pedro-sansoni1572198206 Pedro Sansoni

Um dia corrido de trabalho, um homem de coração vazio. Um acidente com seus arquivos, uma nova vida.


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#romace #conto #trabalho #felicidade
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Ponto de Partida

O dia foi longo, a noite custou chegar. No trabalho, ele ouviu reclamações de clientes, gritos do chefe, desabafos de amigos, histórias dos fins de semana de todos. Perdeu papéis importantes, correu para não perder o ônibus na volta, derramou café em seu colo já dentro do coletivo. - MERDA! - algumas pessoas olharam para ele, com espanto e outras com deboche no olhar.
- Quer ajuda? - ofereceu-lhe uma moça, muito branca pelo sol da cidade, com entonação estranha na voz. Certamente uma viajante.
- Aceito, obrigado.

Ela o ajudou, segurou seus papéis e jogou fora o restante de café salvo pela janela. Lhe deu um lenço macio esverdeado que carregava em sua bolsa. Seu toque na perna dele o arrepiava cada centímetro de seu corpo. Ela mexia com ele.
A bondade dela, o sorriso dela, a pele branca dela, seu toque.

Eles conversaram, riram, se conheceram. Descobriram que seus gostos musicais eram parecidos mas, os gostos pela leitura eram diferentes. Descobriram que ele gosta de teatro e ela de séries. Que ele gosta da casa e ela da rua. Que ele prefere o calor, e ela o frio.

Conversaram tanto que se perderam ali, entre eles mesmos. Aprofundaram-se em todo tipo de assunto. Até que ela desceu. Despediram-se e, merda, ele não pegou o telefone dela. - Idiota!.

Chegou em casa, se olhou no espelho, e os olhos cansados de chorar por estar sempre de coração vazio, por sempre se julgar mal, por sempre se cobrar tanto e sempre achar que merece pouco, desta vez estavam brilhantes pois seu peito estava cheio.

Ele se sentiu completo parcialmente, se sentiu homem capaz, e descobriu que merece muito. A palidez que vivia, foi dourada pela palidez de singela moça que não sabe o telefone. Aquilo era felicidade. E era bom.

Acordou no outro dia, achando que estava vazio outra vez, mas pelo contrário, estava cheio de expectativa por encontrar novamente a moça que lhe "felizara". Rapidamente se arrumou, se alimentou e foi para o ponto. O ônibus chegou, ele entrou logo procurando a razão da ansiedade. Mas não estava lá...

O trabalho foi chato. Mas melhor que ontem. Ele resolveu seus problemas, não perdeu seus papéis, nem ouviu gritos de seu chefe. Foi bom, além de chato.
Na volta pra casa, se lembrou que é sozinho. E que não terá ninguém para conversar dessa vez, se lemb...
-Merda! - ele pisou em falso e caiu no chão, e todos os papéis se espalharam.
Ele começou a xingar em silêncio pelo acontecido, quando ouviu o que queria.
- Aceita ajuda!? - era ela, e dessa vez, ele não vai se esquecer do telefone.

27 de Outubro de 2019 às 18:24 0 Denunciar Insira Seguir história
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