Pertenço a um local, como qualquer um de vós, porque nasci lá.
Mas e quando não é assim tão simples?
Dou-vos a conhecer um texto que escrevi quando me permiti sentir que havia mais para além da minha cidade Natal.
"Quatro paredes isoladas, luz deserta, pensamentos oblíquos. A solidão salva-me da realidade. Tudo o que quero são os sonhos que me mantém viva.
Aqui, sentada num banco de madeira velho, a quebrar-se pela falta de companhia, recordo-me da solidão que é só minha, não me esquecendo que estou no centro de uma sala onde apenas me é visível a escuridão da minha alma, como se olhos não existissem no meu rosto tímido e calado.
O futuro que tanto ambiciono, certamente está no interior desta escuridão, destas sombras, considerando que nada mais existe, estou paralisada, com medo de tudo o que se move do sítio.
Imensa é a revolta que, todos os instantes, se apega ao meu coração fazendo com que ele grite apertado, pequeno, sozinho. Nada mais cabe nesta invulgar bomba de sangue, tão nostálgica e com vontade de viajar em direcção a tudo o que não seja este sofrimento.
Não podendo viver a minha pessoa, vivo as outras. Eu estou apenas sentada no meu banquinho a ver a vida de outrem fluir sem mim, porque a minha presença não conta, pelo contrário, incomoda.
Um dia o meu corpo vai libertar-se pela porta do "suicídio", porque morrer é o único acto que posso fazer por mim.
Quando digo morte, não é morte verdadeira, mas sim, o momento em que para as gentes que me conhecem e para o local onde nasci eu deixar de estar presente, e nesse dia eu vou viajar para longe, recomeçar a minha jornada, ser um novo alguém e esse novo alguém jamais voltará ao passado."
Esta carta escrevi-a eu em 2011 e até à data não me lembrava te-la escrito. Sendo que a minha cidade natal era uma prisão, o suicídio a passagem do sofrimento à felicidade, a sala escura a minha mente fechada e deprimida, tamanho sofrimento e verdade descritas nessas palavras.
O que eu não esperava era que o futuro me levasse a um local enormemente mais mágico do que, em sonhos, eu previa.
Meus caros amigos não percam os capítulos desta história real que aqui partilho convosco, sei que vai valer a pena para colocar esperança nos vossos corações.
Até à próxima leitura!
Obrigado pela leitura!
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