auraetheral aura etheral

Um corvo jamais deve deixar o bando e muito menos se misturar com outras aves. No entanto, o choro de um pombo branca lhe chamou a atenção e a dor dele o fez permanecer ao seu lado até que tudo terminasse. { Vmon Week 2020 }


Fanfiction Bandas/Cantores Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Até o fim

Mais uma vez, circularam a área. Sem dificuldades, nada fora do normal. Afinal, é território de domínio deles. Os demais bandos conhecem as regras e sabem que se as infringir, as consequências serão graves.

É uma região de pouco movimento, até humanos se afastam. Quando aparecem, é para jogar dejetos da própria espécie ou do que produzem. O local não é um aterro, as superstições bobas deles não permitem. Chamam de Santuário da Liberdade. Se livram do que os encarcerava. Não dá para entender a que se aplica isto, já que há todo tipo de coisa lá, desde corpos apodrecendo e comidas a objetos inócuos.

Muitos animais podem considerar um paraíso, porém é inalcançável. Mamíferos quadrúpedes tentaram, abutres – os mais complicados de enfrentar – persistiram até às últimas forças para ter uma parte, contudo, o bravo bando de corvos expulsa qualquer um. Se fosse apenas um ou dois, jamais teriam conseguido, mas em oito alcançam o impossível.

Retornaram a construção abandonada de algo que um dia fora sagrado para os humanos. A cada dia um pedaço cai, mais árvores a invadem e a temperatura diminui, mas é um lar para as aves negras. Fizeram uma curva costumeira, onde quem fica no extremo esquerdo se eleva para equilibrar o curso do vento nos demais. As asas batem forte, junto com a conversa animada dos colegas do corvinho que somente os observa.

Taehyung adora a hora da volta, todos ficam mais alegres. Não faz muito tempo que começou a participar das rondas. Está grande e maduro o bastante aos olhos de todos. Sorriu com esse pensamento e com a piada de Seokjin que arrancou gargalhadas de Jimin. Sua voz é gostosa e jovial, mas no fundo há tristeza incomum. Nunca ouviu isso vindo do outro ou de qualquer um ali. O lamento baixo continuou mesclado as falas, enquanto se aproximam do telhado quebrado.

— Estão ouvindo isso? — disse aos demais.

— O que? — ficaram em silêncio.

Nada além dos sons usuais da noite.

— Não ouvi nada — comentou Hoseok.

— Sei que a risada de Seokjin é estranha, mas não é para tanto — zombou Jimin.

— Cala a boca — foi repreendido por ele.

Todos voltaram a rir e o choro também.

— Não é isso. Escutem — Taehyung chamou a atenção de novo quando pousaram.

Silêncio.

— Escutar o quê? — desacreditaram.

— Tem alguém chorando.

— Já olhamos tudo. Não há nada — Hoseok piscava nervoso.

— Tem algo sim, eu juro — insistiu.

— Vê se não é aquela sua pena torta desviando os uivos do vento e te deixando desorientado — Jimin riu, contagiando os outros.

Foram soluços baixos dessa vez, não parecem tão longe.

— Chega de rir — Yoongi os censurou. — Vamos dormir.

Todos começaram a entrar, exceto Taehyung. Às vezes estar num bando é irritante, ainda mais sendo novo. Se vão esnobá-lo e ignorar é melhor que vá resolver isso sozinho. Não está enganado, não é coisa de sua cabeça. Caso esteja mesmo maluco, pelo menos não levará ninguém para jogar isso em sua cara.

Deu as costas para a abertura agitada de corvos ansiosos para descansar, alçou voo em direção aos lamentos que voltaram a ressoar na área.

— TAEHYUNG!! VOLTA AQUI — ouviu Yoongi berrar para si.

Acabou de quebrar umas das regras mais importantes do bando: nunca se separe após uma ronda; principalmente, na hora de dormir. Mas de que adianta? Isso é culpa deles pôr o negligenciarem. Precisa fazer isso, seu orgulho está em jogo.

Sobrevoou novamente ao redor da construção. O choro está mais baixo, porém sente que se aproxima do que o causa. Um amontoado de lixo no fundo chamou sua atenção. O lamento foi cessando, mas Taehyung o seguiu. Tem restos mortais, caixas usadas para sabe sei lá o que, plantas e tantas outras coisas que geram um cheiro horrível, no entendo, há uma pequena abertura. Esta levou Taehyung a uma pequena caverna de dejetos completamente escura. Tem alguém aqui. Uma forma se sobressai das outras, se aproximou e ela se encolheu.

— Quem está aí? – não houve resposta. — Quem é você? – nada.

Irritado, o corvo bica a parte de cima da caverna improvisada. Lixos voam e desabam, mas não impedem a luz do luar de iluminar a ave branca roliça e suja a sua frente. Seus olhos pretos são grandes e temerosos. Estava certo esse tempo todo.

— A quanto tempo está aqui? – Taehyung avançou.

— E-eu não sei – gaguejou o pombo, recuando.

— Como não sabe? – vociferou.

— A-acordei aqui – se encolheu.

A ave escura a observou melhor. Parece confusa de verdade. Sua perna esquerda treme, enquanto o encara. Talvez deva pegar mais leve, afinal está sozinho. Nunca se sabe o que pode acontecer se for precipitado.

— Não tem ideia de quem te trouxe aqui e por quê? – perguntou mais calmo.

— Os humanos. Deve ter sido eles – respondeu ainda na defensiva. — Haviam dito que eu não servia para mais nada. Acho que me jogaram fora – seu tom é triste.

— Por que fariam isso? Você é do tipo que eles gostam – Taehyung se referiu a cor.

— Eu errei em uma apresentação, eles não gostaram e me castigam – contou com a voz inconstante. — Quando treinamos a mesma coisa, errei novamente. Começaram a me odiar por isso. Eu nunca mais consegui fazer nada certo depois disso – ele fungou, os olhos brilharam. — Colocaram meu amigo no meu lugar. Ele é incrível, todos o amam. E eu nunca mais fiz nada – lágrimas escorrem de seu rosto.

O corvinho se sentiu mal por ele. Cometera apenas um erro que abalou sua estrutura e a confiança de seus cuidadores. Ficou pensando em quanto erros já cometeu e o bando o perdoou. Talvez não o perdoem agora, mas não imagina que seriam tão cruéis quanto os humanos. O pombo foi trocado e descartado como se fosse nada, não tem para onde ir e muito menos uma família para voltar. Taehyung já ouviu sobre aves que são criadas por humanos desde filhotes e sequer conhecem ou se lembram dos pais.

— Você tem um nome?

— Nome? – pensou um pouco. — Humanos me chamaram de "Joon" por um tempo, depois que errei me chamaram de "Pabo". Não sei se são nomes – respondeu inocentemente.

O outro também não entende a língua dos humanos, mas considera "Joon" melhor do que "Pabo" e provavelmente seja em significado.

— Vou te chamar de "Joon", tudo bem? – indagou, amigável.

— Não me importo, não faz diferença mesmo –ele abaixou a cabeça e mais gotas grossas rolaram dos olhos.

— Você não precisa ficar assim. Pode voar por aí. Não tem humano algum para te prender, Joon. É uma ave livre – falou em tentativa de animá-lo.

— Não – negou com a cabeça ainda baixa. — Não posso mais voar. Me dói tudo – choramingou.

— Do que está falando? – Taehyung finalmente pode se achegar sem assustar o outro.

E entendeu por que dos lamentos. Estão além do abandono sofrido, também é físico. O corvo lamentava tanto de sua pena fora do lugar, mas pelo menos pode voar. Joon foi severamente castigado pelos humanos e sua asa esquerda não tem mais recuperação.

— Não quero te incomodar, senhor corvo – fungou mais. — Tentei ficar quieto, mas não consegui. Dói cada vez mais – sua voz foi se tornando um pio. — Me deixe aqui senhor corvo e volte a viver sua vida.

Taehyung não poderia fazer isso. É um corvo do bravo bando da região que afugenta qualquer um, mas tem coração para com aqueles em lamúria. Joon não está fazendo mal algum, é só uma vítima.

— Vou ficar aqui com você – e se sentou.

— Senhor corvo...

— Meu nome é Taehyung – se apresentou.

O pombo o encarou surpreso. Não sabe o que é gentileza há muito tempo e se comoveu com a ação do outro. Pode relaxar, já que ele não irá se aproveitar de sua vulnerabilidade.

— Tem alguma boa lembrança? – o corvo o questionou.

— Da primeira apresentação que fiz – disse entusiasmado. — Treinei muito e no dia que saí da caixa escura para as luzes do palco, ouvi muitos aplausos e gritos. Foi incrível. Depois me deram muitas frutas, tão doces. As melhores que já comi na vida.

Taehyung ficou contente de saber que nem tudo foi ruim na vida do pombinho branco. No decorrer da noite, eles conversaram mais, o corvo contou sobre suas aventuras e sobre o bando. Joon ficou maravilhado ouvindo atentamente. Sua risada aos poucos foi ficando sôfrega e fraca. Sua voz falhava e sumia a cada frase. Também sentiu frio, foi envolto pela asa esquerda e com a pena torta de Taehyung.

Ao amanhecer, Joon a pomba não sentia mais dor. Seus olhos estavam fechados e a expressão era serena. As penas brancas sujas tinham tom amarelado aos raios de sol e partes molhadas pelas lágrimas de Taehyung.

O pouco tempo que passou com a ave foi o suficiente para ver como sua vida é boa e muito mais do que se irritar com as brincadeiras do bando e buscar ser reconhecido como um adulto maduro. O que importa é a liberdade que tem para ser o quem é e não se sentir só.

Ainda cedo, foi encontrado pelo bando abraçado ao amigo de poucas horas. Não entenderam o que aconteceu e o corvinho nem quis explicar. Guardará para sempre os momentos que viveu com Joon, o pombo branco.

23 de Abril de 2020 às 20:50 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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aura etheral ╰╮ ⠀Ficwriter sim, surtada também ⌇ ele - elu - ela ⌇ Também estou no Wattpad, Spirit: @AuraEtheral

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