luraywriter Luray Armstrong

Eijirou Kirishima finalmente reúne a coragem que precisava para iniciar sua transição e o último passo em sua lista de "Saindo do armário" é o seu chefe (crush), quer dizer, para a empresa. Hoje, ele está disposto a enfrentar qualquer um pelo seu direito de ser ele mesmo, um homem trans.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

#kiribaku #bnha
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Capítulo único — Touches my foolish heart

Arte da capa: https://belmeran.tumblr.com/

Notas: Olá!!

Mais fic inspirada pela KiriBaku week, dessa vez o tema é chefe/assistente, escritório. Inspirada aqui:

https://www.facebook.com/HitooG/posts/662594563929954

Espero que gostem e perdão por quaisquer erros!





Kirishima respirou fundo mais uma vez. O cabelo curto e bagunçado não ficava no lugar, entretanto, ele gostava da aparência. O binder novo apertava e era um tanto desconfortável, porém, valeu a pena assim que ele se olhou no espelho e não viu o volume indesejado de seus seios. O terno não era nada chique, todavia, era o que ele podia comprar.

Eijirou se olhou no espelho e pela primeira vez em sua vida viu o homem com quem ele queria parecer.

Quando ele olhava no espelho, era sempre um homem que o olhava de volta. No entanto, nem todo mundo via isso. Houve uma época em que nem ele mesmo viu. Mas, hoje, ele chegava cada vez mais perto do homem com quem ele queria parecer, o homem que ele queria que as pessoas vissem.

Ele ainda tinha um longo caminho pela frente. Arrumou sua carteira, os olhos se fixando no nome “Kana Kirishima” no lugar que supostamente deveria ser seu nome. Contudo aquele não era seu nome verdadeiro.

Seu nome é Eijirou Kirishima. Ele é um homem transgênero.

Já havia dado os passos mais cruciais na vida da maioria das pessoas trans: entender seu gênero, sua orientação sexual e sair do armário para sua família. Tendo duas mães lésbicas, Eijirou não teve muita dificuldade. Claro, elas não entendiam muito bem pessoas trans e ele passou um bom tempo sendo considerado uma sapatão masculina, apesar disso, essa era uma etapa superada de sua vida; elas entendiam ele agora.

Como já havia passado o maior obstáculo, ele não via nada muito mais problemático à sua frente. Sua família o entendia, seus amigos o respeitavam. Ele estava feliz sendo chamado pelo seu nome e usando as roupas que bem entendia na frente deles.

Mas ele tinha um problema bem… problemático pela frente: seu emprego.

Ele tinha um bom emprego numa empresa voltada para o mercado financeiro, assistente do vice-diretor da empresa Endeavor. Eles dependiam da bolsa de valores, e como os negócios no país andavam muito bem, obrigado, ultimamente, ele havia recebido um aumento há dois meses que estava sendo muito bem utilizado. Ele pagava um bom plano de saúde para si mesmo e suas mães, que moravam em outra cidade, além do próprio aluguel e todas as suas contas. Agora, ainda vinha as consultas com psicólogo e médicos para a transição e as injeções de testosterona. Ele ainda queria juntar para a sua mastectomia, procedimento para retirar ambas as mamas e que era bem caro.

Ou seja, ele precisava desse emprego e precisava do bom dinheiro, por mais que tivesse que sofrer um pouco nas mãos de Katsuki Bakugou. Não que ele se importasse de sofrer nas mãos dele, só o contexto que era diferente do que ele queria.

Katsuki Bakugou era o homem para quem trabalhava. Sério, estressado, dedicado, amava gritar, amava café, amava brigas, másculo, gostoso, lindo, loiro, com uma bunda que… Pera, talvez Eijirou tenha fugido um pouco do assunto.

Enfim, era um homem dedicado que fazia seu trabalho muito bem e era o vice-presidente apenas porque era uma empresa familiar e o dono, Enji Todoroki, passou a empresa para seu filho, Shoto Todoroki. Todavia, o próprio admitia sem medo que Katsuki era ainda mais importante para a empresa do que ele, e sempre o tratava como um igual. Havia um boato muito famoso na empresa envolvendo… a boa relação entre Shoto e Katsuki, mas esse era um assunto que, mesmo sabendo que não tinha chances, deixava Kirishima triste.

Talvez ele tivesse um crush no seu chefe. Nada muito sério. Só um crush.

E hoje ele iria dar um passo muito importante, que talvez o tirasse de seu emprego e o privasse de observar a expressão carrancuda de Bakugou: iria sair do armário na empresa também. Claro, seus amigos Mina, Sero e Kaminari já sabiam sobre ele. Mas sair do armário pra todo mundo, até seu chefe, era complicado.

Ele podia perder muito, toda a estabilidade financeira que havia conquistado.

Mas Eijirou já lutava contra a disforia há muito tempo. Ele preferia perder o emprego do que perder sua sanidade em meio à depressão e a ansiedade, as quais ele estava finalmente superando e tinha certeza que se mostrar ao mundo como de fato era seria um passo importante para superar tudo isso.

Ele demorou a entender, mas havia finalmente enxergado que nada era mais importante do que ser quem ele era.

Assim, cortou o cabelo, comprou o melhor terno que podia sem mexer muito em suas economias, um bom sapato, colocou seu binder, lamentou que o packer ainda não tinha chegado, e saiu para ir trabalhar.

Pronto para ser demitido e ainda mais ansioso para mandar qualquer transfóbico tomar no meio do cu.

Nada valia mais do que ele mesmo.

Quando ele chegou ao trabalho, pensou que aquela já era a hora, todavia, Bakugou estava em uma séria reunião com Todoroki mostrando o desempenho daquele mês ao dono Enji Todoroki.

Ótimo, seu chefe sempre ficava muito estressado depois daquelas reuniões que demoravam horas.

Ele recebeu diversos olhares estranhos das pessoas da empresa quando chegou, todavia, Izuku, seu colega de trabalho e assistente de Shoto, apenas perguntou se ele havia mudado o estilo e Eijirou explicou sobre ser trans, então Izuku apenas perguntou seu nome e passou e se esforçar a tratá-lo com os pronomes e seu nome correto, se desculpando sempre que errava. Simples assim.

Então até agora, ele estava seguro. Ele saiu com Izuku para comprar os almoços preferidos de seus respectivos chefes, no restaurante próximo preferido deles. Fizeram o pedido por telefone, especificando para quem era para que fossem rápidos e buscaram eles mesmos, Izuku mais para fazer companhia a Eijirou, enquanto Eijirou tinha que ir pessoalmente se certificar de que a comida não chegaria “toda revirada”, como Katsuki costumava reclamar.

Assim que chegaram de volta ao prédio, seus chefes estavam saindo da sala de reunião. Midoriya recebeu o aviso de Todoroki em seu celular e eles se apressaram para levar a comida.

Era agora. Eijirou tinha que sair do armário para seu chefe.

Felizmente, ele estava indo alimentá-lo com suas comidas preferidas, o almoço e a trufa de licor preferida de Katsuki em suas mãos. Além disso, ele ainda ia buscar um dos vinhos da adega da empresa para ele. Se existia um deus no universo, Eijirou contava com a ajuda desse deus e torcia para que isso acalmasse os nervos de seu chefe.

Quando ele adentrou a sala, Katsuki estava com os olhos abaixados, lendo alguns papéis de forma muito raivosa. Eijirou não falou nada e apenas ajeitou a comida e a sobremesa na mesa enorme de vidro, no canto oposto ao computador. Ele saiu logo em seguida para buscar a taça e o vinho, servindo da maneira como ele tinha aprendido nos tutoriais do Youtube e colocando suavemente na mesa.

Katsuki desviou rapidamente o olhar para ver o que mais ela fazia e notou o vinho que tanto gostava no canto da mesa. Com um suspiro de algo que lembrava vagamente felicidade, ele falou:

— Vinho? Pra me acalmar? Boa ideia, Kana, eu vou mesmo precisar hoje. Acredita que ele reclamou dos meus gráficos e...

Katsuki parou quando olhou para cima e parou de falar. Ele viu a mulher colocar a garrafa de vinho em cima da mesa e dar dois passos para trás, nervosa.

O cabelo cortado sem nenhum cuidado, o terno mal feito que desvaloriza o corpo dela e aquela gravata horrível com um nó mal feito. Mas que porra…?

— Que porra é isso? — Ele perguntou de forma rude, largando os papéis na mesa e se recostando na cadeira confortável para ouvir.

— S-senhor Bakugou, eu…— Kana respirou fundo antes de falar. — Eu sou um homem trans. É com essas roupas que me sinto mais confortável para trabalhar. Esse sou eu e espero que, se eu puder continuar trabalhando nessa empresa, o senhor me chame de Eijirou e use pronomes masculinos a partir de agora. Se o senhor não puder me respeitar como homem, eu peço que me demita.

Bakugou respirou fundo. Aquilo não respondia sua pergunta.

— Okay, Eijirou. O que eu quero saber mesmo é que porra é isso? Essa gravata cafona, ridícula. Esse terno que não te cai bem, olhe os seus braços. E se eu começar a falar do seu cabelo agora eu vou morrer espumando bem aqui nessa mesa e você vai ser o assassino. — Katsuki falou pausadamente, talvez agora ele entendesse o que estava perguntando.

Eijirou não conseguiu segurar um risinho feliz. Por mais que estivesse sendo, como sempre, um pouco babaca, seu chefe pelo menos não era um babaca transfóbico. E se arrepios correram por todo o corpo de Eijirou ao ouvir seu crush o chamar pelo nome, ele jamais admitiria.

— Eu… esse foi o melhor que eu pude comprar com o dinheiro que eu tenho.

Ele observou Katsuki franzir o cenho para sua resposta.

— E quem cortou seu cabelo? Porque eu acho que a gente deve processar essa pessoa. Além disso, você está dizendo que não tem dinheiro suficiente pra um terno melhor? Está insinuando que quer um aumento? De novo? Olha, Eijirou, seu serviço é bom, mas não o suficiente para dois aumentos em menos de seis meses, caralho.

Katsuki parecia indignado e confuso.

A expressão dele era fofa. Ele era fofo. O terno caro que delineava o corpo dele era fofo.

Tudo era fofo para Eijirou naquele momento.

Então, ele havia saído do armário e Katsuki estava o chamando por seu nome, usando os pronomes certos e sequer mencionou demissão? Será que ele estava sonhando e sequer havia saído de casa ainda? Ainda eram três da manhã? Será?

Ele se beliscou forte na perna.

Não estava sonhando.

— Não, eu não quero aumento. — Eijirou falou rindo, deixando Katsuki ainda mais confuso.— É só que o dinheiro… realmente não deu. É que eu to ajudando minhas mães financeiramente e a transição é meio cara, então não sobra muito. Mas estou 100% feliz com meu salário e já sou muito grato pelo recente aumento. E...eu cortei meu cabelo sozinho…

— Então eu vou processar você.— Katsuki entrelaçou as duas mãos e apoiou em cima da mesa

Eijirou riu, desejando que fosse mesmo só uma brincadeira. Nunca dava pra ter certeza de muita coisa com Katsuki Bakugou.

— Eu vou morrer se tiver que olhar pra essas roupas todos os dias e principalmente se eu passar mais de 8 horas nessa empresa hoje eu vou tacar fogo nesse prédio, a começar por aquela adega pra explodir todo esse andar. Então, eu vou refazer esses gráficos que o puto do Enji reclamou, vou enviar pra ele e mandar ele enfiar no cu e a gente vai comprar roupa nova e te dar um bom corte de cabelo, okay, Eijirou?

Eijirou arregalou os olhos, contento muito mal a risada pelos xingamentos a Enji Todoroki. O dono da Endeavor não era uma figura muito querida por ninguém ali, nem sequer o próprio filho, quanto mais Katsuki que já não parecia gostar de humanos em geral.

— O senhor vai… me levar pra fazer compras?...Olha, eu agradeço muito, mas não acho que posso pagar por isso, sabe? Eu adoraria, mas…

— Relaxa, eu posso cobrir uma parte e descontar o resto pouco a pouco, o que acha? Afinal, eu que tô cobrando isso mesmo. Eu só realmente preciso me distrair, okay? Você me ajuda a me distrair, Eijirou?

Vindo de Katsuki, naquele tom bem menos agressivo, quase parecia um pedido.

Quase.

— Sim, senhor Bakugou. Tudo bem.

— Ótimo. Agora eu vou comer e vou refazer os gráficos. Não vou matar ninguém. Não vou quebrar os computadores. Depois vou passar um tempo me distraindo e conhecendo melhor meu secretário, o homem que conhece segredos meus que poderiam me pôr na cadeia. Meu dia não vai ser completamente ruim, né Eijirou? Pode repetir pra mim o que preciso fazer?

Kirishima conhecia aquele olhar de Bakugou. Aquele olhar à beira do surto. Ele discretamente deu um passo pra trás, ansioso para deixar a sala.

— Comer com calma. Refazer os gráficos. Não mate ninguém. Não quebre nada. Depois podemos sair.

— Valeu. — Bakugou respirou fundo e acenou com a mão para que Eijirou saísse.

Deixando o chefe finalmente comer, ele saiu com pressa não disfarçada, antes que seu chefe explodisse de vez e ele fosse pego pela bala perdida.

Pouco depois das três da tarde, Katsuki se apoiou em sua mesa com uma mão, a postura um tanto quanto constrangida.

— Então, eu preciso que você envie alguém para limpar minha sala. Com cuidado… por causa dos cacos de vidros. Digamos que eu tenha quebrado nossa promessa de não quebrar nada.

— Então o senhor quebrou duas coisas? — Eijirou comentou e riu da própria piada, ficando um pouco sem graça quando Katsuki só o encarou, sério.

— Você tem um humor muito questionável, Eijirou. Te espero no meu carro. Pare de me chamar de senhor nem que seja por hoje, okay?

— É só uma forma de demonstrar respeito, um costume.— Eijirou respondeu.

— Eu sei. Mas Bakugou está bom.— disse Bakugou, já se distanciando em direção ao elevador.

Mais algumas horas depois, Eijirou estava surpreso que seu chefe realmente não havia comprado roupas muito caras. Como um homem muito prático, ele de fato preferia roupas de qualidade a roupas caras, e sabia que nem sempre uma coisa era sinônimo da outra. Além disso, eles não compraram apenas ternos, mas também outras roupas confortáveis e adequadas para o ambiente de trabalho.

De fato, Eijirou gostava de saber que vestia boas roupas. Ele tinha um bom salário e bons amigos, mas isso não apaga o fato de que muitas pessoas naquele ambiente eram maldosas e estavam prontas para criticá-lo. As boas roupas seriam um motivo a menos para ser incomodado.

A única peça que ele se recusou a tirar foram suas crocs pretas. Suas crocs eram um pedaço de seu corpo e ninguém poderia tirá-las.

Ele não havia gastado muito, mesmo comprando roupas boas, além da sensação maravilhosa de estar na sessão masculina de roupas ao lado de seu chefe e poder entrar com ele no provador masculino, sem receber nenhum olhar estranho. Apenas os de Katsuki quando vestia algo que ele achava particularmente feio. Até ali o dia estava sendo bem melhor do que ele imaginou.

Depois das compras, Katsuki o levou ao cabeleireiro. E disse ter se arrependido ao ver o resultado, dizendo que não havia melhorado muito. O homem, amigo de Bakugou, alegou que só fizera o que Eijirou pediu e o agora ruivo alegou que estava muito feliz com o penteado e a nova cor, então o loiro deixou passar, resmungando pouco.

Eijirou sabia que tinha um gosto pra moda que muitos achavam bem questionável. Contudo, ele se sentia confortável, então estava tudo bem. Ele se sentiu maravilhado olhando o cabelo vermelho estilizado para cima com muito fixador de cabelo. Bakugou pareceu não saber dizer não ao ver o sorriso radiante de Eijirou.

Agora, eles estavam num bar do centro da cidade, comendo frituras que Eijirou nunca pensou que um dia tocariam os lábios de seu chefe, mas lá estava ele, colocando molho por cima daquilo tudo. Como o chefe prometeu pagar por toda a refeição ele não se fez de rogado e pediu bebidas que sempre quis provar e também aproveitou a comida nada saudável.

— Então, Eijirou, me fale de você.

— O que o sen- O que quer saber, Bakugou?

— Tudo. Quero que me distraia, lembra? Pode falar a história de toda a sua vida até eu esquecer a voz do Enji falando “Mas esses dados estão dispostos de maneira incorreta”.— Bakugou imitou uma voz mais grossa do que a sua de maneira debochada, indignação escorrendo por sua fala.

Digamos que ele não era o melhor lidando com criticas de nenhum tipo. Ainda mais vindas daquele homem.

Eijirou riu e pensou por onde começar.

— Bem, eu cresci em outra cidade, mais pelo interior. Criado por duas mães. Foi uma infância feliz, só meio complicada. Eu gostava de brincar de casinha e de cozinhar, também gostava de carros e futebol. Com duas mães, isso não foi nenhum problema. Quando eu cresci eu não ligava pra usar batom, pra mim era mais uma brincadeira, como fingir ser astronauta, ou coisa do tipo. Minhas mães entenderam tudo e acharam que eu era só uma menina diferente e provavelmente lésbica também. O problema foi quando chegou a puberdade e meu corpo começou a me incomodar. Eu gostava da atenção dos meninos, apesar disso, eles não pareciam me ver como eu era. Eu tinha esse amigo gay, o Tomo, e ele sempre comentava como era mais fácil pra mim por ser menina e gostar de meninos, mas aquilo parecia meio errado. — Kirishima se interrompeu.

Talvez estivesse se expondo demais pro seu chefe. Talvez devesse deixar os assuntos sobre ser trans de lado. Já estava muito bom que ele respeitava seu nome e pronome, talvez discutir sobre isso causasse alguma briga…

— Desculpa, eu acabei falando demais.— Eijirou disse com um riso constrangido.

— Não. Tudo bem, pode falar. Eu disse que quero ouvir, não foi?

Eijirou observou seu chefe, o cotovelo dobrado em cima do balcão do bar, a mão apoiando o queixo virado para si, a outra mão levando o drink levemente rosa aos lábios cheios. Naquele momento, ele lembrou por que crushava seu chefe.

Deuses, por que ele tinha que ser tão másculo? Tão viril?

— Ta. Enfim, eu só vim descobrir o que eu era muito depois. Quando consegui acesso a internet comentei em uma rede social como eu me sentia e alguém, sei lá, uma pessoa super aleatória, perguntou se eu era trans. Eu fui pesquisar pra saber o que diabos a pessoa tava falando e entendi. Tinha tantas outras pessoas como eu, tinha nome pra como eu me sentia. Foi um alívio. Minhas mães elas... não aceitaram tão bem no começo. Diziam que eu era uma sapatão masculina, que eu não tinha que fingir ser homem pra usar as roupas que eu queria, que tava tudo bem. Elas não entendiam. Foi bem ruim naquela época. Mas passamos por isso e hoje elas me respeitam.

— A comunidade LGBT+ é complicada. Eu sou gay, mas já fui transfobico pra caralho também. É foda tentar afundar quem ta no mesmo barco que a gente, hoje eu sei disso.

Eijirou engasgou com a revelação de que seu chefe era gay. Tudo o que ele não precisava saber era que tinha alguma chance com ele.

— É foda mesmo. Já vivi um monte de coisa com caras de dentro da “comunidade”, — o ruivo fez aspas com os dedos.— Mesmo assim eu to bem mais forte agora, com a terapia e começando oficialmente a transição.

— Você é um homem muito forte só de ter continuado até aqui, Eijirou. — Katsuki falou, uma expressão sincera e um dedo meio engordurado apontado em sua direção.

Kirishima corou, o coração acelerando.

— Isso foi um elogio? — Ele riu, tentando disfarçar o embaraço na pequena provocação.

— Uhum. E grave bem porque eu não vou te fazer um elogio tão cedo. — Katsuki comentou, um riso maldoso brincando em seu rosto.

— Ah, eu sei. O senhor chefe Bakugou só dá elogios a alguém uma vez por ano. O do ano passado foi um agradecimento por organizar bem sua agenda naquele dia lotado de reuniões, o desse ano foi agora.

— O próximo é só ano que vem. — Bakugou concordou.

Eijirou riu, continuando a narrativa sobre sua vida, a bebida o fazendo querer se expor.

— Fora isso, acho que tive uma vida bem fácil e privilegiada. Fiz uma boa faculdade, arrumei um bom emprego. Eu tenho muita sorte na vida. Exceto com meu chefe. — Eijirou brincou, com ousadia brilhando na face.

— Não tem mesmo! Tanta gente por aí, você vai trabalhar pra Katsuki Bakugou? Eu ainda tô na justiça por um processo do meu último secretário, Eijirou. Você não teve sorte com isso.— Katsuki comentou, gesticulando mais do que o comum, indicativo da bebida o fazendo se soltar mais.

Eijirou riu.

— Mas até que não é tão ruim. Eu aprendo bastante com você e o fato de ser exigente é um desafio diário e eu gosto de desafios. — Eijirou falou, se interrompendo rapidamente para não deixar seus sentimentos vazarem naquela fala.

Não queria estragar um dia que estava sendo tão bom. Todavia, não sabia se conseguiria se manter resoluto por mais tempo.

— Eu sou um desafio para você, Eijirou?— Katsuki provocou, a língua passeando pelo lábio superior para limpar o molho que havia ficado ali depois dele engolir um pedaço da coxa de frango.

Eijirou achou que ouviu uma dica de malícia naquela fala. Contudo, talvez estivesse apenas alucinando.

— Sim, um desafio gradativo, tipo um videogame que não acaba. — Eijirou concordou e continuou fazendo piadas para esconder sua vontade de beijar seu chefe.

— Fico feliz. Acho desafios interessantes, então se eu sou um desafio para você significa que sou interessante. Detestaria ser só mais uma pessoa chata e sem graça andando por aí. Mesmo que seja para me odiar, prefiro que as pessoas tenham opiniões fortes sobre mim.

— Pensei que não se importasse com o que os outros pensam de você.

— Vou te contar um segredo, Eijirou. — Katsuki se aproximou de Eijirou e falou baixo:— Dizer que não nos importamos com a opinião dos outros é uma das maiores mentiras que contamos para nós mesmos.

Eijirou estava distraído pela proximidade, todavia, ainda assim conseguiu sentir uma pontada de dor por trás da voz firme, baixa e confidente. Parecia haver uma história dolorosa por trás daquela informação. Uma que ele parecia não querer contar.

— Bem, eu acho que é verdade. No fundo todos temos um pouco de medo sobre a opinião dos outros. No fundo, nos importamos. Mas não podemos deixar que isso nos impeça de fazer o que queremos ou ser quem somos, não é?

— Isso mesmo. — Katsuki concordou.

O sorriso que Bakugou lhe direcionou naquela hora era diferente de todos os que já vira no rosto dele. Diferente dos sorrisos maliciosos, sarcásticos ou fingidos. Aquele sorriso era sincero, cúmplice. Deixou o coração de Eijirou quentinho. Talvez estivesse imaginando a doçura do gesto. Talvez fosse o álcool. Mas Katsuki ainda estava tão próximo, sorrindo para ele daquele jeito e Eijirou não pôde evitar.

Ele se aproximou e beijou seu chefe, de leve, um selinho experimental. Quando Katsuki correspondeu, ele ousou colocar sua mão no rosto dele com carinho, o puxando para mais perto. Um beijo suave logo se tornou mais desejoso quando as línguas se encontram.

Havia desejo de ambas as partes, a mão de Katsuki apertando a nuca de Eijirou era prova disso. Mas, com uma mordida leve no lábio inferior de Eijirou, Katsuki o afastou empurrando de leve seu ombro. Mais uma vez Kirishima viu uma expressão inédita no rosto de Katsuki: ele parecia meio sem graça.

— Eu acho que você tá meio bêbado. E talvez eu também.

— Eu… eu acho que não to pensando nisso direito. — KIrishima diz, com um sorriso meio envergonhado, sem estar arrependido.

— Definitivamente não está.— Katsuki comentou.

— É que você foi tão gentil e legal comigo hoje…— Kirishima murmurou, a bebida lavando fora sua vergonha.

— E você beija todo mundo que é legal com você?— Bakugou provocou.

— Só se ele for bonito. E rico. — Eijirou respondeu, com um sorriso safado.

— Ah, e rico?

— É, pra pagar minha cirurgia. — Eijirou riu, as duas mãos tocando o peito liso graças ao binder.— Eu quero um Sugar Daddy!

— Eu pago o seu salário, já sou teu Sugar Daddy.

Eijirou parou um pouco surpreso, encarando o loiro.

— Não é bem assim que daddykink funciona! — ele riu.

— Ah, é uma kink? Pensei que só quisesse alguém para pagar as coisas. — Katsuki riu, sendo acompanhado por Eijirou.

Assim, eles continuaram conversando, passando pelas fases da vida de Eijirou e ignorando o beijo como se nunca tivesse acontecido.

Eijirou estava um pouco triste, todavia lhe era bom o suficiente ter provado um pouco daqueles lábios grosseiros, ele não seria ganancioso em pedir nada mais de bom para aquele dia que começou tão confuso e terminou tão bom.

Amanhã, quem sabe, ele lidaria com as consequências em seu coração.

Nenhum dos dois lidou com as consequências na manhã seguinte. Ou na manhã depois dessa. Eijirou e Katsuki apenas deixaram os dias passarem sem trazer à tona o assunto do beijo em nenhuma conversa, por mais que tenham mantido o clima amigável da noite em que beberam juntos.

Katsuki estava confuso. Claro, sendo um homem gay ele não sentira atração por alguém que ele viu como mulher por anos, mas agora era diferente, ele sabia que quem o beijou foi um homem.

Ele já havia pensado antes o quanto Eijirou era adorável algumas vezes, como era prestativo, competente, esforçado, atencioso e bom em acalmá-lo. Contudo, como pensava se tratar de uma mulher até então, o sentimento não passava de profissional.

Agora, sabendo que estava enganado e a pessoa que trabalhava para si era um homem, era diferente. Não que ele não pudesse manter o próprio pau dentro das calças só porque tinha um secretário, porém a questão aqui é que seu secretário o beijou. E ele retribuiu, por mais que tenha interrompido o beijo depois.

Não por arrependimento, mas sim porque não achava que seria uma boa ideia qualquer envolvimento com seu secretário. Não apenas do ponto de vista profissional, todavia, ele pensava que Eijirou parecia já estar vivendo problemas suficientes para adicionar Katsuki à lista.

Mas sua mente o enganava, trazendo pensamentos sobre o agora ruivo de volta à sua mente toda noite e toda manhã ao acordar. Talvez estivesse muito carente. Talvez os anos de fodas sem muito significado e nenhum envolvimento afetuoso estivessem mexendo com sua cabeça.

Como um idiota, mas desistindo por estar muito confuso, ele conversou com Todoroki. Estava até agora tentando entender o porquê, logo após ele explicar resumidamente o que estava acontecendo, seu “amigo” explicou que a empresa não proibia relações amorosas entre os subordinados e que ele mesmo apoiava.

Claro, se prestasse um pouco mais de atenção na demora que Izuku tomava para entregar simples relatórios e agendas ao chefe ele entenderia um pouco melhor, contudo, isso era outra história.

Agora, lá estava Bakugou esperando Kirishima entrar em sua sala após o chamar, se sentia convidando o outro para um encontro.

Mas não era isso. Definitivamente não era.

O ruivo abriu as portas pesadas de madeira com cuidado e adentrou o local com o sorriso brilhante e simpático de sempre, carregando um pequeno caderno em seus braços.

— Senhor Bakugou, precisa de alguma coisa?

Katsuki hesitou, um tanto nervoso.

Não era um encontro.

Katsuki pigarreou antes de falar:

— Bem, amanhã haverá uma importante festa de negócios, diversas pessoas da área reunidas no mesmo lugar pra usar drogas discretamente e assediar outras pessoas para depois colocar a culpa na bebida. É insuportável, mas eu tenho que ir, como o vice-presidente da empresa. O Shoto pensou em levar Midoriya para anotar coisas importantes, lembrá-lo dos detalhes chatos e tenho certeza que pra não morrer de tédio ali, eu pensei que se você quiser, poderia ir comigo. Pelos mesmissimos motivos, claro. Mas só se você quiser, claro, vai ser… chato.

Katsuki mordeu a parte interior de sua bochecha. Havia começado tão bem e o nervosismo tomou conta dele no fim. Só porque Kirishima ficava lindo num suéter vermelho bem costurado não quer dizer que ele tinha que ficar nervoso ao falar com ele. Ele era um chefe pedindo ao assistente para fazer um pouco de hora extra, apenas isso.

Eijirou sorriu um sorriso ainda mais cegante e respondeu:

— Claro, eu posso ir. Na verdade eu sabia que o Izuku ia e estava… imaginando que o senhor iria me chamar. Eu posso já usar as anotações dele pro senhor, os pontos importantes são os mesmos do senhor Todoroki, né? Com quem falar, com quem não falar, parceiros importantes da empresa e essas coisas, né? Ah, acho que seria bom anotar suas alergias e gosto, né? Ouvi dizer que é um banquete e não seria bom se o senhor comesse ou bebesse algo que o fizesse mal e o deixasse indisposto, né? Eu meio que já sei algumas coisas por pedir seu almoço, mas podemos repassar?

Bakugou piscou surpreso. Não só Eijirou não negou, como ainda já estava se organizando e pensando no necessário para a ocasião?

A competência de Eijirou o deixava excitado. Era algum tipo de fetiche novo dele? Tinha um nome pra isso?

— Podemos, claro. — Ele murmurou.

— Okay, então. Alergia a dipirona, nozes, picadas de abelha…

— Você não precisa anotar sobre a alergia a picadas de abelha para um jantar, Eijirou. — Katsuki lançou um sorriso presunçoso.

— Eu só to repassando. — Eijirou riu meio sem graça. — Caso aconteça alguma coisa. Mais alguma coisa que não queira ou não goste de comer ou beber?

— Eu sei. Você é mesmo muito competente, Eijirou. Me ajude a evitar beber demais, okay? O eu bêbado é um pouco perigoso, e eles sempre têm esses drinks doces que você mal nota que tem álcool até estar caindo. Não me deixe comer muito desses bombons e trufas alcoólicos também, é ainda pior e mais perigoso.

Eijirou riu, parecendo tentar se segurar para não fazê-lo e Katsuki o encarou, confuso.

— O quê?

— Desculpa, é que…— Eijirou deixou mais uma risada tímida escorrer por seus lábios e Katsuki não pôde evitar de achá-lo adorável. — Não é como se fosse fácil impedir o senhor de fazer algo quando quer. Se botar uma coisa na cabeça é quase impossivel te parar e o senhor não para até fazer do seu jeito e fazer dar certo. É bem másculo.

Katsuki podia jurar ter ouvido Eijirou murmurar “E sexy” bem baixinho, mas estava provavelmente alucinando pelas poucas horas de sono na última noite.

Ele sorriu vendo Eijirou corar de leve, um rosado em suas bochechas.

— Bem, eu vou indo pedir as anotações do Izuku e passar as suas pro meu caderninho. — Eijirou se virou em passos apressados, contudo, de repente parou antes de abrir a porta e olhou para Katsuki:

— Eu...tenho que vestir roupas tipo… muito chiques?

— Bem...sim. Mas não se preocupe demais com isso, eu posso pagar por qualquer despesa que você tiver em relação a isso, você já está de certa forma fazendo hora extra de qualquer forma.

— Mas…— Eijirou começou, parecendo querer contrariar Katsuki.

— Considere um presente de aniversário adiantado. — Bakugou interrompeu, torcendo para ele aceitar.

Para quem havia comentado que queria um sugar daddy naquela noite, ele tinha bastante dificuldade em aceitar presentes. Não era como se Katsuki fosse sentir falta do dinheiro, afinal.

Ele não era do tipo que gastava demais sem necessidade, mas sim do tipo que trabalhava muito. E sua família não tinha necessidade que ele enviasse nada, nem nenhum outro parente ou pessoa querida precisando de nada, diferente de Eijirou. Ele era bastante privilegiado, tinha que admitir. Mesmo que doasse todo mês, claro que não era o suficiente para fazer um grande rombo em sua conta bancária. Não havia nada caro que ele desejava com todas as suas forças além de um bom vinho às vezes, nem era do tipo que gostava de sair com amigos, portanto, não gastava em coisas assim também. No fim, sobrava um bom dinheiro.

— É um presente meio caro. — Eijirou falou hesitante, a testa franzida como se tentasse fazer contas. Talvez estivesse calculando quanto o total daria, já que talvez ele tivesse que comprar tudo, desde o terno ao sapato. — O senhor sabe quando é meu aniversário? — ele falou de novo, mais alto e surpreso.

— Claro. Eu lembro de Midoriya arrastando um 'parabéns pra você' por todo o andar em outubro no ano passado, se não me engano. No meio de outubro, não é?

— Dia 16. — Eijirou assentiu, brilhando mais ainda enquanto sorria.

Se ele sorrisse um pouco mais Katsuki ficaria cego.

— Certo. Bem, é um presente, Eijirou. Só aceite e nem precisa agradecer. Pode comprar o que quiser, o terno, sapatos, ir ao cabeleireiro, um novo perfume, até o táxi até o local está incluso, okay? Pode me mandar a conta toda, ou só falar com o pessoal aqui da empresa que eu autorizo, tá?

Eijirou parecia muito sem graça olhando-o naquele momento. Ele estava pronto para insistir mais um pouco, tentando controlar a irritação que sempre vinha quando ele tinha que se repetir mais de uma vez.

— Um novo perfume…? Eu… eu to fedendo? — Eijirou perguntou sem jeito, tentando cheirar a própria roupa.

Se ele fosse ser tão adorável então que pelo menos o avisasse! Coisas fofas deixavam Katsuki com um desejo insano de esmagá-las entre seus braços e ele não queria nenhum processo por assédio ou violência por apertar seu secretário num abraço de urso até ele desmaiar por falta de ar no ambiente de trabalho.

— Não, Eijirou. Você é muito cheiroso até. — Katsuki deixou escapar sem pensar. Ele pigarreou, a raiva de si mesmo por falar besteira esvaindo ao observar o vermelho forte nas bochechas de Eijirou. — Eu só quis dizer que qualquer gasto envolvido com o evento será acobertado por mim. Mesmo um perfume ou uma gravata ou anel que você compre para usar no evento. É de fato um evento para riquinhos mimados de berço de ouro, como eu sou, tenho que admitir, e se vestir de acordo vai ajudar a se sentir confortável naquele meio. Então, por favor, aceite calado e saia da minha sala, pois eu não vou mais oferecer isso com gentileza se você continuar negando, tá bom, Eijirou?— Ele deixou parte de sua raiva vazar para o seu tom no fim da sua fala para que seu secretário entendesse e assistiu quando Eijirou saiu de sua sala, assentindo e andando com muita pressa, disfarçando muito mal que queria correr de sua sala.

Katsuki riu.

Se de si mesmo ou de Eijirou?

Caralho, ele realmente não sabia.

Katsuki chegou na festa pontualmente. Sabia que ninguém chegava mesmo na hora para esses eventos, porém, ele tinha que aparecer, então mesmo que ele só visse algumas pessoas e saísse cedo ele já teria feito seu trabalho. Com o passar das horas, ele percebeu que a pontualidade de seu funcionário não se estendia a festas. Eijirou já estava atrasado, até mesmo para a quantidade educada de atraso que as pessoas geralmente se permitiam o direito nesses momentos. Katsuki evitou qualquer bebida alcoólica e falar com qualquer um antes de Eijirou chegar. Ele só não estava no clima para qualquer interação social com aquelas raposas velhas.

Mas talvez Bakugou devesse ter bebido antes de Kirishima chegar. O ruivo estava… lindo. Ele vestia um terno preto até simples, no entanto, que ficava muito bem nele, a gravata vermelha combinado com o cabelo bem arrumado, perfeitamente penteado todo para trás. Sinceramente, ele parecia mais adequado naquele ambiente do que Katsuki, com seu terno branco e o cabelo espetado sem nenhum cuidado.

Katsuki se permitiu tomar seu tempo encarando a forma do corpo de Kirishima. Ele era um pouco mais baixo que Bakugou, tinha aparência um pouco forte e muito gentil. Era algo que ele fazia com certa frequência ultimamente e não evitou de reparar como o peito dele parecia reto, nenhuma insinuação do volume normalmente visto há mais de um mês.

Ele jamais poderia saber o que de fato era ser um homem trans, entretanto, nos momentos em que lembrava que Eijirou era um, lembrava de olhar para ele e vê-lo como mulher, ele sabia que isso não importava de verdade. Eijirou era um homem e sempre foi. Apenas Katsuki que só pôde ver isso agora, e não era só por causa das roupas. Por mais que não desconfiasse antes, agora tudo parecia fazer mais sentido, ser mais real. E Eijirou parecia mais feliz. A felicidade de quem não tinha mais que fingir nada e podia ser ele mesmo.

Aquele sorriso no rosto dele expressando essa felicidade era mesmo lindo.

Eijirou finalmente o encontrou no grande salão, Katsuki o observou perdido pelo lugar espaçoso sem fazer um único som para indicar que estava ali.

— Senhor Bakugou, te achei. Como vai a festa?

O sorriso enorme na face de Kirishima trouxe o sentimento familiar de volta ao coração de Katsuki; como se, se ele sorrisse só mais um pouco, ficaria cego.

— Uma merda. O que te deixou tão feliz em meio a essas raposas velhas em estado de putrefação?— Ele perguntou, genuinamente curioso, apesar da expressão em seu rosto demonstrar indignação, como se Eijirou não tivesse o direito de estar feliz naquele lugar.

— Ah! Uma senhora esbarrou em mim e disse “Desculpa, moço.” E ainda disse que eu era um homem lindo e que se ainda fosse o tempo dela ela aproveitaria.— Kirishima disse, rindo.

Okay, Katsuki estava oficialmente cego agora com aquele sorriso.

E daí? Por que ele achava que aquilo justificava ele estar sorrindo daquele jeito tão aberto?

Por que uma senhorinha velha e rica pediu desculpas e disse que ele era bonito? Kirishima era capaz de sorrir tanto só porque alguém disse que ele era bonito?

Era um fato! Era como ficar feliz porque alguém disse que o sol é quente!

Então, Katsuki percebeu. A frase foi repetida em sua cabeça até ele entender por que Eijirou estava tão feliz.

A forma como ele enfatizou a palavra “homem” e “moço” quando falou.

Como um homem trans em seus 26 anos, Eijirou deve ter passado quase toda a vida ouvindo todos o chamarem de “moça” ou “senhorita”. Vendo-o tão feliz por algo tão pequeno, ele se perguntou quão injusto o mundo tinha sido com Eijirou ao longo de sua vida e quantas coisas pequenas e bobas o havia machucado. Quantas o fariam sorrir a partir de agora.

Katsuki deixou um mini sorriso escapar de seus lábios, sendo aquecido pela felicidade de Eijirou.

— É? E o que mais aconteceu hoje? — Ele se viu perguntando, sem pensar muito sobre isso.

Eijirou sorriu ainda mais, então, por um segundo, Bakugou ficou realmente preocupado que aquele sorriso fosse rasgar as bochechas dele.

— Eu consegui entrar no provador masculino quando fui comprar o terno! Eu já tinha ido, mas ninguém tava me olhando estranho, mesmo sozinho. Ninguém me perguntou se eu tava comprando roupa pro meu namorado, nem nada estranho aconteceu no banheiro masculino. Todo mundo me chamou de senhor hoje sem nem um momento de dúvida, mesmo depois de ouvir minha voz. Eu to tão feliz que nada pode estragar meu dia hoje!

— Não fala isso muito alto, ou as pessoas podem tomar isso como um desafio. — Katsuki sussurrou como se contasse um segredo, trazendo à tona o quão chato achava esses eventos de novo.

Mesmo falando isso, Katsuki sentiu que se livraria ele mesmo de qualquer um que ousasse arrancar aquele sorriso do rosto de Eijirou.

Algumas horas depois, Katsuki havia passeado pelo salão com Eijirou, conversando com as pessoas menos insuportáveis ali e dando prioridade àquelas no caderninho de Kirishima, com os nomes das pessoas com quem a empresa deveria manter uma boa relação. Depois de assistir o ruivo perguntar a cada garçom que se aproximava se a comida continha nozes e mandar qualquer um com bebidas alcoólicas para longe, Bakugou sorriu vendo-o lhe estender dois bombons de licor e chocolate.

— Só porque se comportou bem essa noite. — Eijirou disse, colocando os bombons em sua mão.

Ele estava lhe recompensando? Como se faz com uma criança problemática?

Esse garoto não tinha medo de ser despedido mesmo, né?

Katsuki ignorou o pensamento deixando essa passar e ofereceu:

— Você não quer um?

Eijirou aceitou com um olhar tímido, o que fez Katsuki querer amassá-lo e lembrar do dia anterior quando fizera o convite para a festa, quando se sentiu do mesmo jeito.

Eles estavam na varanda escura, escondidos de todos, observando as luzes da cidade da altura nada amigável de 20 andares. Apesar disso, tudo ainda parecia lindo, mesmo que Bakugou não conseguisse ver bem as estrelas, a lua brilhava cheia em todo seu esplendor no céu, quase parecendo perto.

Ao seu lado, o sol mordia com cuidado o bombom, deixando um pouco do recheio líquido escorrer por sua boca e melar seu queixo. Katsuki estava começando a ficar seriamente preocupado com a forma como Eijirou sempre parece lindo aos seus olhos.

Mas claro, hoje à noite ele estava especialmente belo.

O bombom de Katsuki havia acabado de ser engolido, o que não dava tempo para ele culpar qualquer quantidade de álcool por seus pensamentos e ações. Não dessa vez.

Ele se aproximou, limpando o líquido rosado e pegajoso do queixo de Eijirou e erguendo seu dedão aos lábios do outro, sentindo a língua dele lamber seu dedo suavemente. No começo, não passou pela cabeça de Katsuki que isso pudesse se tornar algo tão sexual. Contudo, talvez ele devesse ter pensado melhor em suas ações.

De qualquer forma, com o olhar nublado quando a imaginação foi muito mais longe do que ele queria, ele não pensou muito antes de falar. Afinal, Katsuki não era o tipo de homem de desistir ou se negar de nada que desejasse. E ele sempre sabia o que queria.

Eijirou também sabia disso.

— Você quer dormir lá em casa hoje depois disso aqui?— Bakugou perguntou, afastando a mão do rosto de Eijirou.

Bakugou não sabia que o ruivo podia ficar vermelho o suficiente para combinar com o próprio cabelo e gravata, entretanto, descobriu que ele podia.

E dessa vez a fofura de Kirishima foi uma massagem direto no seu ego, um sorriso pretensioso se desenhando em seu rosto.

— Er… Eu… p-pode ser…

Ele ouviu o outro responder, nervoso e evitando contato visual.

— O senhor quer mais bombons? Eu vou pegar mais.

E assim Eijirou saiu correndo da varanda e Katsuki deixou o assunto para lá por mais algumas horas.

Todavia, quanto Shoto se aproximou e comentou que já estava farto daquela festa e provavelmente iria embora, logo Bakugou também estava livre para ir, Kirishima apenas se despediu de Midoriya com um abraço, se curvou respeitosamente para Todoroki e seguiu Katsuki para o carro, sem deixar transparecer mais nenhuma timidez ou nervosismo.

Eijirou pegou dois bombons alcoólicos do chique recipiente de vidro. Bem, seu chefe merecia uma recompensa depois de se comportar bem e evitar beber a festa inteira, afinal aquele ponto até Kirishima sentia que precisava de umas duas taças de champanhe.

Ele caminhou até a varanda onde eles estavam tomando um ar e entregou os bombons na mão dele, no entanto, aceitando quando um lhe foi oferecido. Ele precisava mesmo beber algo para encerrar a noite bem.

Ele estava mesmo feliz naquele dia. Se sentia lindo, se sentia másculo e a festa foi bem menos chata do que ele esperava pelas palavras de Katsuki. Talvez seu chefe só odiava muito interação social, ainda por cima uma tão forçada. Fazia anos que Eijirou não se sentia tão bem consigo mesmo, por mais que o dia não tenha tido nada de particularmente especial.

Mas ele era mesmo o tipo de cara que era grato pelas pequenas coisas.

Ele estava distraido pensando sobre isso enquanto comia o pequeno bombom, sentindo o chocolate derreter na boca e o suave gosto do licor que nem parecia alcoólico. Como algo tão pequeno podia ser tão gostoso? Ele precisava de outro desses! Deuses, que gosto bom.

Kirishima sentiu um pouco do recheio escorrer por seu queixo e pensou em limpar antes que seu chefe visse e ele pagasse mico na frente dele (não que fosse ser a primeira vez, todavia, não precisava disso hoje), entretanto, sentiu um dedo apanhar o líquido grudento de seu queixo e se encostar em seus lábios e sem pensar muito ele apenas tentou recuperar o pouco do recheio maravilhoso que tinha perdido.

Quando ele se deu conta de que havia lambido o dedo de seu chefe já era tarde demais. Ele estremeceu pensando em sua demissão em sua mesa assim que chegasse para trabalhar na segunda.

Merda. Merda. Merda.

Eles estavam indo tão bem, ignorando o incidente de um mês atrás no bar, fingindo que nada aconteceu e ele tinha que estragar tudo, né?

Todavia, antes que Kirishima pudesse se afundar mais em sua dura autocrítica, ele ouviu Katsuki:

— Você quer dormir lá em casa hoje depois disso aqui?

Eijirou sentiu seu coração parar. Seu sangue pareceu parar de correr por seu corpo por um segundo e depois voltou, indo todo pro seu rosto. Ele se sentiu ficar quente e vermelho. Talvez parecesse um virgem. Mas, veja bem, não é todo dia que Katsuki Bakugou te convida para dormir na casa dele depois de você não tão acidentalmente lamber o dedo dele. Ainda mais com um tom que deixava claro que a intenção dele não era dormir.

Claro que a ansiedade de Eijirou falou um pouco mais alto por um momento, entretanto, ele não queria deixar a disforia tirar algo tão bom dele. Aquele era mesmo um ótimo jeito de encerrar a noite, afinal.

— Er… Eu… p-pode ser… — Eijirou murmurou, envergonhado demais para responder olhando nos olhos de Katsuki. — O senhor quer mais bombons? Eu vou pegar mais.— Ele emendou, percebendo que não conseguiria ficar no mesmo lugar que seu chefe naquele momento.

Ele não conseguiu evitar Katsuki por muito tempo, e se fosse sincero ele nem queria. Logo eles estavam deixando a festa e a viagem de carro até o apartamento de Bakugou foi um piscar de olhos e Eijirou não sabia se foi de fato rápido ou ele teve essa sensação por estar o tempo todo distraído olhando a janela do carro, imaginando quão confortável seria transar com seu chefe naquela cama macia de gente rica que ele via nas séries. Se ele conseguisse.

Eles subiram para o apartamento de Katsuki. Era muito espaçoso e logo de cara ele podia ver uma parede inteira de vidro na sala, a vista linda da cidade iluminada à noite a muitos andares de altura. A sala era uma mistura de preto, branco, creme e laranja, uma cozinha completamente eletrônica no mesmo cômodo no canto, separada por um balcão de madeira escura, com um armário com portas de vidro que o permitia ver os licores e vinhos bem arrumados ali.

Kirishima, um tanto quanto acostumado com a pobreza, estava quase desenvolvendo uma alergia à toda a riqueza a qual foi exposto essa noite, não sabia se ainda poderia suportar o apartamento de Bakugou.

— Se precisar, o banheiro é naquele corredor à direita. — Bakugou apontou.

Eijirou corou e assentiu. Não que quisesse presumir alguma coisa, no entanto, só por segurança ele foi ao banheiro. Eijirou fez questão de checar seu cabelo e seu rosto para ter certeza que estava tudo bem e, mesmo que um pouco contrariado, ele retirou seu binder, dobrando com cuidado. Não fazia nem mais de seis horas que estava com ele, entretanto, tinha que contar com a possibilidade de algumas atividades físicas acontecendo entre ele e Bakugou…

De qualquer forma, era melhor tirar logo. Seus nervos estavam comendo ele vivo quando voltou à sala, ainda de terno, mas o peito não mais tão reto. A noite inteira estava sendo perfeita. Seu dia já tinha sido ótimo, ele estava feliz de ter ajudado Bakugou, e esperava que a disforia não estragasse tudo agora. Por mais tesão que ele tivesse, sua ansiedade às vezes simplesmente não calava a boca.

Mas parecia que sua noite ainda podia melhorar quando o loiro colou em suas costas e perguntou:

— Quer beber alguma coisa?

Kirishima balançou a cabeça numa negação, a respiração acelerando ao sentir o hálito fresco bater em sua nuca. Katsuki não fez comentário algum e de alguma forma isso tranquilizou Eijirou um pouco mais. Ele sentiu as mãos fortes de Bakugou virá-lo de frente e se deixou levar num beijo tão intenso quanto o do bar há um mês.

As mãos dele logo desceram para seu quadril e Eijirou foi guiado pela casa de modo cego, desejando que o ponto de destino fosse o quarto de seu chefe. Logo eles chegaram onde Eijirou queria e os beijos se aprofundaram, as roupas de Bakugou já estavam meio perdidas pelo caminho, o ruivo arrancando o cinto e quase o botão da calça do outro com desejo.

Bakugou, na verdade, não ficava muito atrás, desabotoando o terno de Eijirou e o agarrando contra seu corpo. Kirishima sentiu a mão dele deslizar por suas costas, agarrando sua carne com desejo. Só lhe restava uma fina camisa branca de botões agora, que ele sabia que não estava escondendo seu peito, Bakugou podia sentir claramente o volume ali.

Tentando varrer a disforia para um canto longínquo de sua mente, ele enfiou sua mão dentro da roupa íntima de Bakugou, sentindo o pênis dele pulsar quando começou a masturba-lo lentamente. Katsuki mordeu seu lábio inferior com força, as mãos puxando seu cabelo antes dos lábios descerem em mordidas suaves por seu pescoço.

Kirishima suspirou sentindo os dentes morderem sua pele enquanto os quadris de Bakugou se moviam contra sua mão, uma ordem muda para que ele fosse mais rápido. Eijirou puxou Katsuki pelos cabelos para voltar a beijá-lo rápido com a mão livre, a língua deslizando pela boca rosada antes de descer beijos suaves pelo pescoço, peito e abdômen antes de cair de joelhos em frente à ereção pulsante de Bakugou.

Ele lambeu de leve a glande de Katsuki, chupando a cabecinha com força em seguida, uma mão massageando o comprimento enquanto a outra acariciava as bolas. Katsuki logo sentou-se na cama, abrindo as pernas para que Eijirou tivesse mais espaço.

Bakugou deslizou uma mão pelos seus cabelos, soltando completamente a parte presa num simples penteado e prendendo o punho em seus fios ao se forçar um pouco mais na garganta de Eijirou, que o permitiu afundar na boca molhada de muito bom grado.

Eijirou desceu uma mão para se aliviar um pouco enquanto acelerava a felação. Estava tão molhado que se sentia ensopar a cueca, gemendo com a boca cheia do pau de Katsuki ao sentir o próprio dedo massagear seu clitóris, se concentrando no cheiro de perfume caro e suor vindo de Katsuki para evitar qualquer pensamento desnecessário que o pudesse arrancar daquele momento.

Ele ouviu a voz rouca de Katsuki gemer junto com ele quando deixou seu prazer ecoar pela garganta ocupada mais uma vez e sentiu o loiro estocar particularmente fundo, puxando seu cabelo enquanto empurrava sua cabeça mais fundo, perto de gozar, quase perdendo o controle.

Eijirou queria tanto fazê-lo gozar em sua boca. Sentir sua porra escorrendo por sua garganta. Ver que expressão estaria em seu rosto durante o orgasmo.

Assim, ele acelerou seus movimentos, tanto de sua boca quanto de sua mão deslizando por ele mesmo, sentindo os espasmos em sua coxa por estar tão excitado com os gemidos roucos de Katsuki.

Ele afundou, engolindo Bakugou até chegar perto dos pelos escuros e então gemeu de prazer, perto de seu próprio orgasmo enquanto levava o outro consigo deixando claro que queria que ele gozasse na sua boca.

Katsuki puxou os cabelos de sua nuca com força quando gozou, um gemido rouco, baixo e longo escapando pela garganta dele na forma de seu nome. Eijirou sentiu um arrepio correr por todo seu corpo ao sentir a região de sua nuca ser estimulada de forma bruta com o puxão, o ponto fraco o levando ao orgasmo enquanto ouvia seu nome sair da boca de seu chefe da forma mais sexy possível, tantos espasmos correndo por seu corpo que ele teve que se apoiar em Bakugou para não cair de vez.

Os dois respiraram fundo tentando se acalmar, Katsuki correndo seus dedos de leve pelo couro cabeludo de Eijirou como um pedido de desculpas. Quando o ruivo olhou para cima ele viu uma carranca de confusão no rosto de Bakugou.

—O que foi? — ele perguntou, notando sua voz quebrada e rouca.

Katsuki pigarreou, olhando para Eijirou parecendo genuinamente confuso e sem jeito. Kirishima nem sabia que ele podia fazer uma expressão como essa.

—Você… quer, tipo, continuar? Desculpa, eu nunca estive com um homem trans antes, eu não tenho ideia como…

Eijirou logo entendeu o desconforto de Katsuki e riu um pouco. Era um riso meio triste, mas ele não tinha um motivo para estar triste de verdade, tinha?

—Tudo bem. Por mim a gente para por aqui, você não tem que se preocupar com nada, eu gozei. Eu não… me sinto muito confortável com muitos toques no meu corpo. É complicado pra mim.

Era muito bom para Eijirou vestir as roupas em que se sentia bem e sair pela rua para ser chamado de "senhor". Era a melhor sensação do mundo.

Mas quando estava sozinho, quando tomava banho ou se olhava no espelho estando nu, seus demônios vinham atrás dele. Ele não conseguia ignorar a disforia, o sentimento de olhar no espelho e detestar o corpo que via no reflexo, de se sentir "errado".

Era muito bonito um discurso de que não existe corpo de homem e que estava tudo bem ser um homem com uma vagina e seios.

E de fato não existia. Realmente estava tudo bem.

Mas Eijirou sentia que ainda tinha um longo caminho até não se importar, até amar o seu corpo e estar psicologicamente preparado para deixar outra pessoa tocá-lo de forma sexual. Primeiro, ele tinha que tirar seus seios. Queria crescer músculos em seu corpo também. Então, aprender a amar sua vagina e todo o resto, parar de se sentir desconfortável por não ser como a maioria dos outros homens.

Era um longo caminho para lutar contra os pensamentos transfóbicos e venenosos enraizados em sua mente ao longo de sua vida. Pensamentos que nem vinham dele mesmo de verdade, entretanto, foram plantados lá pela sociedade que o cercava ao longo de mais de duas décadas.

Mas agora, neste momento, ele sabia que por mais que fosse Bakugou ele não se sentiria bem em tê-lo tocando-o dessa forma.

— Ei, tudo bem. A gente não precisa fazer nada que você não queira, eu só não sabia se você queria ou não e nem… como fazer. Enfim, a gente pode parar por aqui.

Katsuki ajudou Eijirou a se levantar e o ruivo o puxou para um beijo. Talvez fosse um sonho, aí ele não queria acordar. Ou, fosse realidade e acabasse por ser um caso de uma noite só, então ele tinha que aproveitar.

Katsuki sugeriu que eles tomassem banho para dormir e Eijirou esperou ele sair para ir em seguida. Ele tomou banho e vestiu as roupas folgadas que Bakugou deixou para ele vestir. Ele saiu do banheiro e encontrou Bakugou em cima da cama com uma regata e calças folgadas bebendo um pouco de vinho da taça em suas mãos.

O pensamento de como ele era sexy piscou em sua mente e ele lembrou da expressão do outro ao gozar. Ele tinha mesmo acabado de mamar seu chefe e agora ia dormir com ele, na cama dele, vestindo as roupas dele?

Eijirou se perguntou de novo se aquilo não era um sonho.

Ele sentou ao lado de Katsuki na cama e bebeu o vinho que lhe foi oferecido da mesma taça, sentindo Bakugou voltar a morder seu pescoço com mais força dessa vez, a língua meio áspera trilhando um caminho até sua orelha e mordendo o lóbulo.

—Você ficou lindo nas minhas roupas, Eijirou. —Katsuki sussurrou em sua orelha.

Eijirou engasgou com o vinho em sua boca, sentindo que podia gozar de novo só com aquilo. Ele vestia uma camisa e uma calça preta leve e folgada. Claramente roupas de dormir. Bakugou não tinha ideia o que fazia com seu ego vê-lo com tesão ao ver Eijirou vestido assim tão simples.

Ele virou seu rosto e Bakugou o beijou de forma suave, chupando sua língua e mordendo seu lábio inferior lentamente. O outro tomou a taça de suas mãos e a colocou de volta já vazia na pequena cômoda ao lado da cama.

Quando eles voltaram a se beijar lentamente, Eijirou por cima de Bakugou enquanto puxava os fios loiros como uma pequena vingança, tudo o que conseguiu pensar foi que mal acreditava que ia dormir na cama de seu chefe nessa noite.

Não era o que ele imaginava que seria o fim de sua noite.

Mas quando Bakugou apagou o abajur ao lado da cama, Eijirou juntou toda a sua ousadia para abraçá-lo por trás, juntando os dois corpos para dormir de conchinha.

Amanhã, quem sabe, ele lidaria com as consequências em seu coração.



Epílogo — There is nothing for me but to love you


Eijirou respirou fundo, sentindo o cheiro salgado do mar. O sol queimava a pele de seu peito pela primeira vez na vida.

Katsuki havia insistido em passar protetor solar nele, e ele agradeceu por seu namorado rico ter passado um bom protetor que não o fazia sentir pegajoso, entretanto, sua pele ainda estava terrivelmente pálida por causa do creme. Contudo, não importava.

Katsuki podia ter derramado dez quilos de protetor solar nele, e ainda estaria radiante de felicidade. Kirishima caminhava pela praia de sandália no pé, uma bermuda florida de cores berrantes, um óculos de sol… e mais nada. Seu peito nu exibia as cicatrizes de sua cirurgia para qualquer um, e ele as manteve corajosamente. Elas mostravam que ele é, era e sempre será um homem. Elas simbolizavam que ele tinha, finalmente, feito as pazes com sua história e com quem ele era. Não foi fácil. Não é fácil. Apesar disso, ele estava bem longe no seu caminho de amor próprio e os passos à sua frente o traziam mais esperança do que angústia.

Parte disso era, claro, Katsuki. Seu chefe, de alguma forma, se tornou um dos pilares de sua vida, e não apenas por pagar seu salário.

Depois da primeira vez que Eijirou dormiu na casa de Bakugou, os dois caíram no velho hábito de fingir que nada aconteceu depois, assim como foi com a noite do beijo. Alguns toques e olhares trocados eram o máximo que acontecia, e Kirishima estava determinado a fingir que tudo aquilo não o afetava. Não podia ser ganancioso, afinal. Ele tinha se assumido, podia ser ele mesmo e tinha um bom emprego com um salário agradável. Era mais do que muitos poderiam dizer. Ele repetia esse mantra todo dia para si mesmo, e nunca era o suficiente, não quando Bakugou sorria para ele.

Dessa vez, todavia, eles não conseguiram manter a farsa por sequer um mês. Foram duas semanas até Eijirou chegar muito perto e Katsuki beijá-lo no escritório. E então os beijos se tornaram recorrentes. Não importava se era um simples relatório ou reuniões para discutir a agenda da semana, Eijirou nunca mais tinha conseguido entrar na sala de seu chefe sem passar pelo menos meia hora lá.

Ele começou a deixar seu cabelo para baixo. Era inútil gastar esforço estilizando para cima só para Katsuki bagunçar todo o seu cabelo ao beijá-lo. Eventualmente, Eijirou foi à casa de Bakugou de novo. Com alguns meses, ele já sabia exatamente o que fazer com a boca para ter o Katsuki Bakugou gemendo e tremendo, à beira do orgasmo.

O problema não foi esse. Eijirou podia se enganar, repetir que lidaria com seus sentimentos amanhã quantas vezes quisesse enquanto ele estivesse indo para a casa de Bakugou para transar e pronto. O problema de verdade foi quando eles não transaram. Quando Eijirou chegou na casa dele, pensando que aquele podia ser o dia no qual deixaria Bakugou tocá-lo, no qual ficaria nu na frente dele, apenas para seu chefe sentar com ele no sofá, oferecendo um jantar e um filme.

Bakugou tinha cozinhado para ele.

O Katsuki Bakugou tinha cozinhado para ele, e estava perguntando que filme gostaria de ver. Ele não falou nada sobre sua escolha de uma comédia romântica clichê e os dois assistiram o filme. Abraçados no sofá. Naquele dia, Bakugou o levou até a cama e o beijou. Abraçou Eijirou. Era assustador ver um homem tão rude, que gritava o tempo todo no ambiente de trabalho, abraçá-lo com tanto carinho.

Kirishima se deixou envolver e eles dormiram abraçados. Pela manhã, após levantar e comer um café da manhã preparado por seu chefe, como já tinha se tornado rotina nos sábados, Eijirou saiu da casa dele tremendo. Não podia mais controlar seus sentimentos. Ele não tinha a menor condição de lidar com tudo amanhã. Foi naquele mesmo dia que ele voltou para dentro do apartamento e confrontou seu chefe. Que diabos de relação eles tinham agora?

Bem, foi naquele mesmo dia que se tornou rotina passar os fins de semana na casa de seu chefe, provando de sua comida e enchendo sua paciência enquanto ele cozinhava. E hoje, exatamente dois anos depois daquele dia, Eijirou caminhava na praia sem camisa, sabendo que Bakugou tinha ido comprar água de coco para os dois.

A surpresa dele para o aniversário de dois anos de namoro? Uma simples viagem para o litoral, um fim de semana na praia para comemorar.

A decisão tinha a ver, claro, com o fato de Eijirou ter se recuperado e cicatrizado da cirurgia. Eijirou comentou de passagem que queria ir com o namorado à praia, ficar sem camisa em público pela primeira vez. Bakugou era um péssimo namorado e, como tal, decidiu mimar Eijirou alugando uma casa enorme na praia. Uma casa de dois andares, com piscina e hidromassagem, numa área mais isolada da praia para que ficassem mais à sós, se quisessem.

Obviamente, um péssimo namorado.

Mesmo um pouco mais isolados, não era cansativo caminhar até a parte mais animada da praia, e era o que eles tinham feito hoje. Enquanto Bakugou comprava água de coco para eles, Eijirou caminhava à beira da praia, sentindo o sol queimar sua pele e vendo as pessoas conversando, as crianças brincando na água. Era a primeira vez que a paz e diversão de uma visita à praia não era acompanhada de disforia, tristeza ou ansiedade. Nenhum sentimento agridoce acompanhava seus passos.

Ele reparou numa menininha negra, de cabelos cacheados ensopados de água, que saía da água correndo. Atrás dela vinha, provavelmente, sua mãe, de olho nos passos apressados dela. A menina usava um maiô cor de lavanda e uma pulseira colorida de conchas de plástico.

— Oi, moço! — Ela cumprimentou Eijirou.

Agora já era comum ouvir as pessoas o tratando no masculino, entretanto, sempre vinha uma certa euforia quando ele ouvia.

Kirishima não conhecia aquela menina, no entanto, era apaixonado por crianças e sabia que era normal que elas falassem com estranhos, ainda mais na praia, onde adoravam fazer novos amigos. Sem timidez, Eijirou se ajoelhou na areia para ficar na altura dela.

— Oi. Qual seu nome?

— Ingrid.

— Prazer, eu sou Eijirou.

— O são essas cicatrizes no seu peito, moço? — Ela perguntou, o cenho franzido em curiosidade.

Kirishima pensou em como poderia explicar, mas, ao invés das explicações vagas e metafóricas que muitas vezes se dava às crianças, ele preferia ser mais honesto. Sabia que elas eram muito inteligentes.

— Foi uma cirurgia.

— Eu também fiz uma cirurgia! Mamãe disse que esse pontinho no meu pescoço foi de um carocinho ruim que eu não queria mais ter. — Ela esticou o pescoço e apontou para um pontinho escuro perto de sua clavícula. — Você também tirou algo que não queria?

Kirishima sorriu. Dava pra resumir assim, não dava?

— Sim, exatamente.

Ingrid acenou positivamente como quem tinha entendido, entretanto, logo perdeu o interesse em suas cicatrizes.

— Quer jogar bola, moço?

— Vamos! — Eijirou respondeu.

Ingrid correu para pegar uma bola azul e, quando ela voltou, sua mãe já tinha alcançado Eijirou. Era uma mulher negra e alta, que tinha prendido o cabelo molhado num rabo de cavalo baixo e frouxo.

— Mãe, mãe, mãe, o moço disse que vai jogar bola comigo! — Ela falou, pulando sobre os próprios pés.

— Tá bom, mas volta logo que tá perto da hora do almoço, tá bom? — Ela respondeu, sorrindo para Eijirou amigavelmente.

Ela seguiu para a cadeira de praia, não muito longe, e ficou sentada observando tudo cuidadosamente. A atenção de Kirishima voltou para a criança quando ela jogou a bola para ele.

— Joga de volta! — Ela pediu.

Eijirou sorriu e jogou a bola.

Katsuki sorriu ao ver a pele clara de Eijirou ficando mais escura. Eles tinham passado o dia ao sol, e era a primeira vez que Bakugou via o namorado sem camisa por tanto tempo. Bem, num contexto que não envolvesse algo sexual, pelo menos.

Voltar com duas águas de coco na mão apenas para encontrar Eijirou jogando bola com uma criança tinha sido, de longe, uma das cenas mais adoráveis de sua vida. Desde o primeiro beijo que eles trocaram, Bakugou não conseguia parar de pensar no quão fofo ele era, o quão bonito, o quão forte.

Pensando bem, era inevitável que eles acabassem ali, comemorando já dois anos de namoro. Katsuki, obviamente, não se via nesse tipo de compromisso antes, acostumado a relacionamentos breves. Mas não havia mais nenhuma opção para ele além de amar Kirishima com tudo o que tinha.

Eijirou interrompeu seus pensamentos ao apoiar-se em suas coxas para erguer o corpo da piscina e beijá-lo suavemente. Katsuki logo o segurou pela bunda, levantando ele para que se sentasse com os joelhos ao redor do quadril dele. Seu corpo molhado ensopou Bakugou rapidamente, entretanto, ele não se importou, apertando ele sem pudor.

Eijirou desceu os beijos por seu pescoço, marcando sua pele. Ele o beijava, mordia, chupava, excitando-o, elevando a temperatura de seu corpo. A língua áspera deslizava de sua clavícula ao pescoço, deslizando até sua orelha, onde Kirishima mordeu o lóbulo, arrancando um suspiro de si. Ele tinha Katsuki na palma de sua mão e o provocava com facilidade, sem timidez alguma.

Bakugou mordeu o pescoço dele em retaliação, sabendo que Eijirou era ainda mais sensível naquela área e na nuca. Seu namorado suspirou, inclinando mais a cabeça para dar mais acesso a Katsuki. Ele logo se aproveitou disso, lambendo e chupando, distribuindo beijos suaves só para ver a pele arrepiar.

Eijirou tomou a mão de Katsuki na sua, guiando-o para dentro de sua roupa de banho. Já não era a primeira vez que Bakugou o tocava, e ele estimulou seu clitóris devagar, construindo um ritmo lento para deixar o namorado ofegante. Kirishima movia o quadril em direção a sua mão lentamente, com desejo.

Calar a ansiedade, a angústia e o desconforto nem sempre era possível, porém, ficava cada vez mais fácil naquelas situações, e Eijirou sorria ao sentir o peito respirar sem o peso da disforia roubando dele um momento precioso com seu namorado. A mão dele deslizando por seus lábios trazia apenas prazer, deleite, e Eijirou rebolava contra os dedos de Bakugou enquanto ele aumentava o ritmo, o orgasmo cada vez mais perto.

Kirishima gozou beijando Katsuki, calando o gemido rouco que escapava por sua garganta enquanto os dedos de seu namorado ficaram ensopados em seu prazer. Bakugou levou a mão à boca, lambendo os dedos enquanto olhava fundo nos olhos de Eijirou, que riu sem graça. Não que ele fosse um homem tímido, isso já estava claro desde a primeira noite que passou com Katsuki, mas sempre mexia com Kirishima ver o desejo pulsante que Katsuki tinha por ele. Nada era mais efetivo para calar suas inseguranças do que vê-lo com a pupila dilatada, o olhar luxurioso, ou mesmo seu pau duro implorando pela boca de Kirishima.

— Quer abrir o vinho? — Katsuki perguntou.

Kirishima sorriu largo e levantou atrás de Katsuki. Seu namorado era rico, entretanto, não tinha o costume de gastar muito com nada, era prático demais para isso. Todavia, ele tinha o costume de beber vinho, e não poupava quando se tratava de degustar os melhores vinhos possíveis, já que era sua bebida preferida. Esse foi um hábito que Kirishima logo aderiu, acostumando seu paladar à bebida facilmente até demais. Estava mimado, mal acostumado, estragado. Mas se dependesse de Bakugou, isso não seria um problema.

Ele segurou a taça que lhe foi oferecida bebericando devagar. Katsuki ligou o som da sala, e uma música sensual e lenta reverberou alto pelas caixas de som da casa. Era um dos privilégios de não ter vizinhos próximos: escutar música no último volume e gemer sem se importar.

Eijirou dançou com seu chefe e namorado pela casa, sentindo a pele dele contra a sua, quadris colados um no outro a maior parte. Uma só taça de vinho era passada pelas mãos deles, esvaziando rápido. A letra da música, o ritmo, nada disso importava muito. Eijirou se mexia como bem entendia, e Bakugou apenas seguia seu corpo, tocando-o, as mãos macias deslizando por seu tronco, seu quadril e sua bunda.

Kirishima se virou de frente a ele, a mão agarrando forte a bunda do outro em retaliação, massageando o músculo, apertando com possessividade enquanto Bakugou bebia o vinho. Ele sorriu para Eijirou, um sorriso safado e desejoso. Podia sentir o pau dele duro dentro da roupa de banho, excitado, e Katsuki fez questão de esfregar-se contra ele para deixar clara sua luxúria.

— Me fode, Eijirou. — Katsuki sussurrou, um pedido carregado de safadeza.

Eijirou enfiou a mão na roupa de Bakugou, apertando a bunda dele sem nada no caminho, seu dedo deslizando entre suas nádegas, achando a entrada dele já preparada por um plug anal. Eijirou riu. Tinha suspeitado por que diabos Bakugou tinha demorado tanto no banheiro ao voltarem da praia, e finalmente descobria o porquê. Katsuki sorriu ao ouvir sua risada e lambeu os lábios de Kirishima indecentemente.

Ele beijou seu namorado, brincando com o plug dentro dele. Kirishima puxou o objeto morosamente, arrastando-o para fora e para dentro, provocando-o. A respiração de Bakugou logo acelerou, suas mãos envolvendo o rosto de Kirishima para aprofundar o beijo deles. Eijirou se afastou e o guiou até o quarto, deixando Bakugou deitado na cama, completamente nu, enquanto pegava tudo o que precisava. Os anos de experiência sendo o ativo de Katsuki o fizeram escolher tudo quase no automático, sabendo de cor como cuidar de seu namorado.

Kirishima não era virgem quando o namoro começou, entretanto, a questão do sexo sempre fora um problema em sua vida. A maioria de seus namorados não queria ser seu passivo, e outros não lidavam bem com o fato de que nem sempre Kirishima se sentia bem para ser penetrado. Alguns dias nada conseguia calar sua disforia e se tentasse transar num momento como aqueles…já tinha aprendido que isso não dava certo.

No entanto, com Bakugou foi diferente desde o começo. Ele sempre o respeitava, e na maior parte das vezes percebia o desconforto que sentia antes mesmo de verbalizá-lo. Eles já tinham transado tendo Eijirou como passivo, no entanto, desde que Kirishima tinha tentado ser ativo pela primeira vez e comunicado que assim se sentia melhor, eles costumavam manter essas posições na cama. Todavia, não era raro que Eijirou desejasse ser passivo, então o comum, na verdade, era que revezassem.

Eijirou vestiu uma cinta peniana, colocando uma camisinha por cima do pênis e lubrificando o material ainda mais. A cinta tinha um vibrador na parte de dentro que estimulava seu clitóris, além de ser texturizada para estimular dentro de Bakugou e era de longe a preferida deles. Foi, na verdade, a primeira coisa que Kirishima botou na mala ao se preparar para a viagem.

Bakugou ajustou um travesseiro embaixo de seu quadril e abriu suas pernas para Eijirou, ansioso. Ele entrelaçou seus dedos com os do namorado enquanto Kirishima entrava devagar, encaixando-se com cuidado dentro dele. Após esperar um pouco para se acostumar, ele começou a se mover, ligando o vibrador. Ambos gemeram com o movimento, o estímulo correndo por seus corpos como eletricidade.

Kirishima era sempre um pouco mais violento como ativo. Enquanto Bakugou era surpreendentemente doce e cuidadoso, prestando atenção a qualquer sinal de desconforto, temendo não perceber que Eijirou não sentia prazer, o outro era mais vigoroso e intenso. Kirishima sempre tentava focar em não machucar Bakugou, entretanto, esse era seu único limite. Sabia que o namorado gostava quando o fodia e o estímulo do vibrador contra ele fazia com que seu quadril se movesse rápido, buscando o prazer, rebolando e se movendo como bem entendia. No entanto, toda vez que percebia que Katsuki estava perto do orgasmo, ele focava seus movimentos, mirando em sua próstata, indo com força e lento, arrastando-se por dentro dele.

Kirishima segurou as coxas musculosas de Bakugou, segurando-o na posição enquanto arremetia vigorosamente, jogando seu quadril contra seu namorado. Katsuki gemia rouco, sentindo-se cada vez mais perto do orgasmo, seus dedos contraindo. Ele rebolava contra Eijirou, desejoso pelo prazer, pelo estímulo. Se sentia exposto, vulnerável a Eijirou e o sentimento o excitava ainda mais.

Eijirou meteu mais rápido dentro dele, seu próprio orgasmo se aproximando de novo, a vibração forte fazendo seus músculos tremerem de prazer. Sinceramente, sentia que podia gozar só vendo e ouvindo seu namorado naquele momento. Katsuki era sempre uma obra de arte quando estava prestes a gozar, o cenho franzido, a boca aberta, os músculos contraindo, seu pau rígido pingando pré-gozo, os gemidos roucos, os suspiros profundos, a respiração acelerada. Tudo o excitava.

Bakugou gozou, completando a obra de arte com sua porra molhando seu abdomen. Ele gemia, suas mãos agarrando os travesseiros com força enquanto seu pau pulsava com seu prazer. Eijirou se afundou em Katsuki, rebolando devagar para estimular seu clitóris, enquanto beijava o peito de seu namorado com carinho, vendo a pele arrepiar pelo estímulo.

Katsuki o abraçou, as mãos deslizando por suas costas para afundar-se em seu cabelo, puxando os fios ruivos para beijá-lo. Foi o único estímulo que precisava para gozar, gemendo o nome de Katsuki baixinho contra a boca dele. Eles descansaram um contra o corpo do outro, recuperando o fôlego antes de tomarem banho.

Após tomarem banho juntos, Eijirou arrastou Katsuki para a cama de novo. Um pote de sorvete e a TV reproduzindo uma comédia romântica qualquer, ele encostou suas costas no peito de seu namorado. Katsuki envolveu seus braços em sua cintura, o queixo descansando em seu ombro, vez ou outra depositando beijinhos em sua bochecha, seu pescoço, claramente nem aí para o filme.

Eijirou sorriu. Se pudesse voltar no tempo, para o dia no qual decidiu sair do armário para seu chefe, ele faria tudo exatamente igual, só para que pudesse um dia estar ali, nos braços dele. A calma e domesticidade daquele momento, o amor que sentia em cada toque de seu namorado, fazia cada pequeno passo valer a pena.

A melhor parte disso tudo? O futuro ao lado de Katsuki prometia ser ainda melhor.



NOTA: 24/06/2022

a fic foi atualizada e corrigida, devido a proporção que ela tomou. a fic ficou "famosa" e como já comentaram, o Eijirou deveria retirar o binder antes de qualquer coisa sexual, pois não se deve usar o binder durante atividades físicas, e sexo é uma atividade física bem intensa e eu esqueci disso na hora de escrever kkkk

como já tinham apontado isso nos comentários, eu tava deixando por isso mesmo, mas tem muitas pessoas trans lendo a fic e apesar de gostar de marcar que ficção e realidade são ambientes diferentes, essa fic acaba sendo muito educativa de várias formas, e eu não queria ensinar isso errado e causar, sem querer, que alguém se machucasse. Perdão pelo erro, agora está corrigido!

é isso, tomem água e usem o binder de forma responsável


também adicionei um epílogo, tudo junto no mesmo cap!!!

21 de Abril de 2020 às 21:34 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Luray Armstrong Oiii Sou não binário e pansexual. Pronomes masculinos: ele/dele. Obrigado! Viciado em: SasuNaru, KiriBaku, WangXian. No meu perfil você encontra fics de Naruto, BNHA, PJO e em breve MDZS. Sejam bem viad0s! arte do perfil: Nathy Maki

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