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Poema fora da caixa

Eu jamais soube como definir meus sentimentos

Minhas vestimentas

Apenas soube que eu não me encaixava

Porque as caixas impostas a mim eram pequenas

Sem muito para onde ir

Sem muito para onde mover e mudar

Mudança essa que demorou anos da minha vida

Porém essa vida que eu tanto demorei

Hoje é a minha vida

E eu amo essa vida, porque

Em meio aos amores

Em meio às tristezas

Em meio aos estereótipos

Em meio às imposições

Notei o quanto de mim ainda era meu

E o quanto de mim era algo que me obrigavam a ser

Pois cada roupa cheia de tons de rosa

Cada acessório

Cada sapato

Nada disso era meu, mas sim deles

O que eles queriam para mim

E hoje eu sei que nada disso me completava

Apenas me sufocava como alguém que

Mal podia respirar nesse meio cruel

Hoje, mesmo eu podendo morrer mais fácil

Eu sei que morri feliz

Morri sendo quem eu era

Caso eu passe dos 35 anos

Vou gritar que não sou estatística

Que eu passei da expectativa dos

Meus irmãos e irmãs

Contudo vou chorar pensando

Naqueles que morreram cedo

Morreram por um sistema

Que obriga todos a serem

Iguais presos em uma caixa

Aquela caixa que me aprisionou

Quando eu era novo

Quando eu era nova

Quando eu ainda me obrigava

A ser uma mulher

Que nunca existiu

1 de Março de 2020 às 00:33 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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