"O homem é o lobo do homem."
(Thomas Hobbes)
O homem tem em sua natureza primordial o egoísmo. É um animal como qualquer outro, porém dotado com inteligência. O ser humano corrompido pela ganância e ânsia de poder é capaz de roubar, enganar e até matar a própria espécie. Há os que fazem por prazer e outros por medo ou por necessidade, porém no fundo somos todos iguais.
Atrás de uma parede grossa uma jovem mulher se preparava para o ataque. O local tinha uma iluminação precária, era um edifício em obras de uma rua bem afastada. Tudo cheirava a solvente e tinta velha. Além de estar coberto de poeira, podia ouvir dois homens discutindo no interior do lugar. O rosto da jovem mulher estava devidamente coberto deixando de fora apenas os olhos claros, os cabelos presos, portava uma adaga negra que era sua marca registrada. O ambiente estava silencioso, o que tornava sua respiração pesada audível. Então antes que pudesse ser notada, ela avançou.
─ Quem é aquela?
Exclamou o homem baixinho de cabeça careca a distância.
─ Droga.
Rápida e suave, a jovem mulher se move em direção do sujeito careca, sacando a adaga e fazendo a lâmina dançar entre seus dedos. Ela o alcançou em segundos sem dar tempo para uma reação. Foi um golpe só, violento e fugaz.
A lâmina atravessou seu peito, lhe rasgando a carne ao adentrar entre uma das costelas e facilitando o acesso ao seu coração. Ela puxou a adaga de uma vez só vendo a vida em seus olhos se esvair. O homem tombou ao chão, e logo em seguida, ela dirigiu seu olhar para seu parceiro.
O sujeito alto e magrelo em um ato de desespero, com as pernas bambas de medo faz menção de correr.
─ Não corra! Vamos poupar esforços! Se eu tiver que ir atrás de você vai ser muito pior.
Mas ele correu, tentando escapar da triste sina o que aguardava.
─ Péssima escolha!
Ela deu alguns passos à frente. A lâmina de cor negra escorregou gélida entre seus dedos. Em um arremesso perfeito que fez o objeto rodopiar no ar e atingir o homem em um golpe preciso, atravessando-lhe a espinha e alcançando as costelas. Isso fez internamente os passos do sujeito desacelerar. Houve um breve momento de silêncio e, então, ouviu-se o baque do corpo indo de encontro ao chão de bruços.
Com um leve ar de tédio, a jovem põe-se a se aproximar do homem.
─ Tão previsível!
Ela se agachou diante do corpo ao chão e enterrou ainda mais fundo a adaga em suas costas atingindo a caixa torácica. Era um movimento difícil, mas ela era hábil. O sangue já manchava toda a sua roupa, então, ela segurou com firmeza no cabo da adaga arrancando-lhe do corpo. Depois pôs-se a limpar o sangue da lâmina com as próprias mãos.
─ Por que vocês escolhem sempre a alternativa mais difícil? Eu disse para não correr!
Ela limpou o sangue das mãos, levantou-se e saiu andando calmamente, enquanto pegava o celular para fazer uma ligação.
─ Serviço completado.
─ Ok, isso é ótimo.
─ Mande alguém limpar a sujeira. Eu estou folga por hoje, preciso de um café.
A mesma terminou a ligação e guardou o aparelho no bolso.
40 minutos mais tarde.
Estava sentada na mesa de um café com meus fones de ouvido quase no último volume. Tirei um dos fones quando o garçom chegou.
─ O de sempre?
─ Sim.
─ Cappuccino grande gelado saindo. Mais alguma coisa?
─ Não obrigada.
Eu costumava frequentar aquele estabelecimento. Nessa essa semana apareceu um novo garçom, ele parecia jovem e simpático, havia decorado meu pedido em pouco tempo.
─ Seu cappuccino.
─ Ah, obrigada.
─ Tá com uma cara péssima. Cansada?
─ É. Muito trabalho.
─ Sei como é.
Depois que o garçom, saiu voltei a colocar meus fones de ouvido. Enquanto tomava meu café, passei aproximadamente uns trinta minutos por lá, apenas observando as pessoas que entravam e saiam. Não vi mais o garçom. Ao sair, paguei pelo capuccino, deixei o troco para o garçom no balcão e fui embora. Dois quarteirões depois encontro um rapaz discutindo com um senhor que parecia bravo, esse senhor jogou uma bolsa preta e duas caixas de papelão no chão, ao lado do rapaz e foi embora.
─ Ei você! você estar também?
─ Tô legal, tirando o fato que não tenho um lugar pra dormir.
O garoto virou para me encarar.
─ Ei, eu te conheço! Você é o novo garçom do café.
─ Sim. Também já te vi algumas por vezes lá.
─ O que aconteceu com você?
─ Moro aqui, que dizer morava. Comecei a trabalhar no café pra pagar o aluguel e as contas, mas eu ainda não recebi e aluguel tá atrasado.
─ Deixa eu adivinhar. Foi despejado?
─ É melhor eu ir procurando me virar ou vou dormir na rua.
─ Tem certeza que vai ficar bem?
─ Sim. Aliás o que você tem com isso?
─ Ei! Eu só estava querendo ajudar!
─ Desculpe, eu sou Caim.
─ Rebeka. Vem comigo acho que posso resolver seu problema.
15 minutos depois.
─ Bom, eu moro aqui. O lugar é pequeno, mas dar viver bem. Estava precisando de alguém para dividir comigo.
─ Perto de onde eu vivia, está muito bom.
─ Bom, você pode ficar aqui, mas com duas condições: não faça perguntas e não mecha nas minhas coisas.
─ Ok, beleza.
─ Ótimo, acho que vamos nos entender.
Obrigado pela leitura!
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