donnadan Donna Dan

Foi uma grande surpresa para Sasuke perceber que tinha um amigo. Até seus 23 anos, não tinha alguém que pudesse realmente chamar de amigo. Claro que as pessoas não contribuíam para isso. Não havia humanidade nos contatos que tentou até alí. Mas Naruto era cheio de humanidade. E abraçou suas cicatrizes. Aquilo que escondia de todas as formas possíveis acabou lhe devolvendo a liberdade. Fanfiction para o #fictober2019 Dia 2 - Cicatriz.


Fanfiction Anime/Mangá Todo o público.

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Capítulo único

Hey gente!

Postando a fic do dia dois do fictober.

A palavra de inspiração é Cicatriz.

Espero do fundo do meu coração que vocês gostem, porque eu fiquei apaixonada!



Revisado por Karimy

Foi uma grande surpresa para Sasuke perceber que tinha um amigo. Até seus 23 anos, não tinha alguém que pudesse realmente chamar de amigo.

Ficava realmente surpreso especialmente por sentir que não havia contribuído de verdade para aquilo acontecer. Apenas aconteceu.

Não era como se não conversasse com ninguém; até marcava presença on-line em alguns grupos. Trocava idéia com aqueles que não pareciam completos boçais, e isso completava, em certa medida, sua necessidade de "contato humano".

A verdade era que a maioria das pessoas não eram tão humanas… e não fazia questão do contato com essas apenas para ter um número aceitável de amigos.

Mas Naruto Uzumaki era cheio de humanidade.

Se qualquer assunto banal era motivo para longas conversas, imaginem quando o Uzumaki detectava que seu interlocutor precisava de um incentivo, um ombro amigo ou simplesmente alguém que o entendesse. Era surpreendente como ele sempre parecia saber o que dizer, como atingir a solidão das pessoas e iluminar aquilo que era sombrio.

Claro que Sasuke tinha que brigar com ele constantemente. Sua empatia exagerada às vezes se transformava em uma simpatia exagerada e ele acabava se envolvendo demais, prejudicando-se demais tentando ajudar os outros.

“Ele é um idiota, mas não mudaria absolutamente nada nele...”

Esse pensamento foi tão presente em sua mente, observando o outro jogado em sua cama, que tinha dificuldade em se concentrar na conversa. Era a milésima vez que ele tocava no mesmo assunto: como todo mundo estava sendo totalmente babaca com sua amiga Sakura e o novo relacionamento dela com uma amiga de infância.

Contrastando a visível irritação de Naruto, um pequeno sorriso quase imperceptível tomava conta dos lábios de Sasuke, mas não deixava de ser um sorriso um pouco triste. Queria sentir-se como o outro, tão à vontade. O calor era intenso naquele dia e, logo ao entrar em seu quarto, Naruto já arrancara a camisa.

Sasuke não gostava dos questionamentos idiotas e frequentes sobre ser um homem transgênero. Ele achava que era só uma pessoa encontrar com um trans que o botão da racionalidade no cérebro dela era desligado, e daí em diante era só ladeira abaixo.

Na verdade, estava satisfeito com sua transição, iniciada anos atrás. O corpo contra o qual lutara toda sua infância parecia apenas uma memória. Não uma memória ruim; quando olhava-se no espelho, hoje em dia, sentia imenso orgulho e um conforto em sua pele.

Secretamente adorava tirar fotos (que não mandava pra ninguém), especialmente depois do banho — ainda mais depois de malhar. Registrava a evolução e guardava em sua galeria: os músculos que cultivou com muito esforço na academia e os pelos em certos pontos do abdômen e da virilha. Não deixava os pelos cresceram muito, nem aparecerem em determinados lugares do corpo, porque simplesmente não gostava. Determinadas mudanças, como no formato do rosto, já eram tão naturais que às vezes precisava ver fotos antigas para perceber.

No entanto, não tinha a paz que gostaria. Quem o encontrava pela primeira vez simplesmente fazia sua leitura social masculina e não se mostrava incômodo. Mas as pessoas que o conheciam antes simplesmente o atormentavam todos os dias. Parecia que tinham passe livre para perguntar qualquer asneira que sua curiosidade mandasse. Especialmente sobre o maldito pênis.

Como Sasuke odiava aquilo. Ninguém saía perguntando às pessoas sobre as genitálias delas, mas com ele parecia que era passe livre. Não entendia de onde elas achavam que tinham aquela liberdade. Sempre foi uma pessoa reservada e impaciente.

Era um homem, o homem que sonhava ser. Que se fodessem! Estava feliz, não podiam aceitar isso?

Respirava fundo e pensava: uma mudança de cada vez.

Porém descobriu que a mudança que precisava daquela vez não era uma mudança física, mas geográfica. Quando seu irmão mais velho, Itachi, o convidou para morar em outra cidade com ele (devido ao trabalho que ele havia conquistado na capital), aceitou imediatamente e com muita expectativa.

Ter se afastado dos conhecidos e parentes mais distantes trouxe tranquilidade. Sentia muita saudade dos pais, mas falava com eles pelo telefone sempre que possível. O apoio que recebia deles era maravilhoso. Vivia um sonho acordado.

Até que conheceu Naruto. Começou a participar do time de futebol da faculdade. Teve receio no início, mas seus pais e Itachi, como sempre, ajudaram-no a vencer o medo e fazer o que tinha vontade.

O Uzumaki fazia parte do time e, aos poucos, de rivais viraram amigos. Naruto era tão competitivo quanto Sasuke, e houve um pouco de stress quando Sasuke entrou no time, mas não durou tanto tempo assim.

Começaram a treinar juntos, de vez em quando. Quando foi questionado pelo irmão sobre a nova amizade, percebeu que o Uzumaki já estava enfurnado em sua casa praticamente todos os dias.

— Sasuke? - ele chamou.

— Hun? - estava tão distraído que nem percebia mais o que Naruto falava, e parecia que ele já tinha o chamado mais de uma vez.

— Cê tá viajando aí. Não escutou nada do que eu falei, né? Acho que o calor tá fritando sua cabeça.

Sasuke pensava que vivia um sonho acordado até conhecer Naruto por aquele motivo. Sabia que ele estava dando a indireta de que ele poderia ficar sem camisa dentro do próprio quarto se sentisse calor.

O problema era que evitava ao máximo expor as cicatrizes da mastectomia que havia realizado. Não tinha problema nenhum com suas marcas, mesmo elas sendo bem visíveis na pele pálida do Uchiha, ainda avermelhadas. Evitava aquilo para que o tormento que vivia em sua cidade natal não retornasse.

Mas esconder aquilo foi se tornando um novo tormento. Era irritante não agir com a mesma naturalidade de quando estava sozinho. Ainda mais perto de Naruto. A espontaneidade dele era malditamente contagiante.

— Tô de boa, respondeu simplesmente, girando em sua cadeira e dando atenção a qualquer coisa no computador.

Ele acreditava que o assunto iria morrer ali novamente, mas estava enganado.

— Por que você nunca fica sem camisa?

Sasuke travou. Naruto nunca tinha feito aquela pergunta antes, e achava que ele nunca fosse fazer.

Pensando no calor do momento achava que podia contar para Naruto. No geral, ele não parecia que agiria como um babaca ou que contaria para todo mundo.

Ainda considerava se ia contar ou não quando escutou o barulho da cama rangendo. Naruto sentou na beirada, perto de onde estava sua cadeira. Se ele virasse novamente, teria que recuar os joelhos para que não ficassem encostados — seu quarto não era tão grande assim.

— Você dá duro na academia. Aposto que tem a barriga toda trincada, mas fica só escondendo! Eu não entendo!

Sasuke virou a cadeira. Como pensou, seus joelhos bateram nas pernas do Uzumaki, e ficaram frente a frente.

Foda-se.”, pensou tirando a camiseta em um movimento rápido.

Não sabia bem de onde tinha vindo a coragem de ficar encarando Naruto enquanto ele analisava seu peito, com o cenho franzido. Era agoniante ficar imaginando o que ele estava pensando, mas não tinha volta.

Em poucos segundos, a expressão dele ficou mais suave.

— Você tem vergonha das cicatrizes? - foi tudo que Naruto perguntou.

— Não - Sasuke respondeu com firmeza.

— Então, por quê?

— As pessoas acham que têm o direito de ser babacas depois que descobrem.

Para o surpresa de Sasuke, Naruto riu. Contudo não era a risada fácil e descontraída que ele sempre carregava. Ele parecia um pouco… constrangido.

— O que foi? - Sasuke perguntou, mais irritado do que gostaria de parecesse devido a sensibilidade da revelação.

— Não é nada… É que eu imaginava outro motivo pra nunca ter te visto sem camisa.

Sasuke sabia que seu rosto devia demonstrar toda sua confusão. Com o tempo ficou cada vez mais expressivo quando estava sozinho com Naruto. Mas, por algum motivo, Sasuke achou que a revelação que ele faria, de certa forma, também não era tão fácil.

Com os braços apoiados no colchão, o Uzumaki deixou a cabeça pender para trás, querendo disfarçar a pele corada das bochechas. E mesmo visivelmente constrangido, a risada dele era gostosa.

— É que… sei lá. Eu achava que era porque…

— Porque…- Sasuke incentivou que ele continuasse.

— Ai, cara…

Mesmo curioso, Sasuke sorriu com o tratamento. Aquela pequena palavra lhe fazia pensar que eles não iriam mudar um com o outro.

— Desembucha, idiota!

— Eu achava que você gostava de mim… e sei lá… tinha vergonha.

Sasuke ouviu aquelas palavras e sentiu um arrepio percorrer sua coluna. Naruto estava ainda mais vermelho.

Na verdade tinha isso. Não tinha vergonha e nem escondia as cicatrizes por causa disso. Mas sim, tinha isso. Nunca haviaa admitido em voz alta, para o irmão ou para si mesmo, mas gostava de Naruto.

Ele o encarava ansioso e o Uchiha não sabia bem como interpretar aquilo. O suor em suas mãos começou a incomodar e, mesmo que tivesse tirado a camisa, o quarto parecia muito abafado.

Sasuke não sabia o que dizer. Era só mais uma das falas espontâneas de Naruto? Ele também gostava de si como gostava dele?

Estava tão hipnotizado pelos olhos azuis que sobressaltou-se quando sentiu a mão quente e também suada de Naruto tocar seu joelho. Sua reação pareceu como um alerta e Naruto levantou a mão, deixando de tocá-lo, mas ela ainda estava ali.

Sasuke achou que seu corpo tivesse se movido sozinho, porque, quando se deu conta, estava com o corpo jogado pra frente, ainda sentado na cadeira em uma posição esquisita, mas sua boca pressionava a de Naruto, que se sentou na ponta da cama para ficar mais próximo.

O beijo, que não passou de um selinho demorado com os lábios se esmagando, foi quebrado e os dois se encararam. O sorriso de Naruto era lindo e a forma que Sasuke era olhado esmagava seu peito com a mais genuína felicidade.

— Você tem a barriga trincada do jeitinho que eu imaginava - o Uzumaki disse, esfregando o nariz no de Sasuke.

Sasuke riu, como raras vezes rira na vida. Empurrou os ombros de Naruto para que ele caísse na cama e se colocou sobre ele, beijando-o como queria.

Era difícil medir a felicidade que vivia a partir daquele dia. A prisão em que havia se metido, escondendo as cicatrizes, aos poucos foi sendo desfeita por influência do novo namorado. E ai de quem se metesse a falar alguma besteira por causa delas; conheceria a fera que vivia dentro do Uzumaki.


E? E? E? E?
Que acharam???

3 de Outubro de 2019 às 02:35 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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Donna Dan Compartilhando meus devaneios em aparições irregulares. Vem surtar comigo!

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