caramelosama Caramelo Sama

Era uma festa. Uma simples festa de fraternidade para a qual Sasuke havia arrastado Naruto. Era para lá que estava indo, mas ele jamais havia chego. Se não a tivesse encontrado, assustada e abandonada na estrada deserta, tudo ficaria bem. Ele ficaria bem. Mas ele a viu, ofereceu-lhe carona, e se encantou por ela. One-shot feita para o •Amigo Secreto•


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

#naruhina #sns #naruto #songfic #morte #sobrenatural
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Capítulo Único

KILL OF THE NIGTH

“A rua é uma mentirosa

Vou atraí-lo para a escuridão

Meu desejo frio para ouvir o

Boom, boom, boom de seu coração...”

A polícia ainda investiga o que pode ter acontecido, contudo acredita-se que tenha sido um caso isolado. O corpo foi encontrado a oito metros adentro do rio Naka, longe do veículo dirigido pela vítima. Não se sabe ainda o motivo que teria levado ao suicídio. O indivíduo não apresentava antecedentes que pudessem indicar depressão ou qualquer motivo que pudesse tê-lo incentivado a tirar a própria vida.”

— Naruto! Posso saber onde raios você se meteu? o tom irado de Sasuke, do outro lado da linha, se sobressaia acima da alta música eletrônica que retumbava no ambiente onde ele estava. Sua voz competindo com as batidas ensurdecedoras, tanto quanto com as vozes desconexas que podia ouvir pelo celular.

Sabia que estava atrasado, muito atrasado, para o compromisso que havia marcado com o Uchiha. Uma breve olhada na tela do telefone e perceberia que o nervosismo que Sasuke provavelmente estava sentido era mais do que justificável. Havia marcado com ele as oito e meia, mas já eram onze e dezessete da noite e sequer estava próximo do local ainda. Sabia, no fundo, que assim que chegasse o amigo pularia em seu pescoço pronto para lhe sufocar até a morte e, desta vez, não teria nem como contornar a situação para poder ao menos manter todos os dentes dentro da boca. Como se esse pensamento já não fosse ruim o suficiente ainda precisava se lembrar que a humilhação seria pública, infelizmente. Tomaria um sacode de Sasuke em frente a todos os veteranos que estivessem na festa da fraternidade.

Porque mesmo havia aceitado dirigir para outra cidade, à noite, apenas para ir em uma festa onde não conhecia basicamente ninguém? Claro, pelo Uchiha esquentadinho que sempre conseguia o que queria. Se parasse para refletir, não havia nada que não fizesse para agradar o melhor amigo. Era realmente complicado dizer não a ele quando sabia que Sasuke bateria o pé no chão e agiria como o garoto mimado que de fato ele é. Não que o próprio admitisse isso, afinal.

Portanto se viu convencido de forma muito fácil, não que se orgulhe, em acompanhá-lo naquela sexta-feira à noite. De certa forma entendia a urgência dele em fazê-lo aceitar ir junto, visto que nem mesmo Sasuke conhecia as pessoas que estariam lá e, principalmente, não era do tipo sociável também. Sabia que se dependesse dele sequer teria ido, mas obviamente acabou sendo arrastado por Itachi quando a mãe de ambos alegou que os filhos precisavam de mais interação social com as pessoas — Sasuke essencialmente.

Ainda lembrava-seda ligação que recebeu as nove horas da manhã, com um Uchihairritado explicando que os amigos de Itachi dariam uma festa e que ele teria de ir junto. Segundo ele, Mikoto achava uma ótima ideia que Itachi apresentasse o irmão caçula para o restante dos colegas, visto que no ano seguinte Sasuke ingressaria na faculdade também. Seria bom para ele conhecer mais pessoas além de Deidara, que vivia enfurnado na casa dos Uchihas, e o restante do grupinho com quem Itachise enturmava. Claramente Sasuke não concordava com a mãe.

Desta forma acabou no meio da situação também.

— Estou na estrada, teme. Na estrada. — respondeu, tentando focar ao máximo sua visão na rua escura pela qual dirigia.

Era uma estrada de duas vias, uma para vinda e outra para ida. Estreita e de iluminação completamente nula. Não haviam postes de luz, sequer placas ou mesmo sinalizadores que pudessem refletir os faróis do carro. Estes que estavam altos, clareando apenas o bastante para que Naruto pudesse dirigir em linha reta. Nem mesmo a lua cheia, que deveria enfeitar o céu noturno, banhava-se sobre a terra naquele instante. Sua iluminação prateada escondida por detrás das nuvens cinzentas e carregas. A premissa de que mais tarde, ou mesmo na manhã do dia seguinte, choveria muito.

De tal forma o breu da madrugada o engolia, assim como engolia o carro que pegara emprestado do pai. O Chevrolet Cobalt cinza que indicava que teria de colocar gasolina assim que chegasse a Suna, isso se queria voltar para casa depois. Ao menos esperava que o que possuía no tanque fosse o bastante para chegar na cidade vizinha. Não era muito reconfortante a ideia de que a gasolina acabaria ali, na única via que conectava uma cidade a outra. Onde não haviam postos ou lojas de beira de estrada. Tudo o que que tinha, além de muito asfalto pela frente, era os imponentes pinheiros que ladeavam a rua de ambos os lados.

— Sério, Naruto? Ainda?! — Sasuke bufou e, por breves segundos, lhe fez rir com a imagem dele revirando os olhos impaciente. Poderia apostar que ele o tinha feito. Conhecia Sasuke como, ou mesmo melhor, do que conhecia a própria palma da mão. — Vai demorar muito? Isso aqui está um inferno.

— Você quer que eu seja sincero? — questionou, esperando pacientemente o outro se pronunciar. Sabia que ele ponderava com cuidado a pergunta afim de não se estressar ainda mais.

— Fala logo de uma vez. — a resposta mal humorada lhe fez rir, mas parou antes que o Uchiha começasse a xingá-lo pelo celular.

— Eu realmente não tenho a mínima ideia. — arriscou uma olhada pelo retrovisor, como se para ver o quanto já havia dirigido. No entanto as luzes de Konoha a muito haviam ficado para trás, distantes demais para que pudesse enxergá-las. Tudo o que via, pelo pequeno espelho retangular, era a escuridão que se fechava na traseira do carro. — Por que não tem placas indicando os quilômetrosnessa desgraça?

— Como é que eu vou saber? Tenho cara de quem cuida desses negócios? — mordeu o lábio inferior para não responder-lhe com uma patada, apesar de vontade não faltar. Além do mais não é como se já não houvesse se acostumado com o azedume rotineiro de Sasuke.

— Cruzes teme, não precisa soltar os cachorros também. — murmurou, arrumando o celular com o ombro direito antes de voltar a segurá-lo.

— Não precisa? Eu estou te esperando a horas, seu imbecil! — acusou, resmungando algo em seguida para alguém que havia falado consigo.

— Eu sei, desculpa. — suspirou resignado, era o culapado do atraso, afinal. — Mas você sabe que quando eu durmo de tarde eu perco a noção do tempo. Além do mais minha mãe decidiu me passar um belo de um discurso antes que eu pudesse sair.

E não era mentira. Kushina não havia sido conivente com a ideia de o filho sair tão tarde da noite para cruzar a cidade e, posteriormente, dirigir até Suna para ir em uma festa de fraternidade. Onde, nas palavras dela, os jovens consumiam tudo quanto é tipo de coisas ilícitas e fornicavam violentamente pelos corredores. Ainda que houvesse dito a ela que não beberia nada — da mesma forma que não iria cheirar ou fumar alguma coisa — e certamente não iria acabar na cama com alguém desconhecido. Não que isso houvesse tranquilizado-a. Kushina parecia muito certa de que ou iria acabar se envolvendo com algum brutamontes que curtia garotos loirinhos ou então iria se tornar pai precocemente ao conhecer alguma garota maluca que estivesse por lá.

Não foi uma conversa muito agradável, diga-se de passagem. Não queria ter de ouvir a mãe perguntar se estava levando camisinhas ou mesmo falando sobre herpes e contaminação bactericida pela quantidade de bocas que as pessoas costumavam beijar em tais festas. Sua sorte foi seu pai acabar intervindo em seu nome. Se não fosse por ele, ajudando a acalmar a mente fértil de sua mãe, certamente não teria ido a lugar algum se não direto para sua cama. Mesmo assim não conseguiu escapar das palavras preocupadas sobre uma viajem segura ou de como era extremamente perigoso que ele saísse sozinho quando uma chuva torrencial ameaçava cair a qualquer instante.

Kushina parecia mais preocupada do que o normal quando abriu a porta, despedindo-se dela com um beijo na testa. Coisa que, agora aos dezoito anos, conseguia fazer com mais facilidade em ventura de tê-la ultrapassado em altura — mesmo que por pouco. Ainda assim, após tê-lo segurado o que pode, ouviu um se cuida filho e pior; ouviu da própria mãe que era para ser gentil com Sasuke caso os dois resolvessem “dar uns amassos” novamente.

Não perdeu nem mais um segundo antes de adentrar o carro e dar a partida. As orelhas vermelhas pelo constrangimento em lembrar da ocasião na qual acabou realmente dando uns amassos com o Uchiha atrás da quadra de basquete no segundo ano do ensino médio. Foi algo no calor do momento e que, sem que nenhum dos dois se desse conta, acabou deixando marcas bem visíveis na pele branca de Sasuke. Marcas que depois Sasuke não soube explicar para o pai e muito menos o próprio Naruto, quando este veio lhe questionar sobre. Depois daquilo nunca mais conseguiu olhar na cara de Fugaku, ainda que não houvesse estado desta forma com o filho dele novamente.

—Tanto faz, apenas se apresse dobe. — o som do outro lado da linha mudou. Os acordes de Sweet But Psycho ganhando espaço conforme a voz de Ava Max se entrelaçava com gritos de “Bebe, bebe, bebe!”. — Aqui está insuportável.

Não pode deixar de rir com o tom descontente do amigo.

— Insuportável vai ficar minha mãe se souber que está tendo competição de bebida. Se bem que eu tenho quase certeza que ela já imagina algo assim ou pior. — comentou de forma divertida, já não tão constrangido pela conversa que tivera antes de sair.

Sasuke estava prestes a responder algo quando o som de plástico caindo e sendo pisoteado se fez ouvir. Em seguida a voz aborrecida do Uchiha mandando algum sujeito passar colírio para ver se conseguia enxergar por onde andava. Para, então, Naruto ser agraciado com os inúmeros murmúrios aborrecidos que sequer faziam sentindo para si. Se lhe perguntassem o que havia entendido da quantidade de muxoxos que Sasuke soltou, teria dito que acreditava ser uma invocação ao tinhoso.

— Que ótimo. Acabei de tomar um banho de cerveja e eu nem bebo. Minha mãe vai ficar louca depois. — estava prestes a rir da desgraça alheia quando voltou os olhos, que haviam se desviado para o velocímetro, em direção a estrada e sua garganta se fechou.

Foi em uma fração de segundos, rápido demais para compreender com perfeição o que havia acontecido. Não sabia de onde o vulto havia surgido em meio a escuridão, nem ao menos poderia distinguir o que era. Seus olhos haviam captado apenas a silhueta branca, turva pela velocidade com a qual a olhou, iluminada parcamente pelos faróis, antes de seu pé afundar no freio com violência. O som dos pneus se arrastando no asfalto monopolizando toda sua audição, deixando-o ainda mais atordoado após o cheiro forte e enjoativo de borracha queimada.

Sua testa se chocou com o volante quando o carro enfim parou, na brusca tentativa de evitar o atropelamento de sabe-se lá o que tinha cruzado a estrada escura. Seus pensamentos evaporando de sua mente tão rápido quanto poderia imaginar, deixando-o em um estado atônito em que só conseguia se concentrar na dor latejante em sua testa. Essa que, agora, se encontrava pegajosa pelo sangue morno do corte no supercílio. Por alguns segundos, que poderiam ter sido minutos, não sabia dizer, ficou deitado na posição em que estava, recuperando o fôlego. Os ouvidos zunindo pelo repentino silêncio que se seguiu após o barulho do freio. Sequer ouvia a voz assustada de Sasuke, ainda na chamada, vindo do celular que havia sido arremessado para o chão em frente ao banco de carona.

Somente ergueu o rosto quando sentiu que se o fizesse não iria desmaiar pela tontura. Os olhos azuis piscando, ainda um pouco incomodados pelo acontecido, e se focando a frente. Seu corpo inteiro se arrepiando pelo susto quando notou, ainda sobre as luzes amareladas do farol, a figura branca encolhida em frente ao carro. Os longos cabelos negros caindo pelos ombros nus, onde finas alças sustentavam o busto do vestido branco que cobria-lhe o corpo quase tão claro quanto.

Não perdeu tempo, ignorando os gritos de Sasuke na linha e abriu a porta do carro rapidamente. Içando-se para fora quando notou que se tratava de uma mulher que lhe observava apavorada. As pernas um pouco bambas e fracas pelo susto quase o fazendo ir ao chão antes de poder se aproximar da moça, que deu dois passos para trás quando chegou perto dela. Os olhos claros, muito claros, de forma que chegou a cogitar que ela pudesse ser cega se não o tivesse em mira, lhe encaravam arregalados. As mãos pálidas segurando o tecido rendado do vestido onde estaria seu coração, denotado o susto que ela também havia tido.

— Meu deus, você está bem? — indagou, escaneando seu corpo de cima a baixo a procura de qualquer ferimento aparente. Reparando, em meio a isso, que a moça estava descalça e se encolhia ainda mais sobre o peso de seu olhar. Entretanto não se desculpou pela analise deveras invasiva. Estava preocupado demais que ela pudesse estar em estado de choque para se importar com sua aparente indiscrição. — Está me ouvindo? Você se machucou?

Ela entreabriu os lábios, mas só respondeu depois de alguns segundos.

— Estou bem... — sua voz era suave, mas saiu vacilante e muito baixa. Se não estivessem em completo silêncio talvez não a tivesse escutado. — E você? Sua testa parece...

— Não se preocupe comigo, também estou bem. — cortou-a, respirando aliviado quando se deu por convencido de que não havia matado e nem mandado alguém para o hospital.

Não conseguiria se perdoar caso a tivesse ferido. Por Deus, quase havia matado uma pessoa na estrada. Era um milagre que ambos estivessem bem, ainda que pudesse sentir a pouca quantidade de sangue que maculava sua pele. O que diabos aquela garota fazia ali sozinha?

— Olha, eu não quero ser indelicado nem nada, mas o que te deu na cabeça para cruzar a rua assim? — questionou, vendo-a morder o lábio e desviar o olhar. — Digo, não tem nada por aqui. Como foi que...

— Me desculpe, de verdade. —ela pressionou um indicador contra o outro, em um claro sinal de nervosismo que fez com que suavizasse sua expressão automaticamente.

— Não, tudo bem. Eu só.... de onde foi que você saiu? — olhou para ambos os lados, procurando qualquer indício de que houvesse alguma casa ou veículo por ali, mas não havia nada além do mais completo breu.

— Eu... — viu, mesmo que de relance, quando os olhos dela encheram-se de lágrimas. — Eu me desentendi com meu namorado. Nós... Ele foi embora e eu...

Não precisou que fosse dito mais alguma coisa para que compreendesse o todo da situação. Estava bem óbvio que a moça havia sido abandonada ali, sozinha no meio de uma longa estrada que intercedia entre as duas cidades. Com o que parecia não ter nada mais além da própria roupa que cobria seu corpo delicado. Foi inevitável que um sentimento amargo subisse por sua garganta, injetando sua língua com um gosto azedo e fazendo-a coçar para mandar o babaca do namorado da garota a merda, mesmo que ele não estivesse ali. Que tipo de homem esse cara era, afinal? Deixar a jovem sozinha e desprotegida no meio do nada, para que ela andasse até a exaustão, com risco de acontecer qualquer coisa com ela ali... Era um absurdo!

— Esse cara é um canalha! — não conseguiu frear a língua a tempo, quando viu já havia dito o que pensava, ou ao menos parte disso.

A moça lhe olhou envergonhada, antes de desviar os olhos perolados para longe novamente. Deixando-o com seus pensamentos conflitantes a ecoar por sua mente. O que deveria fazer? Chamar a polícia? Não tinha certeza se abandono de namorada era considerado crime e, mesmo que fosse, levaria um ano para que chegassem até ali. Deveria estar na metade do caminho, seja para Konoha ou para Suna. O mais sensato seria oferecer-lhe uma carona em segurança, pois obviamente não a deixaria ali também. A ideia nem se passara em sua mente, de tão absurda que era.

— Escuta, onde é que você mora?

Ela voltou novamente a atenção para si, meio confusa com a pergunta antes de entender do que se tratava e responder meio insegura.

— Moro em Konoha.

Assentiu, erguendo uma das mãos para passar sobre os cabelos loiros e desajeitados. Sabia que Sasuke iria surtar depois, isso se o mesmo já não estivesse surtando naquele momento, mas iria ter de dar um bolo nele dessa vez. Não tinha condições de seguir para uma festa quando tinha aquela garota perdida onde Judas havia esquecido as botas. O jeito seria colocá-la no carro e dar meia volta, em direção a sua cidade novamente. Era prioridade deixá-la a salvo em sua própria casa.

— Tudo bem. Vem, eu levo você. — falou apontando em direção ao carro, antes de se virar e retroceder para a porta que deixara escancarada quando saiu. Parou apenas quando percebeu que não estava sendo seguido pela jovem. Essa que observava o automóvel como se este fosse uma cadeira elétrica. Foi quando Naruto percebeu que estava sendo muito rude. Era claro que ela não iria querer entrar no carro de um homem desconhecido logo após ter tido uma briga com outro homem. Nenhuma mulher iria querer, e as razões eram extremamente justificáveis. — Não vou machucar você, mas não posso te deixar aqui.

Viu quando ela levantou o olhar e lhe observou, examinando alguma coisa em seu rosto antes de, ainda hesitante, se aproximar timidamente do carro e abrir a porta do carona. Não poderia imaginar o quão pavoroso aquilo poderia estar sendo para ela, que se via sem opção alguma senão adentrar no carro de um estranho no meio do nada.

Fez uma nota mental de que tentaria ser o menos intimidador possível para não a deixar ainda mais apreensiva. Não precisava assustar a garota mais do que ela já parecia assustada, aterrorizada para ser mais específico. Por isso entrou no Chevrolet com calma, recolhendo o celular antes que ela adentrasse também. Deixando-a se acomodar para só então falar novamente.

— Tem alguém para quem você queira ligar? Algum parente, talvez. —ofereceu, mostrando o aparelho em suas mãos e vendo-a negativar com um gesto de cabeça.

— Não quero que eles saibam o que aconteceu. Vão suspeitar se eu telefonar de um número desconhecido. — respondeu-lhe, entrelaçando as mãos sobre o colo.

Não pode deixar de franzir o cenho.

— Tem certeza? Digo, é mais seguro se você ligar.

— Não precisa, mesmo. — ela afirmou, voltando os olhos para a janela ao seu lado. Não quis insistir mais, nem sequer pediu que ela colocasse o cinto por medo de que a garota interpretasse isso errado. Apenas assentiu por costume e guardou o celular no bolso, Sasuke já não estava mais na linha mesmo.

“Ainda que a polícia trabalhe com a hipótese de um suicídio, amigos e familiares da vítima acreditam que trata-sede homicídio doloso. Ou seja, quando há a intenção de matar. Ao que parece a vítima estava sendo acompanhada na noite do dia treze de outubro.”

Naruto deu a partida, engatando a ré antes de dar meia volta e acelerar pelo caminho que havia vindo outrora. Desconfortável com o silêncio instaurado no carro, o que o fez questionar a ela se a mesma gostaria de ouvir alguma música. A moça apenas assentiu e, então, se inclinou para poder ligar o rádio em uma estação qualquer. Não importava o tipo de música que tocaria, independentemente do que fosse certamente seria melhor do que o silêncio desagradável para ambos.

De vez em quando observava a moça pelo canto dos olhos, assegurando-se de que ela estava bem. Sua mente trabalhava para puxar assunto, embora não soubesse o que poderia falar para amenizar o clima tenso que estava dentro do carro. Decidiu que começaria pelo mais lógico, inclusive era algo que já deveria ter feito.

— Meu nome é Naruto Uzumaki. — falou de repente, atraindo a atenção dela. Então desviou os olhos rapidamente para a mesma, sorrindo-lhe gentil conforme via o rosto muito claro ganhar um leve tom rubro nas bochechas.

— O meu é Hinata. — apresentou-se. — Hinata Hyuuga.

— É um prazer conhecê-la, Hinata. Pena que em uma situação como essa. —a jovem concordou, dando de ombros sem saber o que falar. — Então, você esteve em alguma viajem ou algo assim?

As sobrancelhas morenas se franziram em confusão, dando a ela um aspecto fofo que Naruto não pode deixar de notar.

— Uma viajem?

— É que eu também moro em Konoha,faz uns três anos já, mas nunca te vi por lá. — explicou, vendo-a acenar com a cabeça em concordância, antes de sorrir de forma melancólica.

— Pode se dizer que sim. — foi tudo o que Hinata respondeu, com um sorriso saudosista ainda presente nos lábios esbranquiçados.

Concordou, seus dedos tamborilando pelo volante ao ritmo da música suave que tocava na rádio. Antes de deslizar uma mão para o painel e ligar o ar, afim de aquecer o veículo. Não estava com frio, mas diferente dela também não estava andando sob a cerração da madrugada e sem agasalho algum. Se tivesse levando algum casaco, teria oferecido a ela. Da mesma forma que havia oferecido a carona.

“O perigo é que eu sou perigosa

Eu poderia simplesmente te destruir

{...}

Eu vou te pegar

Eu vou te pegar, pegar você...”

— Sabe, seu nome não me é estranho. — murmurou conforme prestava atenção no asfalto a sua frente, não dirigindo muito rápido pelo receio de acabar causando um outro acidente como o que havia tido. Não que acreditasse que de fato fosse encontrar mais alguém perambulando pela rua naquele horário, ainda mais ali. — Você não seria parte de um tal de Neji?

A menção do nome fez com que Hinata se retraísse no banco, ligeiramente incomodada ao que parecia. Contudo ela nada disse, permaneceu no mais absoluto silêncio sem nem ao menos voltar os olhos para si. Mantinha-os muito fixos a frente, observando algo que estava além de sua compreensão também. Sendo assim não insistiu na pergunta, ainda que tivesse quase certeza de que já havia escutado o nome dela antes. Talvez não do amigo, não se lembrava de Neji ter comentado sobre alguma Hinata, mas possuía certeza de que o sobrenome era o mesmo.

Onde é que havia o escutado antes?

— Deve ser impressão sua. — ela respondeu de repente, sorrindo amigavelmente em sua direção. Um sorriso que prendeu-lhe nele de forma que não saberia explicar a sensação de ser um pequeno objeto de metal atraído para um grande e forte imã. Era magnético, encantador. Fazia com que desejasse ficar observando-a como se nada mais no mundo fosse importante. Era realmente uma sensação estranha, cujo afastou de si com um breve balançar de cabeça.

— Deve ser mesmo. — respondeu voltando-se rapidamente para a rua. Iria acabar capotando o carro se continuasse olhando para Hinata daquele jeito. Isso se não a assustasse antes. Certamente a olhava deslumbrando e, do jeito que era, isso não passaria despercebido por ela se continuasse. Apesar de ter notado o quão linda ela era, sabia que não era correto ficar secando a moça daquela forma. A situação era completamente inapropriada para esse tipo de coisa.

Desse modo focou-se em dirigir e deixou que o ar quente se espalhasse pelo caro, notando posteriormente a forma como Hinata relaxou no assentou e parou de se encolher. Ela com certeza deveria estar congelando. Mesmo que tivesse a pele clara, era impossível que o tom apático fosse natural dos lábios que muito provavelmente ficariam vermelhos pela quantidade de mordidas aleatórias que a Hyuuga depositava neles.

Em algum ponto, enquanto refletia em como de fato ela era extremamente bonita, se viu aborrecido pela covardia que era deixar uma garota abandonada na estrada por conta de um desentendimento. Na verdade, para ser honesto, tê-la largado ali era inadmissível em qualquer situação, com briga ou sem briga. Não gostaria nem de pensar o que poderia ter acontecido se não há houvesse encontrado. Talvez outra pessoa encontrasse, ou então ela se perdesse e acabasse desmaiando por exaustão. Talvez fosse o frio que a vencesse primeiro, ou mesmo algum animal que ousasse se aventurar para fora da floresta que cercava os arredores da estrada.

Eram tantas possibilidades e todas elas o deixavam realmente possesso.

Estava prestes a perguntar qual era o nome desse sujeitinho que ela chamava de namorado, para o caso de encontra-lo algum dia para enfiar a mão na fuça dele, quando seu celular começou a vibrar descontroladamente no bolso traseiro de seus jeans. Interrompendo seus pensamentos para que soltasse uma das mãos do volante e pescasse o aparelho, não precisando realmente olhar para o visor afim de saber quem é que estava lhe ligando. Só poderia ser uma pessoa, no fim das contas. Uma pessoa muito, muito irritada consigo.

Pediu, apenas por educação, licença a Hinata e aceitou a chamada, tendo de afastar o celular do ouvido assim que deslizou o dedo pela tela. Sasuke estava berrando do outro lado,falando tão rápido que era impossível de compreende-lo, ainda mais com o som desconexo da música que soava abafada do outro lado. As palavras se atropelando ao sair de sua boca de uma maneira que ficava claro que ele estava em crise, o que se Naruto parasse para pensar,fazia muito sentido. Era justo que ele estivesse prestes a chocar um ovo de nervoso. Ainda assim teve de respirar bem fundo antes de falar qualquer coisa, ciente de que Hinata muito provavelmente estava escutando os gritos de seu amigo no telefone.

— Vai com calma,Sasuke. Eu não estou entendendo nada do que você está falando. — comentou, mas o Uchiha não parou de falar ligeiro, apenas intensificou a raiva em sua voz.

— Naruto qual é a droga do seu problema?! — Sasuke bufava feito um touro, sua respiração pesada transpassando a chamada. — Puta que o pariu, como você faz isso comigo? Tem noção de como é que eu estava? Achei que tinha sofrido um acidente de carro!

— Desculpa, foi mal aí. — murmurou realmente envergonhado pelo que tinha feito. Apesar da urgência da questão que estava resolvendo, sabia que deveria ter avisado que estava bem. Era óbvio que Sasuke havia escutado o som dos pneus cantando no asfalto quando freou o carro.

Foi mal aí? Foi mal aí, seu cretino?! — pode distinguir o som de algo metálico sendo chutado para longe. Sasuke provavelmente estava espalhando lixo pelo chão. — Caralho Naruto, eu já tinha corrido a casa inteira procurando o Itachi para ele me entregar a bosta das chaves para eu ir te procurar. Tem noção disso? Eu invadi um dos quartos e flagrei o Deidara pelado no colo do meu irmão! Tudo pra pegar essa merda de chave e ir atrás de você porque não atendia as minhas ligações!

Em qualquer outra ocasião teria achado graça da situação e muito provavelmente debocharia do possível trauma que Sasuke havia sofrido, contudo não era uma dessas ocasiões. Não via graça nenhuma no quão desesperado e assustado o havia deixado, e certamente não tiraria sarro do que o fizera passar. Se as coisas tivessem acontecido ao contrário teria ficado tão o mais apavorado do que ele, imaginando as diversas coisas que poderiam ter acontecido.

— Sinto muito mesmo, teme. Foi quase um acidente, na verdade. Desculpe por não ter retornado.

— Como assim quase um acidente? — ele perguntou, o tom de voz abaixando conforme ele se acalmava. Sua respiração descompassada se normalizando conforme falavam.

Automaticamente olhou para o lado, em direção a Hinata e não pode conter o sobressalto de seu coração, que ricocheteou pelas costelas, quando notou o rosto dela muito próximo ao seu. Seus olhos esbranquiçados lhe encarando fixamente, sem expressão alguma. Atentos, mas ao mesmo tempo muito vazios, ou foi oque pensou, pois logo ela sorriu e se acomodou novamente no banco. Entretanto a sensação que lhe causou permanecia lá, retumbando em seu peito e obrigando-o a puxar o ar com mais força, como se não conseguisse respirar.

— Bem... — balançou a cabeça, se focando na conversa com o amigo. — Quase atropelei uma garota, por sorte estamos bem.

—Uma garota? Aqui em Suna?

— Não, foi no caminho. — se preparou para o chilique de indignação que viria. — Estou voltando para Konoha agora.

— Como é que é Naruto? Você só pode estar brincando comigo. — Sasuke resmungou algo no celular, parecia estar discutindo com alguém que havia pego em seu braço. — Você não ouse.

Suspirou derrotado. Já sabia, antes mesmo do claro tom de aviso na voz do Uchiha, que era uma batalha perdida e que não seria discutida entre eles. Não era como se houvesse muita opção e, de todo modo, era apenas uma noite. Sasuke sobreviveria sem ele até o momento em que Itachi se cansasse e os dois decidissem retornar para casa. Ele iria entender.

— Desculpe, teme. Tenho que levar ela para casa. — explicou pacientemente, evitando olhar para Hinata sentada ao seu lado. Tinha a inquietante sensação de que os olhos dela o estavam observando. — Hinata mora em Konoha e não tem como eu ir e voltar mais uma vez.

Uma série de muxoxos aborrecidos veio a seguir, com o Uchiha murmurando uma infinidade de xingamentos que fariam Mikoto arrepiar os cabeços caso ela os escutasse. A matriarca da família era bastante rígida com o palavreado dos filhos e certamente desaprovaria todas as coisas que o caçula praguejava naquele momento. Antes de, enfim, se acalmar o suficiente para não dar seguimento em uma briga desnecessária ao celular.

— Hinata? — Sasuke respirou fundo, conformado. — Esse é o nome dela?

— Isso, Hinata Hyuuga. Você conhece? — sentia-se desconfortável em estarfalando da garota com ela logo ao seu lado, ouvindo tudo o que dizia.

— Não faço a mínima ideia de quem seja, mas o nome me é familiar. Tenho a sensação de que já escutei antes. — Naruto ergueu uma sobrancelha, curioso pelo fato de que também compartilhava desse mesmo dejavu. Conhecia ela de algum lugar ou era realmente fruto de sua imaginação? — Por acaso ela é parente daquele esnobe do Neji?

Não pode conter o revirar de olhos. Claro que Sasuke não perderia uma oportunidade de implicar com Neji. Os dois nunca haviam se dado bem, desde que começaram a estudar juntos no primeiro ano do colegial. Qualquer pequena coisa se tornava motivo para alfinetadas mutuas entre os dois, onde acabava sempre no meio, tentando interceder para que não passasse disso; alfinetadas.

— Não sei. Talvez, eu acho. — iria falar mais alguma coisa quando sentiu a mão fria e delicada encostar em seu braço.

Voltou o olhar para a Hyuuga, dessa vez sentada corretamente no assento, não mais o encarando com a expressão vazia que carregava da última vez que virara para lhe observar. Desta vez trazia uma faceta mais tímida, quase angelical com um leve rubor nas bochechas redondas. Os lábios claros ainda muito pálidos mesmo que preso entre os dentes brancos dela. Ela ainda estava com tanto frio assim?

— O que foi? — afastou o celular da orelha, falando baixinho para que apenas ela escutasse.

— Você poderia parar? — perguntou, esfregando uma perna na outra.

Não queria ter notado o gesto, mas não teve como reprimir o olhar ao ser atraído pelo movimento das coxas, cobertas apenas um pouco acima da metade. O tecido claro se mesclando com o tom da pele e assentando-se em seu corpo de forma que delineasse a curva das pernas. Marcando perfeitamente bem as coxas pressionadas uma contra a outra e, consequentemente, a subida em direção a virilha. Era magnético demais para que não houvesse dado, ao menos, uma breve olhada, mesmo que não quisesse ter o feito.

— Por quê? Algum problema? — franziu o cenho, vendo-a negativar com um leve balançar de cabeça.Fazendo com que os fios muito escuros sacudissem em frente ao rosto e deslizassem pelos ombros expostos.

— Não, nenhum. Eu apenas preciso, sabe...— ela voltou a pressionar um indicador contra o outro. Só então notou como as unhas dela tinham um tom arroxeado, delegando o frio que a moça sentia. — Preciso usar o banheiro.

Automaticamente seu rosto inteiro esquentou, constrangido por ela estar constrangida.

— Você não consegue segurar até chegarmos? — questionou ao dar uma breve olhada para além dela, no caminho escuro ladeado de pinheiros que deixavam a estrada ainda mais imersa no breu.

Hinata não lhe respondeu, seu rosto levemente vermelho virado para o lado de modo que não pudesse olhar nos olhos dela. Aparentemente envergonhada pela situação, o que só fazia com que ficasse da mesma forma. Não queria ter de parar o carro, era perigoso que ela saísse para o meio daquele mato escuro e sozinha. Ela poderia se perder ou mesmo tropeçar pela falta de visão e se machucar seriamente. De todo modo estava claro que ela não iria aguentar até que estivessem em Konoha, o caminho pela frente ainda era extenso e, a julgar pelas pernas inquietas da Hyuuga, ela realmente estava precisando descer. Não teria outro jeito, ao que parecia.

— Tudo bem. — confirmou, voltando a prestar atenção no celular conforme diminuía a velocidade para parar o veículo. Não havia nem mesmo acostamento por ali.

— Naruto, você está me ouvindo? — Sasuke ainda falava na chamada, incrivelmente irritado por ter sido ignorado.

— Teme, eu vou desligar agora,falo com você depois. — o Uchiha bufou, descontente com a situação.

— Você está morto, dobe. — por alguns segundos um arrepio gelado deslizou por sua coluna, serpenteando até sua nuca que se eriçou. Os pelos de seu braço arrepiados, da mesma forma que quase todo seu corpo havia ficado com a ameaça do outro. Por algum motivo aquilo havia lhe deixado incomodado de alguma forma. — Eu te ligo amanhã. Se cuida, Naruto.

Não teve tempo de responder, Sasuke já havia desligado em sua cara. Contudo tinha a sensação de que não responderia nada nem mesmo se tivesse tentado. Sua garganta parecia repentinamente seca e era como se não houvessem palavras em sua mente, completamente em branco naquele momento. A garganta fechada de forma que nem sequer saliva deslizava por ela, como se estivesse arenosa demais para isso. Não obstante tentou afastar a sensação ruim e estacionou como pode, voltando a olhar para a Hyuuga assim que parou o carro.

Ela ainda não lhe encarava, parecia verdadeiramente desconcertada com a revelação de que tinha necessidades fisiológicas que não poderia ignorar.

— Pode ir, vou ficar esperando. — assegurou, tentando fazer com que ela ficasse mais confortável em sair. Talvez, parando para pensar a respeito, Hinata estivesse receosa que quando voltasse ele já houvesse partido e a abandonado também.

— Obrigada. — ela respondeu baixinho, abrindo a porta e se afastando a passos rápidos. Ficou a olhando desaparecer na escuridão, tragada pela noite para dentro da floresta.

Quando já a tinha perdido de vista se deixou acomodar as costas no assento, deitando a cabeça para trás ao fechar os olhos e inspirar profundamente. A música que soava baixinho no rádio era melancólica e lenta, o deixava com sono, mas mesmo assim seus dedos ainda brincavam com o couro do volante. Os dígitos deslizando pela textura, de um lado a outro, conforme esperava Hinata voltar. Aproveitando o tempo sozinho para repensar no que tinha acontecido aquela noite. Não que pudesse esquecer tão facilmente, o pouco sangue que tinha escorrido do corte no supercílio, agora, incomodava sua pele ao ter secado sobre ela. Kushina surtaria quando o visse, mesmo que não fosse nada verdadeiramente grave.

E claro, ainda tinha a Hyuuga. Não é como se tivesse pensando muito a respeito desde que a encontrou, arrastando tais coisas para o fundo de sua mente, porém não poderia negar que havia sim reparado na aparência da mulher. Por mais que não fosse apropriado, reconhecia que se a tivesse conhecido em qualquer outra situação, haveria interesse por sua parte. Não era cego, afinal. Hinata era linda, realmente bela. Os cabelos brilhavam em um tom azulado, mesmo sendo negros como o céu a noite. Os lábios, ainda que pálidos, tinham um adorável formato de coração que lhe dava um ar gracioso. Da mesma forma com que as curvas do corpo eram ressaltadas pelo tecido fino do vestido. Destacando o farto busto, até a cintura e então os quadris largos. E tinha os olhos, bem marcados pelos longos cílios negros que batiam em sua pele sempre que ela piscava-os.

Olhos tão brancos, leitosos e sem pupilas.

Seu coração voltou a bater com violência dentro da caixa torácica, obrigando-o a sentar-se abruptamente no banco. Saindo da confortável posição em que estava ao dar-se conta de como aquilo era estranho. Hinata não apenas tinha os olhos muito claros como leite, como também não possuía pupilas. Não havia um único ponto escuro nas íris, essas que quase se assemelhavam a cor da esclerótica. Como não havia notado isso antes? Não era exatamente o tipo de detalhe que se deixa passar com facilidade. Da mesma forma que, de repente, se deu conta de que ela estava demorando demais.

Em suas divagações nem ao menos havia visto os minutos passarem pelo relógio, como se possuíssem pressa. No entanto, uma breve olhada para o celular e saberia que Hinata já havia sumido a tempo o bastante para que pudesse se preocupar.Faziam dez minutos desde que a vira adentrar a mata fechada e não retornar mais. Isso apenas fez com que sua pulsação aumentasse, seu coração bombeando o sangue para o restante do corpo com certa brutalidade. Podia ouvir os batimentos caso se concentrasse neles e, principalmente, sentir as veias nos braços se contraírem entre os músculos tensos.

Onde ela estava?

Os dedos que antes acariciavam o volante agora se batiam contra ele de forma agitada, consequência do nervosismo que se apossava de seu corpo como um frio na espinha que não lhe permitia relaxar. O que deveria fazer? Deveria ir atrás dela afim de averiguar se estava tudo bem, ou esperar que ela retornasse sozinha? Não gostaria de pegá-la em algum momento intimo demais, mas por Deus, já faziam dez minutos e nem sinal da garota. Talvez estivesse perdida, ou machucada. O que faria então? A resposta estava clara, apesar de tudo.

Ignorou o pensamento de que deveria permanecer no carro, fingindo que a sensação de que algo estava muito errado não era nada mais do que sua mente fértil trabalhando de forma equivocada. Por mais que seu corpo estivesse rígido pelo mal-estar súbito que havia lhe abatido, abriu a porta e se ergueu para fora. As mãos soando frio quando rodeou a passos lentos o carro e observou as árvores de altas copas pelas quais Hinata havia desaparecido. Não conseguia enxergar nada, nem mesmo seus galhos fortes que sustentavam as folhas ásperas. Não conseguia ver absolutamente nada, a luz amarelada dos faróis não era o bastante para iluminar muito além.

De forma vacilante puxou o celular e ligou a lanterna, antes de engolir a seco e andar lentamente para mais próximo da margem da rua. A sensação inquietante de que deveria voltar assolando-o e afundando seu estômago conforme se recusava a regredir. Seus passos lhe levando para dentro da mata fechada, guiado apenas pela luz sem muito foco da lanterna do celular.

— Hinata? — chamou, contando que ela responderia de volta, porém não respondeu. Tudo o que recebeu foi o sopro suave do vento, que amaciou seu rosto e bagunçou a ponta dos fios loiros. — Hinata?! Você está bem?

Mas nada, além do som de sua voz, foi ouvido por entre os troncos das árvores.

Não se sabe, com certeza, se a vítima realmente estivera acompanhada naquela noite. A polícia tem investigado a possibilidade após conversar com conhecidos que pudessem ter alguma informação. A hipótese de ser um caso interligado com o homicídio da herdeira das industrias Byakugan, encontrada a três anos atrás no mesmo local, foi levantada por terceiros.”

Quanto mais fundo adentrava na floresta, mais intensa ficava a descarga elétrica que parecia serpentear por sua coluna. Vez ou outra, mesmo que com a lanterna acesa, seus pés se embolavam nas raízes grossas que se elevavam do chão e por muito pouco não havia caído ainda. No entanto sentia as pernas fraquejarem, como se fossem incapazes de o levar adiante. Um alerta havia sido ligado em sua mente, gritando para que saísse de lá, que desse meia volta antes que talvez não conseguisse mais achar o caminho pelo qual viera. Lutava com essa voz, dizendo a si mesmo que não poderia e não faria isso nem que fosse obrigado. Precisava encontrar Hinata. Precisava se assegurar de que ela estava bem.

Então seguiu em frente, por cinco ou seis metros até que as árvores foram ficando mais escassas e o chão de terra molhada deu espaço para os cascalhos na beira de um lago negro. As águas escuras se fundido com o céu no horizonte, tornando impossível dizer onde um começava e o outro acabava. Havia um píer de madeira velho, adentrando para dentro das águas calmas até muito mais distante do que a pouca luz que tinha poderia seguir. Contudo, ao parar sobre os cascalhos, os pés causando ruídos nas pequenas pedras em que pisava, conseguiu vê-la.

Foi necessário estreitar os olhos para ter certeza de que se tratava de Hinata, parada de costas para si sobre as tábuas de madeira. Inerte em frente ao lago escuro. Não soube dizer o que sentiu ao identificá-la, e nem a descarga de adrenalina que tomou seu corpo e lhe impulsionou em direção a ela. Não pensou no que poderia estar acontecendo, em como aquilo era estranho ou em como deveria mesmo retornar. Não pensou em nada quando correu até ela, chamando-a pelo nome ao passo em que se aproximava da garota.

Hinata, todavia, só olhou para si quando parou ao lado dela, na extremidade oposta do píer.

— Minha nossa, você está bem? — indagou, a respiração falha pela corrida que havia feito até ali. Ou poderia ser pelo alívio de saber que ela estava relativamente bem, e não ferida no chão frio como havia imaginado.

— Preocupei você? — perguntou, virando a cabeça para lhe encarar. Não havia timidez em seu tom de voz e, se Naruto tivesse prestado atenção, teria notado que não havia remorso também.

— É claro que sim! — suspirou, movendo as mãos de maneira afobada. — Que droga, porque você não voltou? Pensei que pudesse estar ferida.

Hinata lhe avaliou, e dessa vez entendeu porque o olhar dela parecia tão vazio. Ele era vazio.

— Aqui é um lugar bonito, não acha? — questionou, voltando a observar as águas paradas. Seu tom não indicava a onde ela queria chegar com aquilo.

— Eu não sei.— respondeu incerto, olhando automaticamente para o mesmo lugar. — Só sei que temos que ir embora, está frio e...

Hinata o interrompeu com uma risada suave, virando-se totalmente para si agora. Os seios balançando pelo riso leve.

— Sim, está muito frio mesmo. Você não imagina o quanto.

— Hinata, do que é que você está falando? — teve a rápida intenção de dar um passo para trás, mas antes que o fizesse ela segurou firme em sua mão esquerda, levando-a até seu peito.

Por um segundo não soube como reagir, assustado com a iniciativa ousada dela. Não estava esperando por aquilo e sequer sabia interpretar o que estava acontecendo. Não fazia sentido em sua mente, nada estava fazendo sentido.

— Quero me sentir aquecida, Naruto. — o modo como seu nome soou pelos lábios dela fez com que se eriçasse novamente, incapaz de puxar a mão que ela obrigava a deslizar pelo contorno de seu seio. Estava petrificado, sem reação frente ao que sua mente não conseguia processar. — Quero que me faça sentir aquecida.

— Eu não estou entendendo. — murmurou, hipnotizado pelos olhos brancos que pareciam lhe tragar para dentro deles. Como se fossem uma piscina na qual se percebia afogando-se lentamente, puxado para o fundo sem que fosse capaz de resistir à pressão que lhe cobria a cabeça quanto mais mergulhava neles.

Não soube o que fez com que não se movesse, nem porque se viu tão enfeitiçado pelos lábios entreabertos que se aproximavam de si conforme ela se erguia na ponta dos pés. Todos os pensamentos conflitantes que bailavam em sua mente, criando uma cacofonia ensurdecedora e confusa, haviam evaporado como fumaça. Soprados para longe pelo vento gélido que arrastou os cabelos de Hinata para o lado e ultrapassou suas roupas no momento em que ela colocou as mãos em seu rosto e o beijou. Os lábios tão gelados quanto as mãos finas, reivindicando-o para si. Não houve como lutar contra.

As exclamações surpresas morreram em sua boca antes mesmo que pudesse proferi-las. Quando seu corpo se moveu novamente foi para puxá-la pela cintura afim de trazer seu corpo para junto do seu. Permitindo que ela se agarrasse nos cabelos em sua nuca e lhe concedesse maior acesso aos lábios macios que lhe acolhiam. Não se importou com qualquer outra coisa naquele determinado momento, como se todas as suas preocupações e receios jamais tivessem estado ali. Nem ao menos se perguntou o porquê estava agindo daquela forma, no meio do nada, com uma garota que não conhecia. Não era importante, não quando comparado ao fulgor que se expandia por dentro de seu corpo.

Não quando Hinata o beijava com tamanha necessidade, pressionando seus seios em seu peito ao arranhar seu pescoço com as unhas. Arrancando-lhe um gemido abafado. Acordando algo dentro de si que não deveria estar ali. Uma vontade desesperada de prosseguir com o que faziam, de tomá-la sem gentileza ali mesmo, sobre o chão velho feito de madeira. Não fazia sentido, no entanto. Não era racional, não era lógico, e mesmo assim não dava a mínima para isso. Era mais forte do que qualquer vontade ou princípio que tivesse. Como se outra pessoa houvesse assumido o controle de seu corpo e oprimido suas próprias vontades para dar lugar ao desejo insano que o fez agarrá-la pelas coxas e içá-la para cima. Se fazendo satisfeito com o contato que se deu pelas pernas dela em seu quadril.

Sua ereção pressionada entre as coxas claras de Hinata.

Foi tudo muito rápido, não conseguiu acompanhar o ritmo em que seu próprio corpo se mexia. Era como se visse tudo através de uma tela, sem que pudesse tomar decisões nas atitudes que tomava. Em um segundo ela estava em seu colo, no outro estava deitada no chão, os cabelos escuros espalhados ao redor de seu rosto. A pernas ainda cruzadas em seu quadril conforme esfregava-se contra ela e marcava-lhe o pescoço exposto. Mordendo a pele sem delicadeza, chupando-a com força mesmo que ela gemesse e se contorcesse abaixo de si. Agarrando-se em sua nuca conforme maculava sua tez pálida.

Não houve delicadeza quando abaixou as próprias calças, instigado pelos clamores dela em seu ouvido. Não se preocupou com o que fazia quando prendeu as mãos da garota acima de sua cabeça e se pressionou contra ela. Erguendo a saia do vestido acima do ventre da Hyuuga. Não se sensibilizou pelo grito dolorido e excitado que eclodiu dos lábios dela quando violou seu corpo de repente. Apenas o fez, guiado por um instinto que não era seu. Que não lhe pertencia.

Se tivesse tido a chance de refletir o que estava fazendo, se tivesse tido oportunidade de acordar na manhã seguinte e se questionar o que havia acontecido, teria ficado assustado com o modo que meteu em Hinata sobre aquele píer abandonado. Teria sentido repulsa de si mesmo pelas mordidas nos seios da garota, pela brutalidade com que esteve com ela. No entanto, acima de tudo, teria se horrorizado pelo fato de que não queria estar ali. Não queria tocar nela daquele jeito. Não era de sua vontade fazer sexo com a menina que havia conhecido a menos de uma hora. Da mesma forma que, ainda que o houvesse feito, sabia que não era sua consciência ali. Não estava ditando seus próprios atos. Era como uma marionete controlada por fios que não podia ver. Induzido por um desejo repentino que não lhe cabia. Algo que vinha da Hyuuga e daqueles olhos tão vazios.

Porém não teve a chance de pensar sobre isso. Não teve a chance de pensar sobre nada.

Tudo o que tinha era aquele momento, onde agia como um animal que se deleitava a cada vez que invadia a mulher abaixo de seu corpo. Que se satisfazia com o prazer infligido a ela naquele sexo tão bruto e ao mesmo tempo tão maravilhoso. Preso demais as próprias sensações para se atentar a sua volta. Por que se Naruto tivesse olhado para o lado naquele momento, em direção as águas agora turvas, teria visto o corpo que submergia das profundezas escuras e lamacentas do lago. Um corpo putrefato cujo um dia fora tão belo quanto aquele no qual se arremetia.

Mas Naruto não olhou. Ele não tinha olhos para mais nada senão ela. Já havia abandonado a si mesmo no momento em que encontrara Hinata.

“Eu quero provar o jeito que você sangra

{...}

Agora você é meu

Mas o que eu faço com você, garoto?

Vou levar seu coração

Para chutar como um brinquedo”

O clima era mórbido, como se a atmosfera estivesse impregnada pela própria dor de cada um ali. O ar se encontrava rarefeito, era difícil respirar em meio a todas aquelas pessoas vestidas de preto. Tinha a sensação de que sufocaria. De que todos iriam sufocar e cair na grama molhada pela chuva que não cessava a quase sete dias. Como se o céu chorasse as lágrimas daqueles que não tinham mais condições de se lamuriar pela perda. Exaustos de sofrerem por algo que ficaria marcado em suas vidas para sempre.

Não queria estar ali, enfiado no terno preto para representar o luto. Não queria sentir-se com aquele terrível nó na garganta enquanto observava o caixão descer na terra úmida. Fechado para que ninguém mais visse o que havia lá dentro. Como se isso pudesse afastar os pesadelos que Sasuke estava tendo desde que vira o corpo ser retirado das águas a dois dias. O caixão fechado não lhe privava de acordar durante a madrugada, encharcado com o próprio suor, ao rever o corpo em decomposição ser embalado em um saco preto e levado para longe de si. Aquele maldito caixão não escondia o fato de que lá dentro estava o corpo de alguém que havia amado mais do que a si mesmo.

Contudo não conseguia simplesmente virar as costas e ir embora. Não pelo respeito que devia a cerimônia, não pelo apoio que supostamente todos ali acreditavam estar oferecendo ao casal abraçado debaixo de um guarda-chuva negro. Não conseguia partir porque sabia que aquele seria o único adeus que iria ter, e não estava pronto para fazê-lo chegar ao fim ainda. E, portanto, continuava observando o padre falar coisas que não acalentavam de verdade. Absorto em sua consciência de modo que nem ao menos ouvia o que o velho homem tinha a dizer. O que ele dizia a todos. Um mero discurso pronto que em nada servia para aplacar a dor dos corações que ali estavam. Nem quando o homem falou sobre ele,palavras que não lhe cabiam por não o ter conhecido de verdade, prestou atenção. Seus olhos pendendo para baixo, sobre os sapatos molhados pela chuva.

Sabia que se olhasse para cima, iria desabar. Se desmanchar em tristeza da mesma forma que Kushina o fazia, agarrada a marido que, naquele momento, era a única coisa que a mantinha de pé. Suportando a própria dor para poder suportar a dela.

Não entendia o que havia acontecido com Naruto. Não conseguia compreender o que todos estavam falando. Conhecia-o mais do que conhecia a si mesmo e sabia que ele jamais atentaria contra sua própria vida. Naruto não era assim. Ele irradiava luz e energia por onde passava, iluminando cada canto escuro com seu jeito de ser. Seu sorriso era sincero, era caloroso e verdadeiramente feliz. Ele não se escondia atrás de uma máscara para ocultar uma tristeza inferior que o havia vencido daquela vez. Era um absurdo que estivessem falando isso, como se soubessem quem Naruto de fato era. Eles não sabiam, não sabiam de nada e desta forma não deveriam estar falando.

Mas o que poderia fazer, além do que já havia feito? Chegar em casa com outro olho roxo, ao se desentender com um garoto qualquer que achava saber demais, não traria Naruto de volta a vida. Gritar que ele nunca cometeria suicídio também não faria com que milagrosamente ele retornasse como se nada houvesse acontecido. Não importava o que tivesse dito, para quem tivesse dito, todos já haviam se convencido dessa versão da história. E por mais que tentassem o fazer acreditar nisso, se recusava. Não dava a menor importância para o que a polícia alegava. Para o que o legista havia dito ou qualquer outro. Com um segundo DNA ou não, sabia que ele tinha sido assassinado.

Havia falado com Naruto aquela noite, havia escutado sua voz. Havia sido a última pessoa a escutá-lo, quando ainda em vida. Não era louco, sabia que ele estava acompanhado por alguém e que, após encerrar a ligação, esse alguém certamente fizera algo contra ele. Não obstante ninguém queria lhe dar ouvidos, entender o que estava dizendo. Apenas apertavam seu ombro, como se representassem alguma figura de conforto, e lhe diziam que estava em choque. Que não havia conseguido lidar com o que tinha acontecido. Que era apenas a fase do luto.

Queria mandar todos eles a merda.

Porém nem isso conseguia fazer. Não mais. Não quando sua garganta se apertava pelo choro reprimido e seus olhos ardiam pelas lágrimas que se recusava a derramar ali, em frente a todo mundo. Ninguém precisava saber o quanto estava sofrendo e nem vir lhe oferecer palavras tão vazias quanto o sentimento em seu peito.

Então permaneceu firme, o mais firme que era capaz de ser, debaixo daquela chuva ácida que drenava toda sua energia. Não se incomodou com os cabelos colados a nuca, ou mesmo com as roupas pesadas sobre seu corpo, nada disso importava de qualquer forma. E por isso ficou parado, em seu latíbulo de autopiedade, até que todos já houvessem ido embora. Até que Minato escoltasse a esposa para algum outro lugar, onde ambos se desfariam um no outro e em seus pesares. Até que não restasse ninguém no cemitério.

Só então se permitiu chorar, deixando que as lágrimas salgadas se misturassem a chuva fria sobre a pele de seu rosto.

— Deveria ir embora. — mas ainda havia mais alguém consigo. Alguém que não desejava ver, nem agora e nem depois.

— O que você quer, Hyuuga? — questionou, sem desviar os olhos da lápide nova posta sobre a terra que havia sido escavada. O nome do melhor amigo marcado naquele frio pedaço de mármore para que todos se lembrassem exatamente onde haviam o deixado para seguir com suas vidas.

— Ele também era meu amigo. Vou sentir falta. — reconhecia o tom de pesar na voz de Neji, mas não gostava da forma como ele falava. Como se fosse simples. Como se a morte não fosse nada mais do que um efeito colateral de quem estava vivo.

— É claro que vai. — murmurou em resposta, amargurado. Não se importava com gentilezas, afinal.

Ambos ficaram em silêncio por um tempo, antes de Neji voltar a se pronunciar.

— Soube que falou com ele aquela noite.

— E no que isso te interessa?

Neji suspirou.

— Você disse que ele não estava sozinho.

Só então olhou para o outro, protegido pelo guarda-chuva transparente. Ele também lhe encarava,os olhos em um tom cinzento lhe observando de forma muito séria, mais do que o rotineiro para Neji e sua familía.

— E daí? Não faz diferença agora, ninguém mais se importa. — rebateu, atento a expressão de dele. Cada vez mais séria, como se seus pensamentos estivessem muito longe dali. Em algum lugar escuro e sombrio que só ele conseguia alcançar.

—Sasuke, você disse que ele estava com uma garota chamada Hinata.

— Eu sei o que eu disse. Por que está trazendo isso à tona agora? — franziu o cenho, sem entender onde ele estava querendo chegar com aquele papo furado. Será que Neji não percebia que não queria conversar com ele? Que não queria conversar com ninguém? Tudo o que desejava era se afundar em sua solidão e permanecer assim, sem que alguém viesse lhe aborrecer.

— Por que isso é impossível. — diante de sua aparente confusão, ele explicou o que estava dizendo. — Hinata Hyuuga está morta, Sasuke. Foi assassinada pelo ex-namorado em março de 2016.

Sentiu-se perder o chão por alguns minutos, sem compreender o que estava acontecendo. As palavras de Neji retumbando em seus ouvidos, como um eco que não se calava de forma alguma. Mesmo que o barulho da chuva estivesse mais alto, as gotas mais grossas caindo mais violentamente.

— O quê? — sua própria voz saiu hesitante, falha.

— Minha prima foi afogada no píer do rio Naka, a três anos atrás.

Então, como um estalo em sua mente, lembrou-se de onde já havia escutado o nome da garota que lhe foi dito ao celular. Aparecera em todos os jornais e mídias quanto fosse possível. O caso havia repercutido por semanas, não apenas em Konoha, como em outras cidades à volta. A primogênita de Hiashi Hyuuga, o dono da Byakugan, assassinada aos dezessete anos na madrugada do dia quinze de março.

O perigo é que eu sou perigosa

Eu poderia simplesmente te destruir

Eu vou te pegar

Eu vou te pegar, pegar você...”

EM MEMÓRIA DE NARUTO UZUMAKI

De 2001— 2019

KOTN

26 de Setembro de 2019 às 01:10 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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Caramelo Sama O sol nasce, a bicicleta anda, o lobo uiva e o urso panda.

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