- Podem ir. - o general rosnou para nós - Vão continuar sendo o bando de gente suja morando no Sul de New Orleans.
Minha mãe o encarou com ódio e me puxou para o carro onde nosso motorista nos aguardava para nos levar de volta para casa. Encarei o vidro do carro, encostando minha cabeça na superfície gélida do mesmo.
Ele morreu. Meu pai morreu por ser preto. Morreu por tentar melhorar a nossa vida e a de pessoas como nós. Fico imaginando como vou contar isso para George, meu irmão mais novo. Ele vai ficar arrasado.
- Já coloquei o George para dormir. – digo aproximando-me de minha mãe na sala de estar.
- Contou para ele?
- Não. – contraio os lábios – Não tive coragem para olhar nos olhos dele e dizer que o papai não vem mais pra casa.
- É melhor assim.
Sento no carpete próximo a lareira. Olho para minha mãe que, embora não esteja mais se envolvendo em meio as lágrimas, com certeza está de coração partido.
- O que vamos fazer agora?
- Eu não sei, Terence...
- Isso não pode passar. - digo - Nós temos que fazer.
- Não podemos. - ela me encara com desdém.
- Porque não foi anunciada. - arqueio as sobrancelhas - De tudo que já fizeram, essa foi uma das piores coisas. Mataram o papai. - sussurro as últimas palavras para que George não nos ouça.
- Preciso pensar. - murmura.
- Seja lá o que decidir. - me levanto - Quero ir junto.
- Você não vai chegar perto daquele lugar se isso realmente for decretado.
- Sim, eu vou! - exijo - Pelo papai e por todos os outros.
Me viro e sigo para a porta.
- No dia em que decretar essa rebelião... - lanço um olhar por sobre o ombro - Nada vai me impedir de participar da Formação.
Obrigado pela leitura!