darleca Darleca Snow

Quando alguém tão tempestuoso surge em seu caminho, é para acabar com a bonança rotineira. Jonathan Joestar é apenas um pequeno veleiro em meio ao mar revolto que é Dio Brando.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

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Prólogo

Estar há muito tempo sem se relacionar romanticamente ficou complicado para mim. Principalmente quando a família e amigos se preocupam muito mais com essa questão do que eu.

Com exceção do Jotaro, que sempre foi mais reservado e parece entender a minha situação, todos me perguntam o porquê de eu permanecer sozinho.

Bom, Erina e eu terminamos há mais de um ano um relacionamento que durou quinze meses.

Foi a melhor coisa que fizemos, funcionamos melhor assim. Nossa amizade, hoje, é o que mais prezo na vida. E, desde então, namorei mais ninguém.

Por mais que eu falasse que estava tudo bem, diante de minha constante ausência nos eventos sociais, Erina também se preocupou.

Dei minha justificativa ao mostrar à ela a minha atarefada agenda; pesquisas e trabalhos da faculdade, da qual estou no quarto semestre do curso de arqueologia, e os cronogramas malucos do museu – de um amigo há gerações da família Joestar –, onde trabalho há seis meses, mas parece que já estou lá há seis anos.

— É isso que me acontece – disse à ela, quando estávamos no meu dormitório. Não nos vemos com tanta frequência quanto eu gostaria, porém, ela sempre consegue uma brecha. — Não tenho tempo para...

— Beijar na boca? – me interrompeu, soava divertida com a risada soprada ao sentar-se na minha cama, ao lado da mesa onde eu estava sentado. Amarrou o cabelo loiro num rabo de cavalo e ajeitou a franja com os dedos. — JoJo, você não precisa fazer um mega planejamento para se divertir um pouco. Óbvio que os compromissos acadêmicos são importantes, mas, poxa, eles não podem te impedir de viver a sua vida!

Erina faz medicina e diz não precisar de planejamentos para o lazer, quando faz verdadeiros malabarismos com os horários para ter um tempo reservado para si.

A bem da verdade é que eu invejo a disposição dela.

E eu ando muito cansado...

— Certo, não me impedem tanto quanto eu faço parecer... – retruquei, resignado, virando-me de frente para ela. Parando para pensar, venho me isolando cada vez mais e isso, de fato, preocupa. Contudo, não queria dar uma impressão errada da situação, eu estava muito bem sozinho, focado na minha pesquisa e estudos... eu acho. — Eu me acomodei, estagnei nessa rotina, apenas. Ando preferindo meter a cara nos livros do que meter em alguém.

Erina gargalhou pela piada infame e triste, e me deu um tapa no ombro.

Percebi uma tatuagem no pulso dela, quando a manga da blusa de frio subiu, e me pareceu um urso de pelúcia segurando um coração.

O namoro com a Susie Q anda de vento em poupa e fico muito feliz com isso. Erina se assumiu bissexual há pouco tempo, e é incrível a diferença que essa liberdade de ser quem você é faz na vida de alguém.

Erina se tornou uma pessoa ainda mais segura de si, mais alegre e agora, tatuada, quem diria?

— Aprendeu isso com o Joseph-nonsense? – Rimos. — E por falar nisso, o que os seus irmãos dizem? Te encham o saco como eu? – Mostrou a língua, brincalhona.

— Você nunca enche o saco – reafirmei e devolvi um sorriso ao encostar-me na cadeira. — Eles se preocupam, cada um à sua maneira; Joseph faz piada quando não sabe o que dizer. E, quando estou sobrecarregado, Jotaro me ajuda. Claro, ele é mais na dele, porém, uma vez, depois que ele e Kakyoin iniciaram o namoro, tentou me convencer que um relacionamento amoroso faria me sentir melhor.

— Ele não está errado – pontuou, apoiando o queixo na mão. — O começo de todo relacionamento é sempre maravilhoso.

Sorri com cumplicidade, afinal, o nosso também foi assim.

São lembranças boas que tenho e que me servem de exemplos de um bom relacionamento.

— E Joseph, por outro lado, acha que não preciso entrar de cabeça num relacionamento sério. E Caesar sempre me chama para sair, para beber com eles. Só não me sinto à vontade, por isso, recuso. Eles são ótimos, me fazem rir de chorar, mas... não estou na mesma vibe deles, agora.

— Te entendo, exigir que vire um porra-louca como eles é um pouco demais. Porém, amado, uma vez na vida não vai te matar.

— Hmm... – Não consegui verbalizar meu desconforto diante da ideia. Mas Erina logo percebeu.

— Não precisa sair com os amigos e irmãos! Finder° existe com esse intuito, sabe? Apps de encontros e sexo casual... – Calçava o tênis enquanto falava, ao terminar, ergueu o olhar para mim. — Que história você vai contar quando estiver mais velho? Se não está aqui no dormitório, está enfurnado no museu! – Ela me lançou um olhar apiedado que fez-me sentir bastante patético. Céus, estou tão ruim assim? — Sério, não deixa a vida passar em branco, tire um tempo para você e se divirta. Pode começar por... – Levantou-se, pondo as mãos nos bolsos da calça jeans depois de olhar o relógio no pulso. — Amanhã. Eu estarei livre à tarde e podemos tomar um café, que tal?

— Acho excelente. – Levantei-me, arqueando uma sobrancelha. — E aí, você me convence a usar esse aplicativo e explique essa tatuagem em seu pulso.

Erina olhou para o desenho e riu sem graça.

— Já sou mais radical que você, mané! Vamos fazer uma em conjunto para marcar o início de sua rebeldia, hein? – provocou e ficou na ponta dos pés para me dar um beijo na bochecha. — Preciso ir agora, mas te mando mensagem para combinarmos um horário para o café e para a tattoo.

— Aceito o café. – Ela me pareceu decepcionada, a princípio. Desconversei: — Certo... Isso me faz lembrar que preciso recarregar meu celular. – Esquadrinhei o quarto atrás do telefone ao abraçar Erina.

— Tenta não perder as oportunidades que te aparecem, tá legal? – Ela se afastou, indo até a porta.

— Como fazer uma tatuagem? – Sorri de canto, ainda perto da mesa.

— Sim! Piercing nos mamilos também, ficariam ótimos, beijos! – Gritou da porta ao sair toda animada.

Eu ri da sugestão, não conseguia me ver cheio de piercings, depois suspirei aliviado quando encontrei meu aparelho debaixo de um livro, na mesa.

Fiquei pensando se Erina também colocaria um piercing e... não, é melhor não pensar muito nisso.

Recorri ao tópico principal da conversa; se a minha vida será resumida a oportunidades perdidas.

E juro que tentei retomar os estudos, depois do banho, mas a tarefa que sempre me fora simples, se tornou um pouco difícil de me concentrar, já que a ideia de não ter muitas histórias – por mim protagonizadas – me deixou quase o dia inteiro deprimido.

Eu preciso mudar essa situação, do contrário, não terei paz, certo? Bem, confesso que não dava tanta importância ao meu status social, e nunca me pareceu um drama ficar sozinho como as pessoas dão a impressão de ser.

Além disso, já estou “conformado” com a minha solidão há muito tempo, e até gosto... Mudar o cenário demanda energia, a mesma que direciono à minha carreira.

Minha vida amorosa – se é que posso chamar assim – está um marasmo, ou melhor dizendo, é inexistente por conta dos meus compromissos profissionais.

Não sinto falta, sendo o mais franco possível, mas esse comportamento é visto como deprimente às outras pessoas, que acabo conjecturando se há algo de errado comigo. E eu sei que não tem...

É...

Não, não tem!

Com a mente cheia desse assunto, resolvi fechar o livro.

Só peguei uma blusa de moletom preta com capuz, vestindo-a por cima da camiseta e troquei a calça moletom por uma jeans e tênis, e saí do dormitório para espairecer.

Andar pelo campus, para mim, sempre foi agradável. O lugar é bem amplo e muito arborizado.

Ao entardecer, os pássaros amontoados nos galhos fazem a sua algazarra antes de dormirem, e o vai e vem de estudantes diminui bastante neste horário, fazendo os apreciadores da resistente natureza que nos cerca, como eu, terem um momento de tranquilidade.

Caminhei em direção ao banco que costumo me sentar normalmente e me dedicar a uma solução para o meu problema pessoal, quando senti o baque nas minhas costas.

Se eu esbarrei em alguém ou alguém em mim, eu não sei, só percebi as madeixas douradas em uma jaqueta de couro preta passarem por mim, ignorando completamente a minha existência e exalando um forte cheiro de álcool.

A pessoa alcoolizada trocava as pernas ao andar e, provavelmente, procurava encrenca, como uns mal encarados que de vez em quando aparecem no campus para brigar ou roubar os estudantes.

No começo, os roubos e as brigas eram mais frequentes. Depois, o problema decorrente foi que, na própria universidade, se formou um grupo em retaliação aos ataques.

Joseph e Caesar já fizeram parte disso, mas com a ameaça de expulsão, eles abandonaram essa ideia maluca de fazer justiça com as próprias mãos.

Os remanescentes, porém, são tão barra-pesadas quanto os deliquentes que causavam aqui.

E a reitoria só faz vista grossa, porque um dos caras vem de uma família muito rica. Pelo menos, é o que dizem os boatos sobre o líder desse grupo.

Tentei me desculpar pelo encontrão e mudar de assento para evitar o conflito, mas o sujeito chamou a atenção de quatros caras que estavam bem mais adiante de nós, antes de eu tê-los notado.

— Quem dos inúteis é o tal do Kars? – A voz do cara da jaqueta me soou como um estrondo. E ao ouvir o nome proferido, sabia que isso não terminaria bem.

Kars, Wamuu, Eisidisi e Santana são os pilares da gangue de retaliação, hoje em dia. E agem como se fossem donos do bairro inteiro, com as suas enormes motos e roupas pretas.

Eisidisi é o único que tem um black-power, já Wamuu mantém um corte militar. Enquanto Kars e Santana têm longas madeixas que dariam inveja a qualquer headbanger.

Eles rodearam o cara da jaqueta quando este se aproximou.

— Caralho, saiu do fundo de uma garrafa, seu merda? – indagou Santana, fez uma careta desagradável e empurrou o ombro do sujeito com força, que cambaleou. — Neste estado, não vale a pena te bater, bebum.

— Mas ameaçar um garoto não parece ser problema para vocês – retrucou com firmeza inesperada para um bêbado, e Kars se manifestou:

— Ah, sim... Ouvi falar de você, é novo por aqui... Brando. Pelo jeito, essa cidade está cada vez pior ao abrigar vermes como sua família.

O tal do Brando cuspiu no rosto de Kars e virou saco de pancadas dos outros três num piscar de olhos.

Não tive tempo de chamar a segurança, o cara estava sendo espancado na minha frente. Aquilo era uma tremenda covardia e senti meu sangue ferver.

Hey! – Corri até eles, exasperado. — O que pensam que estão fazendo?!

— Você conhece esse cara, Joestar? – perguntou Esidisi, parando de batê-lo.

Os quatro pares de olhos se voltaram para mim esperando a resposta, mas Kars, que se limpava com a manga da blusa, se afastou.

— Não, não o conheço – falei —, mas a questão não é...

— Então, não se intrometa! – Wamuu me interrompeu, raivoso, e os três voltaram a bater no cara.

Foi então que me vi socando a lateral da face de Wamuu, que acabou com o piercing transversal arrancado da orelha que o fez gritar, e depois, derrubei Santana no chão, quando ele tentou me bater.

Busco ser diplomático mesmo em situações críticas, mas essa foi uma exceção, pois eles estavam em três e nem um pouco abertos ao diálogo. Talvez nem eu estivesse ao presenciar a injustiça. O resultado não foi surpresa nem para mim.

Porém, Kars limitou-se a avaliar a briga e ordenar que parassem quando julgou necessário.

— Vejo que a habilidade de causar estragos vem de família. Vou deixar essa passar, Joestar, mas aconselho a não se envolver na próxima vez.

Não entendi o que ele quis dizer com causar estragos, mas desconfio que Joseph tem algo a ver com isso; meu irmão foi o único que peitou Kars, rixa antiga.

Limpei minha boca de sangue com as costas da mão e os observei; Esidisi ajudou Santana a se levantar e Wamuu, choramingando, procurava pelo piercing perdido, mas não ficaram ali por muito tempo.

Os quatro foram embora, nos deixando a sós; eu e o bêbado.

Olhei para cima, à noite que chegara, e suspirei alto.

O céu estava limpo, com o ar cortante e gelado daquele fim de outono, e com a lua reluzente no alto parecia que o mundo além do campus era irreal, imaginário, distante.

Nunca participei de uma luta antes e eu estava extasiado! A adrenalina ainda não havia me abandonado e não pude me desprender do deleite de sobreviver àquela briga tão desastrosa.

Quase ri ao me dar conta que algo inesperado aconteceu nessa minha vida maçante. Já tinha uma história para contar à Erina no café.

Voltei a atenção ao meu lado e a imobilidade do sujeito trouxe-me à realidade, quando eu o chamei pelo nome dito por Kars e não houve resposta, estremeci.

Ele sequer parecia respirar.

Aproximei-me do corpo, assustado, e o deitei de costas para checar seus batimentos cardíacos e respiração.

Correspondendo às minhas expectativas, ele ainda estava vivo, embora estivesse com o rosto e as mãos geladas. Fiquei aliviado.

Avaliei discretamente sua aparência; ele parece esses punks bem estilosos com calça jeans rasgada nos joelhos, coturnos, e uma camiseta preta de banda estampada, onde as costuras da gola e mangas foram arrancadas, deixando suas clavículas e braços à mostra, porém, protegidos do frio pela jaqueta pesada.

Se não fosse pelos inchaços que começaram a surgir, diria ser bem apessoado.

Constatei que nunca antes o encontrei pelo campus e sou bom em reconhecer a fisionomia, e este cara certamente chamaria a atenção.

Kars o mencionou como sendo “um cara novo na cidade”, o que fazia sentido. O que não fazia era o forasteiro arranjar inimizades logo com o maldito grupinho dele.

E o que Kars estava fazendo ao ameaçar um garoto? Isso me deixou ainda mais intrigado.

Olhei de volta para o sujeito apenas desacordado e considerei – pela possível quantidade de álcool ingerida – que coma alcoólico seria o diagnóstico.

Mas não sou médico, por isso, levei-o à enfermaria da universidade e consegui ajuda do plantonista.

Uma ambulância foi acionada e o cara, levado ao hospital da cidade.

A mim, restou algumas contusões e cortes dentro da boca, e voltar ao meu dormitório, à minha verdadeira realidade com um saco de gelo.

A briga não saía da minha mente; voltava no exato momento em que o cara era espancado.

Mesmo eu alegando ser um cara pacifista, essa covardia suja me subiu o sangue, e creio ser a única explicação para a minha reação tão violenta contra Wamuu e Santana.

Notei que minhas mãos ainda tremiam, e não conseguia me focar nas tarefas pendentes, então, fui à loja de conveniências para comprar chocolates e os devorei, e me ajudou um pouco.

Mais tarde, ao deitar a cabeça no travesseiro depois de concluir meus estudos, o sono custou a chegar. Os sonhos foram recheados de situações semelhantes a briga, onde eu precisava agir de maneira enérgica para defender as pessoas que amo.

E quebrando qualquer ritmo dos acontecimentos oníricos, um terremoto me assolou e uma voz distante chegou aos meus ouvidos como uma tempestade.

— ...nathan! Acorda! Levanta, cazzo! JO-NA-THAN!

Acordei desnorteado com o meu colega de quarto desesperado, aos berros.

— O quê!? Tô atrasado? – Foi a única coisa que pensei, quase pulei da cama.

— Não, mas você está muito encrencado.

A seriedade – e a ênfase no muito – de Gyro Zeppeli me fez pensar na briga de ontem e na péssima consequência que possivelmente acarretou-se para mim.



✩ ✩ ✩

Finder° — referência ao app Tinder.

12 de Dezembro de 2019 às 16:51 0 Denunciar Insira Seguir história
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