 99º.

Já Chanyeol, bom, não era quem liderava o ranking mas, em certas matérias, ele era o melhor com toda certeza. Habilidades Médicas que o diga, ele sabia muito bem conversar com pacientes e não perdia um diagnóstico. Enquanto esse era justamente o ponto fraco de Baekhyun.

— É, dessa eu não escapo da dp.

— Não, Baekhyun — Kyungsoo disse — Chanyeol pode te ajudar. Ele é muito bom em Habilidades Médicas… não sei porque vocês ainda não se juntaram para estudar.

O silêncio se fez. Um, dois, três minutos, Chanyeol quietinho pensativo enquanto Baekhyun sustentava uma cara apreensiva.

— Né? — Kyungsoo voltou a falar — Chanyeol?! Você pode ajudar o Byun.

Não que Chanyeol não quisesse ajudá-lo, mas as coisas estavam estranhas entre eles. Todos tinham notado, é claro, mas ali praticamente evidenciou que realmente algo não estava certo.

Principalmente com Chanyeol. Ele estava… estranho. Costumava ser mais ativo, feliz, de bem com a vida e sempre tentando acompanhar Byun Baekhyun para todo santo lugar. Até que algumas semanas atrás, mudou completamente. Ele parecia estar mais quieto, focado somente nos estudos e mal transparencia querer ficar tão perto dos colegas. De Baekhyun. Ele não tinha mais aquela determinação como antes.

Chanyeol não estava bem, só que ninguém era capaz de observar a profundidade da situação dele. E estava tudo bem, não eram todos melhores amigos para que notassem aquilo, apenas amigos de faculdade. Tudo bem. Chanyeol iria lidar com tudo da melhor forma.

— Sim — enfim se pronunciou. — Posso ajudar. Claro.

Aquelas palavras pareceram ser um pouco forçadas justamente porque o Park queria mesmo respeitar o espaço de Baekhyun.

— Galera! Maneiro estudar com vocês, surtar com vocês, chorar com vocês, mas eu tô saindo. Só quero dizer que: vou encher meu cu de pinga. — Minseok levantou da mesa e saiu sendo seguido por Jongin gritando que finalmente estava sendo liberto de toda aquela opressão que eram os livros e os artigos científicos.

Kyungsoo foi junto pensando que um suco de maracujá não seria uma má ideia naquele momento insuportável.

A biblioteca estava em completo silêncio já que restavam somente o Byun e o Park sentados distantes, na mesma mesa de estudos. Sem Jongin e Minseok por ali, as coisas iam da serenidade ao puro som do nada.

Chanyeol acabou levantando da cadeira e pegou todos os seus materiais, Baekhyun até achou que ele iria embora, mas não. O mais velho foi até ele, sentou ao seu lado e tentou agir da melhor forma que poderia. Ele queria que parecesse normal como antes.

— Vai querer ajuda em que parte?

Baekhyun demorou alguns segundos para responder.

— Hã… ah... não consigo entender direito como isso funciona. O artigo que eu peguei é muito complexo.

— Tem que pegar um mais acessível. Esse provavelmente foi feito de doutor para doutor. Nós precisamos de uma linguagem mais… direta. Sem tanta palavra que induza a confusão.

— Exatamente. Erro meu.

— Mas vamos procurar outro — disse o Park, tirando o notebook da mochila.

Depois disso, ficou mais um silêncio esquisito porque aparentemente nenhum deles sabia como continuar.

— Chanyeol… — Baekhyun falou calmo, como se fosse perguntar alguma coisa. O outro o conhecia bem para saber o que ele queria dizer, por isso se adiantou.

— Tá tudo bem, Baekhyun.

— Mesmo? Porque tô te achando muito....

— Baekhyun, eu não vou morrer só porque você não gosta de mim como eu gosto de você. Não por isso.

— Eu sinto muito. Sinto tanto...

— Tudo bem. Já tivemos essa conversa.

— Não precisa ser grosso — o mais novo disse.

— Juro pra você que não estou sendo grosso. Sério mesmo, Byun. Eu entendo. — Chanyeol não se sentia bem naquele momento, aquele choro quase saiu, quase, mas segurou. Focou os olhos marejados na pesquisa que fazia. — De verdade. O problema não é você. Só quero que entenda que eu gosto de você, mas isso não quer dizer que vou tentar alguma coisa que não queira.

— Eu sei que não…

— E por que ficou assim depois da nossa conversa?

— Você também está distante, Chanyeol. Nós não somos melhores amigos, mas sempre ficávamos juntos. Você mudou. Tá diferente.

— Só achei melhor. Achei que fosse precisar de tempo.

— Eu que achei que você precisava de tempo — o Byun, mais novo, retrucou.

— Queria mesmo poder ter tempo… — Chanyeol falou baixinho, quase num sussurro. — Tá tudo bem, sério — ofereceu um sorriso, pequeno mas verdadeiro.

— Obrigado mesmo por tudo que você me disse naquele dia…

— Não precisa me agradecer, sabe? — desviou o olhar do computador para que pudesse olhar nos olhos de Baekhyun. Talvez por uma última vez. — Você é incrível, acho que precisava mesmo ter dito o quanto você é incrível. Só te disse que eu te vejo, eu vejo através de quem você é. O seu jeito me encanta. E eu me apaixonei assim, por tudo que eu consegui perceber nos mínimos detalhes sobre você. Sabendo que não seria correspondido.

— Você é incrível também, só que…

— Você não me ama. — Chanyeol pontuou. Estava sendo mais forte do que imaginou.

— Chanyeol… — disse com pesar, Baekhyun não esperava. Era realmente um amor não correspondido? — Você me ama?

— Sim. Eu amo você. — Voltou a olhar para a tela do notebook. — E você não me ama.

— Não. E eu sinto muito por isso.

— Nem precisa sentir, ninguém é obrigado a amar ninguém.

— Mas você é um bom amigo…

— Obrigado, eu acho. Espero ter sido um bom amigo pra você de verdade.

— Você é. Não use verbos no passado comigo, hein… Nós somos amigos.

Chanyeol deu um meio sorriso, ainda com os olhos marejados.

Aquela conversa significava muito mais do que apenas uma rejeição para o mais velho. Ali ele conseguiu entender que, se desligar e se afastar, não era sinônimo de fracassar ou ser imaturo. Era a forma de preservar a saúde mental que ainda lhe restava.

Era o que ele precisava fazer. Já vinha pensando nisso há tanto tempo...

— Acho que… acho que prefiro estudar amanhã. Tudo bem pra você, Chanyeol? Já são 10 horas da noite… o campus logo fecha.

— Antes de ir... eu queria te dizer uma coisa.

— Pode dizer.

— Tem um tempo que meus pais vem pedindo para que eu volte para Paris, estudar lá… e algumas coisas aconteceram também. E eu decidi que iria. Já terminei tudo mesmo, já ajudei vocês a estudar para as recuperações...

Baekhyun não disse nada, continuou olhando fixamente para Chanyeol.

— Não é por sua causa, realmente tá tudo bem. Nós superamos amores, eu vou superar também… são outras coisas acontecendo.

— Entendo — disse sem saber realmente o que dizer. Tinha algo dentro de Baekhyun que se quebrava a cada palavra dele, mas não conseguia saber muito bem o que. — Quer conversar comigo sobre?

— Não. Mas eu queria me despedir de você. E pedir que não esqueça que um dia alguém gostou muito de você. Não pense só da forma romântica. — Chanyeol não o tocou fisicamente, mas o olhar dele… parecia doer tanto em Baekhyun. — Pense que além disso, foi seu amigo. Que viu em você muito mais do que as pessoas comentam. Que viu todas as suas qualidades e aceitou todos os seus defeitos, os compreendeu e jamais te julgaria por qualquer um deles.

— Você sempre diz que eu sou incrível… — Baekhyun começou a dizer — e… olha pra você! As vezes, acho que você não presta atenção em quem você é. Inteligente, bonito, engraçado… não vou te esquecer. Ainda vamos nos encontrar nos hospitais a fora. A Coreia do Sul é muito pequena pra você mesmo, Paris te espera.

— Queria muito que fosse desse jeito — lamentou Chanyeol. — Mas obrigado por tudo. Principalmente por me entender.

Os dois acabaram juntando aos poucos seus materiais e o mais velho fechou o notebook.

— Então é isso. Boa sorte na sua recuperação. Qualquer dúvida que você tiver, pode me mandar uma mensagem.

— Quando você vai embora? — soou meio desesperado, então ajeitou a postura.

— Por esses dias. Só tenho que entregar o apartamento.

— Você vai mesmo… Estava realmente planejando. — Baekhyun comentou. — Vou sentir sua falta. Digo, nós todos vamos.

— Espero que sim, né?! Quem vai ajudar você e esses três a estudar sem querer trancar o curso? — brincou tentando disfarçar o bolo que subia na garganta.

— Só você mesmo… — riu, entretanto seu olhar estava longe.

— Posso te dar um abraço? — Chanyeol pediu.

Mesmo com aquele monte de livro nos braços, a mochila pendendo no ombro, o cabelo preto meio bagunçado e aquela corrente com um pingente cafona que ganhou de seus pais, o Park ainda conseguia ser lindo. Baekhyun seria um idiota se não admitisse isso.

Depois daquela conversa que tiveram onde Chanyeol se declarou, Baekhyun vinha se perguntando o porque não o amava de volta se ele era tão perfeito. Coitado, o medo poderia acabar destruindo muito mais do que um amor se Baekhyun não percebesse logo.

Por fim, maneou a cabeça positivamente. Um abraço não iria matar ninguém.

Chanyeol largou seus pertences na mesa novamente, se aproximou e o envolveu num abraço confortável. Não foi rápido, foi calmo. Parecia ter acontecido em câmera lenta do tanto que os dois prolongaram os toques. Daqueles que não transmite só amor, mas tudo que é sentimento. Chanyeol nunca dedicou sua vida a uma coisa como se dedicou em demonstrar tudo o que sentia por Baekhyun por meio de um abraço.

Era doloroso e ao mesmo tempo libertador. Encostar no corpo de Baekhyun, sentí-lo colado ao seu. E pensar que esse seria o máximo que teria do outro. Não se conteve, acabou raspando a bochecha nos cabelos dele e sentindo seu cheiro. Se tinha uma coisa que conseguia deixar o Park desnorteado, era aquele cheiro. Baekhyun era realmente algo…

— Eu amo você. Espero que nunca esqueça disso.

Ele não queria uma resposta, sabia que o outro não tinha uma também, por isso aguentou o silêncio alheio e aquela cara abobalhada, pegou suas coisas e foi embora. Não se despediu de mais ninguém, só foi embora.

Era o melhor que poderia fazer naquele momento.

(...)

Baekhyun estava exausto. Mais um dia com a enfermeira mais porreta de toda Paris, Maggie, coordenando o caos da emergência. Aquela mulher colocava ordem na casa de um jeito extraordinário, não tinha um médico que ousava retrucar alguma ordem dita por ela.

Baekhyun não conseguia nem sentir as pernas, ficou horas auxiliando uma cirurgia cardiotorácica e mal parecia ter visto a luz do sol de tão pálido que estava.

— Byun. — chamou a enfermeira tomando a atenção do mesmo que tirava o gaze da perna de uma garota de 8 anos. — Fora da minha emergência. Você e Luhan. — apontou para o outro residente que auxiliava ajeitando o soro da menina — Meia hora pra descansar. — disse a enfermeira firme, no fundo escondia uma simpatia gigantesca por aqueles dois.

Maggie falou para que terminassem de atendê-la e que fossem para o outro lado do hospital descansar, assim não iriam atrapalhar no fluxo de passagem.

Ela gostava deles, de como trabalhavam, da dedicação que tinham. Baekhyun veio da Coreia do Sul assim que conseguiu ser aprovado para fazer a residência justo em um dos hospitais mais requisitados de Paris. Já Luhan, de descendência chinesa, muito empenhado, chegou há menos de 2 meses para a cidade. Maggie tinha certeza que os dois poderiam ser o futuro da medicina, a dedicação e amor pela profissão, isso sem falar do talento, era visível para qualquer um, então jamais passaria pelo olhar da enfermeira.

— Sim, senhora — disseram em uníssono, risonhos. Ela era o máximo mesmo.

Apesar de tanto movimento, o Byun sempre soube que sua vida pessoal seria uma completa bagunça assim que escolheu realmente cursar medicina, mas nada se comparava em como aquele dia estava sendo.

Era doutor pra cá, doutor pra lá. Além daquela cirurgia enorme, tão longa que quando saiu da sala de operação, deu de cara com a emergência cheia. Todo mundo em peso trabalhando, não tinha um médico de folga já que houve um acidente horrível na linha do trem e biparam todas as equipes disponíveis.

Mesmo no final da residência, pronto para seguir para uma especialização, ainda não tinha se acostumado com tantas vidas sendo perdidas. Alguns médicos diziam que uma hora você nem sente remorso, somente aceita a morte, e o Byun se perguntava realmente se um dia seria assim.

Será que ele seria um médico frio? Um robô que só faz cirurgias ou atende as pessoas em seu consultório e segue a vida como se aquilo não lhe afetasse?

Lutaria para que não caísse no comodismo, na aceitação.

Chegando num corredor vazio, descansando as pernas, decidiu ficar jogado pelas cadeiras junto ao colega.

— Não queria dizer nada e estragar o momento, mas… chegou mais alguém em estágio terminal. — Luhan, colega de trabalho, disse exausto apontando para a ala de oncologia no fundo do corredor.

— Acho que se te mandarem pra lá, você não volta vivo — fechou os olhos limpando o suor da testa.

— Não sei se eu seria capaz de ver mais uma pessoa morrendo, sabe? Não de câncer. É doloroso pra todo mundo ao redor, não tem um médico que não fica mal quando um paciente da oncologia morre.

— Exceto a doutora Hahn. Ela é durona demais.

— Ela nem conta, Baekhyun — Luhan riu — a mulher é uma bruxa. Pelo amor de deus! Recusou a cirurgia do garotinho só porque o risco de morte era maior durante a cirurgia… Ele precisava daquela cirurgia.

— Acho que ela pensou que a família ficaria melhor sem esse medo do menino morrer sem ter mais tempo com eles.

— Não. Ele teria mais um mês sem a cirurgia, mas se tivesse feito teria o resto da vida.

— Mas se morresse durante a cirurgia, não teria mais tempo nenhum com a família dele. — Baekhyun pontuou.

— É verdade… bom, de qualquer forma, a família desistiu de pedir a cirurgia. Se fizeram, não foi aqui.

— Tem muitos hospitais em Paris dispostos a fazer essa cirurgia. Se eles quiserem, vão conseguir, Luhan.

O chinês assentiu, mesmo discordando um pouco. Doutora Hahn era uma bruxa sim, e o currículo dela não mentia.

Mas isso eram apenas opiniões.

— Esse lado do hospital é tão quieto…

— Sim — Baekhyun respondeu olhando para a porta da ala de oncologia. — Também… não pode fazer muito barulho. O pessoal quer descan-

— Ué, por que parou de falar? — Olhou para Baekhyun, estranhando o comportamento dele. — Baekhyun?

— Eu acho que vi alguém que conheço.

Se levantou tão rápido que Luhan nem o acompanhou pela rapidez. Luhan ficaria ali, quietinho, descansando porque a hora que voltasse para a emergência sabia que hoje, ele não sairia de lá.

(...)

— Maggie! — chamou a enfermeira desesperadamente.

— Eu não falei pra descansar, Byun Baekhyun?! Garoto, você saiu de uma cirurgia agora a pouco… vai descansar vai!

— Eu já vou, é só que, me diz uma coisa…

— Respira. Depois fala. — Ela parou na frente dele cruzando os braços.

— Quem deu entrada na oncologia há 2 minutos atrás? Qual o nome? Quero saber o prontuário.

Ela o olhou confusa, iria perguntar o que era mas sinceramente, era melhor nem saber. Quanto menos soubesse, menos se envolvia nas coisas desses médicos doidos.

— Seja lá o que você vai fazer, eu nunca te disse nada — Maggie resmungou olhando para o tablet em busca do que ele havia pedido. Só ela tinha acesso a todos os casos e pacientes do hospital inteiro, aquela mulher era literalmente o cérebro do Saint Joseph.

— Você nunca me disse nada! Nadinha! — Baekhyun implorou, ansioso.

— Tá, tá, garoto. — Ela suspirou. — Eu vou me arrepender disso… tanto...

— Fala logo, Maggie!

— Park Chanyeol — disse revirando os olhos — ala oncológica, tumor no cérebro, ele fez uma cirurgia para remover um tumor intracraniano alguns anos atrás. Teria sido um sucesso se…

— Não tivesse voltado — respondeu com o olhar distante.

Nesse momento a cabeça do Byun tinha ido parar em outro planeta, outro universo. Ele não sabia exatamente como e o que pensar.

Tomou o tablet da mão dela procurando por respostas e ignorando totalmente os resmungos da mais velha.

— Ele descobriu o tumor quando estava na faculdade. Não acredito, Maggie...

— Não sei. Minha cara de quem estudou com ele, Byun! — Ela debochou, querendo que ele contasse o que realmente aconteceu. Maggie não queria mesmo se envolver, mas nunca tinha visto Baekhyun agitado daquele jeito.

— Mas eu estudei, Maggie…

— Na Coreia?

— Sim. Na coreia. Ele… será que vai ser ruim se eu for vê-lo?

Ela olhou para os lados, vendo todo mundo focado no que estava fazendo.

— Ele é especial pra você?

Ele assentiu, quase que nem deu pra perceber.

— Tem uma hora, Byun.

Baekhyun agradeceu tanto a existência daquela mulher na sua vida que só não beijou os pés dela porque levaria um chute.

(...)

Pela janela do quarto, conseguia ver nitidamente. Era mesmo Park Chanyeol. O mesmo Park Chanyeol de sempre, mas parecia tão exausto. A oncologia conseguia ser a pior ala para Baekhyun, talvez por conhecer muito bem do que células cancerígenas eram capazes.

— Chanyeol… — falou baixinho, mais para si mesmo, lamentando a situação.

Quando conversou com a enfermeira, é claro que sabia quem era o paciente em estágio terminal, mas agora vendo com seus próprios olhos não conseguia acreditar que estava vendo Park Chanyeol, o único garoto que lhe demonstrou a profundidade de um amor verdadeiro.

Só não esperava que ele iria notar a presença do outro lado, olhando através da janela transparente.

Baekhyun não escondeu a surpresa de vê-lo novamente, olhar naqueles olhos de novo. Era surreal.

Andou até a porta, receoso, até finalmente estar frente a frente com o antigo colega de faculdade.

— Oi.

Foi a única coisa que conseguiu dizer naquele momento.

— Baekhyun? — Chanyeol nem tentou esconder a surpresa de revê-lo, nem queria, fazia tanto tempo desde a última vez que sorriu ao ver que ele continuava o mesmo Byun Baekhyun de antes. Bonito, com aquele ar elegante e aquele olhar que o devastava. — Então você se formou em medicina, hein? Fico feliz que tenha conseguido realizar seu sonho.

— Eu consegui mesmo… — respondeu baixo.

— E como estão os meninos?

— Bom... — tentava esconder a surpresa de encontrá-lo justo ali. Sabia que era ele, sentado na cama, mas não aparentava realmente aquele Chanyeol que costumava conviver. Os olhos não brilhavam mais como antigamente e seu sorriso já não era tão contagiante. — As vezes, falo com Kyungsoo, ele está bem. Os outros também. Ninguém teve notícias sobre você por anos… nem no Facebook te achei. Há quanto tempo?

— Há quanto tempo estou doente? — Baekhyun assentiu — você deve ter visto no meu prontuário — deu uma risadinha. Chanyeol o conhecia realmente bem mesmo depois de 8 anos sem contato nenhum.

— Mas eu não- — Baekhyun até tentou se justificar, entretanto foi interrompido.

— Foi um pouco antes da nossa última conversa que fui diagnosticado com tumor no cérebro. Astrocitoma de Baixo Grau de Malignidade. Quando descobri… senti como se tudo estivesse desmoronando, confesso que fiquei muito perdido. Eu sei que você deve ter achado que o meu afastamento foi por você ter me rejeitado, mas não foi… bom não totalmente — deu um sorriso para diminuir o clima triste que tinha surgido — Mas me conta sobre você, como conseguiu se formar sem a minha ajuda, hm?

Baekhyun riu, ainda era o antigo Chanyeol, diferente, mais velho e maduro, mas ainda era ele.

— Digamos que foi... difícil. Chanyeol! você não sabe o quanto eu me lasquei — deixou um riso escapar enquanto o sentimento de nostalgia tomava conta de suas emoções — Acredita que até me juntei com Jongin e Minseok pra reclamar do quanto não aguentava mais o curso?! Espero que o Kyungsoo esteja ganhando muito bem, porque não foi fácil aturar três marmanjos choramingando todo dia.

— Ele deve ter dado graças a Deus quando vocês se formaram — falou risonho.

— Acredite, o TCC deve deveria ter sido “formas de como trancar o curso de outra pessoa” do tanto que ele já não aguentava mais a gente.

Ah, ele realmente sentia falta dos meninos e das reclamações da dupla Kim.

Baekhyun se sentia bem, conversando com Chanyeol e relembrando da época em que estudavam juntos. Aquele clima deixavam as coisas mais leves e fazia com que Chanyeol se animasse mais, nem que fosse um pouquinho.

Como sentia falta de jogar conversa fora com ele, era tão bom, ver o rosto dele se iluminando com cada história e perrengue que Baekhyun contava que passou por causa dos meninos.

Era gostoso ver Chanyeol sorrindo com as lembranças que tinha daquela época, gostaria que Chanyeol tivesse compartilhado daqueles momentos também. Isso se não tivesse o deixado tão distante, a ponto do mais velho ao menos considerar contar a ele sobre o acontecido.

— Ah, não... — reclamou Baekhyun, desanimado, ao ver as horas.

— O que? Aconteceu alguma coisa?

— Já deu o meu horário. Maggie disse que era só uma hora. Tenho que ir logo. Ou ela vai me matar. Cortar em pedacinhos e depois comer como se fossem petiscos.

Chanyeol riu.

— Mas você pode vir me visitar às vezes, quando quiser. — falou Chanyeol pouco esperançoso com a resposta.

— É claro que eu vou vim te visitar, Park.

E com um sorrisinho tímido, se despediu.

Precisava encontrar a enfermeira urgentemente. Com certeza ela acabaria com Baekhyun, mas estava tudo bem.

Enquanto corria pelo hospital, só conseguia pensar no sorriso que Chanyeol deu para ele quando se despediram.

(...)

Não era uma surpresa dizer que Chanyeol não se encontrava estável. Agora o tumor tinha se apossado de mais um pedacinho do cérebro dele, vagarosamente, mas ainda mais agressivo, de maneira que a cirurgia não iria funcionar. Pelo menos, não até os exames atuais.

Baekhyun se sentia um pouco derrotado. Não era mais um interno qualquer, era um residente prestes a escolher a área de especialização. Mas o que adiantava tudo isso? Não conseguia combater um câncer. Soava como uma impotência.

Já nem sabia mais se queria ser cardiologista, agora tanta coisa tinha mudado. Tinha uma visão distante e diferente de antes.

— O que você está vendo aí, Byun?

— Nada — deixou o tablet na mesinha, esquecendo o prontuário que Maggie lhe mandava atualizado por e-mail.

Se alguém descobrisse, poderia criar problemas para ambos, mas era impossível. A enfermeira via a forma que Baekhyun ficava quando o assunto era sobre Chanyeol e não tinha como não ajudar. Ela se sentia na obrigação. Se fosse alguém importante para ela, exigiria que fizessem o mesmo.

— Pode me contar…

— Você não está tendo melhoras, Chanyeol.

O mais velho, deitado na maca, riu um pouco.

— Disso eu sei. Você é médico, mas eu conheço o meu corpo. — virou-se de lado, olhando para Baekhyun — eu sinto que estou morrendo aos poucos.

— Chanyeol, não. Você não está morrendo.

— Você sabe que sim, Byun. Eu estou morrendo.

— Você não vai morrer. — O médico foi chegando cada vez mais perto, até acabar sentando na poltrona ao lado da maca.

— Você é médico. Sabe disso tanto quanto eu.

— Para…

— Eu já estou conformado.

— Vou cuidar de você. Qual é? Eu te devo essa, você me fez ser o médico que eu sou hoje. Se não fosse a sua disciplina para estudar, eu nunca teria aprendido.

Claro que não iria cuidar dele só por isso, era só uma forma de descontrair.

— Ah, claro — riu Chanyeol — você vai me curar com o seu poder de super médico.

Baekhyun deu um soquinho no braço dele, rindo um pouco mais feliz por vê-lo sorrir.

Aqueles momentos eram frequentes. Eles tinham se aproximado consideravelmente, e ainda mais depois que Baekhyun começou a sentir aquele sentimento de perda.

Não conseguia acreditar que aquele homem poderia estar com os dias contados, chegava a se perguntar o porquê daquilo. Por que Chanyeol tinha que sofrer tanto? Logo ele, que era tão perfeito.

Fazia um tempo que se sentia diferente em relação ao Park.

— Sabe o que eu acho?

— Hm?

— Nós deveríamos dar uma voltinha, um rolêzinho não vai fazer mal a ninguém. Você precisa sair um pouco.

— Você teria que falar com o meu médico.

— Relaxa! — Baekhyun levantou animado — Se tem uma coisa que eu sei, é lidar com o Dr. Rhodes.

— Acho que… sei lá, não queria ir desse jeito para um encontro.

— Um encontro?!

— Não, não nesse sentido — Chanyeol ficou todo vermelho, coitado.

— Eu gostei da idéia… — Baekhyun fingiu pensar. — Vou me arrumar para o meu encontro então. Maggie vai mandar alguém para te ajudar.

— Baekhyu-

— Já já eu volto.

E saiu pela porta deixando o outro completamente sem graça.

(...)

— Baekhyun, não acho que isso seja uma boa ideia. Você sabe que pode ser perigoso. Você sabe bem disso — falou Connor diante da insistência de Baekhyun

— Mas ele vai estar comigo, por favor! Você sabe a situação que ele está, precisa de novo ares… Chanyeol precisa aproveitar a vida dele também, viver trancado nesse lugar não vai fazer ele ficar mais animado. Eu imploro, Dr. Rhodes! — insistiu pela terceira vez.

Se fosse para o médico permitir que saíssem, Baekhyun até se ajoelharia no chão para implorar. Baekhyun só queria um momento com Chanyeol uma última vez.

Dr. Rhodes pensou respirando fundo, olhando aquela carinha de cachorro derrotado que Baekhyun forçou.

— Estejam aqui às 20h. — suspirou derrotado. Também queria ver seu paciente feliz e desde que ambos se aproximaram, Chanyeol mostrou estar muito mais disposto a seguir com o tratamento. Faria bem para ele sair um pouco, afinal. — Não façam nada muito perigoso, você sabe como ele está instável. Não faça ele correr e muito menos ter fortes emoções. Sabe bem do que estou falando, huh? — Mirou Baekhyun de uma forma dura, quase intimidante.

— Dr. Rhodes, nós não-

O mais velho o cortou com um gesto com a mão.

— Esteja aqui no horário que marcamos e nem um minuto a mais, ou vai se ver com a Chefe, Byun.

— Obrigado, Doutor, prometo que vou chegar na hora! Prometo! Obrigado novamente. — E saiu animado, e ansioso para dar a notícia a Chanyeol, queria ver o rosto do outro ao receber a notícia.

Baekhyun estava tão alegre, finalmente teria um encontro com Chanyeol. Não exatamente um encontro, já que Chanyeol desconversou na hora, mas estava feliz em saber que o mais velho considerava isso também um encontro.

— Ei, Park! Eu falei que ia conseguir, então aqui estou eu! Daqui a pouco alguém vai vir aqui te ajudar a se arrumar para o nosso encontro. — e pela segunda vez no dia viu Chanyeol ficar vermelho, gostaria de fazer com que ele ficasse corado mais vezes, era tão engraçado e até mesmo fofo.

— Hm… Está falando sério mesmo, Byun? — perguntou desconfiado, sabia o quanto ele poderia ser arteiro, mas ao vê-lo sorrindo enquanto assentia positivamente, sabia que poderia confiar. — E pra aonde vamos?

— É… — deu um sorriso sem graça.

Não tinha pensado nessa parte, Baekhyun estava tão animado que esqueceu completamente de escolher um lugar para dar uma volta. Estava tão ocupado com o trabalho, que mal teve tempo para conhecer a cidade do jeito certo.

— Você ainda não escolheu para onde vamos, não é? — perguntou risonho.

O rosto de confusão que fez o mesmo ao perguntar onde seria o encontro, rapidamente fez com que Chanyeol percebesse que ele não tinha a mínima ideia, tão bobo… Baekhyun sempre foi tão transparente que era fácil lê-lo.

— Odeio quando você consegue ler a minha mente, isso é tão injusto. — disse fazendo um bico chateado, logo em seguida o desfazendo — Bom, eu não tive tempo ainda de conhecer a cidade já que venho me dedicando muito no trabalho. Mas eu posso pesquisar alguns lugares legais para gente ir — sugeriu um pouco constrangido.

— Não precisa se preocupar Baekhyun, nós podemos ir a Pont Des Arts, é um dos meus lugares favoritos aqui de Paris. E acredito que você vai gostar de lá, tem uma vista incrível, e podemos fazer um piquenique ainda, o que acha?

— Eu amei a ideia Chanyeol, você é tão incrível — disse retomando a animação de antes — E agora eu vou me arrumar e você também, logo a enfermeira chega, esteja pronto para o nosso encontro. Até daqui a pouco. — E se retirou deixando o mais velho com um leve rubor nas bochechas.

Baekhyun tinha mesmo que sempre enfatizar a palavra encontro? Era tão constrangedor… Pensava ele enquanto via a enfermeira entrando em seu quarto para o ajudá-lo.

Queria estar em uma boa condição para sair com Baekhyun, assim teria a oportunidade de dar um encontro perfeito para ele. Mas tudo bem, se contentaria com isso.

Quem poderia imaginar que um dia ele, Park Chanyeol, conseguiria sair com a sua paixão da época da faculdade? Nem mesmo em seus sonhos ele imaginaria que isso seria possível.

Isso era algo que conseguia deixar o Park um pouco balançado. Aquela época foi uma das mais difíceis de sua vida, tinha acabado de descobrir um tumor no cérebro, tinha que lidar com assuntos da faculdade e ainda tinha aquele monte de sentimento que tinha por Baekhyun.

Por isso foi tão sincero com o mais novo a ponto de chegar nele e contar tudo. Chanyeol achava que a qualquer momento poderia morrer, ele precisava contar. Assim como se dedicou muito às matérias que tinha e passou em todas, odiava pendências. Queria resolver tudo antes de ir embora.

Mesmo que com Baekhyun não tivesse dado muito certo, pelo menos tentou.

E agora… agora Chanyeol não tinha idéia do que estava acontecendo.

Mas estava louco para saber o que Baekhyun faria a seguir.

(...)

— Essa ponte é onde os casais apaixonados costumam trazer cadeados, e escrever seus nomes juntos como uma promessa de amor eterno e prender nas grades da ponte, e depois jogam as chaves no Rio Sena — comentou Chanyeol.

Se tinha um lugar que conhecia bem, era Paris.

— É interessante… Acho impossível alguém amar assim, a ponto de prometer um futuro juntos. Me pergunto de onde veio a idéia de fazer isso.

— Existem várias histórias sobre a origem disso. A minha favorita é a história de Nada e Relja — Chanyeol voltou a falar olhando para o horizonte, apoiado no parapeito da ponte. O mar estava bem agitado naquele dia e o sol bem distante de aparecer.

— Como é? — perguntou curioso, acompanhando o olhar do Park.

— Nada era mulher que nasceu em Vrnjacka Banja, e que se apaixonou por um oficial sérvio chamado Relja. Estranho esses nomes, né?

Baekhyun riu assentindo.

— Quando eles finalmente declaram seu amor um pelo outro, Relja acaba indo para a guerra na Grécia e se apaixona por Corfu. Uma mulher muito bonita pelo que conta a história. Aí como ele estava apaixonado por outra, rompeu o noivado com Nada.

— Viu, só?! Por isso que eu não acredito tanto nessa coisa de jurar amor...

— Apesar disso, Byun, eu acredito. Sempre acreditei em um amor assim.

Baekhyun não queria entrar naquele assunto, mas… ele queria tanto.

— Você já amou alguém assim? Ainda ama?

Chanyeol não pensou nem um segundo a mais, somente concordou olhando nos olhos de Baekhyun.

— Enfim… continuando, a mulher nunca superou o fato de ter sido trocada por outra mulher, e acabou morrendo devido a decepção. Ela provavelmente teve depressão. Aí quando as jovens de Vrnjacka Banja ficaram sabendo da história de Nada, preocupadas em ter um fim ou um amor igual ao dela, começaram a escrever seus nomes e os de quem amavam nos cadeados, e fechando nas grades da ponte que um dia foi marcado pelos encontros de Nada e Relja. Eles, por algum motivo, acreditavam que fazendo isso elas protegeriam os seus amores.

— Isso é realmente muito triste — disse o Byun com a voz diferente.

— Por que está chorando, Baekhyun? É só uma lenda — tentou confortar o mais novo com um sorrisinho — provavelmente nunca aconteceu.

— É que essa história é tão triste! Ela amou o cara até o fim, e ainda morreu por amar demais. Nada não merecia isso — disse indignado com a história e agora estava ainda mais com a risada que Chanyeol deu.

Oras! Não podia mais se sentir indignado por uma história tão infeliz como essa?

— Mas pense pelo lado bom da coisa! Através da tristeza de Nada, muitos jovens apaixonados encontraram uma forma de proteger as suas paixões, não é bonitinho? Baekhyun assentiu enquanto limpava o rosto com as mãos mesmo.

— Sabe o que eu acho? — Chanyeol negou com a cabeça — A gente deveria prender um cadeado com os nossos nomes! Só que diferentes delas, vamos fazer com que esse encontro seja eternizado e não somente protegido. Vamos? — perguntou Baekhyun com uma certa expectativa.

Sabia que apenas casais faziam isso, mas depois do outro contar aquela história, sentiu que queria ser igual aqueles casais apaixonados, mesmo que Chanyeol não compartilhasse mais do mesmo sentimento que ele naquele momento.

Afinal… ele já amava alguém.

Baekhyun não sabia dizer o que sentia por Chanyeol, mas era algo.

Então fazia sentido. Queria algo como aquilo, apesar de não acreditar tanto assim na possibilidade de acontecer.

— Ah, não sabia que iria querer prender um cadeado lá, então não trouxe nenhum…

— Eu não pretendia. Mas você me contou essa história e eu me sinto no dever de fazer algo assim…

Chanyeol ficou um pouco confuso.

— Você… isso é um encontro mesmo? Tipo namorados?

— Não… digo, não sei — Baekhyun sempre fugindo de si mesmo, sempre confuso.

— Bom, enfim, vamos comprar um cadeado e fazer então.

O Byun pegou na mão de Chanyeol e saiu o arrastando a procura de alguém que vendesse um cadeado mas antes de dar mais dois passos foi impedido de andar por Chanyeol

— A cesta, Baekhyun! Você ia esquecendo a cesta. Às vezes, você parece uma criança… tão bobo.

Baekhyun nada disse, e quando ia contestar viu o mais velho soltando a sua mão, indo buscar a cesta. Ele voltou logo em seguida e pegando a sua mão para segurar novamente.

Baekhyun se sentiu um pouco constrangido quando Chanyeol pegou na sua mão, tinha feito isso antes mas por impulso.

Agora vendo a si mesmo andando junto a ele dessa maneira, não conseguia evitar o rubor em suas bochechas e a aceleração de seus batimentos cardíacos.

Cadeados do amor para os apaixonados de Paris, compre um e ganhe uma rosa.” escutaram um homem baixo gritando ao lado de uma cesta cheia de flores, do outro lado, uma cesta cheias de cadeados.
Se aproximaram do vendedor.

— O casal vai querer um? — pergunto o senhor.

— Nós nã- — Baekhyun tentou explicar para o homem, mas foi interrompido por Chanyeol.

— Nós somos… amigos.

— Interessante… Hm, mas vão querer um?

— Queremos sim, moço — o homem sorriu simpático e entregou uma sacola simples.

Quando Baekhyun tirou a carteira do bolso para pagar pelo objeto, o homem recusou.

— Bom, aceitem isso como um presente. Quando vocês voltarem novamente aqui, eu deixo que paguem pelo próximo — o senhor sorriu ao ver a expressão confusa dos dois. Ninguém tinha o costume de voltar e colocar outro cadeado na ponte. — Ah! Aqui! fique com esta rosa e dê para o seu namorado. — o vendedor disse entregando a flor para Baekhyun e olhando para Chanyeol no final da frase.

— Mas a gente-

— Sim, são amigos. Já me disseram isso. — chegou próximo a Baekhyun — você vai mesmo deixar ele escapar assim?

Deu risada e saiu com as cestas nas mãos.

Baekhyun estava completamente constrangido.

— É… Em que lugar podemos prender, Baekhyun? Está lotado — disse olhando para o cadeado na mão.

Baekhyun, sem responder, estendeu a flor para o mais alto.

Chanyeol o olhou um pouco surpreso, não sabia muito bem como reagir.

— Obrigado, Byun.

O médico sorriu nervoso, desconversando.

— Aqui tem um espaço — disse desviando o olhar para os cadeados.

Chanyeol se desanimou ao lembrar de algo… tinham esquecido de comprar a coisa mais necessária depois dos cadeados.

— Baekhyun… esquecemos a caneta. Vamos registrar os nomes com o quê?

— Esqueceu que eu sou médico, Park? Eu sempre ando com uma caneta no bolso. — A tirou de seu bolso, pegando o cadeado da mão de Chanyeol e escrevendo seus nomes rapidamente — Prontinho, agora é só fechar na grade.

Ambos sorriram quando viram o cadeado preso na grade, marcando para sempre o amor que cada um ali sentia pelo o outro. Seja lá qual era a forma que sentiam isso.

Era um gesto simples, mas que poderia significar tanta coisa.

Depois disso, focaram no piquenique que fariam em um parque distante dalí.

Eles foram caminhando mesmo até o local, conversando coisas bobas. Chanyeol comentou que seu hobbie favorito agora era assistir séries médicas já que não deu continuidade na faculdade e o Byun não escondeu a tristeza no olhar.

O mais velho seria um grande médico, até melhor do que ele.

Assim que chegaram, foram estendendo o pano no chão e tirando da cesta toda a comida que Baekhyun conseguiu comprar na padaria que havia perto do hospital. Ficaram um bom tempo comendo, jogando conversa fora e rindo, e quem via a cena de fora juravam que eram mais um dos casais apaixonados de Paris.

Também assistiram ao pôr do sol juntos na esperança de que aquele dia não acabasse.

(...)

Como o Park não estava passando muito bem depois de tanto tempo andando, logo voltaram para o hospital. Baekhyun respeitou o horário até o final, se sentia um adolescente do ensino médio levando o date para casa com medo dos pais reclamarem da hora.

— Ei, Park — Baekhyun chamou e Chanyeol olhou, já deitado na cama do hospital.

Apesar do médico ainda estar arrumado com aquele típico ar chique que suas roupas tinham, o Park já tinha colocado as roupas do hospital para que pudesse descansar.

— Hm?

— Esse foi o melhor encontro da minha vida.

Chanyeol ficou um pouco vermelho de vergonha, mas assentiu.

— Piqueniques sempre são ótimos. É difícil quem não goste.

— Eu disse mais pela sua companhia.

— Também gostei de ter você por perto. Foi…

— Diferente — completou o Byun, ajeitando o botão da camisa. — Tá tudo bem?

— Sim, só um pouco cansado.

Baekhyun foi até ele, encostando a palma da mão nas bochechas do Park.

— Parece quente. Acho que é febre — disse mecanicamente. Seus olhos pareciam não querer escapar dos de Chanyeol, era incrível como desde que o viu, não conseguia parar de olhar para ele — é melhor pedir um soro pra você. Vou ver isso já.

Pegou o tablet, digitando a solicitação para uma enfermeira disponível e voltou a ficar perto dele.

— Acho que você realmente amadureceu bastante, Byun.

— Não amadureci. Na verdade, continuo muito babaca em muitas partes… mas eu tento melhorar.

— Todos nós somos bem babacas quando queremos ou até sem perceber — Chanyeol sentia seu corpo tão frágil, cansado, derrotado. As pálpebras mal se aguentavam.

— Você deveria descansar…

— Deveria — concordou o outro.

— Não queria te fazer sair assim, mas era uma boa ideia. Você precisava de um ar puro, aproveitar a vida além desse lugar — Baekhyun disse se aproximando, segurou a mão dele e deixou um carinho — tenta descansar um pouco. Vou ver se a enfermeira já fez o que eu pedi.

— Eu gostei, de verdade. Foi… o melhor dia da minha vida. Muito obrigado.

Baekhyun sorriu e saiu do quarto.

Aquele monte de sentimento o confundia, fazia seu coração e o cérebro entrar em colapso.

Não queria entender o que estava acontecendo e ficava com muito medo de finalmente aceitar aquela paixão. Baekhyun conseguia ser muito complicado nesses momentos.

Em um corredor longe da ala oncológica, se encostou na parede e fechou os olhos pensando em tudo. Chanyeol já amava alguém, poxa vida, o que estava fazendo consigo mesmo pensando nele de outra forma? Sua vez tinha sido há muito tempo atrás e ele não a aproveitou.

A oportunidade foi embora junto com Park Chanyeol, Baekhyun. Pare de se confundir.

— Oh, você esta aqui.

Baekhyun se assustou com a voz da mulher, abrindo os olhos rapidamente.

— Sim, Sra Park — respondeu. — Veio vê-lo, então… ele está um pouco cansado.

A senhora demorou a responder, parecia ponderar algo na própria mente.

— Soube que saíram.

— Saímos sim. Chanyeol precisava de um tempo fora daqui. Esse lugar pode deixar qualquer um pra baixo com esse tanto de branco e cheiro de limpeza hospitalar.

A mulher assentiu.

O médico achou que aquela era a deixa perfeita para sair e deixar que a mãe ficasse com seu filho, mas ela o chamou.

— Muito obrigado por ter animado tanto o meu filho. Fazia anos que ele não sabia o que era sorrir assim… a última vez que o vi desse jeito, foi quando ainda estudavam juntos.

— São momentos difíceis, Sra Park. Chanyeol descobriu ter câncer tão cedo… ele era muito jovem. É normal que agora ele se sinta diferente e aja da mesma forma.

Ela hesitou.

— Não é disso que estou falando — Youngmi segurou a bolsa com mais firmeza — Mesmo depois de descobrir que estava com câncer, Chanyeol ainda era feliz. Por sua causa.

— Não vejo o porquê disso… — gaguejou ele.

— Ele amava você, Baekhyun.

Baekhyun ficou um pouco nervoso com aquela constatação.

— Sempre admirei a forma que ele falava de você — Youngmi voltou a falar — Acho que nem o pai dele foi capaz de demonstrar tanto amor assim. Só era bonito como ele não te via como “um amor”, você era e sempre foi “o amor” pra ele.

— Por que está me dizendo isso, senhora Park? — pigarreou nervoso.

— Só achei que deveria saber. Você foi o amor da vida do meu filho, e mesmo que não entenda o amor como ele é, agradeço por tudo que tem feito por ele.

Da forma que ela dizia, parecia que Baekhyun estava fazendo um favor para Chanyeol tentando se aproximar.

— Fico com ele porque gosto dele, Sra Park, Chanyeol é alguém muito especial pra mim.

— Sei que sim.

— Sei que sabe — devolveu olhando-a.

— Não entenda essa conversa errada — pediu ela, nervosa. — Não entenda errado, por favor. Só estou agradecendo por estar com ele.

— Senhora Park… não estou entendendo o propósito disso. Se for somente isso, eu realmente acredito que não tem o que agradecer. Eu que me sinto grato por ter alguém como ele na minha vida.

Youngmi não queria falar nada, ela realmente não queria se meter, mas o Byun parecia tão perdido dentro de seus próprios pensamentos que ela precisava falar algo.

— Aquele encontro que tiveram foi especial para Chanyeol.

— Mas foi pra mim também! — Respondeu nervoso. Aquela mulher não fazia sentido nenhum.

— Estou dizendo que ele ainda te ama — ela suspirou. — Se existe alguém que nunca deixou de sair do coração do meu filho, foi você.

Baekhyun ficou mais nervoso ainda, só que dessa vez entendia bem o que ela estava fazendo. Youngmi queria deixar claro que os sentimentos de Chanyeol jamais foram capaz de mudar e Baekhyun achava que não. Que aquele amor tinha ido embora, que o que o Park sentia era superável.

— Você é o amor da vida dele — ela disse. — Sei que não sente algo assim por ele, só tome cuidado para-

— Não — Baekhyun sentiu os olhos lacrimejando. — Eu sinto sim algo por ele, senhora Park.

— É por isso que estou aqui. Diga logo antes que você já não tenha chance de fazer isso.

Baekhyun pensou, pensou muito. Sabia que não sentia somente uma paixão por Chanyeol. Aquilo perdurava desde que o mais velho foi embora. Pensou tanto em hipóteses depois que ele se foi… tanto que toda aquela confusão apareceu de novo quando o viu dando entrada na oncologia.

Acabou se dando conta que, mesmo que declarasse o que sentia por ele sabia que… não teria mais tempo.

Baekhyun se despediu da mãe do Park e foi a passos apressados entre os corredores em direção ao quarto de Chanyeol.

Ele não queria ter entendido logo agora.

Baekhyun queria ter mais tempo para compreender o que sentia, o que eram aquelas reações que seu corpo tinha quando estava perto do mais velho.

Só esperava não ser tão tarde para, ao menos, contar a ele que tinha algo dentro de Baekhyun que acreditava em amor.

(...)

No fim, Baekhyun não conseguiu ir até ele naquele dia. Maggie realmente entendia o quanto ele precisava ver Chanyeol quando o encontrou no corredor, mas a emergência estava completamente cheia e o Byun deveria fazer o seu trabalho.

Só conseguiu sair de uma cirurgia na noite do dia seguinte.

Ele estava tão cansado, seu psicológico estava a beira de um colapso.

Estresse o definia no momento.

Ele foi adiando aquela conversa com Chanyeol por uns dias, ia vê-lo algumas pouquíssimas vezes, e se sentia tão distante. Queria dar toda atenção do mundo para ele, só que… tudo parecia tão difícil.

Finalmente tinha entendido o que sentia. Só precisava contar.

Só isso.

E coragem. Faltava a coragem também.

Youngmi disse que Chanyeol ainda o amava, mas Baekhyun parecia temer demais viver um amor. Ou melhor, vê-lo ir embora para sempre.

Não para uma outra cidade, mas ir embora desse mundo.

Ele achava que tinha tempo, talvez esse tenha sido o pior erro do Byun.

— Tá pensando em que? — Luhan perguntou.

— Nada, só estou cansado.

— Doutor Connor disse que estava te procurando — o chinês mordeu um pedaço de cenoura que tinha em sua salada. Os dois estavam sentados enquanto tentavam almoçar para logo em seguida ir fazer outra cirurgia.

Baekhyun estranhou.

— Sabe sobre o que era?

— Não exatamente, ele só disse que- — Luhan parou de falar olhando para a porta — Olha ele aí!

— Doutor Connor, estava me procurando? — disse assim que o outro se aproximou.

— Sim. Luhan, será que pode nos deixar a sós?

Os residentes ficaram um pouco assustados, se olhando estranho, porém o chinês saiu e deixou apenas os dois.

— Pode falar, doutor… Aconteceu alguma coisa? — Ficou nervoso — Foi algo que eu fiz em alguma cirurgia?

— Não. É sobre Chanyeol.

O Byun ficou tenso na mesma hora.

— O que aconteceu com ele?

— Você esteve muito ocupado esses dias… só passou lá umas quatro vezes nessa semana e não ficou por muito tempo — explicou. — Só queria avisar que Chanyeol está piorando.

— Então mudou o tratamento dele?

— Não, Baekhyun. Não tem tratamento pra ele.

— Como assim você simplesmente me diz que não tem tratamento pra ele, Dr. Connor?! — Ele disse mais exaltado olhando irritado para o mais velho — Diga qual a situação que eu mesmo posso te ajudar a encontrar uma forma de… não sei, um outro tratamento poderia ser eficaz!

— Baekhyun — Connor o segurou nos ombros — Chanyeol está em estado terminal. Desde sexta-feira, ele não apresenta melhoras.

Seu mundo ruiu ali mesmo.

Baekhyun não sabia o que fazer.

Ele realmente achou que tinha tempo.

— Não tem mesmo algo que nós podemos fazer? — Seus olhos lacrimejavam, Baekhyun temia o pior.

— Não. Já disse aos amigos e familiares que o melhor a fazer é deixá-lo confortável. Feliz.

— Connor…

— Você é médico, Baekhyun. Você sabe do que estou falando. Sabe que é verdade.

— Infelizmente sei…

— Não perca mais tempo, entendeu? — Connor parecia irritado. — Não tenha medo.

— Eu preciso... preciso falar com ele.

Dessa forma, deixou a comida para trás e foi ver Chanyeol. Três dias que não passava no quarto dele justamente pelo monte de coisa que tinha para fazer, suas cirurgias estavam durando de 10 à 12 horas… Mas por outro lado, deveria ter ido vê-lo mais vezes.

Baekhyun estava se sentindo uma pessoa horrível.

(...)

— Como você está? — Chegou no quarto, nervoso, indo logo em direção ao Park.

— Me sinto fraco — o Park disse, olhando para Baekhyun. O médico segurava a mão dele enquanto esperava pelo pior assim que olhou a situação dos batimentos cardíacos dele.

Infelizmente aquele parecia o fim de Chanyeol. Já tinha alguns dois dias que ele já não conseguia se levantar, os médicos se perguntavam como ele conseguia respirar sem ajuda; além de que sentia muita dor e ainda tinham as vezes em que passava mal.

Todos sabiam, até mesmo sua mãe já tinha noção daquilo. Não haviam mais momentos em que ele se sentia melhor como antes, agora tudo tendia para o pior e com o resultado dos exames… a única coisa que restava era deixar o Park confortável.

Essa foi a recomendação do Doutor Connor Rhodes para os amigos e familiares dele, mas agora era a vez de Baekhyun ficar com ele.

E o médico estava a beira de chorar na frente dele.

Era uma vida ali na sua frente, um homem jovem, alguém de verdade. Uma pessoa. mas além de tudo, era alguém especial para si.

— Sei que está, queria tanto poder te ajudar… — sussurrou com pesar.

Se debruçou sobre ele, sem timidez, sem medo, sem nada além de uma vontade enorme de abraçar Chanyeol. Dar a ele todo o amor que ele merecia, amor este que demorou demais para mostrar que existia.

— O que está fazendo?

Não era normal grande contato entre ambos, por isso Chanyeol acabou estranhando um pouco.

— Acho que eu devo isso a mim mesmo — disse assim que deitou junto com ele na cama do hospital.

Era espaçosa, afinal estavam em um quarto vip que os pais de Chanyeol faziam questão de pagar.

Baekhyun abraçou Chanyeol por trás descansando a cabeça no vão do pescoço dele.

O céu do inverno de Paris parecia estar invadindo as orbes de Baekhyun, estava a beira de uma tempestade. Aquele tipo de tempestade que devasta e só deixa o rastro da destruição.

Cada vez que olhava para Chanyeol, sentia uma culpa enorme. Culpa por deixá-lo ir naquela época, culpa por não entender o que sentia, culpa por ter deixado o trabalho tomar conta de si a ponto de ficar dias sem visitá-lo mesmo sabendo que era importante.

Aquela situação era tão dolorosa, a mãe de Chanyeol assistia pela janela do quarto a cena sem coragem de atrapalhar o momento dos dois juntos.

— Vou sentir a sua falta — o Park disse, cada vez mais fraco.

— Não faz assim — pediu que Chanyeol virasse de frente para si e ele o fez, vagarosamente.

Naquele momento, olhando nos olhos marejados dele, Chanyeol viu algo que jamais viu. Não era pena, não era gratidão. Baekhyun conseguia ser muito expressivo sem ao menos saber e isso o fez tão feliz, mas tão feliz.

Finalmente seu sentimento foi correspondido.

Baekhyun se aproximou devagar, observando todas as reações do outro. Sentiu seu coração se despedaçar quando o viu sorrir fraco e fechar os olhos esperando pelo beijo.

Assim que o abraçou forte, Baekhyun não demorou a juntar os lábios com uma doçura que não lhe pertencia. Encostava em Chanyeol como se ele pudesse quebrar a qualquer momento. Como se dependesse daquele beijo para sobreviver, mesmo que fosse apenas um selinho, algo considerado bobo.

Aquele momento se eternizou no coração do médico de um jeito que nem ele soube como descrever o que sentiu no momento.

Aquela dor pela possível perda assolava o coração do Byun.

— Sempre vai existir um Baekhyun antes de você e um depois de você.

— Espero que o depois seja bom — Chanyeol sussurrou ainda de olhos fechados.

— É muito melhor, Chanyeol.

— Fico feliz por isso,então...

— Queria ter mais tempo com você, te fazer feliz como sei que merece — lamentou pela milésima vez, escondendo o rosto no peito de Chanyeol.

— Saber que você faria isso por mim já é suficiente — deixou um beijo na cabeça de Baekhyun com carinho e acariciou a bochecha dele como podia.

— Você ainda me ama?

Chanyeol abriu os olhos. A fraqueza não se sobressaía tanto agora, mas estava ali.

— Mas eu nunca deixei de te amar, Baekhyun.

O médico queria tanto perguntar, saber realmente se ele era a pessoa que Chanyeol tinha dito amar, e finalmente suas perguntas foram respondidas por ele.

Não era sua mãe dizendo que Chanyeol o amava.

Era ele mesmo. O próprio Chanyeol.

Chanyeol, mesmo depois de tudo, ainda o amava.

Como ele pôde ser tão egoísta? Como ele pode se privar tanto de um amor que poderia realmente ter sobrevivido e realmente acontecido justamente pelos medos de Baekhyun?

Mas Chanyeol foi paciente. Ele esperou.

Era o homem perfeito.

— Acho que finalmente entendi que eu… que eu sou capaz de amar alguém. De verdade.

O Park deixou uma lagrima cair, completamente em choque. Finalmente aquilo estava acontecendo, esperou anos de sua vida por um momento como aquele e ele havia chegado.

— Eu amo você, Chanyeol.

Sabendo que o outro não tinha como fazer isso, Baekhyun quem o abraçou mais forte deixando um beijo no queixo dele.

— Me perdoa por demorar tanto pra te dizer isso — mais um beijo, de despedida, foi deixado nos lábios de Chanyeol.

— Acredito que cada um tem o seu próprio tempo — respondeu num sussurro.

Depois de um tempo quietos e juntos, aproveitando o tempo que tinham, Baekhyun sentiu Chanyeol ficar mole pouco a pouco e a respiração foi enfraquecendo.

Ele levantou muito preocupado checando os batimentos pelo pulso do mais velho, verificou os equipamentos, e quando olhou para Chanyeol, viu que ele começou a fechar os olhos vagarosamente e deixou um sorriso.

Aquele sorriso que só o Park sabia dar, radiante de felicidade.

Baekhyun correu apertar o botão de emergência para que trouxessem os equipamentos de ressuscitação enquanto tentava uma ressuscitação cardíaca no meio do desespero.

Seu jaleco estava todo amarrotado, o tablet estava no chão, ele já chorava bastante pouco se importando com o que as pessoas iam pensar da sua ética profissional.

— Doutor Byun, se afaste! — Disse um dos residentes que auxiliavam Connor no caso assim que chegou no quarto com o carrinho de ressuscitação.

Baekhyun fingiu não ouvir. Não queria sair dali, não queria deixar de tentar trazer Chanyeol de volta.

— Byun Baekhyun! — Connor falou alto com autoridade.

E só assim ele recobrou a mente, se afastando do corpo e deixando a equipe fazer seu trabalho.

Luhan veio e o pegou pelo braço sentindo todas as lágrimas do amigo em seu ombro assim que o abraçou. Nunca viu Baekhyun tão desolado, despedaçado, destruído. Ele parecia ruir a cada minuto.

Assim que saiu do quarto, viu todo mundo olhando para o relógio.

Foi o estopim para o Byun, ele sabia o que aquele gesto significava.

Estavam declarando a hora da morte.

(...)

— Quer que eu vá com você? — Luhan perguntou calmo, esperando a resposta de Baekhyun.

— Vou sozinho.

Ele deixou o jaleco em seu armário, pegou aquele colar, maldito colar cafona que todo mundo ficava zoando o mais velho e foi embora.

Ele amou Chanyeol.

Mesmo que um pouco tarde demais, percebeu que Chanyeol o também o amou com sinceridade. E ele morreu sabendo que foi correspondido e que foi amado de verdade, por isso Baekhyun finalmente conseguiu sorrir em meio tanta dor.

Ele precisava deixar Chanyeol ser livre agora, mas também precisava senti-lo perto. Por isso foi até onde tinham ido da última vez que saíram, no lugar favorito de Chanyeol.

Estava libertando-o e se libertando junto, deixando que aquele sofrimento e culpa que sentia ficasse para trás.

Assim que o colar caiu na água, Baekhyun pediu a quem estivesse ouvindo que a onde Chanyeol estivesse era para esperar por ele, e que a lembrança do amor que eles um dia sentiram um pelo outro, continuasse viva.

E então Baekhyun virou as costas para a ponte sentindo o vento forte bagunçar seus cabelos, com uma promessa que sempre que passasse por ali, lembraria dele. Dos melhores momentos, dos dias que passaram juntos.

Afinal, aquele era o lugar preferido de Chanyeol e agora o seu também.

Depois da morte de Chanyeol, ele viu o quanto amava. O Park foi o amor da sua vida.

Não queria conhecer outra pessoa, não queria começar outra paixão. Ele tinha sido suficiente, mesmo que seus momentos com ele não tivessem durado muito.

Às vezes, o pouco é suficiente.

E Baekhyun aprendeu.

6 de Maio de 2020 às 22:28 0 Denunciar Insira Seguir história
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yizumi . nao sei oq dizer aqui mas eh isto

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